domingo, 29 de agosto de 2010
Derrotar ou não derrotar Aécio – eis a questão
Não é que em Minas vá ocorrer exatamente a mãe de todas as batalhas, mas ela será auxiliar importantíssima. O objetivo maior do governo petista é derrotar de vez o tucanato paulista – e isso de certa forma já aconteceu, porque ninguém em sã consciência pode considerar que Alckmin, mesmo que vença a eleição para Governador de São Paulo, seja capaz de liderar qualquer coisa. E se Mercadante conseguir vencer, aí mesmo é que não sobrará pena sobre pena.
Em Minas, a situação é outra. Ao se desvencilhar do tucano manco Serra e seu séquito, Aécio conquistou o direito de ser o grande líder da próxima oposição de centro-direita ao Governo Dilma. Ele ajuda a minar a liderança paulista e criará um novo eixo de poder oposicionista que deverá se concentrar entre Minas e o Nordeste. Será tarefa de Aécio recuperar os restos mortais de tucanos e demos e tentar atrair PP, PTB, além de parte do PMDB e do PSB (que deverá ficar dividido em função da disputa entre Eduardo Campos e Ciro Gomes). Não seria o caso, então, de cortar o mal pela raiz e acabar também com Aécio? Na minha opinião, seria um movimento de alto risco. Ao avançar contra Aécio, Lula estaria reaproximando Minas e São Paulo, dando mais fôlego a esse eixo cambaleante. Além disso, estaria matando o voto “dilmasia”, essencial para a vitória consistente de Dilma em Minas. Por último, em política nem sempre é bom humilhar a oposição enfraquecida – melhor é ter condições de escolher o próximo campo de batalha. Aécio e seu Anastasia deverão ser poupados, porque São Paulo é o foco. Minas não será a mãe de todas as batalhas, mas será barriga de aluguel.
Nota: ilustração adaptada de charge do Chico
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Jorge Bastos Moreno prova que Jânio não conhecia Lula
No seu “Histórias do Moreno” de hoje, no Globo, o jornalista Jorge Bastos Moreno revela trechos inéditos de sua entrevista com Jânio Quadros ainda antes de ser anistiado. O título da história de hoje, “Jânio, há 32 anos: Lula é a esperança para todos nós” é enganador, porque dá a impressão que Jânio é um grande visionário, capaz de conhecer Lula melhor do que todos e perceber o Lula de hoje antes de qualquer um. Lendo o texto, notamos o ledo engano. Jânio acreditava que Lula era a esperança porque seria apenas um dirigente sindical, sem estar atado a interesses políticos e partidários. Ainda bem que ele estava enganado. Leiam o texto do Moreno:
Jânio sobre Lula: Mais de uma vez eu já disse que reputo esse Lula uma esperança para todos nós. E por quê? Porque ele é um dirigente sindical que não está atado a interesses políticos e partidários. A sua política é a do seu sindicato. E esse é pouco mais ou menos o pensamento do dirigente sindical americano ou inglês. Dirigente de um daqueles poderosos sindicatos da Inglaterra ou do poderoso consórcio dos sindicatos norte-americanos: não é trabalhista e nem conservador, no Reino Unido; não é republicano e nem democrata, nos EUA. Pessoalmente, ele pode até ter simpatias pelos trabalhistas, pelos democratas. Mas a sua política é o do seu sindicato. E, quando conversa com políticos, conversa com total independência.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Serra em baixa, Congresso em alta
A Oposição já sabe que a vaca foi pro brejo. Com Serra ladeira abaixo, a preocupação agora é lutar por uma boa composição parlamentar – além de tentar garantir alguns governos estaduais. Os principais nomes oposicionistas já começam a se movimentar nesse sentido. Roberto Freire (PPS) fez artigo sobre os perigos da “mexicanização”, referindo-se à supremacia do PRI – Partido Revolucionario Institucional, do México, de décadas atrás. E Cesar Maia (DEM), em seu Ex-Blog, reproduziu trecho de reportagem da revista Época (“Por um Senado companheiro”) com o título A DISPUTA PELO SENADO É A VONTADE CHAVISTA-PETISTA DE MUDAR A CONSTITUIÇÃO! Claro que esse tom alarmista demonstra apenas o medo que a Oposição tem de perder sua boquinha parlamentar. No Senado, hoje, PSDB e DEM detêm atualmente mais de 1/3 dos votos. O PT, que praticamente empata com o PTB, não chega a 10%. O PMDB tem 21%. É claro que essa composição tão favorável à Oposição deixará de existir a partir de 2011, por isso seus líderes estão mais interessados em atingir o PT e o PMDB do que a Dilma.
