terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Bush, a serviço do Irã

Nem o melhor dos estrategistas iranianos poderia imaginar que o presidente americano, Geoge Bush, agiria a favor do Irã. Primeiro, Bush derrotou os talibãs do Afeganistão, adversários do Governo de Teerã, contra quem quase entraram em guerra. Não contente com isso, o Governo Bush aniquilou Saddam Hussein, o maior adversário dos iranianos dentro do mundo islâmico. Mas Bush foi ainda mais longe: conseguiu, com a invasão Iraque, a união dos xiitas contra os sunitas e colocou na direção iraquiana um governo de maioria xiita (as principais lideranças xiitas iraquianas viveram muito tempo no Irã). Quando se pensava que o serviço estava completo, Bush caprichou ainda mais e apoiou a aventura israelense contra o Hesbolá (xiita) do Líbano. Além da derrota militar, a aventura serviu para fortalecer a influência iraniana, que ampliou sua ajuda na guerra e no pós-guerra, financiando a reconstrução do país. Como disse Hajj Hassan Sbeiti, um comerciante libanês: "Se você me cumprimenta, talvez você goste de mim. Se você me cumprimenta e pergunta o que preciso, você é um amigo. Se você me cumprimenta, pergunta o que preciso e põe dinheiro na minha mão, aí você vai se tornar meu irmão". Na Palestina, Bush preferiu apoiar o grupo Fatah, minoritário e considerado corrupto, contra o grupo majoritário Hamas (sunita) que desenvolve grande ação social na região. Resultado: o sunita Hamas e os xiitas iranianos tornaram-se grande aliados, tanto que os seguidores do Fatah "xingam" os seguidores do Hamas como sendo "xiitas"... Bush, por último, ainda conseguiu transformar a energia nuclear em mais um trunfo iraniano. Muito provavelmente, a usina que o Irã está construindo tem fins pacíficos, já que o país precisa se preparar para ter uma alternativa ao petróleo. Mas os Estados Unidos, através de Bush, conseguiram classificá-la como bomba atômica contra Israel. Era tudo que o mundo árabe precisava - um aliado poderoso para protegê-lo contra a ameaça de Israel. O crescimento do Irã graças ao "apoio" bushiano é tão grande que os tradicionais aliados árabes dos Estado Unidos já não declaram apoio integral e automático à política americana. Recentemente, o Kwait, talvez o mais fiel e agradecido dos aliados, recusou-se a participar de manobras militares americanas no Golfo Pérsico. E agora Bush não sabe como sair fora do Iraque sem deixar tudo nas mãos do Irã. Leia mais na reportagem de Anthony Shadid no Washington Post.