quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Delfim Netto e o PAC

Vale a pena ler o artigo de Delfim Netto ("PAC: vale a pena apoiá-lo") publicado na Folha (para assinantes) de hoje. Trechos:

"O lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi recebido com frieza por alguns setores que se pensam portadores da verdade "científica". A despeito de tudo o que se afirma, o desenvolvimento é um estado de espírito apoiado em condições materiais adequadas. O velho Adam Smith já disse há 250 anos que ele depende: 1º) da paz interna e externa; 2º) de uma tributação leve; e 3º) de uma tolerável administração da Justiça. É preciso reconhecer a precariedade de três condições no Brasil de hoje: 1º) a paz interna nas grandes aglomerações urbanas é discutível; 2º) a tributação é a maior do mundo para países com o nosso nível de renda per capita; e 3º) a Justiça (principalmente a do Trabalho) deixa a desejar. As críticas ao PAC que exigem a mudança imediata daquelas condições são absolutamente irrelevantes e extemporâneas.

O  PAC aposta na criação de um "estado de espírito" favorável a uma aceleração do crescimento (acima dos ridículos 2,4% dos últimos 12 anos).

Temos que ver o PAC não como um conjunto de medidas, mas como um foco de novas atitudes".  Da mesma importância é a idéia que não se quer "qualquer" desenvolvimento. O "correto" é condicionado: 1º) à diminuição das desigualdades pessoais e regionais, com aumento da qualidade de vida (alimentação, habitação, vestuário, educação, saúde e segurança); 2º) ao equilíbrio fiscal, com a redução da relação dívida/PIB e da vulnerabilidade externa; 3º) à redução da inflação sem controle de preços, com um banco central autônomo; e 4º) à ampliação das liberdades civis e dos direitos democráticos.


Pesquisa Rasmussen: Giuliani 49%, Hillary 43%

 

Apesar de ter aumentado a diferença para seu adversário Democrata Barack Obama (33% a 19%), Hilarry Clinton ainda não conseguiu alcançar o adversário Republicano, Rudy Giuliani (49% a 43%). São dados das pesquisas do instituto Rasmussen dos dias 18 e 25 de janeiro, respectivamente. Segundo o instituto, "Hillary Clinton tem apenas 35% dos votos masculinos (...) mas lidera entre as mulheres". Ainda segundo o instituto, "Giuliani continua a personalidade mais popular das Eleições 2008, com 70% de aprovação. McCain (outro candidato Republicano) caiu na aprovação de 50% em dezembro para 52% hoje. (...) Hillary Clinton está com 49%".

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

A eleição para Presidência da Câmara dividiu muito mais a Oposição do que o Governo

A Imprensa insiste em falar na divisão profunda e praticamente ireeconciliável da base aliada do Governo Lula por causa da disputa entre Aldo Rebelo e Arlindo Chinaglia pela Presidência da Câmara dos Deputados. Não deixa de fazer sentido, porque, afinal, de um lado ficaram PCdoB, PSB e parte do PMDB; de outro, ficaram o PT, a outra parte do PMDB, PP, PR, PTB e outros. A vitória do petista Chinaglia pode atrapalhar as relações com os aliados tradicionais, além de certamente atrair a ira do presidenciável aliado Ciro Gomes. A vitória de Aldo, por outro lado, deixa a Oposição com alguma força na direção da Câmara. Nisso, todos concordamos. Mas a Imprensa oculta o grande estrago que já está feito na Oposição. O primeiro racha começou com o inteligente apoio do PFL a Aldo Rebelo. Foi ao mesmo tempo uma estocada no Governo Lula e no (ex-) aliado PSDB. Os tucanos, por sua vez, às voltas com problemas internos, precisando acertar um novo rumo e sem grandes alternativas, decidiram pragmaticamente apoiar Chinaglia. Mas aí houve a grita geral da ala conservadora lacerdista e seu principal braço político, a Imprensa. Os tucanos recuaram para uma candidatura da "terceira via" salvadora e agora se preparam para o voto secreto de um segundo turno, quando poderão quase certamente votar em Arlindo Chinaglia. A eleição é um marco na divisão maior entre PFL e PSDB e também na divisão dentro do próprio PSDB: de um lado, os progressistas e pragmáticos (Serra, Jutahy, etc.); de outro, os lacerdistas (Fernando Henrique, Tasso - que por sua vez apóia Ciro - e Alckmin). Aécio está dividido, mas tende mais para a oposição a Serra. No final da eleição da Câmara, vença um ou vença outro (mais provavelmente Chinaglia), o Governo Lula vai sorrir feliz: terá um aliado na direção da Câmara e terá uma Oposição desarvorada.

Bush, a serviço do Irã

Nem o melhor dos estrategistas iranianos poderia imaginar que o presidente americano, Geoge Bush, agiria a favor do Irã. Primeiro, Bush derrotou os talibãs do Afeganistão, adversários do Governo de Teerã, contra quem quase entraram em guerra. Não contente com isso, o Governo Bush aniquilou Saddam Hussein, o maior adversário dos iranianos dentro do mundo islâmico. Mas Bush foi ainda mais longe: conseguiu, com a invasão Iraque, a união dos xiitas contra os sunitas e colocou na direção iraquiana um governo de maioria xiita (as principais lideranças xiitas iraquianas viveram muito tempo no Irã). Quando se pensava que o serviço estava completo, Bush caprichou ainda mais e apoiou a aventura israelense contra o Hesbolá (xiita) do Líbano. Além da derrota militar, a aventura serviu para fortalecer a influência iraniana, que ampliou sua ajuda na guerra e no pós-guerra, financiando a reconstrução do país. Como disse Hajj Hassan Sbeiti, um comerciante libanês: "Se você me cumprimenta, talvez você goste de mim. Se você me cumprimenta e pergunta o que preciso, você é um amigo. Se você me cumprimenta, pergunta o que preciso e põe dinheiro na minha mão, aí você vai se tornar meu irmão". Na Palestina, Bush preferiu apoiar o grupo Fatah, minoritário e considerado corrupto, contra o grupo majoritário Hamas (sunita) que desenvolve grande ação social na região. Resultado: o sunita Hamas e os xiitas iranianos tornaram-se grande aliados, tanto que os seguidores do Fatah "xingam" os seguidores do Hamas como sendo "xiitas"... Bush, por último, ainda conseguiu transformar a energia nuclear em mais um trunfo iraniano. Muito provavelmente, a usina que o Irã está construindo tem fins pacíficos, já que o país precisa se preparar para ter uma alternativa ao petróleo. Mas os Estados Unidos, através de Bush, conseguiram classificá-la como bomba atômica contra Israel. Era tudo que o mundo árabe precisava - um aliado poderoso para protegê-lo contra a ameaça de Israel. O crescimento do Irã graças ao "apoio" bushiano é tão grande que os tradicionais aliados árabes dos Estado Unidos já não declaram apoio integral e automático à política americana. Recentemente, o Kwait, talvez o mais fiel e agradecido dos aliados, recusou-se a participar de manobras militares americanas no Golfo Pérsico. E agora Bush não sabe como sair fora do Iraque sem deixar tudo nas mãos do Irã. Leia mais na reportagem de Anthony Shadid no Washington Post.

domingo, 28 de janeiro de 2007

Eleição americana continua atrapalhando jornalistas brasileiros

Já vimos aqui neste Blog alguns atentados contra as informações sobre as eleições americanas. O JB entrou no jogo da Fox News e colocou o candidato Democrata Barack Obama como muçulmano, só porque, quando tinha 8 anos, ele estudou 2 anos em uma escola islâmica da Indonésia (onde morou), sem citar que ele também estudou 2 anos em escola católica (Obama, se não me engano, é evangélico). Ainda o JB, deu o resultado de uma pesquisa no estado de New Jersey como se fosse resultado nacional. Cesar Maia citou resultados superados de uma pesquisa como se fossem atuais. E até a excelente repórter Dorrit Harazim, em sua reportagem especial para o jornal O Globo de hoje, tropeça nas informações. Ela cita uma pesquisa ABC News / Washington Post onde Hillary Clinton conta com 41% dos votos Democratas e, no mesmo parágrafo, diz que a Senadora é "a mulher mais odiada da América". Esqueceu de dizer que, na mesma pesquisa, Hillary Clinton tem a preferência de 59% das mulheres para ser a candidata Democrata. Mais adiante, a repórter diz que o pai do candidato Obama "retornou ao Quênia para reintegrar a elite na qual nasceu". Não sei de onde vem essa informação, porque, na biografia distribuída pelo próprio Obama, consta que "ele cresceu ajudando o pai (que era domestic servant to British) no pastoreio de cabras". Talvez esses atropelos sempre tenham existido, talvez em maior escala. Hoje, com a Internet presente em todos os quatros cantos do mundo, o cuidado do jornalista tem que ser maior. É verdade que não alcançaremos perfeição absoluta. Mas temos que demonstrar nossa disposição para apresentar as informações mais corretas possíveis.

sábado, 27 de janeiro de 2007

Atenção, internautas: Intel e IBM anunciam chips de novo tipo

A Intel está anunciando um novo chip, que começara a ser produzido ainda este ano, e a IBM promete algo parecido para o próximo ano. O que as duas superpoderosas da tecnologia digital estão conseguindo é um novo tipo de material que permite chips mais poderosos com menos desperdício no consumo de energia. Teremos uma nova geração de processadores mais velozes e mais eficientes. Vale a pena ler a reportagem de John Markoff, no The New York Times.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Será que a Imprensa e a Oposição do Brasil são anti-Democratas nos Estados Unidos?

