A Imprensa insiste em falar na divisão profunda e praticamente ireeconciliável da base aliada do Governo Lula por causa da disputa entre Aldo Rebelo e Arlindo Chinaglia pela Presidência da Câmara dos Deputados. Não deixa de fazer sentido, porque, afinal, de um lado ficaram PCdoB, PSB e parte do PMDB; de outro, ficaram o PT, a outra parte do PMDB, PP, PR, PTB e outros. A vitória do petista Chinaglia pode atrapalhar as relações com os aliados tradicionais, além de certamente atrair a ira do presidenciável aliado Ciro Gomes. A vitória de Aldo, por outro lado, deixa a Oposição com alguma força na direção da Câmara. Nisso, todos concordamos. Mas a Imprensa oculta o grande estrago que já está feito na Oposição. O primeiro racha começou com o inteligente apoio do PFL a Aldo Rebelo. Foi ao mesmo tempo uma estocada no Governo Lula e no (ex-) aliado PSDB. Os tucanos, por sua vez, às voltas com problemas internos, precisando acertar um novo rumo e sem grandes alternativas, decidiram pragmaticamente apoiar Chinaglia. Mas aí houve a grita geral da ala conservadora lacerdista e seu principal braço político, a Imprensa. Os tucanos recuaram para uma candidatura da "terceira via" salvadora e agora se preparam para o voto secreto de um segundo turno, quando poderão quase certamente votar em Arlindo Chinaglia. A eleição é um marco na divisão maior entre PFL e PSDB e também na divisão dentro do próprio PSDB: de um lado, os progressistas e pragmáticos (Serra, Jutahy, etc.); de outro, os lacerdistas (Fernando Henrique, Tasso - que por sua vez apóia Ciro - e Alckmin). Aécio está dividido, mas tende mais para a oposição a Serra. No final da eleição da Câmara, vença um ou vença outro (mais provavelmente Chinaglia), o Governo Lula vai sorrir feliz: terá um aliado na direção da Câmara e terá uma Oposição desarvorada.