terça-feira, 2 de março de 2010

Falta açúcar na política do café-com-leite


Em 2006, o Governador de Minas Aécio Neves aliou-se ao candidato a Governador de São Paulo José Serra para apoiar a candidatura do paulista Alckmin à Presidência da República. "É a política café-com-leite do século XXI", declarou Serra, procurando deixar claro que a referência à política dominante na República Velha era apenas uma brincadeira. Mas o leite estava talhado e, assim como fez Vargas em 1930, o pernambucano Lula tirou o torrão de açúcar da boca da dupla e o velho café-com-leite azedou.
O Governo Lula ampliou as "fronteiras" da Federação. Sua política radical de inclusão social deu mais valor ao voto de outras regiões. Os barões-tucanos tiveram sua autonomia de voo limitada. Passaram a fazer biquinho entre si, disputaram o poder que lhes restou, entraram em parafuso e balançaram o eixo São Paulo-Minas (que tinha na extremidade paulista o seu ponto mais forte). Minas, como em 30, procura reagir, apresentando-se como centro de novo eixo que se expandiria não para o Sul, mas para o Nordeste, tentando neutralizar o efeito Lula. Conta a seu favor com as pesquisas de intenção de voto que encostam Serra contra a parede diante da desconhecida Dilma, patrocinada pelo PT de Lula. Aécio, mais leitoso, não pretende um desjejum precipitado. Vitamina-se para o pós-Lula (ou pós-Dilma...) e, com isso, transforma o cafeinado Serra em café-insolúvel. Tenta ter lugar em um Brasil com a mesa do brasileiro bem mais farta, graças ao ”sabor Lula”.