Fotomontagem sobre foto Reuters / JB

As notícias de hoje no Brasil são contra os candidatos Democratas nos Estados Unidos. O Jornal do Brasil estampa na primeira página uma fotomontagem do candidato Barack Obama como se fosse Osama Bin Laden - dando eco às reportagens da conservadora Fox News, que está fazendo grande campanha contra, porque, quando tinha 8 anos (!!!) e morava na Indonésia, o Senador Obama estudou em uma escola islâmica!!! E o JB faz mais: publica uma pesquisa da Universidade de Quinnipiac mostrando Hillary Clinton (Democrata) atrás de Giuliani (Republicano). Só não explica que se trata de uma pesquisa feita apenas no estado de New Jersey. O Ex-Blog de Cesar Maia vem na mesma linha. A edição de hoje mostra que os erros de Hillary Clinton estão derrubando-a nas pesquisas ("as mais recentes Pesquisas Rasmussen mostram uma queda da Senadora"). E mostra uma pesquisa do Instituto Rasmussen onde a Senadora teria apenas 22% das intenções, em empate técnico com Barack Obama, com 21%. Estaria tudo certo se mostrasse que a pesquisa é do dia 11 de janeiro. O mesmo instituto já publicou pesquisa do dia 18 de janeiro, dois dias antes de ela anunciar que seria pré-candidata, onde Hillary Clinton está com 31% e Obama com 24%. A sorte do eleitor americano é que esses comentários políticos passarão em brancas nuvens...

Lula em Davos: "Não adianta invadir o Iraque, sem que se faça o acordo de Doha"

Na sua participação hoje de manhã no Fórum Econômico de Davos (aliás, por que será que todo mundo fala "Davôs"? Não é mais simples pronunciar "Dávos"?), Lula fez ótima relação entre a Rodada de Doha e a Guerra de Iraque. Na essência, ele falou que não adianta combater o terrorismo promovendo guerras; não adianta combater a violência com mais violência. É preciso que os países ricos tomem consciência da necessidade de ajudar os países mais pobres a saírem da miséria. Enquanto a desigualdade entre os povos se mantiver nos patamares atuais, haverá campo fértil para o terrorismo e todos os outros tipos de violência. Estados Unidos e Europa precisam pelo menos reduzir o seu protecionismo agrícola em nome de um mundo melhor, de paz. "Não faça a guerra, faça comida", pode ser um bom slogan.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Será que o PAC é marketing?

A Imprensa e a Oposição (se é que há diferença) não faz outra coisa a não ser buscar furos no PAC - Programa de Aceleração do Crescimento anunciado por Lula. Mostram falhas, mostram esquecimento e, no máximo, acreditam que é bonzinho, mas insuficiente. Cesar Maia dá a entender em seu Ex-Blog de ontem que o PAC, como foi anunciado, é apenas uma jogada de marketing. Não diria que foi "uma jogada", mas é claro que o PAC é marketing. E isso está certo. Um Presidente, um Governador e um Prefeito (Cesar Maia sabe disso) são os responsáveis pelo marketing de seu País, seu Estado ou seu Município. E fazer marketing é criar percepções na mente de seus públicos (população, investidores, turistas, etc). É muito importante para todos que haja uma percepção positiva, a partir de ações e comunicações que levem a isso. Não basta planejar e levar a cabo o PAC. É preciso que as pessoas percebam, desde já, que a palavra de ordem é crescimento com redução das desigualdades. O lançamento do PAC teve a solenidade que merecia. Teve divulgação à sua altura. Criou um fato que certamente se traduzirá em mais otimismo para a população, esperança e disposição para uma vida melhor. E é para isso também que um dirigente é eleito.

O Globo: a notícia é positiva, mas a manchete é negativa

Um dia depois de Ali Kamel escrever em suas páginas sobre objetividade e imparcialidade no jornalismo, o jornal O Globo demonstra na prática o que isso quer dizer para seus jornalistas. O melhor exemplo está na reportagem de hoje sobre pesquisa da PricewaterhouseCoopers (PwC) que "aponta otimismo global de empresários para os próximos 12 meses em patamar recorde", como diz o subtítulo. No meio da matéria podemos ler que "a pesquisa da PwC — que não inclui a percepção sobre o PAC — também mostra que a maioria dos executivos no Brasil (60%) está muito confiante no crescimento de seus negócios nos próximos 12 meses. O otimismo cai um pouco quando se considera um período de três anos (57%), mas continua elevado quando comparado à percepção global. Segundo o estudo, 44% dos executivos de 50 países estão muito confiantes sobre seus negócios até 2009". Pode existir notícia melhor para o Brasil? Claro que não. Mas o título da reportagem do jornal é "Infra-estrutura preocupa executivos no Brasil"!!! Na verdade, o título se refere a um dado (que não deixa de ser importante) da pesquisa que diz que, entre as preocupações dos executivos, a maior (74%) é com "com a infraestrutura básica, que inclui saneamento e transportes". Confira mais essa barbaridade no Globo de hoje.

Bush carregou na palavra "Iraque"

Não houve grandes novidades na fala de Bush à nação (The State of the Union), porque a mídia já tinha antecipado tudo. Mas houve algumas novidades, sim. Ele falou do Iraque muito mais do que fez nas suas falas à nação nos outros 6 anos. Em 2001 em ele nem citou o Iraque. Em 2002, citou 2 vezes, dizendo que o "Iraque continua sua hostilidade contra a América e a apoiar o terror. O regime iraquiano tramou desenvolver anthrax, gás venenoso e armas nucleares por uma década. (...) É um país que tem algo a esconder do mundo civilizado". No discurso de ontem, com 34.000 palavras, ele falou do Iraque nada menos que 34 vezes! Demonstra claramente a importância do tema para o país, graças unicamente a suas ações arrogantes e desastradas. O terrorismo continua em alta, com 22 citações. "Al Qaeda" teve 10 e "Bin Laden" 1. "Meio Ambiente", apesar da mídia apontar mudanças positivas no discurso, teve 3 citações, o mesmo número de citações de 2001, quando defendeu um "meio ambiente mais limpo". "Coréia do Norte" e "destruição em massa" deixaram de ser citadas. "Brasil" e "América Latina" jamais ganharam citações. Leia mais no The New York Times.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Hillary Clinton coloca em cheque o financiamento público de campanhas

Ao anunciar sua pré-candidatura à Presidência da República pelo Partido Democrata, a Senadora Hillary Clinton declarou que vai em busca de financiamento privado para sua campanha. Isso significa que ela dispensou os 150 milhões de dólares do financiamento público para não se submeter às regras que proíbem ter também contribuições particulares. Vamos colocar as coisas assim: nos Estados Unidos, só se candidata a Presidente quem realmente tem muitíssimo dinheiro por trás. Para se ter uma idéia, a previsão para os custos totais das campanhas é bem superior a 1 bilhão de dólares... Os dois candidatos que disputarão a final deverão arrecadar 500 milhões cada! O sistema de financiamento público americano existe desde o escândalo Watergate e se mostrava como grande arma contra a corrupção política. Mas o fundo (que é formado por opção dos contribuintes de direcionar 3 dólares par as campanhas) está diminuindo, e os candidatos precisam de mais, muito mais. E agora, com a decisão de Hillary Clinton, o fundo pode acabar de vez. O que é uma pena. Aqui no Brasil, o financiamento público através do Horário Gratuito de Rádio e TV é bom, embora também não seja suficiente. Tende a se ampliar, para ganhar maior poder contra a influência do dinheiro nas eleições. Leia no The New York Times.

China quebra o silêncio e confirma teste anti-satélite

Para alívio geral do Ocidente, a China falou sobre o teste do dia 11 de janeiro, quando se tornou o 3º país (depois da Rússia e dos Estados Unidos) a poder destruir um satélite em órbita terrestre. Falou o que todo mundo já sabia - que fez o teste e que é contra a corrida armamentista espacial. Dirigentes do mundo inteiro dormem mais tranqüilos, por saber o que já sabiam. Leia no The New York Times.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

O dia-a-dia fatal dos invasores no Iraque

Ontem chegaram mais 3.000 soldados americanos ao Iraque - menos do que o total dos que já morreram por aquelas bandas. Só nos primeiros 21 dias de janeiro já morreram 53 soldados. E o Bush quer continuar! Veja o trágico calendário das mortes. (Iraq Coalition Casualty Count)

O Brasil não pode empacar

O Governo Lula divulga hoje o seu tão esperado PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, e a Oposição e a imprensa estão fazendo tudo para que o resultado seja um grande fracasso. Nunca vi tanto mau olhado de uma vez só. Calma, gente. Vamos ver o PAC primeiro. Estamos todos querendo que dê certo. O Brasil precisa crescer e isso vai ser bom para todos. Vamos torcer a favor. Guardem a urucubaca para depois.

