domingo, 7 de março de 2010

Cesar Maia se oferece como consultor de marketing da campanha Dilma 2010


No seu artigo de ontem, na Folha, Cesar Maia volta ao seu tema preferido no momento, a “eleição plebiscitária”. Ele demonstra grande “preocupação” com o destino eleitoral de Dilma, que pode acabar perdendo por causa dessa invenção de Lula. Ele acha que ela deve se preparar  bem para vencer no segundo turno, porque a eleição plebiscitária no primeiro turno “gera contradições na base do governo nas eleições parlamentares e gera poluição visual e confusão na cabeça dos eleitores. Placas e cartazes para todo lado, milhões de panfletos, TV e rádio, dia sim, dia não, com descanso dominical, caras e bocas passando na telinha e as piadas relativas” (acredite se quiser!). Segundo ele, nesse ambiente, “a marca e o currículo anteriores contrapõem-se à ‘máquina’ e reduzem a aderência de Dilma a Lula”. Já no segundo turno,será muito diferente: “Uma eleição sem ruídos, com TV todos os dias, sem cartazes ou caras e bocas, com parlamentares eleitos e espaços muito mais amplos para Lula e militantes. E ainda a experiência que a estreante Dilma adquiriu numa campanha presidencial”.
Acredito que Cesar Maia deve estar na fase de definição de custos para acertar definitivamente essa “consultoria” a Dilma... Vejam o texto completo:

Eleição plebiscitária
Cesar Maia

Curiosa e paradoxal situação para a eleição de 2010. Lula quer uma eleição plebiscitária entre Dilma e Serra. Parte relevante do grupo de Serra também passou a querer isso. Ou seja: ambos não querem a presença de Ciro no processo eleitoral. Quem está com a razão? Há contradição em que adversários queiram a mesma coisa? Ou não há alternativa?
Numa eleição polarizada, a proximidade nas pesquisas levará o eleitor a fazer o voto tático, útil, emagrecendo Marina e reduzindo o não voto (abstenção, brancos, nulos). Isso se passou com Heloísa Helena em 2006.
As razões de Lula são de confiar em que a sua popularidade pode eleger um poste. Em 2008, na cidade de São Paulo, Lula foi para as carreatas e para a TV, mas Marta só fez cair. Se o primeiro turno fosse programável, num mano a mano Serra/Dilma ou Serra/Dilma+Lula, a tendência seria Serra vencer. O eleitor primeiro pondera os riscos, depois avalia as promessas.
Mas a candidatura Dilma tem um elemento diferencial em relação a Serra. A mobilização da militância profissional recrutável em associações, sindicatos, ONGs e tudo o mais, que vivem da mesada do Estado e veem os riscos de seus (digamos) espaços serem perdidos. E isso já está em montagem: tantos militantes profissionais por número de eleitores, distribuídos pelos municípios brasileiros.
Um depósito alugado para receber material, um cadastro do Bolsa Família na mão, a visitação domiciliar (técnica Bush), a visita aos prefeitos/vereadores e os "fortes" argumentos para conseguir apoio. A rede "Gushiken" de rádios e jornais regionais já existe e pode continuar via prefeituras, associações e testemunhas. E, paralelamente, uma tempestade de spams anti-Serra e pró-Dilma/Lula. Não faltarão recursos, como sempre, generosos.
Mas há uma pedra no meio do caminho, e que pedra. O primeiro turno gera contradições na base do governo nas eleições parlamentares e gera poluição visual e confusão na cabeça dos eleitores. Placas e cartazes para todo lado, milhões de panfletos, TV e rádio, dia sim, dia não, com descanso dominical, caras e bocas passando na telinha e as piadas relativas.
Nesse ambiente, a marca e o currículo anteriores contrapõem-se à "máquina" e reduzem a aderência de Dilma a Lula. No segundo turno, o quadro será muito diferente.
Uma eleição sem ruídos, com TV todos os dias, sem cartazes ou caras e bocas, com parlamentares eleitos e espaços muito mais amplos para Lula e militantes. E ainda a experiência que a estreante Dilma adquiriu numa campanha presidencial. No segundo turno, ela não pisará nas mesmas armadilhas.
Por isso tudo, não parece haver dúvida de que a eleição plebiscitária interessa muito mais a Serra que a Lula -desculpe, que a Dilma.