PRI – MERO MÉXICO. Não defendo “mexicanizações”, mas é óbvio que a utopia de todo partido é deixar de ser “partido” para ser “inteiro”. Nesse sentido, nem mesmo o quase nanico PPS de Roberto Freire, uma espécie de lacerdista de novo tipo, pensa diferente. Da mesma forma o DEM de Cesar Maia. Enquanto a Oposição dominava, tudo bem. Mas, com o risco de perder espaço, se apavora e ameaça. Todos da Oposição concordam (e se desesperam) com a reportagem citada por Cesar Maia que diz que “depois de oito anos sem maioria na casa, Lula quer aproveitar o fato de que neste ano cada Estado elegerá dois senadores para construir um Senado no qual Dilma, se eleita, tenha facilidade para aprovar o que quiser”. Pergunto: Lula está errado em pensar assim? Outro político pensaria diferente? Claro que não. Cabe ao eleitor decidir qual a composição parlamentar ideal. Será melhor um Congresso que "dificulte" ou um Congresso que "facilite" a administração de quem o povo elegeu para Presidente? A questão não pode ser colocada em termos de “mexicanização x mensalão”. Não é o caso de defender o partido-único, mas também não se pode desejar o partido-refém. Dilma não pode deixar de considerar uma Oposição representativa. Mas não poderá desejar um Congresso que tenha como único objetivo impedir o avanço do Projeto Lula aprovado pela imensa maioria do povo brasileiro. Portanto, todo petista de verdade tem que lutar com unhas e dentes para eleger um Congresso de perfil petista. Assim como todo oposicionista de verdade tem que tentar o contrário. Esse é o jogo da democracia que vivemos. E acredito que também nesse campo Lula sairá vitorioso.
Nota. A propósito, anos atrás, em visita ao México, um cartaz que me chamou muito a atenção foi exatamente um do PRI, que dizia (em duas linhas): “PRI // MERO MÉXICO”. Tanto pode querer dizer “PRIMEIRO O MÉXICO” como “PRI É O PRÓPRIO MÉXICO”. Mexicanização ou não, é uma bela peça de marketing político.
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quarta-feira, 25 de agosto de 2010
A pesquisa CNT/SENSUS mais uma vez dá pista para entender o fracasso da candidatura Serra
(Pesquisa CNT/Sensus,realizada de 20 a 22 de agosto de 2010, com 2.000 entrevistas, margem de 2,2%. Clique no gráfico para ampliar.)