Silêncio, o mistério chinês que está intrigando o mundo

Há coisa de 10 dias a China fez um teste demonstrando sua capacidade de destruir satélites espiões e tornando-se o 3º país (além de Rússia e Estados Unidos)  com tecnologia para batalhas espaciais. Imediatamente os Estados Unidos e seus aliados protestaram veementemente contra o teste chinês. E aí começou o grande mistério: os chineses simplesmente não disseram nada, não deram nem mesmo um "ai" como resposta. Agora os serviços de inteligência ocidentais dedicam-se a interpretar esse silêncio. As hipóteses, por enquanto, são bem estapafúrdias, como imaginar que os dirigentes chineses não sabiam do teste. Talvez o silêncio seja a arma secreta que os serviços de espionagem não imaginavam existir...  Leia mais no The New York Times.

domingo, 21 de janeiro de 2007

Um presidente perdido no espaço

Pouco antes de chegar ao Rio de Janeiro onde ocorria a reunião do Mercosul, na semana passada, o avião de Evo Morales, Presidente da Bolívia, desapareceu das telas dos controladores de vôo. Foi um certo corre-corre e o representante boliviano entrou em desespero. Final feliz. O avião pousou tranquilamente no Aeroporto Tom Jobim (Galeão) e Evo Morales saltou sorridente, elogiando tudo, inclusive o aeroporto.

Hillary sai bem na frente

O jornal The Washington Post divulgou neste domingo pesquisa (feita com a ABC News) mostrando a Senadora Hillary como a pré-candidata Democrata favoritíssima na disputa para a presidência dos Estados Unidos em 2008.

Campo: 16-19/jan/2007

Amostra - 1.000

Margem de erro - 3%

Hillary - 41%

Barack Obama - 17%

John Edwards - 11%

Al Gore - 10%

John Kerry - 6%

Detalhe importante: Hillary Clinton teve 59% da preferência entre as mulheres, que são a maioria do eleitorado americano. A última eleição presidencial teve 9 millhões de eleitoras mais do que eleitores...

Os Estados Unidos estão preparados para os candidatos Democratas?

Os Democratas deverão ter cerca de 9 pré-candidatos à Presidência da República, nas eleições americanas de 2008. Mas 3 deles destacam-se: o Senador Barack Obama (Illinois, anunciou a pretensão na semana passada), a Senadora Hillary Clinton (New York, anunciou ontem)  e o Governador Bill Richardson (New Mexico, que deve anunciar ainda hoje). Eles fazem parte de 3 categorias de candidatos que nunca chegaram ao poder: negros, mulheres e hispânicos. O Blog político Caucus, do The New York Times, acha que "talvez seja o momento apropriado para fazer as perguntas clássicas: A América está preparada para um presidente negro? Uma mulher? Um hispânico?"

sábado, 20 de janeiro de 2007

Bush tem uma das mais baixas avaliações da história dos presidentes americanos

O Gallup americano divulgou pesquisa sobre a avaliação da Administração Bush, que completa 6 anos na próxima sexta-feira: apenas 36% de aprovação! Consegue ser mais baixa que a média de 2006 (37%), que foi a mais baixa das suas médias anuais e uma das mais baixas já medidas pelo Gallup. É uma das 7 médias abaixo de 40% para qualquer presidente americano desde Truman. Bush chegou a ter 71% de aprovação em seu segundo ano de mandato. Mas o Iraque e o preço do combustível lançaram sua popularidade ladeira abaixo. Tudo leva a crer que nada poderá trazê-lo de volta ladeira acima. Leia a divulgação do Gallup.

 

Evo Morales e o Barão do Rio Branco

Na sua passagem pelo Palácio do Itamaraty, Evo Morales, Presidente da Bolívia, ficou bem impressionado com a grande estátua que viu. Perguntou quem era e os jovens diplomatas que o acompanhavam tiveram o bom senso de dizerem apenas que se tratava do patrono dos diplomatas - passando bem distante de mencionar o Barão do Rio Branco e o seu importante papel na História do Acre...

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Afinal, o PSDB tem ou não tem candidato próprio?

Vamos colocar assim: existe uma candidatura, a de Arlindo Chinaglia, do PT, que se alia completamente ao Governo Lula. Existe outra, a de Aldo Rebelo, que originalmente apoiava o Governo Lula, mas que acabou se descaracterizando, na busca dos mais diversos apoios, e ficou parecendo muito mais da Oposição (principalmente o PFL). E ainda existe a pretensa Terceira Via, uma candidatura auxiliar da Oposição. O PSDB, agindo com pragmatismo político-administrativo regional e tentando se livrar da marca conservadora, resolveu apoiar Chinaglia. Mas a gritaria da imprensa e dos dirigentes mais conservadores foi grande, e os tucanos acabaram lançando o nome de seu Deputado Fruet pela Terceira Via. Já li que isso era coisa do Serra e do FHC para enfraquecer Aécio, porque este teria o Vice-Presidente da Câmara na chapa de Chinaglia.  Já recebi comentário que o lançamento de Fruet teria sido a forma tucana de tentar desviar a atenção da tragédia do metrô paulista. Não creio em nenhuma das hipóteses. A Vice-Presidência já estava acertada antes, com o apoio do serrista Jutahy. E o desastre do metrô está sendo útil para Serra apontar mais uma trapalhada de Alckmin e ainda sair bem na fita (apesar dos deslizes iniciais). O PSDB aproveitou a candidatura Fruet para acalmar a reação conservadora e talvez valorizar suas próprias forças em caso de 2º turno - o que vai ser difícil, porque o voto secreto poderá revelar muitos tucanos contra tucanos.

China entra na Guerra nas Estrelas

A China tornou-se o 3º país - depois da antiga União Soviética e dos Estados Unidos - a dominar a tecnologia de de armas anti-satélites. O teste, realizado na semana passada, foi um sucesso, culminando com a destruição de um velho satélite de comunicação que girava a cerca de 800km da Terra. Tem dois significados: primeiro, que os satélites-espiões americanos agora podem ser destruídos; segundo que, causando grande preocupação ao Governo Bush, a China resolveu ter um papel mais importante nas atividades militares espaciais. O teste pode levar a uma corrida espacial, mas é possível também que a China pretenda apenas forçar os americanos a concordarem com um tratado de desarmamento espacial. Faz anos que o Governo Bush, alegando que precisa de "liberdade de ação no espaço", resiste à proposta feita por russos e chineses de um tratado para banir esse tipo de teste. Liberdade de ação para espionar e destruir? Pode ser que agora os bushianistas entendam que liberdade para um é liberdade para todos. Se continuarem nessa política belicista, o espaço pode virar um faroeste. Leia mais no The New York Times.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

PSDB não voltou atrás

O PSDB deu um passo natural ao lançar a candidatura inviável de Fruet para a Presidência da Câmara. Foi a forma de acalmar o seu eleitorado conservador (incluindo a imprensa) que chiou com o apoio do partido a Chinaglia (PT). O PSDB apostou em um segundo turno para poder apoiar Chinaglia sem culpa. Se o PSDB acertou, Dilma errou ao pedir que Aldo Rebelo (PCdoB) retirasse sua candidatura. Agora, é importante para Chinaglia a candidatura Aldo, que divide a Oposição.

Hillary reage a Obama

A Senadora Hillary Clinton ocupou o noticiário de ontem nos Estados Unidos, com pronunciamentos e entrevistas no rádio e na TV. O tema foi o Iraque e ela usou argumentos mais duros nas críticas à escalada militarista de Bush, Foi uma evidente e necessária reação ao lançamento da candidatura do Senador negro Barack Obama para disputar também a indicação Democrata para a Presidência da República. Ela tem dois problemas que precisa resolver: em 2002, apesar de ser contra, votou autorizando o envio de tropas para o Iraque; por seu mulher (o que é positivo), ela deveria passar mais emoção, seja maternal, seja aguerrida. 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Quem é mais promotor - o promotor ou a imprensa?

