O PT é um partido curioso. Adora um debate - o que é extremamente positivo -, mas, às vezes, quando não tem debate à vista, trata logo de inventar um. É o que está acontecendo, por exemplo, nessa questão da escolha do candidato do partido ao Senado, disputa entre Benedita da Silva e Lindberg Farias. Até outro dia, dizia-se que a decisão seria no âmbito do Congresso Estadual, com cerca de 400 delegados (eu mesmo acreditei nisso) – mas aí alguém resolveu ler o Estatuto e percebeu que, quando há mais de um postulante a cargos majoritários, a decisão deve ser feita por eleições diretas entre todos os filiados, as chamadas “prévias”. A postulante Benedita assumiu imediatamente a lei partidária, mas Lindberg, que supõe contar com o apoio da maioria dos Delegados, chiou. Pronto, estava iniciada mais uma temporada de bate-bocas! Os que são contra as prévias alegam que a disputa acirraria os ânimos internos e prejudicaria a campanha da Dilma – o que não me parece fazer muito sentido, já que o debate interno é a própria essência do PT e já que a escolha para o Senado de dois candidatos petistas não se choca com o objetivo estratégico de eleger Dilma. Também parece que alegam que o problema poderia se alastrar por diversos pontos chaves do país, o que não justifica. Do lado dos que defendem as prévias, exibe-se o Estatuto e recorda-se a tradição democrática do partido - mas obviamente as coisas não são aceitas com tanta simplicidade. Recebi artigo dos petistas Val Carvalho e Manoel Severino defendendo as prévias. Através do Twitter, vi o Deputado Gilberto Palmares defendendo, Flávio Loureiro e o Vereador Elton sendo contra, e ontem recebi cópia de e-mail de Marcelo Sereno respondendo a Elton. Está tudo aí embaixo. E abro espaço para quem mais quiser debater.
NOTA: Acrescentei agora resposta do Vereador Elton Teixeira lá no final.
Em defesa da prévia
Val Carvalho e Manoel Severino
No PT do estado do Rio de Janeiro, a realização de prévia eleitoral para o Senado não representa apenas o cumprimento do direito democrático assegurado pelo Art. 135 do Estatuto do partido, que determina o seguinte: “Havendo mais de um pré-candidato às eleições majoritárias, será realizada Prévia Eleitoral”. Em nosso caso a prévia responde a uma necessidade política do partido como um todo e de cada filiado em particular. O fato é que o PED que acabamos de realizar não discutiu a questão da disputa para o Senado. Em nenhum momento dos debates o companheiro Lindberg afirmou que queria ser candidato ao Senado. Ao contrário, os seus apoiadores só defendiam a candidatura de Lindberg para o governo do estado. Portanto, tanto as novas direções eleitas quanto os delegados ao Encontro estadual não avaliaram uma questão tão importante quanto a do Senado. Sabemos que é no Senado que a direita vem freando e sabotando as iniciativas do governo Lula. Alguns setores dessa direita, descrentes da vitória do PSDB para presidente, já defendem como tática eleitoral a eleição da maioria do Senado e da Câmara dos Deputados para paralisar o futuro governo da companheira Dilma.
Ao reivindicar a prévia para o Senado, a companheira Benedita não está tão somente exercendo o seu direito estatutário. Sim, ela está recorrendo à democracia interna do partido, mas é para levantar a questão política da disputa majoritária para o Senado. Como não há consenso sobre esse importante assunto, ouvir a opinião independente dos filiados, manifestada na prévia pelo voto secreto, é o mínimo que se pode esperar de um partido com tradição democrática como o nosso. Não há porque se temer, portanto, o debate mais amplo e absolutamente legítimo da prévia. A unidade do PT conquistada com brilhantismo no nosso IV Congresso não será comprometida pela manifestação democrática dos filiados numa prévia prevista no Estatuto. Na realidade, a unidade em torno da candidata Dilma para presidente e da política de alianças, aprovadas nacionalmente, seriam reafirmadas na prévia para o Senado. Os debates promovidos deixariam claros os compromissos reais dos pré-candidatos ao Senado com a construção partidária, a política de alianças e a campanha de Dilma. Está no DNA do PT que a unidade do partido depende do respeito ao pluralismo interno e da solução democrática do contraditório. Aquele que perder na consulta democrática aos filiados do partido terá o compromisso de apoiar quem vencer a prévia.