Que a candidatura Serra é um fracasso, ninguém tem dúvida. Mas são atribuídas diversas causas a isso. O saco de pancadas do momento é o marqueteiro Luiz Gonzalez. Mas poderia ser o Aécio, o Indio da Costa, a aparência e a antipatia de Serra, a falta de discurso, a salada gelatinosa das oposições, o Nordeste, o Chávez, o Irã, o Obama – enfim, existem inúmeras causas para explicar o pangaré Serra, é só escolher. Pode ter de tudo um pouco. Mas ninguém pode negar que a aprovação do desempenho de Lula foi a chave da partida acelerada da campanha Dilma. E, consequentemente, da desaceleração de Serra – principalmente quando é feita a comparação com a aprovação (?!) do desempenho de FHC no período correspondente ao de Lula. Agora, com o Horário Eleitoral Gratuito, está ficando mais claro para o eleitorado quem está na garupa de quem. Bastou uma semana de TV/Rádio para a oposição cair do cavalo.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Os tucanos - sem conseguir voar e sem ter onde pousar
Muito bom o artigo de Vladimir Safatle, hoje na Folha, "O colapso do PSDB". Fala com precisão desse bando de tucanos em voo cego pelo Brasil em busca de re-pouso. Mas está difícil, foram reprovados e nesse novo Brasil não há mais clima para suas rasantes - não conseguem nem mesmo um "voo fênix".
O colapso do PSDB
Vladimir Safatle
O caráter errático da campanha é o último capítulo da dissolução ideológica do partido
Há algo de melancólico na trajetória do PSDB. Talvez aqueles que, como eu, votaram no partido em seu início, lembrem do momento em que a então deputada conservadora Sandra Cavalcanti teve seu pedido de filiação negado. Motivo: divergência ideológica.
De fato, o PSDB nasceu, entre outras coisas, de uma tentativa de clarificação ideológica de uma parcela de históricos do MDB mais afeitos às temáticas da socialdemocracia européia.
Basta lembrarmos dos votos e discussões de um de seus líderes, Mario Covas, na constituinte. Boa parte deles iam na direção do fortalecimento dos sindicatos e da capacidade gerencial do Estado. Uma perspectiva contra a qual seu próprio partido voltou-se anos depois.
A história do PSDB parece ser a história do paulatino distanciamento desse impulso inicial. Ao chegarem ao poder federal, os partidos socialdemocratas que lhe serviram de modelo (como os trabalhistas ingleses e o SPD alemão) haviam começado um processo irreversível de desmonte das conquistas sociais que eles mesmos realizaram décadas atrás. Um desmonte que foi acompanhado pela absorção de suas agendas políticas por temáticas vindas da direita, como a segurança, a imigração, a diminuição da capacidade de intervenção do estado, entre outros.
Este movimento foi reproduzido pelo governo de Fernando Henrique Cardoso.
Assim, víamos uma geração de políticos que citavam, de dia, Marx, Gramsci, Celso Furtado e, à noite, procuravam levar a cabo o "desmonte do estado getulista", "a quebra da sanha corporativa dos sindicatos", ou "a defesa do Estado de direito contra os terroristas do MST".
O resultado não foi muito diferente do que ocorreu com os partidos socialdemocratas europeus. Fracassos eleitorais se avolumaram, resultantes, principalmente, de uma esquizofrenia que os faziam ir cada vez mais à direita e, vez por outra, sentir nostalgia de traços ainda não totalmente extirpados de discursos classicamente socialdemocratas. No caso alemão, o SPD acabou prensado entre uma direita clara (CDU, FDP) e uma esquerda renovada (Die Linke).
No caso brasileiro, esta eleição demonstra tal lógica elevada ao paroxismo. Assistimos agora ao candidato do PSDB ensaiar, cada vez mais, um figurino de Carlos Lacerda bandeirante; com seu discurso pautado pela denúncia do aumento galopante da insegurança, do narcotráfico, do angelismo do governo com o terrorismo internacional das Farcs e, agora, o risco surreal de "chavismo" contra nossa democracia. Um figurino que não deixa de dar lugar, vez por outra, a uma defesa de que é de esquerda, de que recebeu palavras carinhosas de Leonel Brizola, de que vê em Lula alguém "acima do bem e do mal" etc.
Nesse sentido, o caráter errático de sua campanha não é apenas um traço de seu caráter ou um problema de cálculo de marketing.
