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quarta-feira, 11 de abril de 2007

De olho na pesquisa

Essa nova Pesquisa Sensus não trouxe surpresas. A não ser, talvez, para quem não viu o país nos últimos meses, ou não quis ver. Lula teve uma reeleição com votação fabulosa. Conseguiu montar um segundo mandato com uma coalizão de ampla maioria no Congresso. Os números da economia são extremamente favoráveis, com controle da inflação, queda dos juros, crescimento do PIB, mais empregos, aumento do salário mínimo, etc. Há outros fatores favoráveis, como o cenário mundial, a visita de Bush, o biocombustível, o papel de liderança regional do país, a boa inserção de Lula nos meios políticos internacionais. Nem mesmo o fato de a aprovação do Governo ter atingido (49,5%) seu ponto mais alto desde agosto de 2003 pode ser considerado surpresa. Pode ser que haja espanto com uma aprovação tão alta, já que as pessoas, na maioria, nem ouviram falar (só 32,2% ouviram falar) do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, marca do segundo mandato. Vamos analisar em termos de percepção: assim como o Bolsa-Família está mais associado a "povão" e "Nordeste", o PAC está mais associado a "empresariado", "classe média", "Sul-Sudeste". É algo novo, ainda não claramente percebido e desnecessário para a maioria que está aprovando Lula. E o "apagão aéreo", será que não influenciou negativamente? Para desespero da oposição, não. Não dá para comparar (embora tenham tentado) com o "apagão real", na energia elétrica, de Fernando Henrique. A massa ouviu falar do problema aéreo (82%), mas não sentiu na pele, como aconteceu no Governo anterior. As dificuldades de transporte da maioria estão na terra, nas estradas, nas rodoviárias. Isso vem de longos anos e não entrou na pesquisa. Somente 25,8% culparam o Governo Lula pela crise aérea.O Deputado Rodrigo Maia (Dem, ex-PFL) bem que tenta juntar esses 25,8% com os 15,1% que culparam os controladores mais os 9,9% que culparam a Aeronáutica mais os 9,3% que culparam a Infraero (o que daria 60,1%...) e dizer que é uma coisa só. Mas se ele conversar com o pai - que sabe de verdade que as coisas não são bem assim -, vai descobrir que as percepções são diferentes, não dá para botar tudo no mesmo saco, a não ser para tentar fazer política com apoio da mídia. Aliás, o próprio Cesar Maia, em seu Ex-Blog de hoje, já reduz para 45% (colocando os "controladores" como uma percepção à parte de "governo Lula"). Claro que é papel da oposição tentar ver o lado pior do Governo para mostrar que pode fazer melhor. Mas a oposição vai ter que fazer muito melhor do que o que está fazendo. Talvez deva seguir o exemplo de Serra que está escondido, calado, procurando fazer com que tudo passe em brancas nuvens... Ler também a coluna de Tereza Cruvinel, hoje no Globo.

sábado, 31 de março de 2007

Bom senso põe fim ao descontrole aéreo

Os controladores de vôo demonstraram que tinham a força. É claro que havia muita exploração política no movimento deles, como apontou Paulo Henrique Amorim (exagerando na comparação com a greve dos transportadores contra Salvador Allende no Chile de 1973). Mas eles tinham a argumentação irrefutável de que é preciso reformular a atividade do controlador de vôo. E a hora era essa. Com o acordo, coordenado pelo próprio Presidente da República, foi possível, além do ganho econômico, o início de negociações no sentido de desmilitarizar a visão essa atividade de importância singular no dia-a-dia do país. Por mais que seja um assunto de segurança nacional - e talvez principalmente por isso - não é possível lidar com o tema com rigidez absoluta. O Ministro da Defesa, Waldir Pires, um civil, tido como progressista e bastante flexível, certamente resolveu tornar-se inflexível porque estava fragilizado, sob pressão da mídia e da sociedade civil. Estava impossibilitado de uma visão mais clara. O comando militar, por sua vez, agiu como agem os militares. Por isso foi preciso que Lula, mais acostumado a lidar com greves difíceis e com uma responsabilidade maior, percebesse a delicadeza do momento e apontasse a linha do entendimento. Provou que para que haja controle no ar é preciso impedir o descontrole emocional aqui na terra.