A Pesquisa Datafolha serviu para fazer o tucano José Serra botar as garras de fora. Até aqui ele conseguia se esconder, adiando o lançamento da candidatura, fugindo de grande exposição, evitando polêmicas e sobretudo ocultando sua oposição a Lula. Esperava com isso manter-se indefinidamente com seus altos índices nas pesquisas, conquistados graças ao maior recall de seu nome. Deu certo – até o momento que não deu mais para tapar o sol com a peneira. As últimas pesquisas começaram a colocar em confronto as verdades de cada candidato: Dilma é a candidata de Lula e Serra é oposição a Lula.
Serra começou a cair e sua taxa de irritação começou a subir. Elevou o tom de voz, brigou com a imprensa até agora tão querida, agrediu o Presidente da Bolívia (procurando conservar a classe média do Sul-Sudeste) e atirou nos Vices indiscriminadamente. Claro que o alvo era Aécio Neves, desafeto óbvio, que ele jamais desejou como Vice em sua chapa. Gostaria até que Aécio não conseguisse eleger seu sucessor em Minas nem mesmo se eleger Senador – desde que isso não impedisse a transferência dos votos mineiros. Sabe que Aécio é o que tem de pior como “fogo amigo”, e isso só faz aumentar o seu desespero. Sem força suficiente em Minas, com dificuldade nas negociações regionais e perdendo votos no seus principais redutos, Serra virou barata tonta, atirando em todas as direções, visando aumentar sua exposição na base do “falem mal, mas falem de mim”. Tenta com isso conservar seus pontinhos nas próximas pesquisas e afugentar o fantasma de se tornar carta fora do baralho com tanta antecipação. Enquanto isso, seu ex-quase-Vice está mais vivo do que nunca – talvez até mesmo trabalhando por sua derrota...