Trata-se do capítulo final da dissolução ideológica de uma sigla que só teria alguma chance se tivesse ensaiado algo que o PS francês tenta hoje: reorientação programática a partir de um discurso mais voltado à esquerda e (algo que nunca um tucano terá a coragem de fazer) autocrítica em relação a erros do passado.
Vladimir Safatle é professor no departamento de filosofia da USP
O caráter errático da campanha é o último capítulo da dissolução ideológica do partido
Há algo de melancólico na trajetória do PSDB. Talvez aqueles que, como eu, votaram no partido em seu início, lembrem do momento em que a então deputada conservadora Sandra Cavalcanti teve seu pedido de filiação negado. Motivo: divergência ideológica.
De fato, o PSDB nasceu, entre outras coisas, de uma tentativa de clarificação ideológica de uma parcela de históricos do MDB mais afeitos às temáticas da socialdemocracia européia.
Basta lembrarmos dos votos e discussões de um de seus líderes, Mario Covas, na constituinte. Boa parte deles iam na direção do fortalecimento dos sindicatos e da capacidade gerencial do Estado. Uma perspectiva contra a qual seu próprio partido voltou-se anos depois.
A história do PSDB parece ser a história do paulatino distanciamento desse impulso inicial. Ao chegarem ao poder federal, os partidos socialdemocratas que lhe serviram de modelo (como os trabalhistas ingleses e o SPD alemão) haviam começado um processo irreversível de desmonte das conquistas sociais que eles mesmos realizaram décadas atrás. Um desmonte que foi acompanhado pela absorção de suas agendas políticas por temáticas vindas da direita, como a segurança, a imigração, a diminuição da capacidade de intervenção do estado, entre outros.
Este movimento foi reproduzido pelo governo de Fernando Henrique Cardoso.
Assim, víamos uma geração de políticos que citavam, de dia, Marx, Gramsci, Celso Furtado e, à noite, procuravam levar a cabo o "desmonte do estado getulista", "a quebra da sanha corporativa dos sindicatos", ou "a defesa do Estado de direito contra os terroristas do MST".
O resultado não foi muito diferente do que ocorreu com os partidos socialdemocratas europeus. Fracassos eleitorais se avolumaram, resultantes, principalmente, de uma esquizofrenia que os faziam ir cada vez mais à direita e, vez por outra, sentir nostalgia de traços ainda não totalmente extirpados de discursos classicamente socialdemocratas. No caso alemão, o SPD acabou prensado entre uma direita clara (CDU, FDP) e uma esquerda renovada (Die Linke).
No caso brasileiro, esta eleição demonstra tal lógica elevada ao paroxismo. Assistimos agora ao candidato do PSDB ensaiar, cada vez mais, um figurino de Carlos Lacerda bandeirante; com seu discurso pautado pela denúncia do aumento galopante da insegurança, do narcotráfico, do angelismo do governo com o terrorismo internacional das Farcs e, agora, o risco surreal de "chavismo" contra nossa democracia. Um figurino que não deixa de dar lugar, vez por outra, a uma defesa de que é de esquerda, de que recebeu palavras carinhosas de Leonel Brizola, de que vê em Lula alguém "acima do bem e do mal" etc.
Nesse sentido, o caráter errático de sua campanha não é apenas um traço de seu caráter ou um problema de cálculo de marketing.
Trata-se do capítulo final da dissolução ideológica de uma sigla que só teria alguma chance se tivesse ensaiado algo que o PS francês tenta hoje: reorientação programática a partir de um discurso mais voltado à esquerda e (algo que nunca um tucano terá a coragem de fazer) autocrítica em relação a erros do passado.
Vladimir Safatle é professor no departamento de filosofia da USP
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sábado, 21 de agosto de 2010
Não é que Serra esteja errando – é que não tem como acertar...
