terça-feira, 1 de junho de 2010

O principal alvo do ataque israelense foram os Estados Unidos


Vamos deixar claro uma coisa: os dirigentes israelenses são truculentos, mas não são burros. Eles estavam carecas de saber que o mundo inteiro condenaria a matança que fizeram na Flotilha da Liberdade, e não se preocuparam com isso. A grande preocupação israelense é com a posição americana que, ultimamente, tem desagradado a seus interesses.
A Estratégia de Segurança da Era Obama não está afinada com Israel. Os Estados Unidos procuram acabar com os conflitos no Oriente Médio e empurrá-los para o Extremo, mais para perto da China. Cedo ou tarde, os Estados Unidos forçarão a criação do Estado Palestino e até mesmo chegarão a um acordo com o Irã. Para manter o poder em mundo de perfil mais multipolar, Obama sabe que é melhor perder alguns anéis (mesmo sendo valiosos) a perder as garras. Esse novo quadro causa preocupação a Israel, cercado de árabes, turcos e iranianos por todos os lados. Teme perder terreno e água (o Rio Jordão, em território Palestino), teme pela sobrevivência. Mas Israel conta com um grande aliado: o eleitorado americano.
Dia 2 de novembro é dia da Declaração de Balfour, feita pelos ingleses, em 1917, sob inspiração sionista, determinando a criação de um “lar” para o povo judeu, em pleno território palestino. Também no próximo 2 de novembro ocorrerá mais uma dramática eleição americana, renovando toda a Casa dos Deputados e um terço do Senado. Obama, evidentemente, aposta tudo em uma vitória dos Democratas. Mas sabe que isso significa ter que agradar a poderosa AIPAC (American Israel Public Affairs Committee), ou seja o lobby israelense nos Estados Unidos.
Israel está chantageando Obama. Procura frear seus movimentos rumo a um mundo menos favorável aos interesses israelenses. Usando como refém o eleitorado americano, Israel tensiona, encosta Obama contra a parede e trata de garantir seu espaço – mesmo que seja matando meio mundo.
Leia também o artigo do escritor israelense Uri Avnery, no CounterPunch.