Tweet de Gilberto Palmares
Val Carvalho e Manoel Severino
No PT do estado do Rio de Janeiro, a realização de prévia eleitoral para o Senado não representa apenas o cumprimento do direito democrático assegurado pelo Art. 135 do Estatuto do partido, que determina o seguinte: “Havendo mais de um pré-candidato às eleições majoritárias, será realizada Prévia Eleitoral”. Em nosso caso a prévia responde a uma necessidade política do partido como um todo e de cada filiado em particular. O fato é que o PED que acabamos de realizar não discutiu a questão da disputa para o Senado. Em nenhum momento dos debates o companheiro Lindberg afirmou que queria ser candidato ao Senado. Ao contrário, os seus apoiadores só defendiam a candidatura de Lindberg para o governo do estado. Portanto, tanto as novas direções eleitas quanto os delegados ao Encontro estadual não avaliaram uma questão tão importante quanto a do Senado. Sabemos que é no Senado que a direita vem freando e sabotando as iniciativas do governo Lula. Alguns setores dessa direita, descrentes da vitória do PSDB para presidente, já defendem como tática eleitoral a eleição da maioria do Senado e da Câmara dos Deputados para paralisar o futuro governo da companheira Dilma.
Ao reivindicar a prévia para o Senado, a companheira Benedita não está tão somente exercendo o seu direito estatutário. Sim, ela está recorrendo à democracia interna do partido, mas é para levantar a questão política da disputa majoritária para o Senado. Como não há consenso sobre esse importante assunto, ouvir a opinião independente dos filiados, manifestada na prévia pelo voto secreto, é o mínimo que se pode esperar de um partido com tradição democrática como o nosso. Não há porque se temer, portanto, o debate mais amplo e absolutamente legítimo da prévia. A unidade do PT conquistada com brilhantismo no nosso IV Congresso não será comprometida pela manifestação democrática dos filiados numa prévia prevista no Estatuto. Na realidade, a unidade em torno da candidata Dilma para presidente e da política de alianças, aprovadas nacionalmente, seriam reafirmadas na prévia para o Senado. Os debates promovidos deixariam claros os compromissos reais dos pré-candidatos ao Senado com a construção partidária, a política de alianças e a campanha de Dilma. Está no DNA do PT que a unidade do partido depende do respeito ao pluralismo interno e da solução democrática do contraditório. Aquele que perder na consulta democrática aos filiados do partido terá o compromisso de apoiar quem vencer a prévia.
Tweet de Gilberto Palmares
- Regra antiga no PT: decisão candidatos a cargos majoritários é por prévias. Benedita respeita a regra . Já Lindbergh foge das prévias.
Tweets de Elton
- Prévias p/ escolher o cand a senador servirá p/ expor ainda mais o PT. Ñ basta termos passado por um PED fratricida como o de 2009?
- Aos defensores das prévias, quero que me citem ao menos um caso no RJ em que o candidato a senador foi definido por prévias.
- Lembro bem que em 2002 a vaga do senado foi definida no encontro estadual. Havia dois postulantes: Edson Santos e Milton Temer.
- E o Encontro Estadual definiu pelo Edson, abrindo a segunda vaga p/ o Gusmão do PC do B.
- Engraçado que aqueles que tinham maioria em 2002, hj defendem prévias ao invés do Encontro p/ definir o cand a senador.
Tweet de Flávio Loureiro
- Há um parecer na Sorg nacional que diz que para o senado não há realização automática de prévias.
Resposta de Marcelo Sereno
Caro companheiro Elton,
O debate democrático não é engraçado. Ele é a alma do nosso Partido.