É sempre assim, basta o candidato começa a cair nas pesquisas para sumirem os aliados e surgirem as críticas. No caso do Serra é mais do que óbvio que isso ia acontecer. Há meses que ele estava estacionado e Dilma crescendo. Com os debates e o Horário Eleitoral, estava na cara que a vantagem de Dilma cresceria. Como sempre falei, o conceito da campanha Dilma é “Lula”. Um conceito em alta, consolidado, amplo, inabalável. Qualquer um que soubesse fazer o Programa Eleitoral associando Dilma a Lula (e vice-versa) com um mínimo de competência teria sucesso.
Do lado da Oposição – quer queira, quer não – o conceito natural, consolidado e irrecorrível é o de “anti-Lula”. Não há como escapar disso. Como fazer o Programa, então? Tentando esconder o dilema (na verdade, tapar o sol com a peneira...) e buscando uma realidade virtual para inserir o seu candidato. E foi o que a campanha Serra fez. Deu tapinhas amigáveis nas costas de Lula e procurou mostrar um Serra mais experiente e competente do que Dilma. Como atestado, apresentou sua atuação na área da saúde e em São Paulo (que deverá ser reforçada). Não adianta culpar o González, que até está se saindo bem. Os erros aconteceram, sim, mas foram antes, nos movimentos políticos de Serra e de toda a Oposição.
Agora só resta fazer o que já está sendo feito: torcer para que a campanha petista erre.
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Satie: notícias gordas, notas magras
Acordei com o sol nascendo... o Datafolha apontando Dilma 17 pontos à frente... procurei ouvir a música leve de Erik Satie. Encontrei esse vídeo, curioso, do Café del Mar com sua Gymnopédie. Dia ótimo.
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sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Horário Eleitoral: fixação de marcas
Com o Horário Eleitoral Gratuito, as marcas de cada candidatura têm que mostrar a que vieram. Às vezes, elas são lançadas pra valer apenas no Horário Eleitoral. Outras vezes, é nesse momento que elas são divulgadas mais amplamente. Outras vezes ainda, é só aqui que elas são testadas para, no caso de desaprovação, serem trocadas.
A marca da campanha de Dilma já estava definida há muito tempo: é LULA. O que faltava era levá-la a um público maior, principalmente do segmento popular, menos alcançável pela mídia tradicional. A campanha espera que o conhecimento e a fixação dessa marca contribuam para a vitória definitiva de Dilma já no primeiro turno. É isso que o programa petista procura fazer repetidamente.
Serra, coitado, andava completamente perdido, sem saber o que fazer para enfrentar razoavelmente a marca LULA. Todos sabíamos que ele evitaria bater em Lula, mas não sabíamos como ele se apresentaria. Com o Horário Eleitoral, ficou definido: Serra é o candidato da SAÚDE. Alguns dizem que, com isso, parece que ele está se candidatando a Ministro da Saúde, mas é bobagem. É uma boa marca, agrada a um eleitorado importante que poderia mais facilmente assumir a candidatura Dilma.
Marina era outra marca óbvia, VERDE. Mas esperava-se que ela ganhasse mais cor. Puro daltonismo – ela ganhou um tom ainda mais esverdeado.
Plínio ninguém sabia que marca teria. Só se sabia que não seria aquela xaropada da Heloísa Helena. Com o Debate da Band, surgiu com força a indignação esquerdista com foco na REFORMA AGRÁRIA. Mas é bom ressaltar que sua mensagem ganhou a roupagem de um octogenário sem papas na língua, mas surpreendentemente bem humorado.
As marcas estão lançadas. O eleitor vai eleger a sua preferida.
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quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Marcos Coimbra e os mitos sobre pesquisas
Bom artigo de Marcos Coimbra, do Vox Populi, para o Correio Braziliense, sobre o diz-que-me-diz das pesquisas. Dá uma paulada no Datafolha ("Aqueles que, por exemplo, só entrevistam eleitores que possuem telefone e que não ouvem quem mora em áreas rurais") e nos analistas que tratam as pesquisas como "fotografias de momento". Sobre isso, conclui: "Em parte, é uma banalidade, uma verdade
acaciana. Em parte, uma confissão de incompetência".
