quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Receita do fracasso, na estratégia tucana


Sempre digo que, em campanha eleitoral, “quem está na frente não olha pra trás”. Quero dizer com isso que bater nos adversários não interessa a quem está liderando a disputa. É exatamente essa a fórmula administrada em toda a campanha de Dilma. A ela não interessa trazer para primeiro plano quem está perdendo, só interessa divulgar que é a candidata de Lula, divulgar as conquistas desse governo e garantir que vai dar continuidade a essa proposta vencedora. Até aqui mostrou-se um santo remédio para fortalecer os índices das pesquisas.
Para quem está correndo atrás, existem várias fórmulas para avançar na corrida eleitoral, mas nenhuma necessariamente milagreira. Se você está em terceiro e pretende ter saúde para chegar a um segundo turno, por exemplo, tem que considerar que, em princípio, seu principal adversário é o que está em segundo. Pode então ignorá-lo e procurar mostrar-se como maior adversário do líder ou pode partir para uma disputa direta com (e pelo) segundo lugar. Marina até agora não sabe o que fazer da vida. Talvez não tenha mesmo nada a fazer.
Para um segundo lugar como o do Serra, que enfrenta Dilma e a sombra do Lula, a sutileza deve ser maior. Ele tem que bater, sem parecer que está fazendo isso. Aparentemente era sua tática inicial, que foi atropelada pelos números da pesquisa. Ele esperava que desse certo em doses homeopáticas, mas os índices negativos fizeram um estrago muito grande e a capacidade de reação complicou-se. Partiu em busca de outros remédios, buscou ajuda charlatã e acabou errando inteiramente na dosagem. No afã de cura milagrosa para sua campanha, deixou transparecer claramente sinais de desespero. O tom raivoso começou a aflorar – e esse é o pior dos sintomas de uma campanha moribunda. Essa história de acusa pra lá e pra cá, sem provas contundentes, não serve pra nada, é apenas um placebo para iludir (e motivar) seus próprios eleitores. O que a campanha Serra fez de bom até agora foi mostrar suas realizações como Governador e algumas desconstruções da campanha Dilma. Isso pode lhe garantir um sopro de vida em São Paulo e outros nichos bem menores do Sul-maravilha, mas dificilmente poderá tirá-lo do estado terminal em que se encontra.
Quem diria que um ex-Ministro da Saúde, querendo vitaminar sua campanha, acabaria se atrapalhando com o uso da Receita...