sábado, 25 de novembro de 2006
O computador vai ser campeão e o xadrez vai perder a graça
Na década de 60, a PUC do Rio dava um curso de programação de computador eletrônico em um dos primeiros computadores chegados ao Brasil, um Burroughs B-200. Uma das atrações do curso era o jogo da velha, onde o computador “dizia”, ao final de cada partida, que "nunca perdia". São inúmeros os jogos em que o computador não perde nunca em confronto da mente humana. Mas o xadrez continua sendo o grande desafio. Houve o caso de Kasparov, grande campeão, que perdeu em 1997 para o Deep Blue da IBM. Mas o computador ainda não convenceu. Hoje começa mais um desafio, entre o Deep Fritz, alemão, e o fortíssimo campeão russo Vladimir Kramnik. E todos se perguntam quem será o vencedor. Pode até ser que Kramnik vença. Mas, cedo ou tarde, o ser humano não terá mais chances. Norbert Wiener, criador da cibernética, já dizia há cerca de meio século que é possível prever uma teoria geral do xadrez (como existe no jogo da velha, por exemplo), a partir do auxílio dos computadores. Depois disso, será apenas questão de tempo para o xadrez virar um jogo da velha (ou dos velhos...). A esperança talvez esteja no Go (ou Weiqi) um jogo estratégico de soma zero e de informação perfeita para tabuleiro, em que duas pessoas posicionam pedras de cores opostas, com origem na antiga China, entre 2000 AC e 200 AC, para o qual Wiener considerava difícil imaginar uma teoria geral. Realmente, diz-se do Go que nunca teve dois jogos iguais. Em xadrez, as posições possíveis são estimadas entre 10^43 e 10^50. No Go, estima-se em 2,1 X 10^170 posições. A maioria das quais, segundo a Wikipédia, “são o resultado final de cerca de (120!)2 = 4,5×10^397 diferentes partidas sem capturas, resultando num total de 9.3×10^567 jogos. Permitindo fazer capturas, então temos 10^(7,5 x 10^48) partidas possíveis, a maioria das quais chegariam a ter 1.6×10^49 movimentos!” Para se ter uma idéia do que isso representa, ainda segundo a Wikipédia, “os físicos estimam que não há mais do que 10^90 prótons no universo inteiro visível”. É esperar para ver...