quinta-feira, 19 de maio de 2011

Obama sinalizou acesso a água aos palestinos; agora tem que ajudar a concretizar


No seu pronunciamento, hoje, sobre o Oriente Médio, Barack Obama nega o seu próprio veto, feito em 18 de fevereiro deste ano, contra um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU, apresentado pelos países árabes, condenando Israel, por promover a construção de assentamentos em territórios palestinos. O texto reafirmava que todas as atividades israelenses relacionadas aos assentamentos nos Territórios Palestinos Ocupados, inclusive em Jerusalém Oriental, seriam ilegais e constituiriam grande obstáculo para alcançar-se a paz com base na solução dos dois Estados – Israel e Palestina. Ora, Obama defendeu hoje o retorno às fronteiras de antes da Guerra dos Seis Dias de 1967 – exatamente a essência do projeto do CS. Foi um passo gigantesco, em direção a um Oriente Médio de paz e prosperidade. Para os palestinos, significa em primeiro lugar a formação do estado palestino. Além disso, o retorno do poder sobre Jerusalém Oriental. Mais ainda: significa o retorno ao acesso às águas do Rio Jordão, sob domínio absoluto de Israel e proibidas para os palestinos. Em abril de 2009, postei aqui : “As principais fontes de água na região são a bacia do rio Jordão (incluindo o alto Jordão e seus tributários), o mar da Galiléia, o rio Yarmuk e o baixo Jordão, além de 2 grandes sistemas de aquíferos, o aquífero da Montanha (totalmente sob o solo da Cisjordânia, com uma pequena porção sob o Estado de Israel), o aquífero de Basin e o aquífero Costeiro que se estende por quase toda faixa litorânea israelense até Gaza (Ana Echevenguá). Os reservatórios subterrâneos são 80% explorados por Israel e o sistema do rio Jordão (que divide a Palestina da Jordânia) não tem acesso permitido a palestinos. A distribuição justa das terras da região implica, em primeiro lugar, distribuição justa das águas. E nisso Israel não cede uma gota”.
Obviamente Obama está em busca de recuperar prestígio junto aos países muçulmanos, e se ele conseguir os dois Estados – Israel e Palestina – com fronteiras de 1967, terá realizado façanha monumental, capaz de ganhar beijinho até dos talibãs. Diga-se de passagem que Obama só pôde tomar essa decisão por causa da morte de bin Laden. Até aquele momento, ele não tinha credibilidade com relação à sua capacidade de enfrentamento. Era considerado frágil e qualquer concessão ao mundo árabe/muçulmano seria considerada covardia e tiraria milhões de votos em 2012. Com a caça a bin Laden, Obama retomou o posto de grande líder e pode falar mais grosso com a direita israelense. Se isso se concretiza (mais alguma recuperação da economia), sua reeleição é líquida e certa.