As prévias para o Senado se impõem como a garantia desse debate. Você sabe que no PED debatemos a política de alianças. Esse era o significado da disputa entre os candidatos. E a vitória do deputado Luis Sérgio foi a vitória de uma ampla política de alianças. Não foi à toa que o prefeito Lindberg desistiu da postulação ao governo estadual.
A candidatura ao Senado vai ser o 13 em outubro no Rio. Qual o perfil go candidato? Como ele pode alavancar o resultado da lista petista federal e estadual? Como ele pode ajudar na eleição presidencial? Eu talvez já tenha uma resposta: Benedita, nossa guerreira. É a cara do PT e vai junto com a Dilma reforçar o peso das mulheres no poder. Mas essa é a minha opinião, que eu quero ter o direito de expor à massa dos nossos filiados.
Benedita e Lindberg precisam falar e escutar a base petista. Essa é a condição da nossa vitória.
Viva o PT!
Dilma Presidenta!
Prévias ou Encontro Estadual para escolher entre Benedita e Lindberg?
Abaixo, minha carta ao companheiro publicitário e referência na questão, Hayle Gadelha.
Prezado Gadelha,
Não pude me conter ao analisar os argumentos dos companheiros que defendem a realização de prévias para escolha do (a) candidato (a) do PT ao Senado nas eleições de 2010.
Os argumentos, sempre muito bem embasados, pois tratam-se de companheiros com grande e brilhante história na construção do PT no Brasil, primam pela bandeira da democracia interna do PT e assumem um contorno legalista do processo político. No papel, tudo muito bonito. Já na realidade, a coisa é diferente.
Assistimos durante metade do ano de 2009 a uma disputa sem precedentes na história do PT/RJ (ao menos que me lembre dada minha pouca idade). O PED foi realizado sob forte clima de tensão entre as diversas chapas concorrentes temperado com condimentos de abuso do poder econômico, denúncias de fraudes de ordens diversas, dentre outras ilegalidades constantes no Estatuto e no Código de Ética do PT. Negar que o PT se expôs de maneira ímpar e esgarçou ao extremo as relações entre os campos internos é, no mínimo, virar as costas para a realidade interna. E o que querem os defensores das prévias? Que voltemos a este estágio de exposição e disputa que estabelece vencedores e vencidos. Cabe lembrar que o processo de eleições diretas, bem como outras ferramentas de escolha de candidatos/direção, deve sofrer modificações para o próximo período dada a contestação geral do último PED feito por a ampla maioria das correntes. Não à toa, o IV Congresso do PT criou uma comissão coordenada pelo deputado Ricardo Berzoini para reforma do estatuto.
Outro dado interessante do argumento dos democratas radicais trata do ineditismo desta proposta. Não há um caso sequer no Rio de Janeiro em que o candidato a senador foi escolhido por meio de prévias. Inclusive este grupo defensor deste processo de escolha deve se lembrar que em 2002 a escolha do candidato a senador foi no Encontro Estadual realizado na Convenção do Partido realizada na UERJ. Havia dois candidatos, o então vereador da capital Edson Santos e o ex- deputado federal Milton Temer. Naquele espaço, o PT sabia das pretensões de ambos. Optou por apenas uma vaga, destinando outra ao PC do B, tendo o atual ministro Edson Santos como candidato.
Defendo que a escolha do candidato a senador seja feita no Encontro Estadual porque acredito que este é o melhor espaço para se aprofundar o debate sobre o perfil de candidato que teremos. No entanto, o Encontro Estadual não deve servir apenas para vermos quem ganha mais esse Fla-Flu interno. Temos a obrigação de apresentar uma proposta de Programa de Governo à frente de partidos que será composta para reeleição do Governador Sérgio Cabral, além de discutir nossa política de alianças e tática eleitoral.
Acredito que definir no dia 21/03 nosso representante ao senado significa ganhar tempo para a disputa eleitoral além de botar o bloco na rua para eleição de nossos deputados, do (a) senador (a) e de nossa Presidente Dilma.
Um forte abraço,
Elton Teixeira
Vereador de Queimados pelo PT