O jornalista Carlos Brickman escrveu um bom texto ("Sobre pré-jugamentos - o jornalista, promotor e juiz") no site Observatório da Imprensa, que começa com a seguinte hipótese: "Imaginemos, só para argumentar, que o casal que comanda a igreja Renascer seja absolutamente inocente. Que, nos tribunais, fique claro que jamais cometeram delito algum. Não importa: já estão condenados. E ai do juiz que se atrever a inocentá-los: a opinião pública (ou "clamor popular") vai considerá-lo suspeito. Este é um tema que precisa ser discutido entre nós, jornalistas: a aceitação passiva das versões de promotores, delegados, autoridades diversas, divulgadas amplamente, maciçamente, nos títulos, enquanto a defesa fica com um parágrafo tipo "fulano nega as acusações", o que leva à condenação moral dos acusados (e a casos como o da Escola Base). As autoridades têm de ser ouvidas, mas sem que se esqueça que nunca, nem nos crimes mais escancarados da época da ditadura, faltaram autoridades que endossaram formalmente a tese do suicídio". Carlos Brickman toca em uma questão muito importante para discussão, que é uma certa impunidade que se dá ao jornalista, mesmo quando ele provoca grandes estragos injustos. Talvez por causa da proteção da Lei de Imprensa - necessária, fundamental para que haja liberdade de imprensa -, certos jornais e jornalistas acham que tudo podem. Carlos Brickman continua: "O uso da imprensa na criminalização prévia dos acusados é hoje fato comum, rotineiro. Autoridades municiam a imprensa com farto material de reforço à versão que defendem, para que os juízes, sentindo-se pressionados pelo "clamor popular", concordem mais facilmente com as medidas propostas pelos promotores. (...) Um grande advogado, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, escreveu excelente artigo no O Estado de S.Paulo na quarta-feira ("A realidade do combate ao crime das elites", 10/1/2007), mostrando que o aparato usado nas buscas e prisões, aliado ao noticiário francamente desfavorável aos acusados, constitui-se numa pena extra, não prevista na lei". Brickman propõe amplo debate sobre o assunto. Mas o mais interessante foi que tomei conhecimento desse texto na Coluna do Noblat - um espaço costumeiramente repleto de "pré-julgamentos". Tomara que isso signifique grande mudança.

O QUARTEL É NOSSO!

No início da a década de 80, ainda na ditadura, as associações de moradores do Rio de Janeiro eram muito fortes, com grande capacidade de mobilização e grandes conquistas democráticas. A Associação do Moradores do Leblon, bairro nobre da Zona Sul da cidade, descobriu que o Exército planejava desocupar o imenso terreno onde mantinha o seu 8º Batalhão como parte de negociações  com empresas imobiliárias. A Associação lançou a campanha "O Quartel é Nosso!", com grande repercussão na mídia. Membros da Associação foram à Divisão de Patrimônio do Exército discutir as origens do terreno e comprovou-se que ele pertencia originalmente à Prefeitura e, se não me engano, ao Estado. A reação da Associação chegou aos ouvidos de Gui Fortes, simpatizante dos movimentos ecológicos e filho de João Fortes (grande construtora) e irmão do Deputado Federal Márcio Fortes. Gui se comprometeu a procurar os empresários do setor imobiliário para que ninguém comprasse o terreno. O Exército desistiu dos seus planos. Foi uma grande vitória da AMA-Leblon que, infelizmente, não conseguiu realizar o sonho de transformar a área em Centro Comunitário moderno, capaz de beneficiar principalmente a comunidade pobre da Rocinha. O quartel do Exército transformou-se em quartel da PM, e agora está novamente em foco porque uma construtora alega que é próprietária dele. Está claro que algo está obscuro. O Quartel é Nosso ou não é?

Barack Obama tem futuro

O Senator americano pelo estado de Illinois Barack Obama, 45 anos, anunciou através de vídeo em seu site (www.barackobama.com) o lançamento de seu nome para disputar a indicação de candidato a Presidente pelo Partido Democrata. Foi o assunto do dia nos Estados Unidos. Pode ser que ele não consiga derrotar a Senadora Hillary Clinton, mas está demonstrando que vai dar trabalho. Tanto seu vídeo de lançamento quanto o de sua biografia são muito bem feitos, com iluminação densa, bonita e surpreendentemente eficiente patra um vídeo politico. Ele fala muito bem, tranquilo, convincente, com clareza. "Não existe uma América conservadora e outra progressista, o que existe são os Estados Unidos da América; não existe uma América branca, outra negra, outra latina, outra asiática, o que existe são os Estados Unidos da América". Essa união de tantas diferenças, aliás, ele traz na sua biografia. É negro, nascido no Havaí, filho de pai queniano com mãe americana do Kansas; morou no Havaí até os dois anos e na Indonésia até os 6. Em 1983, formou-se em Relações Internacionais, se não me engano, na Universidade de Columbia, New York. Em 1985, mudou-se para Chigago (Illinois), onde tornou-se líder comunitário em áreas pobres. Em 1991 formou-se em Direito em Harvard. Voltou para Chicago, foi Senador local por 7 anos e é Senador nacional desde 2004. É radicalmente contra a guerra do Iraque e diz que pretende um jeito novo de fazer política. Lindo o trecho africano da trilha de um de seus vídeos.

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Seja manifestante de aluguel e ganhe 150 dólares por dia

O melhor da BBC hoje está na notícia de um site alemão, o erento.com, que oferece manifestantes de aluguel. Diz o texto:"Promotores de causas perdidas ou simplesmente movimentos políticos sem apoio suficiente na Alemanha podem a partir de agora alugar seus próprios manifestantes". Trata-se de um site especializado em alugar qualquer coisa imaginável. Só faltava imaginar o manifestante de aluguel - coisa que a política brasileira já imaginou há muito tempo. Agora, "a empresa começou a oferecer manifestantes profissionais, homens e mulheres, geralmente estudantes, desocupados e aposentados, que por um pagamento especial se transformam em defensores de qualquer causa que se possa imaginar". Os responsáveis, Chris Möller e Uwe Kampschulte, explicam que abriram o serviço "devido à crescente demanda", e acrescentam: "Em geral, não sabemos o que os manifestantes contratados acabam fazendo, mas naturalmente rechaçamos qualquer forma de agressividade ou extremismo de direita" (Ufa!). Um manifestante custa em torno de US$ 150 por dia. Mas o mais engraçado é que alguns "cobram honorários reduzidos por causas que os interessam". A BBC ainda informa que, no final do ano, "soube-se que uma manifestação em frente ao Parlamento, que reuniu cerca de 200 membros da Associação de Médicos Alemães contra uma nova lei de saúde, havia sido coberta por 150 manifestantes alugados e rapidamente disfarçados com o avental branco". Divirta-se com a notícia completa da BBC.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

O Globo decide processar o Ibope

Foi o Mello, do Blog do Mello, que me alertou para a seção do Globo de hoje chamada "Há 50 anos". E não há dúvida, a chamada é espetacular (clique na imagem para ampliar). Não existe nada mais engraçado do que ler o próprio Globo declarando que vai processar o Ibope. E mais: acusando-o de apresentar falsidades. Aliás, essa coluna do jornal O Globo é uma descoberta diária. De vez em quando, uma descoberta inigualável, como aquela de 10 anos atrás, falando do discurso de posse de Juscelino como Deputado: o futuro criador de Brasília condenava o projeto de mudar a Capital para o Planalto Central. Ele preferia o triângulo mineiro...

Cesar Maia, a cratera do metrô paulista e a grande imprensa

Reproduzo, sem comentários, nota do Ex-Blog de Cesar Maia de hoje que, aliás, em outra nota - como observou Antônio Mello -, cometeu ato falho (será?) e escreveu o nome do traficante Lulu da Rocinha como sendo Lula da Rocinha: "Grande Imprensa poupa Grandes Empreiteiros, que têm a concessão da gestão futura da linha 4, e que são os responsáveis - em conjunto - pelas obras da linha 4 do metrô de SP. No apagão aéreo, grande imprensa cobriu diferente as responsabilidades privadas."

O PSDB não volta atrás

Aqui deste Blog, na última sexta-feira, comentando nota de Vera Magalhães no Painel da Folha, escrevi que o PSDB estava ganhando uma alternativa para o futuro, ao se aliar ao PT para apoiar a candidatura de Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara. Também critiquei, no sábado, a chiadeira geral da grande imprensa protestando contra essa aliança tucano-petista. Hoje, quando surgem mais detalhes da operação Chinaglia, podemos concluir que foi exatamente isso que o PSDB fez: mudar sua própria história, rumo a um futuro melhor. Na verdade, o PSDB está retomando os caminhos originais de sua história. Ele não nasceu para ser um partido lacerdista, como já declarou Cesar Maia. Foi levado a esse papel por causa do Governo Fernando Henrique e da Campanha Alckmin. Seria um partido social-democrata, que se posicionaria entre um centro peemedebista e uma esquerda petista. Mas o cacife neoliberal era maior e o PSDB acabou se desfigurando e se tornando um partido sem rumo. Com essa retomada de um perfil progressista, é claro que vai sofrer os protestos do eleitorado conservador conquistado nos últimos anos. Mas não lhe resta outra alternativa. (A não ser, claro, que se considere alternativa disputar o voto lacerdista com o PFL.) É natural que Fernando Henrique e Alckmin oponham-se a esse novo rumo. Tentam conservar o poder, mas é inútil, mesmo que a Executiva do partido dê pra trás. O vôo tucano será guiado daqui pra frente por Serra e Aécio, que vão trabalhar com um pragmatismo mais à esquerda. Nessa sua guinada, poderão contribuir para dividir ainda mais o PMDB e para que o PT se desloque um pouquinho mais para a direita. Mas o sentido final será progressista. Contra esse movimento, o PSDB sofrerá a forte oposição de Ciro Gomes, eterno adversário de Serra e candidato em 2010. (É verdade que o partido de Ciro, o PSB, é minúsculo, mas o seu eleitorado nordestino é cada vez mais decisivo.) No passado, ouvi de vários petistas que a aliança prioritária do Governo Lula deveria ter sido com o PSDB e parte do PMDB. Chegou a hora de saber se essa tese estava certa. (Recomendo a leitura das colunas de hoje de Ilmar Franco e Ricardo Noblat no jornal O Globo e de Fernando Barros e Silva na Folha - para assinantes)

