terça-feira, 6 de abril de 2010

Cesar Maia trata Gabeira e Marina como descartáveis


Muito bom o texto de Cesar Maia sobre o imbroglio eleitoral no Rio de Janeiro. De um lado demonstra a confusão em que vive a oposição por toda parte. De outro, mostra Cesar Maia dando aula de esperteza política no verde Gabeira e sua turma. Reproduzo aqui, com destaques em negrito que acrescentei e com alguns comentários também em negrito.

O "IMBRÓGLIO ELEITORAL" NO ESTADO DO RIO!

1. Em ano de eleição, cada vez que surge um conflito entre políticos ou entre partidos, o que está, de verdade, por trás dos fatos são os votos. No caso do Estado do Rio, há um complicador adicional: a candidatura de Marina da Silva. Em 2006, Heloisa Helena teve 6% dos votos no Brasil e 14% no Rio. Então é natural que os candidatos que apóiam Marina Silva queiram potencializá-la no Rio. Até porque, o elemento vinculante pelo número deve agregar legenda aos deputados.
2. Por isso, além do espaço que foi conquistado por razões de alternativa política local, com a candidatura a governador, querem ampliar esse espaço fazendo aparecer o número de Marina mais vezes na TV. Por isso, o interesse em lançar candidato a Senador e obter algum tempo dos partidos associados na campanha de governador. Excluindo os compreensíveis problemas político-hepáticos, é esta a questão central.
“Problemas político-hepáticos” é demais!
3. Em 2009, quando se configurava compulsoriamente uma campanha presidencial em dois turnos, a afirmação de uma candidatura a governador no Estado do Rio apoiada pelos partidos da base de Serra (PSDB-DEM-PPS) era um dado importante para tirar espaço da candidata presidencial do PT. Mas o quadro mudou. A eleição se tornou polarizada, eliminou a possibilidade de inclusão de Ciro Gomes e Marina, com toda a generosidade da imprensa, continuou patinando no mesmo patamar.
4. Dessa forma, criou-se um quadro que a eleição presidencial pode ser decidida no primeiro turno, bastando para tal, que um candidato supere o outro pela votação de Marina. Observando 2006, isso é possível, na medida em que se projeta, no final de agosto depois da entrada da TV, o mesmo emagrecimento que ocorreu com Heloisa Helena. E esta, estava na época, com níveis bem mais altos do que estará Marina em 2010.
5. Assim sendo, o entorno de Serra, respeitando os avanços que já se tinham feito no Estado do Rio, com seus três partidos em relação à candidatura a governador de interesse de Marina, passou a reavaliar, para dentro, esse quadro. A conclusão óbvia é que não vale a pena mais estimular a candidatura de Marina no Estado do Rio, pois Serra pode ganhar no primeiro turno. E se deixou o barco flutuar.
Em outras palavras, perceberam que Marina, além de não crescer nas pesquisas, tira voto de Serra, por ter um eleitorado em potencial com perfil semelhante ao do tucano. Aliás, como falei aqui em postagens de agosto do ano passado (por exemplo, “Marina Silva, fatos e versões” e Lula andou lendo este Blog”).
6. Paradoxalmente, quem resolveu esticar a corda, exigindo ruptura da coligação para ganhar mais tempo de TV no Senado, foram os que apóiam Marina. Durante 8 meses a mesma cantilena deles na imprensa, pedindo a exclusão do DEM. Os partidos da base de Serra se mantiveram silentes. Esse comportamento foi entendido, ingenuamente, pelos apoiadores de Marina, que havia campo para avançarem. E assim o fizeram declarando que excluiriam o DEM da coligação, usando os argumentos mais esdrúxulos contra um candidato que co-lidera as pesquisas ao Senado e que abre entre os eleitores de renda mais alta.
7. O resultado é que, precipitado pelos que apóiam Marina, se reabriu a possibilidade de se rever a decisão anterior e com isso se reabrir a discussão sobre a candidatura a governador, passando-se a usar o numero 45 nela. É possível que isso leve a eleição estadual para ser decidida em primeiro turno, o que seria algo razoável, pois não se teria eleição estadual no RJ no segundo turno. São essas as questões em discussão atrás das cortinas, e o que vem a público são vozes emanadas de lá e desconectadas do conjunto.
Cesar Maia coloca em dúvida a necessidade de apoio à candidatura de Gabeira a Governador (já que será mais rentável ter um candidato com o número 45 (o mesmo de Serra) do que o número 43 dos verdes, que seria apenas desperdício de tempo). Ao mesmo tempo, reconhece que Sérgio Cabral deve mesmo vencer – e para Serra talvez seja melhor que ele vença no primeiro turno, porque poderia reduzir a participação do PMDB fluminense na hipótese de segundo turno.