Aqui deste Blog, na última sexta-feira, comentando nota de Vera Magalhães no Painel da Folha, escrevi que o PSDB estava ganhando uma alternativa para o futuro, ao se aliar ao PT para apoiar a candidatura de Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara. Também critiquei, no sábado, a chiadeira geral da grande imprensa protestando contra essa aliança tucano-petista. Hoje, quando surgem mais detalhes da operação Chinaglia, podemos concluir que foi exatamente isso que o PSDB fez: mudar sua própria história, rumo a um futuro melhor. Na verdade, o PSDB está retomando os caminhos originais de sua história. Ele não nasceu para ser um partido lacerdista, como já declarou Cesar Maia. Foi levado a esse papel por causa do Governo Fernando Henrique e da Campanha Alckmin. Seria um partido social-democrata, que se posicionaria entre um centro peemedebista e uma esquerda petista. Mas o cacife neoliberal era maior e o PSDB acabou se desfigurando e se tornando um partido sem rumo. Com essa retomada de um perfil progressista, é claro que vai sofrer os protestos do eleitorado conservador conquistado nos últimos anos. Mas não lhe resta outra alternativa. (A não ser, claro, que se considere alternativa disputar o voto lacerdista com o PFL.) É natural que Fernando Henrique e Alckmin oponham-se a esse novo rumo. Tentam conservar o poder, mas é inútil, mesmo que a Executiva do partido dê pra trás. O vôo tucano será guiado daqui pra frente por Serra e Aécio, que vão trabalhar com um pragmatismo mais à esquerda. Nessa sua guinada, poderão contribuir para dividir ainda mais o PMDB e para que o PT se desloque um pouquinho mais para a direita. Mas o sentido final será progressista. Contra esse movimento, o PSDB sofrerá a forte oposição de Ciro Gomes, eterno adversário de Serra e candidato em 2010. (É verdade que o partido de Ciro, o PSB, é minúsculo, mas o seu eleitorado nordestino é cada vez mais decisivo.) No passado, ouvi de vários petistas que a aliança prioritária do Governo Lula deveria ter sido com o PSDB e parte do PMDB. Chegou a hora de saber se essa tese estava certa. (Recomendo a leitura das colunas de hoje de Ilmar Franco e Ricardo Noblat no jornal O Globo e de Fernando Barros e Silva na Folha - para assinantes)