Até o governo iraquiano resiste à escalada de Bush

Bush está enfrentando a resistência da opinião pública americana, do congresso americano, da opinião internacional, de seus aliados na invasão e agora do próprio governo iraquiano, que teria "pedido" a presença de mais soldados americanos, principalmente em Bagdá. A questão logística por si só já seria um grande problema. Antes de mandar seus rapazes, os americanos precisam garantir locais seguros para eles, o que está difícil, em uma cidade que não tem postos policiais suficientes. Os prédios terão que ganhar proteção extra contra bombas e outros petardos mortais. E ainda não há solução para questões básicas como determinar quem garantirá o suprimento de combustível. Mas a dificuldade maior parece estar em convencer o governo iraquiano - que é de maioria xiita - a combater igualmente os insurgentes sunitas e os esquadrões da morte xiitas, algo considerado estratégico para o plano dar certo. Pode ser que os americanos sejam usados apenas para limpar áreas que os xiitas ocuparão em seguida. O desespero de Bush fica maior porque ele tem pouquíssimo tempo para obter alguma conquista de impacto capaz de ser usada como trunfo na disputa eleitoral do próximo ano - razão de ser de todas suas ações. Leia no The New York Times.

sábado, 13 de janeiro de 2007

O que caiu no buraco

O buraco do metrô paulistano / Folha
Além de ter causado prejuízos materiais, possíveis (tomara que não!) pessoas soterradas e mais dor de cabeça no dia-a-dia paulistano, o buraco do metrô pode ter afundado de vez as pretensões eleitorais de Alckmin.

O tudo ou nada de Bush

Mesmo sabendo que a oposição é total, tanto no Congresso como na opinião pública, Bush decidiu aumentar a escalada americana no Iraque. Está disposto a enviar mais 21.500 soldados e sabe que a o Congresso terá sdificuldade em impedir, mesmo tendo o direito de cortar a verba. Se o Congresso agir assim, poderá herdar o ônus do fracasso da guerra. Bush também está esticando a corda com relação à presença do Irã no Iraque. O apoio dos xiitas iranianos ao governo iraquiano tem seu lado positivo, pois ajuda a combater a minoria sunita mais radicalmente anti-americana. Mas Bush não pode permitir que o governo de Teerã cresça demais na região. Por isso, Bush, pessoalmente, seguindo orientação do Conselho de Segurança Nacional, conforme declarou ontem Condoleezza Rice, ordenou a escalada contra os iranianos presentes no Iraque, chegando a mandar invadir representação diplomática. Por trás de tudo, está a busca de uma saída honrosa no Iraque e uma situação mais confortável para as eleições de 2008.

A imprensa não quer um Congresso independente, quer na oposição

A tal "independência" que a imprensa tanto cobra do Congresso não existe. E parece que nem a própria imprensa sabe o que é isso. Basta ver as reações dos chamados grandes órgãos da imprensa para termos certeza que o que se defende é oposição cerrada ao PT. (Antes era ao PT e ao Lula, mas com a vitória eleitoral retumbante, sobrou só para o PT.) Na Veja desta semana, Otávio Cabral acusa o governo de estar se empenhando pela eleição de Chinaglia, ressuscitando "práticas antigas que, mesmo podendo ser consideradas legítimas, se revelam grotescas pela desfaçatez". Esquece da desfaçatez de seu texto, que quase emoldura Ciro Nogueira, coordenador da campanha pró-Aldo Rebelo, como uma vítima inocente da "desfaçatez" do assédio da campanha pró-Arlindo Chinaglia - o mesmo Ciro Nogueira que há até pouco tempo era visto como quase um demônio do baixo clero, citado pelo jornalista Lúcio Vaz, autor de "A Ética da Malandragem – No Submundo do Congresso Nacional",  como "o segundo da lista", atrás apenas de Severino Cavalcanti. Se, ao contrário, Ciro coordenasse a campanha de Arlindo Chinaglia, certamente ganharia dossiê, com direito a capa da Veja. A independência entre os 3 Poderes não significa castração política. Ao contrário, o jogo político é livre e necessário, desde que não haja corrupção ou outro tipo de atentado ao interesse público. Recentemente Jorge Bornhausen, José Agripino, Rodrigo Maia, Renan Calheiros, Sarney e Antônio Carlos Magalhães visitaram o presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello, para pressioná-lo (e conseguiram) a voltar atrás na interpretação (já votada) sobre a regra da verticalização. Foi quebra da independência? Claro, que não. O neo-global Noblat chamou a consulta feita por Jutahy a seus pares tucanos que definiu o apoio a Arlindo Chinaglia de "empulhação", "um recurso esperto que não seria estranho a um congresso estudantil", acrescentou ele com infantilidade. A antiga global Lúcia Hipólito estava horrorizada com o que se estava fazendo com o PSDB. Na verdade, todos dão provas de que a imprensa é altamente parcial e cheia de comprometimentos, tentando fingir que é independente.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

PSDB ganha alternativa para o futuro

Muito bom o comentário de Vera Magalhães no Painel ("Dividir para governar") da Folha de hoje: "A investida do PT sobre o PSDB é, a longo prazo, uma aposta na divisão da oposição e no paulatino isolamento do PFL. Nas conversas, petistas propuseram aos tucanos uma "parceria de longo prazo" e lhes conferiram papel de "interlocutores prioritários" do governo no bloco oposicionista". Para um partido que está sem muita diferenciação e até mesmo sendo empurrado por Cesar Maia para a direita do PFL, é uma oportunidade de ouro para se livrar de um discurso vazio e pretensamente ético e retomar um caminho social-democrata. Se souber aproveitar, o PSDB tem futuro.

Duas derrotas da Oposição

1) A decisão do PSDB de apoiar Arlindo Chinaglia (PT) para Presidente da Câmara dos Deputados representa praticamente uma pá de cal na candidatura de Aldo Rebelo (PCdoB). O PSDB provavelmente gostaria de apoiar um terceiro nome (que até agora não se viabilizou) para se diferenciar do PFL (que apóia Aldo). Na incerteza e com tantas vantagens oferecidas pela campanha de Chinaglia (apoio em São Paulo, na Bahia e cargos na Mesa), aliou-se ao PT.

2) As denúncias contra Jungmann (com fundamentos ou não) mancham a Oposição da mesma forma que o Governo Lula ficou manchado. Jungmann e seu partido, PPS, estavam se destacando pela oposição mais ferrenha, inclusive na tentativa de construção da "terceira via" na disputa da Mesa da Câmara. 

Duas derrotas de Bush no Iraque

1) A proposta de Bush de aumentar o efetivo militar americano em mais 20 mil homens - com o total chegando a quase 160.000 - teve reação contrária maior do que se esperava. Democratas e boa parte de Republicanos já se manifestaram contra a liberação de mais verbas para financiar a escalada americana. Pior: pesquisas de opinião chegam a registrar até 70% da população contra o envio de mais tropas.

2) Na frente de batalha, tropas americanas invadiram escritório diplomático iraniano, prendendo 6 pessoas. Além de abuso diplomático gravíssimo, a invasão causou constrangimento ao governo iraquiano (de predominância xiita), cada vez mais próximo do governo xiita de Teerã. Pior: a invasão ocorreu na pacata cidade de Erbil, no Norte, região de domínio dos curdos, superaliados dos americanos. Os curdos não gostaram da invasão. Chegaram a tentar parar as tropas, mas não conseguiram. Mais tarde, 100 soldados curdos cercaram os veículos americanos por duas horas. Eles consideraram a ação uma afronta à soberania curda. Leia no The New York Times.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Sérgio Cabral: aprovação desde José Dirceu até os taxistas

Já disse aqui que estava bem impressionado com os primeiros momentos do governo Sérgio Cabral. Cesar Maia também já demonstrou aprovação. José Dirceu, que claramente apoiou sua campanha, já deu nota 10. E a aprovação ganha amplamente as ruas do Rio de Janeiro, na capital e no interior. Ontem mesmo, um taxista (importante termômetro político) falou para uma passageira: "Tô gostando desse Sérgio Cabral. Ele é bom mesmo. Fala com o Presidente... fala com os Prefeitos... tá enfrentando a bandidagem... vai às cidades com problemas... E o pessoal que trabalha com ele também é bom. Tem o Vice, esse tal de Pezão, que é muito bom". Nessa hora, a passageira só faltou explodir de orgulho: era Maria Lúcia, a mulher do Vice Pezão...

