quarta-feira, 14 de abril de 2010

Apesar da Cúpula Nuclear, Estados Unidos ampliam suas vendas de urânio perigoso


Vamos colocar o seguinte: a Cúpula de Segurança Nuclear teve, claro, sua importância. Serviu para fortalecer, internamente, a imagem de líder de Barack Obama. Serviu para mostrar ao mundo que os Estados Unidos não vivem mais inteiramente aqueles tempos bushianos de atirar primeiro para conversar depois. E serviu para botar em pauta para a humanidade os perigos de uma catástrofe nuclear provocada por ato terrorista. Mas a Cúpula teve seus senões. O primeiro foi a recusa israelense (permitida pelos Estados Unidos) de participar do evento. O outro foi esse jogo de gato e rato com o Irã.
A tática de colocar o Irã contra a parede usando o artifício das sanções do Conselho de Segurança não deu muito certo – o que seria óbvio. Obama bem que tentou convencer o Presidente Hu, chinês, mas aparentemente foi uma tentativa ingênua. A China depende do petróleo iraniano, e os americanos ofereceram a garantia de eles próprios fornecerem o petróleo – mas alguém em sã consciência acha que a China vai trocar a dependência com o Irã por uma dependência com os Estados Unidos?
Pior ainda nessa Cúpula foi a contradição americana com relação ao comércio de urânio altamente enriquecido (HEU). Ao mesmo tempo em que saúdam Ucrânia, Chile e Canadá por abrirem mão de estoques HEU, os Estados Unidos, segundo revela o site Politico, planejam vender esse urânio perigoso para o próprio Canadá (17kg), a França (160kg) e a Bélgica (93kg).
Pergunta que bombardeia nossa cabeça: dá pra confiar num país assim?