segunda-feira, 10 de maio de 2010

Polêmica eleitoral: o que motivou Duda Mendonça e Lavareda nas críticas ao Horário Eleitoral Gratuito?


Li na Folha de hoje que Duda Mendonça e Antonio Lavareda são contra os blocos de meia hora do Horário Eleitoral Gratuito, dizem que “encarecem a campanha e não são persuasivos”.  Acho que piraram de vez. Não é verdade que os blocos encarecem a campanha. Muito mais caro seria o formato de inserções pagas como se faz nos Estados Unidos, onde, como já citei aqui, nomes importantes de Consultoria Política defendem a propaganda não paga.
O Horário Eleitoral Gratuito é uma excelente forma de financiamento público de campanha (financiamento que deveria ser ampliado e diversificado). A Folha informa ainda que, este ano, o H.E.G. custará cerca de 850 milhões de reais aos cofres públicos (isenções fiscais) e que desde 2002 o valor total chega a 3,6 bilhões de reais – uma ninharia diante do que se gasta nos Estados Unidos.
Duda e Lavareda defendem a manutenção apenas do formato de inserções curtas (de 30”, geralmente), e a extinção do formato de blocos. Não percebem que isso inviabilizaria a grande maioria das campanhas proporcionais e praticamente tiraria do ar os partidos menores. Ou seja, acabaria inviabilizando todo o Horário Eleitoral Gratuito e seria um atraso completo.
Lavareda chega a declarar: "Programa eleitoral em bloco (...) não tem papel de persuasão. Eleitor não presta atenção e, quando presta, é pouco afetado. Para ser persuadido, o eleitor não deve estar ciente de que está sob tentativa de convencimento". Como pôde dizer isso? Primeiro, os blocos informam e têm papel de persuasão, sim. Segundo, a audiência é alta e o eleitor presta atenção. Terceiro, o eleitor pode ser motivado, mesmo sem “prestar atenção”. Quarto, para ser convencido, o eleitor precisa acima de tudo querer ser convencido. Quinto, mais importante do que causar impacto, é a capacidade da campanha de motivar o público certo (ver minha postagem abaixo).
Não entendo a posição tomada por esses dois importantes profissionais de marketing político. Parecem que estão desatentos. Ou não estão convencidos do que fazem.