Cesar Maia escreveu ontem em seu Ex-Blog um excelente texto sobre estratégia política, onde procura passar diretrizes para a Oposição a partir da comparação entre o ocidental Xadrez e o oriental Go. Uma comparação interessante. Norbert Wiener, criador da cibernética, chegou a dizer que era possível imaginar, com auxílio de computadores, chegar-se a uma teoria geral do Xadrez, mas isso seria inimaginável para o Go. (leia também minha postagem “O computador vai ser campeão e o xadrez vai perder a graça”, de 2006)
Diz Cesar Maia, com certa razão, que “num processo eleitoral, quem governa, quer jogar Xadrez. Quer confrontar o exército adversário com o seu. Com regras definidas. E joga com as brancas, ou seja, tem a iniciativa. Provoca com seus peões, abre espaços para ataques com as outras peças. Quer que o adversário venha a campo aberto e confronte”. Ele, então, orienta a Oposição a “sempre escolher jogar o Go, o jogo preferido do general Sun Tzu (Arte da Guerra, 500 anos a.C.). O governo quer guerra de posição. A oposição deve preferir a guerra de movimento”. A eleição, conclui ele, “se ganha na estratégia e no conhecimento profundo de si e de seu adversário. Conhecimento permanente e dinâmico, e com infiltrações e contra-informação”.
Infelizmente para Cesar Maia e a Oposição, falta em seu tabuleiro de estratégias um peão de carne e osso – o peão chamado Lula.
Veja o texto completo do Ex-Blog:
ELEIÇÕES 2010: OPOSIÇÃO DEVE JOGAR "GO" E NUNCA "XADREZ"!
1. O jogo de Xadrez, da forma que o conhecemos, nasceu na segunda metade do século XV e coincide com o Renascimento e Maquiavel. É um jogo ocidental que parte da ideia da guerra como um confronto entre dois exércitos, cara a cara. Ali estão a infantaria, a cavalaria, a artilharia, a Igreja, e o Rei e a Rainha. O jogo começa com o tabuleiro completo, com todas as peças. E termina com o tabuleiro vazio, com poucas peças e um rei cercado, sem movimento.
2. O jogo de GO originou-se na China no século VI antes de Cristo. É o inverso do Xadrez. O tabuleiro é semelhante ao do Xadrez, mas com mais casas. O jogo começa com o tabuleiro vazio e os exércitos estão fora do mesmo. As pequenas peças são redondas e iguais, e vão sendo colocadas uma a uma no vértice dos quadrados (casas). Quando peças coladas cercam peças do adversário, é como se um batalhão ou milícia ou guerrilha, tivesse eliminado o outro.
3. Num processo eleitoral, quem governa, quer jogar Xadrez. Quer confrontar o "exército" adversário com o seu. Com regras definidas. E joga com as brancas, ou seja, tem a iniciativa. Provoca com seus peões, abre espaços para ataques com as outras peças. Quer que o adversário venha a campo aberto e confronte. Isso independe se o governo é mais ou menos forte. Tendo a máquina, quer o confronto. Algumas vezes, quando se sente muito poderoso, se posiciona e provoca o adversário para que este venha a seu campo e o confronte.
4. A oposição deve sempre escolher jogar o GO. Era o jogo preferido do general Sun Tzu (Arte da Guerra, 500 anos a.C.). O governo quer guerra de posição. A oposição deve preferir a guerra de movimento. Pode ensinar muito as oposições nos Estados e no Brasil, em 2010. Um princípio de Sun Tzu: "vencer primeiro e lutar depois". Ou seja, a eleição se ganha na estratégia e no conhecimento profundo de si e de seu adversário. Conhecimento permanente e dinâmico, e com infiltrações e contra-informação.
5. Não movimente seu exército. Movimente grupos menores. De preferência milícias ou guerrilhas políticas. Nunca faça ataques diretos. Prefira os indiretos. Faça ruído para o governo pensar que você vai atacar onde não vai. No nível nacional e estadual (em oposição), a oposição deve jogar GO em suas campanhas. Nunca Xadrez. Na eleição de Presidente, isso é decisivo.