RJ: Cheque Cidadão X Bolsa Família, Garotinho-Rosinha X Sérgio Cabral-Benedita, Populismo X Organização

A nova Secretária de Assistência Social do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT), decidiu trocar o programa social Cheque Cidadão pelo Bolsa Família. Significa, em primeiro lugar, trazer mais dinheiro federal para a ação social no Rio de Janeiro e, com o dinheiro que era utilizado no Cheque Cidadão (algo em torno de 120 milhões), investir em outros programas. Mas não é só isso. O Cheque Cidadão (junto com o Restaurante Popular) era a principal marca dos governos de Garotinho e Rosinha (PMDB) na sua ação junto às camadas mais pobres. Foi com programas assim que eles conquistaram os votos dos mais pobres. Por isso a ex-governadora Rosinha Garotinho subiu nas tamancas e chamou o atual governador Sérgio Cabral (também do PMDB) de traidor, no seu ataque mais duro desde a posse no dia 1º de janeiro. A mudança de Cheque-Cidadão para Bolsa Família, como já respondeu Sérgio Cabral, não é uma simples troca de nomenclatura. Ambos são emocionantes. Lembro de muitas vezes ter acompanhado o trabalho de divulgação e pesquisa sobre o Cheque Cidadão com dificuldade de segurar as lágrimas. Havia particularmente um comecial, dirigido com paixão por Luiz Henrique, da produtora Blue Light, que mexia com qualquer um. Era um registro em vídeo de uma beneficiária, Dona Ruth, que nunca tinha entrado antes em um supermercado e que empurrava o carrinho de compras toda feliz com o cheque (um vale-compras, na verdade) de 100 reais. Seu depoimento ao lado dos filhos era marcante. Toda vez que o comercial era apresentado em uma pesquisa de discussão de grupo, metade das pessoas ficava chorando (e na sala escura ao lado eu ficava bem nervoso). Sempre defendi o programa. Mas jamais defendi a forma como ele era distribuído. Era uma desorganização total, geralmente através de igrejas evangélicas e com objetivo eleitoreiro evidente. E é exatamente a desorganização a principal característica do populismo. O político populista (e não quero colocar aqui nenhum preconceito tão comum para o termo) é bem mais veloz (o que me faz lembrar um livro que li há alguns anos, "Velocidade e Política", de Paul Virilio), mais ágil, com resultados surpreendentes, graças à sua relação direta com a população. Elimina burocracias, reuniões inúteis, gastos monumentais de infraestrutura, e consegue levar benefício real a quem mais precisa. Mas ele não consegue levar consciência nem futuro. Além disso, o excesso de velocidade pode levar a muitos erros. O Bolsa Família pretende ser um passo à frente, em termos de organização e em termos de se preparar para um passo a mais em busca de um futuro melhor. Creio que o atual governo agiu certo na troca. Não apenas para apagar a marca forte de uma adversário, mas, principalmente, para dar um novo perfil à assistência social. A enquete promovida pelo Globo OnLine (apesar que captar preferencialmente o não-beneficiário) aprovou a mudança: 60,20% acham que o Cheque Cidadão é pura demagogia e 27,98% concordam que o programa deve ser concentrado no Bolsa Família. Velocidade é bom, mas às vezes atrapalha.

 

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Será que Guatánamo fica em Cuba?

A ONG Human Rights Watch acaba de divulgar relatório declarando que os respeitos aos direitos humanos em Cuba não melhorou. Mas reconhece que o número de presos políticos caiu para 283. Em seguida faz uma declaração surpreendente: Cuba continua sendo o país ocidental com o maior número desse tipo de prisioneiros. Surpreendente porque, logo ali ao lado, na base americana de Guatánamo, cerca de 400 suspeitos de terrorismo estão confinados há anos sem direito a nada. A jornalista da sala ao lado berra a pergunta que não quer calar: será que a Human Rights Watch considera Guatánamo território cubano? Leia no Globo (para cadastrados).

Para Aldo Rebelo, só resta a oposição

Não é verdade que o apoio do PMDB a Arlindo Chinaglia signifique racha na base governista. Nesse sentido, se o apoio fosse a Aldo Rebelo, à candidatura "terceira via" ou à candidatura própria, o significado também seria de racha. O apoio do PMDB a Chinaglia permite um perfil melhor definido à chamada base governista. A candidatura Aldo Rebelo estava se apresentando como governista por inércia. Representa muito mais uma composição com a oposição, sacrificando o principal partido governista, o PT. A vitória de Aldo significaria (ou significará, nunca se sabe...) vitória da oposição, principalmente do PFL. O que devemos destacar nesse apoio do PMDB é a ressurreição do PT como partido. Andava tímido, temeroso, parecia ter vergonha de existir. Ao bater pé em defesa de Chinaglia e se colocar em campo por sua candidatura, o PT volta a demonstrar personalidade e capacidade de articulação. Quem deve estar rindo de orelha a orelha é José Dirceu, que vai acabar virando inimigo nº 1 do PCdoB, que já coloca na sua conta a derrota de Jandira como candidata ao Senado no Rio.

Calor faz mal à Bolsa, mas faz bem ao bolso

Este ano o frio do Hemisfério Norte decepcionou e o preço do petróleo despencou. Tem notícia melhor para quem gasta um dinheirão em calefação? É claro que as empresas de petróleo não estão gostando muito de ver suas ações despencarem, mas o consumidor agradece. A temperatura ficou mais agradável.

Energia nuclear volta a ser alternativa na Alemanha

Há 7 anos, a administração Verde-Socialista de Gerhard Schröder, sob pressão dos ambientalistas, decidiu planejar o fim das usinas nucleares, o que deverá (ou deveria) ocorrer nas próximas duas décadas. Acontece que o oleoduto chamado Amizade ("Druzhba", em russo) que leva petróleo para a Europa entrou no meio de uma disputa entre a Rússia e Belarus - o que ocasionou cortes no fornecimento. Acendeu a luz vermelha na administação Democrata Cristã-Social Democrata de uma economia altamente dependente das importações de energia. A chanceler Angela Merkel (Democrata Cristã), considerando a necessidade de diversificar as fontes de energia, declarou que "é preciso pensar sobre as conseqüências de fechar as usinas nucleares". Isso causou imediata discussão entre os parceiros no poder, além dos protestos da oposição Verde. O mais provável é que a energia nuclear volte ter força, mesmo que Rússia e Belarus fortaleçam sua "amizade". Leia reportagem de Allan Hall e Conor Sweeney no The Scotsman.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Cesar Maia mais uma vez xinga o PSDB

A propósito de falar do PFL, Cesar Maia, no seu Ex-Blog de hoje, dá mais uma trauletada no PSDB. O texto é interessante (apesar da escrita às vezes confusa) e procura em pequenos tópicos mostrar a trajetória política nacional, desde os anos 30, que desembocou no PFL. Fala das origens do partido no PSD getulista, na UDN e no ademarismo e depois abre questão sobre o futuro da legenda. No meio da história, ele se refere aos tucanos: "O PSDB resgata a tradição udenista através de uma sessão de forte lastro intelectual (antes os bacharéis de Minas e agora os cientistas sociais de S.Paulo), e sua representação urbana dos setores modernizantes e internacionalizantes. Como representação política a UDN reaparece como PSDB, embora como representação pessoal ela continue presente no PFL - especialmente nas sessões da Bahia e Santa Catarina". Para a inteligentsia paulistana tucana não pode haver ofensa maior do que ser tratada como udenista. Mas Cesar Maia está certo. Foi nisso mesmo que o PSDB se transformou. Ainda mais forte é que de certa forma Cesar Maia empurra o PSDB para a direita do PFL, em óbvia disputa pelo centro político. Espera-se para os próximos meses boas bicadas entre esses ex-parceiros.

Confirmada fraude no Mundial de 82, na Espanha

O alemão Hans-Peter Briegel, atual treinador de Bahrein, declarou que na partida da Copa do Mundo da Espanha, em 1982, entre Alemanha e Áustria (1 x 0), houve acordo entre as seleções européias para desclassificar a seleção argelina, que era bem melhor. Houve inúmeros protestos na época contra a FIFA, mas nada adiantou. Hans-Peter Briegel pediu desculpas ao povo argelino. E nós nos perguntamos quemvai pedir desculpas por aquele Argentina x Peru que deixou o Brasil fora da Copa de 78...Leia em El País.

Schwarzenegger adota o SUS na Califórnia

Schwarzenegger apresenta seu plano via satélite para profissionais de saúde e a imprensa / NYT
O governador Arnold Schwarzenegger apresentou ontem um plano que está tendo grande repercussão nos Estados Unidos, porque "estende o atendimento de saúde a todos os residentes da Califórnia" - que não é o primeiro estado americano a fazer isso (os outros são Maine, Massachusetts e Vermont), mas é o maior. Com 36 milhões de habitantes, a Califórnia conta com 6,5 milhões de pessoas (1 milhão de imigrantes ilegais) sem nenhuma cobertura de saúde, e tem estrutura de saúde pública imensa e problemática. Como parte de grandes mudanças no sistema, Schwarzenegger propôs um fundo para promover o "sus" californiano (chamado de Medi-Cal e que custará 12 bilhões de dólares) com participação até de médicos e hospitais, que descontarão, respectivamente, 2% e 4% de seus ganhos. O ator-governador pode até ser um exterminador do futuro. Mas está demonstrando que quer cuidar bem do presente. Leia reportagem no New York Times.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Existe algo de podre no reino de New York

Desde as 9 da manhã (meio dia aqui) um estranho cheiro tomou conta da ilha de Manhattan - o principal distrito de New York. É um cheiro misterioso, que parece gás (e é, certamente), objeto de investigação das autoridades locais. Não há sinais da causa. E também não há vítimas. Mas a história toda está cheirando muito mal. Leia reportagem do Irish Examiner.

