São apenas 3 nomes que se apresentam com chances de vitória para Governador do Rio em 2014: Anthony Garotinho, ex-Governador do Estado, atualmente Deputado Federal (PR); Lindberg Farias, ex-Prefeito de Nova Iguaçu, atualmente Senador (PT); e Luiz Fernando Pezão, ex- Prefeito de Piraí, atualmente Vice-Governador (PMDB). Seus partidos fazem parte da base de apoio do Governo Dilma e é aí que começam os problemas.
O PR de
Garotinho seria o de menor importância, mas Garotinho foi o deputado mais votado do estado, é quem lidera as pesquisas (23% para Garotinho, 17% para Lindberg e 16% para Pezão, segundo o Instituto Ideia deste mês) e quem mais provoca alvoroço no processo. Apesar de sua dianteira, Garotinho sabe que a rejeição ao seu nome costuma ser sempre alta. Por isso, seus próximos movimentos devem ser muito bem calculados, porque no momento ele ocupa um ponto chave para o seu partido e não pode correr o risco de ficar sem mandato. Não posso deixar de lembrar que ele adorou uma citação do Sun Tzu que coloquei em meu livro, “A Arte da Guerra Eleitoral”:
“O General que vence uma batalha fez muitos cálculos no seu templo, antes de ser travado o combate”.
O PT do Rio encontrou em
Lindberg o nome possível para tentar a sorte rumo ao governo estadual, um sonho de longas datas. O senador petista tem um desempenho considerado excelente nas disputas eleitorais e vive um momento de tudo ou nada. Dentro de seu projeto político-pessoal que tem como meta a Presidência da República, ele tem antes que garantir cacife ocupando o cargo de Governador do Estado. E esta poderá ser sua última oportunidade. Em 2018, é praticamente certo que o candidato do PMDB será o Prefeito Eduardo Paes, que entrará na eleição carregando os títulos de “cidade-sede da Copa 2014”, “cidade-olímpica 2016” e de “transformador da Zona Oeste e da Região do Porto” – ou seja, considerado praticamente imbatível. A conclusão, portanto, foi a de que ou se tentava agora ou era melhor dar adeus ao sonho, pelo menos até 2022 ou 2026. Mas a candidatura de Lindberg em 2014 significa pesadelos imediatos para o PT. Em primeiro lugar, porque prejudica a candidatura Dilma exatamente no estado onde ela obteve uma grande vitória em 2010, graças em boa parte à aliança PT-PMDB. Em segundo lugar, porque poderá contaminar alianças em outros estados. E em terceiro lugar porque no caso de uma provável derrota o PT ficará mais isolado no Rio de Janeiro. Como diz o Lula, o Lindberg tem todo o direito de tentar a sorte – pero... Seus movimentos com toda certeza são os mais difíceis de realizar, embora ele tenha demonstrado muita disposição.
Pezão, do PMDB, representa a continuação de uma administração bem avaliada. É vice de Sérgio Cabral, que soube fortalecer as alianças com Lula e Dilma e soube também aproveitar o excelente “momento Brasil”. Com ele, o Rio de Janeiro voltou a ser um lugar atraente e seguro. Pezão participou intensamente de todo o governo, embora sempre se mantivesse em segundo plano, quase desconhecido do grande público. Fez tanto silêncio de sua intensa atividade que foi tratado como um “poste”, quando Sérgio Cabral resolveu apoiá-lo para a sucessão. Mas é um político experiente, com grande atuação eleitoral. Em 96, quando se lançou candidato a Prefeito de Piraí, todos acreditavam que seria facilmente derrotado - e acabou sendo eleito com 69,44% dos votos válidos. Na sua reeleição, em 2000, teve o maior índice de votos válidos do estado, 86,06%. Apoiando-se no seu estilo “trator”, na alta avaliação da administração Cabral e nas máquinas administrativa e partidária, Pezão promete surpreender mais uma vez. Há um mês, antes das inserções do PMDB, tinha 13% das intenções de voto. Depois das inserções, foi o único que avançou, pulando para 16%, em empate técnico no segundo lugar com Lindberg. E há certos cenários em que Pezão está colado em Garotinho, na disputa pelo primeiro lugar. É um “poste” que já começa a andar, como ele declarou. Talvez seus próximos movimentos não sejam muito complexos, mas serão os mais trabalhosos.
Ainda existe algum tempo e bom espaço para manobra, claro. Mas todos os players têm que ter consciência de que não há lugar para movimentos em falso.