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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Túnel Rio-Niterói: deu no Globo... há 50 anos!

Reportagem do Globo de 7 de junho 1960:
O presidente do Comitê Pró-Construção do Túnel Rio-Niterói, Sr. Djalma Nunes, entregou ontem ao governador estudo sôbre a locação da bôca do túnel no Calabouço, do qual constam esquemas de um trevo submarino, o primeiro do mundo, que se destina a distribuir os veículos, procedentes de Niterói, para as zonas Sul e Norte do Rio. Os primeiros entrarão diretamente na Avenida Beira-Mar e nas pistas em construção no atêrro do Flamengo; os da Zona Norte ganharão a Avenida Perimetral.

Era outro mundo ... mas tudo igual. Na mesma edição podemos ver:
Apesar do desmentido do Sr. Abelardo Jurema, dizendo que jamais foi cogitada a anunciada “conferência de cúpula”, confirma-se agora que ela estava realmente sendo preparada. A citada conferência não foi realizada por ter o Sr. Jânio Quadros e recusado a participar da mesma. O sr. Silva Prado seguiu hoje para Brasília, a fim de expor ao ministro da Justiça as razões do Sr. Jânio Quadros, ficando desta forma superados os entendimentos em tôrno da escolha do candidato único. A renúncia de Lott e Ademar seria a nova fórmula com o lançamento de um terceiro candidato, o sr. Tancredo Neves, que teria o apoio do PSP, PTB, PSD, PR, PRP e PRB, além de considerável parcela da UDN.

domingo, 13 de setembro de 2009

Cesar Maia e a questão regional na escolha do Vice

No seu artigo (“A escolha do vice”) desse sábado, na Folha, César Maia faz duas afirmações que podem ser bem discutíveis. Primeiro ele diz, dando como exemplos os períodos 1946-1960 e 1989-2006, que “a escolha do candidato a vice-presidente da República não tem tido relação com a questão regional”. Não tenho elementos para concordar ou discordar disso e é bem difícil resgatar tudo que foi determinante nas escolhas. É bem possível que ele esteja certo. Até os anos 50, por exemplo, a sofisticação eleitoral ainda não tinha chegado a níveis milimétricos, os meios de comunicação eram rudimentares, o país era outro, as regiões eram outras. Mas isso não quer obrigatoriamente dizer que uma composição entre duas regiões do país não produzisse um efeito agregador, como ele afirma. Temos que lembrar que até a eleição de Jânio as votações de presidentes e vice eram separadas – inclusive, Jango, o vice eleito, compunha chapa com Lott, não com Jânio. Temos que lembrar também que o mapa regional brasileiro era outro: Sergipe e Bahia (hoje no Nordeste) faziam parte da Região Leste e São Paulo (hoje no Sudeste) fazia parte da Região Sul. Pegando como exemplo a eleição de 1950, os votos válidos para Presidente ficaram divididos assim: Norte, 3,20%, Nordeste 21,14%, Leste 38,91%, Sul 33,92%, Centro-Oeste 2,83%. A soma de Leste e Sul era 72,83%, enquanto que a soma dos eleitorados das Regiões Sudeste e Sul, hoje, é 58,55%. A soma de Nordeste e Leste, na época, era 60,05%. A soma de Nordeste e Sudeste, hoje, é 70,60%. Assim, quando Cesar Maia diz que em 1950, apesar do Vice Café Filho ser deputado do Rio Grande do Norte, o foco não era o Nordeste, ele está absolutamente certo, não havia razão para ser como agora: Café Filho (que foi derrotado no Nordeste) fazia parte do acordo com Ademar de Barros, de São Paulo. Nas eleições seguintes (JK-JG e JQ-JG), as dobradinhas vitoriosas eram do eixo Leste-Sul. Depois da ditadura, tudo mudou, o mapa eleitoral é outro. Nas últimas seis eleições presidenciais (incluindo aí a indireta), as chapas vitoriosas foram sempre com a composição Sudeste-Nordeste: Tancredo-Sarney, Collor-Itamar, FHC-Maciel (duas vezes) e Lula-Alencar (duas vezes, e observa-se ainda que Lula, em si, é um traço de união entre Nordeste e Sudeste). As chapas majoritárias sempre formadas por representantes das duas principais regiões do país, eleitoralmente falando. Coincidência? É óbvio que a escolha do Vice não pode se resumir à questão regional. Existem outras questões – talvez até mais importantes – como as ideológicas, de arranjos partidários, de tempo no rádio e na TV, etc. Mas não dá para afirmar tão categoricamente que não existe efeito agregador nas composições regionais. Essas dobradinhas no mínimo servem para reduzir efeitos desagregadores.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Obama & Campos & Lott & China

Recebi hoje de manhã um telefonema da China. Era meu amigo Campos, que está passando uns meses por lá, e queria confraternizar pela vitória de Barack Obama. "Um negro, mas acima de tudo um afro-americano, que a família morava na caatinga do Quênia", falou ele entusiasmado. Fiquei emocionado. Menos pelo Obama e mais pelo próprio Campos, um velho amigo comunista, daqueles de emocionar de verdade, por sua garra, seu entusiasmo, sua luta por um mundo melhor. Certa vez, no início da década de 80, ainda na ditadura, em uma dessas organizações clandestinas de esquerda, um militante dava palestra sobre História do Brasil (parece que era a partir de um livro do Hélio Silva) e relatava a dificuldade que o PCB teve na década de 60 para apoiar a candidatura Lott, considerada mais progressista do que a de Jânio Quadros, mas encarnada por um militar anti-comunista. Fez referência a um encontro, no Rio de Janeiro, do Lott com a garotada de estudantes do Partido Comunista. Lott, claro, baixava o cacete no comunismo e a garotada ouvia tudo em silêncio, porque, afinal, tratava-se do candidato "aliado". O constrangimento era total, até que um dos jovens comunistas não agüentou mais, levantou-se e fez um discurso de protesto contra tudo aquilo. A platéia comunista da década de 80, que absorvia fascinada aquele pedaço de história, ficou em choque quando viu o Campos se levantar e dizer: "Aquele garoto era eu". Campos, que primeiro conheci com o nome de guerra Juca, foi logo depois da campanha de Lott enviado pelo PCB para treinamento na Europa (estudou 6 anos na Tchecoslováquia) e voltou para tentar contribuir de algum modo pela revolução socialista brasileira. Hoje os tempos são outros, mas ele continua o mesmo: um apaixonado pela vida.