sexta-feira, 28 de maio de 2010

Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos: Obama e o resto do mundo


Alguma coisa razoavelmente boa Obama precisava voltar a anunciar em sua política externa. Nos últimos tempos só se via o rancor de Hillary Clinton dominando a cena, e Obama encolhido. A questão do Irã é o melhor exemplo, com a turma de Hillary forçando Obama a voltar atrás na palavra que deu a Lula (há quem acredite até que ele teria estimulado a divulgação de sua carta, para enfraquecer Hillary – será?). Stephen Walt, professor de relações internacionais de Harvard, chegou a declarar, em artigo para Foreign Policy, que não "compreende quem está realmente dirigindo a política dos EUA para o Irã", que "não faz qualquer sentido", pois se sabe que as sanções não teriam efeito. O Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, já se declarou favorável ao Acordo Brasil-Turquia-Irã e mesmo o Governo Russo, que andava mais pra lá do que pra cá, depois que levou um pito de Ahmadinejad, resolveu também apoiar o Acordo.
Com o anúncio da Estratégia de Segurança Nacional Obama parece retomar as rédeas. Afasta-se profundamente da política Bush, ao dizer que nenhum país pode encarar desafios mundiais sozinho e ao tratar o combate ao terrorismo como "apenas um elemento", que não pode definir a relação dos EUA com o mundo. Eleva o déficit público ao status de ameaça e reconhece que o poder global está cada vez mais difuso. Obama reconhece também, através do assessor Ben Rhodes, a importância de “ceder mais poder ao G-20, que inclui potências emergentes como China, Índia e Brasil”. Isso mostra que Obama Presidente começa a se aproximar do Obama Candidato. E começam a surgir sinais de que o mundo – que tinha trocado o bipolarismo da Guerra Fria por uma espécie de uni/oligopolarismo – dá os primeiros passos mais ousados, mais próximos de um multipolarismo mais amplo (algo além da simples seleção de alguns parceiros predispostos a apoiar o líder).