Acabou a seca do Nordeste. Só falta o povo chegar até a água...

Excelente entrevista que a CBN fez hoje pela manhã com o prefeito Fernando Cabral de Parnamirim, no sertão de Pernambuco. O município, com cerca de 2.600 km², 20.000 habitantes e ocupando o 3.535º lugar no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) nacional, tem o maior manancial de água da região - mas está em estado de calamidade por falta d'água. Ou melhor: por falta de dinheiro para pagar carros-pipa para transportar água para a população. O desespero do prefeito é total. E precisa do auxílio do governo federal. Lula vira Deus se conseguir fazer chover dinheiro para água no Nordeste.

Aldo virou candidato da oposição

Um dos maiores feitos da oposição foi ter conseguido encalacrar o Governo Lula na escolha do Presidente da Câmara. Depois de ter indigerido a escolha de João Paulo Cunha, a oposição conseguiu conquistar a iniciativa graças ao vacilo petista entre Greenhalg e Virgílio. Veio o vexame de Severino Cavalcanti - produto da aliança Garotinho, Gabeira, PSDB, PFL e outros - e foi possível pôr na Presidência da Câmara o meio termo Aldo Rebelo. Com o seu posicionamento zero à esquerda e à direita, Aldo caiu nas graças de governistas e oposicionistas. Quem acabou não gostando muito foi o próprio PT e o PMDB não-governista (se é que isso é posssível...). Nova aparente indefinição do governo, e temos a oposição mexendo-se inteiramente a favor de Aldo. O próprio lançamento dessa pseudo-candidatura terceira via (com Gabeira e outros) só serve para fortalecer a candidatura Aldo - e, naturalmente, a oposição. Com a vitória de Aldo, caberá ao governo trazê-lo de volta ao seu terreno. É assim que as coisas funcionam, apesar de Cesar Maia tentar provar o contrário, citando a (falsa) imparcialidade dos dirigentes das câmaras nos Estados Unidos e Inglaterra.

Acordo à vista em Doha

Autoridades americanas e européias declararam ao Financial Times que "negociações entre os Estados Unidos e União Européia reacenderam as esperanças de acordo nas negociações comerciais de Doha no fim do mês". Tudo começou em 2001, com planos de liberalizar os mercados industriais e agrícolas, mas a questão dos subsídios agrícolas tanto americanos quanto europeus tornaram-se um empecilho. Agora conta-se com maior empenho, principalmente de Bush, para que o esboço de um acordo final possa ser alcançado com Brasil e Índia no Fórum Econômico de Davos e com isso ser possível ampliar o número de países nas negociações.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Troca de comando no Iraque

Conforme comentamos neste Blog, Bush, desesperado com os sucessivos fracassos militares no Iraque, vai trocar o comando. Sai o Gen. George W. Casey Jr., responsável pela estratégia de substituição gradativa de soldados americanos por iraquianos que teria levado ao aumento dos ataques de milícias. No seu lugar, entra o Gen. David H. Petraeus. Leia reportagem do New York Times.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Já morreram mais americanos no Iraque do que no 11 de Setembro

O número de soldados americanos mortos no Iraque já atingiu a marca de 3005 (veja a tabela aqui), além de 35.174 feridos. É como se os Estados Unidos tivessem sido atingidos por outro ataque terrorista igual ao de 11 de Setembro, quando morreram 2973 pessoas - ou seja, 32 a menos do que o total de mortos até agora na trágica ocupação do Iraque. O site CommonDreams destaca as manifestações contra a guerra e apresenta números impressionantes dessa nova loucura americana. A marca do 3000º mortos contou com protestos e vigílias em todo o país. "Estamos tristes com as mortes, mas achamos que é muito importante que não seja gasto nem mais um dólar nesta guerra no Iraque", disse Janis Shields do American Friends Service Committee (AFSC), que já lista em seu site 335 vigílias em 46 estados americanos. Um estudo publicado no jornal médico britânico The Lancet coloca em mais de 600.000 o número de iraquianos feridos. A Veterans Administration (VA) americana registra que mais de 150.000 veteranos dos conflitos no Iraque e no Afeganistão estão recebendo benefícios. Aproximadamente 70.000 deles estão recebendo tratamento mental. "Nós não imaginávamos que a guerra durasse tanto e matasse tantos", disse Chuck Nixon, que ajudou a coordenar um memorial semanal em Santa Mônica, na Califórnia. "Quando começamos o projeto do memorial, havia apenas 400 cruzes. Isso foi em fevereiro de 2004. Mas logo no Dia das Mães o número tinha subido para 800”. A Gold Star Families for Peace, organização fundada pela ativista Cindy Sheehan que teve seu filho morto no Iraque, planeja para esses dias uma passeata em Washington pressionando pela saída imediata do Iraque e pelo impeachment de Bush. A United for Peace and Justice, que reúne mais de 1.300 grupos pacifistas, planeja para o dia 27 marcha em Washington com objetivos semelhantes. Com tantos números negativos, cresce a mobilização anti-guerra. Só assim pode ser possível vencer os números positivos da indústria da guerra, que estão com seus lucros crescendo como nunca.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Cesar Maia, o policiólogo de plantão

Cesar Maia é uma figura estranha, sem dúvida. Ele critica o Lula por ter tratado bandidos comuns como terroristas, sem dizer que ele próprio já tinha feito isso em outras ocasiões (como observou o Informe do jornal O Dia). Ele também gosta de ironizar quem se dedica academicamente ao tema da segurança como "policiólogo de plantão". Mas ele mesmo não tem feito outra coisa ultimamente. O que não quer dizer que faça um estudo ruim do assunto. Hoje mesmo, em seu Ex-Blog, mandou um bom texto, que reproduzo abaixo:

