A tal "independência" que a imprensa tanto cobra do Congresso não existe. E parece que nem a própria imprensa sabe o que é isso. Basta ver as reações dos chamados grandes órgãos da imprensa para termos certeza que o que se defende é oposição cerrada ao PT. (Antes era ao PT e ao Lula, mas com a vitória eleitoral retumbante, sobrou só para o PT.) Na Veja desta semana, Otávio Cabral acusa o governo de estar se empenhando pela eleição de Chinaglia, ressuscitando "práticas antigas que, mesmo podendo ser consideradas legítimas, se revelam grotescas pela desfaçatez". Esquece da desfaçatez de seu texto, que quase emoldura Ciro Nogueira, coordenador da campanha pró-Aldo Rebelo, como uma vítima inocente da "desfaçatez" do assédio da campanha pró-Arlindo Chinaglia - o mesmo Ciro Nogueira que há até pouco tempo era visto como quase um demônio do baixo clero, citado pelo jornalista Lúcio Vaz, autor de "A Ética da Malandragem – No Submundo do Congresso Nacional", como "o segundo da lista", atrás apenas de Severino Cavalcanti. Se, ao contrário, Ciro coordenasse a campanha de Arlindo Chinaglia, certamente ganharia dossiê, com direito a capa da Veja. A independência entre os 3 Poderes não significa castração política. Ao contrário, o jogo político é livre e necessário, desde que não haja corrupção ou outro tipo de atentado ao interesse público. Recentemente Jorge Bornhausen, José Agripino, Rodrigo Maia, Renan Calheiros, Sarney e Antônio Carlos Magalhães visitaram o presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello, para pressioná-lo (e conseguiram) a voltar atrás na interpretação (já votada) sobre a regra da verticalização. Foi quebra da independência? Claro, que não. O neo-global Noblat chamou a consulta feita por Jutahy a seus pares tucanos que definiu o apoio a Arlindo Chinaglia de "empulhação", "um recurso esperto que não seria estranho a um congresso estudantil", acrescentou ele com infantilidade. A antiga global Lúcia Hipólito estava horrorizada com o que se estava fazendo com o PSDB. Na verdade, todos dão provas de que a imprensa é altamente parcial e cheia de comprometimentos, tentando fingir que é independente.