Há dois anos, quando venceu John Kerry e se reelegeu Presidente dos Estados Unidos, Bush declarava eufórico: “Vou deixar uma coisa bem clara – eu ganhei capital na campanha, capital político, e agora pretendo gastá-lo”. Parece que o capital não era grande o suficiente, ou então ele gastou rápido demais, porque já virou “capital zero”. O custo – tanto financeiro quanto político – da guerra do Iraque foi além das vãs filosofias de seus conselheiros. Bush imaginava que a essa altura do campeonato os seus garotos deveriam estar largando as noites quentes de Bagdá e voltando para o aconchego do lar. Ledo engano. Infelizmente, parece que essa é uma cena que ainda vai demorar muito a acontecer. Para tentar reverter o quadro negativo que emoldura as eleições desta terça-feira, Bush ainda preparou duas imagens de impacto: a queda na taxa de desemprego e a condenação de Saddam Hussein. A idéia era que as imagens tivessem a força correspondente à foto do dinheiro do dossiê anti-Lula e garantissem a vitória dos republicanos sobre os cada vez mais ameaçadores democratas. Era muito tarde. Com 150.000 soldados afundando no atoleiro iraquiano, Bush prepara-se para atuar nos próximos dois anos exatamente como fazia nos seus tempos de Governador do Texas: negociando também com os democratas, depois de ter passado seis anos ignorando-os. Seja como for, ganhando republicanos ou democratas, o Iraque não facilitará a vida de Bush. E o relógio não pára, como demonstra o relógio digital distribuído para os seus principais assessores: faltam 805 dias, 6 horas, 52 minutos e 42 segundos para acabar o mandato... (Leia reportagem de Sheryl Gay Stolberg e David E. Sanger para o New York Times)