A ORIGEM DOS PARA-MILITARES E PARA ONDE APONTA ESTE PROCESSO!
01. Nos anos 80, quando o tráfico de drogas, no varejo, foi se estabelecendo em favelas cariocas, o processo se deu naturalmente com o "malandro" ou bandido morador da favela, assumindo o comando do ponto, depois chamado de boca de fumo. O tráfico de drogas não pode conviver com outro tipo de delito dissociado dele, pois isso atrai polícia e desestabiliza o ponto. Alguns pesquisadores - de longe - traduziam a paz da favela como se o traficante fosse um Robin Hood local. Avaliação equivocada. O serviço público trazido pelo traficante - nascido e criado na comunidade - foi a eliminação de qualquer outro tipo de delito. No início aplicaram-se regras de punição, como tiro na mão de quem furtou, etc... Delito contra as mulheres e crianças ia até a pena de morte. Escola pública era um santuário. Uma ampla pesquisa realizada no final dos anos 50 mostrava a favela como área violenta e instável por delitos de todos os tipos. O "malandro" era o chefe, mas que só se preocupava com o que lhe interessava. Não era ainda "dono do morro". As bocas de fumo, no início, não eram disputadas porque o mercado estava em expansão.
02. A razão de fundo das facções de origem - Falange Vermelha, Jacaré, e depois comandos - da forma que conhecemos, foi a generalização do mercado de drogas nas favelas e a diferenciação das taxas de lucro. Com isso gangs disputavam o controle das mais lucrativas ou novas gangs disputavam a entrada no mercado. Isso passou a ocorrer no final dos anos 80. A desestabilização se tornou geral. As gangs estabelecerem -parcialmente - um pacto de não agressão entre elas, e este passou a ser questão de sobrevivência. Com isso as denominações que começavam a surgir tornaram-se funcionais e passaram a significar que gangs agrupadas sob a mesma denominação não poderiam disputar suas bocas de fumo.
03. A organização dessas facções desenvolveu-se de forma a reduzir os riscos de sua eliminação. Muitos analistas acham que não existe essa organização, pois pensam organização como um ordenamento em organograma com presidente, diretores...Ou se referem às máfias ou à contravenção. O ordenamento para a sobrevivência criou organizações virtuais onde cada gang em torno de uma boca de fumo estabelece com as demais relações básicas de não agressão e progressivamente de fornecimento preferencial de drogas e armas. Nesse sentido a única forma de se manter este ordenamento, onde a cada "soldado do tráfico" morto, sua substituição se dá automaticamente, ou mesmo a própria substituição automática de toda uma gang em torno de uma boca de fumo, é ter um chefe geral virtual. Para isso só pode ser chefe geral quem estiver preso. De outra forma a eliminação da cúpula desmontaria a organização. Mas ter chefe - preso - passou a ser uma necessidade para dar unidade às facções.
04. A continuidade da ação das gangs e seus "comandos" foi construindo uma lógica análoga a das FARC colombiana. As gerações seguintes foram desenvolvendo a própria atividade como um objetivo em si. E nada mais. Não se tinha, mais, o poder como meta, nos moldes das guerrilhas dos anos 40, 50, 60 e 70. A negociação durante o governo Pastrana descobriu que a mesma era inútil, pois a lógica das FARC não apontava para o poder, mas para o prazer de fazer aquilo que faziam. A lógica dos "comandos" no Rio apontou na mesma direção, estabelecendo um estado de anomia crescente e depois completo. Há a certeza da morte ou da prisão até os 25 anos e a completa banalização da vida e da morte. Nesse sentido nem o sentido da capitalização, como as máfias, existe em geral. Desta forma a eliminação de seus componentes deixou de ter efeito demonstração, pois o medo da morte desapareceu. Isso tornou ainda mais complexa a repressão. A percepção de que as gangs eram indestrutíveis tornou a corrupção uma rotina e - entre vários policiais - eliminou a fronteira entre policia e delinqüente.
05. Nos anos 90 a universalização do narco-varejo nas comunidades e a generalização das disputas pelas bocas de fumo com uso de armas militares com poder de destruição crescente, foi mudando a lógica dos anos 90. Uma boca de fumo tomada por uma nova gang, trazia para esta favela um "dono de morro" de fora, portanto não mais nascido e criado nela. Com isso os delitos associados ao tráfico de drogas tiveram ampliada a sua latitude, pela desconfiança em relação ao seu entorno. Os traficantes passaram a serem vistos como carrascos nas comunidades. Não tinham mais nenhuma cumplicidade parcial das pessoas. Impunham seu domínio pelo pavor. E assim foi e é até hoje. Criou-se o caldo de cultura para a entrada de grupos de "justiceiros".
06. A experiência na comunidade Rio das Pedras, de grupos de policiais ativos e inativos, sua própria empresa de vigilância, a base nordestina da favela, e a articulação positiva com seu entorno - rico - na medida que não há crianças da comunidade nas ruas, e a mão de obra local é de absoluta segurança para quem contrata, estabeleceu um novo tipo de paz numa comunidade. As pessoas e empresas locais pagam suas taxas de segurança e se vêem compensadas pelo serviço. A base de legitimação é a radical inexistência de trafico de drogas, incluindo aí a inexistência de consumidores. E a garantia de continuidade. Esse é um tópico básico. A polícia reprime os traficantes de uma certa comunidade, ocupa e dias depois sai. Aqueles que foram "simpáticos" com a policia, na volta da gang são brutalmente eliminados.
07. A experiência de Rio das Pedras foi se expandindo para as comunidades de Jacarepaguá, comunidade a comunidade. A base de legitimação é o afastamento do tráfico de drogas. Porém mais que isso: é o afastamento do pavor novo implementado. Novas experiências pontuais foram ocorrendo e a reação das comunidades - apesar dos pedágios de diversos tipos - foi melhor que a esperada, na medida que passaram a certeza que a ocupação seria contínua. A descoberta de que o sistema de pedágios acrescido à boa articulação com o entorno, produzia ganhos permanentes para os grupos de para-militares e para a comunidade, ampliando a atratividade dos serviços assistenciais e reduzindo a taxa de desemprego local, esse processo ganhou nova dinâmica e se acelerou, durante 2005 e 2006.
08. Os para-militares tiveram a habilidade de não se tornar um grupo de segurança à parte. Passaram a ser a própria associação de moradores e com isso a ser parte da comunidade e não serviço de segurança armada apenas.
09. Paralelamente o mercado "batizado" de cocaína sofreu uma queda em função de alternativas químicas. A classe média consumidora deixou de ir a boca de fumo, pela insegurança e passou a ter fornecedores fora das favelas e através da generalização do delivery por moto-boys. Os comandos se debilitaram. O primeiro sinal disso se deu na Rocinha na Semana Santa de 2005, quando o socialite-chefe do morro local (na boca das bocas, que respondia pela terça parte da distribuição de cocaína numa espécie de atacado do varejo), decidiu não mais pagar a sua quota ao comando vermelho sentindo-se forte o bastante para se tornar independente. A boca das bocas (umas 50 dentro da Rocinha), desestabilizou-se, o bandido - amigo de ricos e intelectuais - foi "entregue" e morto. A estabilidade de 14 anos se foi. Na semana seguinte o prefeito Cesar Maia foi à Rocinha sem segurança e conversou por horas, um a um, com pelo menos mil moradores. Todos (com exceção dos moto-boys e de duas prostitutas) queriam a presença contínua da policia, mas tinham medo no caso de sua saída. Inacreditavelmente a para-ONG Viva-Rio pediu audiência ao secretário de segurança-ex-governador, e exigiu a retirada dos policiais em nome de supostos abusos cometidos. Assim foi e os fatos seguintes falam por si mesmos.
10. Qual a dinâmica deste processo todo? Sem nenhuma dúvida será o crescimento dos locais controlados por paramilitares a partir daquela transformação do traficante nascido e criado (Escadinha...), por traficante carrasco e o curto circuito nas relações com a comunidade. Os para-militares demonstraram que reprimir o tráfico de drogas nas favelas é tarefa simples sem precisar de "inteligência policial e investigação sofisticada", como se dizia. Com a auto-estima da corporação policial em baixa, e com visão de missão decrescendo, a cumplicidade entre traficantes e policia cresceu. Com isso a lógica de parte da polícia passou a ser a renda. Os para-militares mostraram que a lógica da renda poderia ser resolvida - paradoxalmente - com a eliminação do narco-varejo. E o processo se tornou auto-sustentado.
11. Desde os anos 90 que os candidatos a vereador e deputado, dos traficantes nas favelas, passaram a ter votação risível sob a proteção da inviolabilidade da urna e, especialmente, depois da urna eletrônica. Mas os candidatos dos para-militares passaram a ter votações expressivas e chegaram às câmaras de vereadores e assembléia legislativa. Em 2006 estima-se em pelo menos 200 mil votos os alcançados pelo apoio dos para-militares nas comunidades, entre os diretamente seus e os que apoiaram.
12. O que se deve fazer? A resposta é clara e óbvia. A razão da existência dos núcleos paramilitares é o temor ao tráfico de drogas. O que os legitima é eliminar o tráfico de drogas. Desta forma se torna evidente que a polícia deve entrar neste circuito e eliminar o tráfico de drogas das comunidades e ocupá-las com farda, permanentemente. Isso irá tornar o pagamento de pedágio desnecessário e passará a ser percebido como um abuso. Os núcleos para-militares devem ser combatidos não diretamente, mas indiretamente, com a repressão ampla, geral e irrestrita ao tráfico de drogas. Para isso a policia terá que articular esta repressão com um policiamento ostensivo multiplicado na medida que a lógica da renda dos delinqüentes traficantes os levará aos crimes de rua. Como já ocorre. Paralelamente - vide FBI a partir dos anos 30 - ter-se-á que desenvolver um programa interno-externo de auto-estima e sentido de missão, de forma que a renda efetiva não seja só a monetária. Isso já está mais do que demonstrado nos Carabineros de Chile.
13. É uma tarefa para o governo que entra, que tem tudo para realizá-la, desde que, defina a estratégia certa e opere com sentido de progressividade. Os resultados, a sensação de proteção das pessoas, e a inevitável queda da criminalidade reforçarão a linha de orientação e a auto-sustentabilidade ocorrerá dentro da lei. É esse o caminho e não olhar para um grupo como se olha para o outro, como tantos policiólogos pretendem dentro de uma visão ingênua, se não cúmplice.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Bom começo

Vejo com otimismo essa nova leva de governadores. Acredito muito em Jacques Wagner (PT) na Bahia, também na possibilidade de um bom governo de Serra (PSDB) em São Paulo e com certeza em boa virada no Rio com o governo Sérgio Cabral. Aliás, no Rio, os sinais de boa mudança são visíveis. A decretação da emergência na área da saúde e as primeiras palavras na questão de segurança alegram a população. A parceria cada vez mais forte de Sérgio Cabral com Lula será sempre bem recebida por um estado que sofre há anos por falta de maior atenção.

Destrava, Brasil!

O verbo destravar é o verbo do novo ano. É o que todos nós queremos. E tomara que o novo governo Lula consiga concretizar a sua proposta de crescer, acelerar e incluir. Acima, duas das fotos da posse divulgadas pelo jornal espanhol El País.

Nada a comemorar no Iraque

Os Estados Unidos atingiram a trágica marca de 3002 soldados mortos até 31 de dezembro de 2006. Esse último mês do ano, aliás, com 113 soldados mortos foi, segundo o site My San Antonio, "o terceiro pior em 312 anos de guerra, perdendo apenas para os meses de abril (135 mortos) e novembro (137 mortos) de 2004, exatamente em Fallujah". Já há notícia do que pode ser o 3003º militar americano morto, em 1º de janeiro. Entre os civis, as mortes também atingiram recordes: 12.320. Veja tabela clicando aqui. No New York Times de hoje há longa reportagem sobre como a equipe de Bush está perdida depois do fracasso da estratégia de transferência gradual de poder militar para os iraquianos. É possível que o general George W. Casey Jr., principal comandante em Bagdá e responsável pela estratégia, caia brevemente.