sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Voar é com os pássaros - e com os controladores de vôo...

Não quero minimizar o sofrimento de milhares de pessoas dormindo pelos aeroportos, penando horas e horas em filas de check-ins, com problemas de saúde, prejuízos em seus negócios e todos os horrores desses últimos dias. Mas quero deixar claro que apoiei o movimento dos controladores de vôo. Foi a única oportunidade que eles tiveram para se livrar da sinuca de bico que viviam há décadas. A mistura entre o civil e o militar na área de controle de vôo trouxe algumas vantagens, certamente. A economia para o país em ter um radar único é uma prova. Mas essa mistura acima de tudo representa um choque muito grande entre mundos tão diferentes. Na década de 80, por exemplo, em plena ditadura (corrigindo: na verdade, no Governo Sarney), os metalúrgicos (civis) do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro decidiram fazer greve (a única da história do Arsenal) reivindicando principalmente condições de trabalho mais dignas. A Marinha da época resolveu a questão demitindo cerca de 800 metalúrgicos (que, aliás, eram bem qualificados). O problema dos controladores de vôo civis vinha desde a época da ditadura. Eles não podiam ter maiores salários porque acabariam atraindo todos os controladores militares que, por sua vez, não poderiam ter grandes aumentos salariais por causa da hierarquia militar. Resultado: uma atividade qualificada, de risco e de grande responsabilidade convivia com insatisfação permanente. Com a queda do avião da Gol, foi possível dar visibilidade ao problema e ter início um movimento reivindicatório que pode parecer radical para muitos, mas que era necessário. O caos resultante é compreensível. Ninguém estava preparado para lidar com a situação, porque até aqui era inimaginável. Acho que a presença de um Ministro da Defesa civil foi impoirtante para compreender os vários aspectos da questão e podermos vislumbrar uma solução. Com o acordo fechado, está na hora de relaxar. Afrouxem os cintos, e boa viagem...