terça-feira, 15 de maio de 2007
Bye-bye, Papa: o populismo dos evangélicos venceu mais uma vez
Essa visita do Papa comprovou o que todo mundo denuncia há décadas: a Igreja Católica não sabe mais falar com o povo. A visita de Bento XV, que teve monumental cobertura da mídia, não foi o sucesso de público que se esperava. Qualquer Edir Macedo consegue mais. O marketing católico carece de algo cada vez mais fundamental e cada vez mais raro em suas paróquias: a comunicação direta e fácil com o seu "rebanho". Um bom exemplo disso é o comentário do cardeal Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Salvador e ex-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB sobre o desequilíbrio existente no episcopado brasileiro, que tem apenas 11 negros em cerca de 400 bispos, tentando provar que não há discriminação racial por parte da Igreja. Segundo ele, na Bahia, onde mora, 80% dos seminaristas “são negros e inteligentes”.(O Globo) Dá até para entender as boas intenções de suas palavras, mas elas são desastradas, passíveis de má interpretação, típicas de quem vive um mundo à parte. Quem apresenta dados que justificam essa alienação católica é o teólogo Fernando Altemeyer, da PUC de São Paulo. Segundo O Globo, ele aponta que "apenas 11 dos quase 400 bispos brasileiros são negros. A proporção se repete em todo o clero nacional. É de mil para 18.600 entre os sacerdotes. Além disso, apenas cerca de 30% das freiras são negras". Fernando Altemeyer lembrou ainda que o Papa tratou apenas superficialmente da questão negra e que evitou o encontro com as comunidades afro-brasileiras. Os representantes dos cultos foram impedidos de participar do encontro ecumênico com o Papa, em São Paulo, na última quarta-feira. "Em seus discursos, pouco se ouviu sobre a questão negra. E a Igreja hoje tem um perfil étnico europeu. O Brasil é o maior país negro fora da África. O apoio à caminhada do povo negro é um grande desafio para a Igreja hoje", disse o teólogo. Ora, uma Igreja que não consegue perceber uma questão básica como essa, terá dificuldade grande de comunicação. Por outro lado, os evangélicos pentecostais dão show nesse campo. Começa que eles não precisam de anos de enfurnamento em seminários (os evangélicos tradicionais, a exemplo dos católicos, também ficam longos anos em seminários) para formarem seus pastores - qualquer seis meses está de bom tamanho... Depois vêm os temas abordados pelos evangélicos: dinheiro-riqueza, casamento, drogas, alcoolismo, doença. São todas questões imediatas que são resolvidas rapidamente no caminho da salvação. Os pentecostais são mais rápidos, mais diretos, mais pragmáticos, como qualquer político populista (e não é à toa que nossos parlamentos estão repletos de evangélicos). A Igreja Católica é mais burocrática (à maneira de antigos burocratas da política). Perde tempo com santidades, vias sacras, sacrifícios, e outros caminhos tortuosos. Em tese, a fé seria a forma mais imediata, mais direta, de provar a existência de Deus (Santo Agostinho?) e alcançar a salvação. Mas a Igreja Católica resolveu fazer da fé um caminho longo e sinuoso.
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