Mitos e verdades sobre as pesquisas
Marcos Coimbra
De agora ao início de outubro, a mídia vai bombardear a opinião pública com pesquisas, uma atrás da outra. No começo, teremos pesquisas novas quase diariamente. Adiante, mais de uma ao dia. Na última semana, muitas. Quem não tomar cuidado, pode se confundir.
É uma boa hora para revisitar certos mitos sobre as pesquisas e discutir idéias que parecem certas, mas que escondem equívocos. Há coisas que se dizem para ajudar o cidadão a compreendê-las, mas que só atrapalham.
Quase todo mundo desconfia de que seja possível apontar o que pensa o eleitorado brasileiro a partir de amostras que raramente passam de 2,5 mil entrevistados. Somos mais de 135 milhões de pessoas aptas a votar, e é difícil imaginar que uma amostra que não chega a 20 milionésimos do universo o retrate adequadamente.
Outra coisa que confunde é ver que 2,5 mil entrevistas servem para que os institutos falem tanto do Brasil, quanto de um estado ou cidade. É intuitivo supor que, à medida que aumenta o tamanho do universo, deveria aumentar o tamanho da amostra. Se 2,5 mil são necessárias para representar, por exemplo, a cidade de São Paulo, muito mais seria exigido para falar do estado ou do país.
Os pesquisadores costumam responder a essas dúvidas com a analogia da sopa: uma colher basta para testar seu gosto, não sendo necessário tomar a panela inteira. Mais ainda: não interessa se são 10,100 ou 1000 litros de sopa. Uma colher continua bastando.
É uma analogia que parece boa, mas que é limitada. Ao contrário da sopa, que é igual em qualquer lugar da panela de onde se tire uma colherada, o eleitorado não é homogêneo. Ou seja, nem toda colherada o representa bem.
Prosseguindo com as analogias gastronômicas, seria melhor dizer que as amostras devem ser como o prato que o freguês de um restaurante de comida a quilo monta quando quer conhecê-lo: uma colherada de cada tipo de alimento, sem exagerar em nenhum. Se só colocar macarrão ou se não provar nenhuma sobremesa, como poderia avaliar o cardápio inteiro?
As discrepâncias entre as pesquisas, que ficaram visíveis em diversas oportunidades ao longo do ano, resultam, principalmente, de diferenças na amostragem. Há institutos que incluem todos os segmentos do eleitorado em suas amostras e outros que não. Aqueles que, por exemplo, só entrevistam eleitores que possuem telefone e que não ouvem quem mora em áreas rurais.
Outra ideia comum sobre as pesquisas é que elas são "fotografias de momento", sem capacidade explicativa ou preditiva. Em parte, é uma banalidade, uma verdade acaciana. Em parte, uma confissão de incompetência.
Quando, por exemplo, um lugar está no meio da neblina, o melhor fotógrafo, mesmo se usar a melhor câmera, só conseguirá uma imagem borrada. Não importa a lente, ela não ficará nítida. Mas isso, ainda bem, não é o mais frequente.
Imaginemos a fotografia de um automóvel, no meio de uma estrada, com as janelas fechadas e um vulto ao volante. À frente, um precipício. Tudo sugere que, se o carro estiver em movimento (como parece) e se não mudar a rota, vai cair. Com apenas essa foto, qualquer um suspeita que um desastre é iminente.
E se houver uma segunda, mostrando que o carro avançou, aproximando-se 10 metros do abismo? E outra, com uma distância ainda menor? E mais outra?
Pesquisas só são fotografias estáticas se não as conseguirmos entender. Com a vasta informação de que dispomos, é perfeitamente possível falar, com base nelas, sobre o que tende a ocorrer em uma eleição.
Ceticismos ("nunca fui entrevistado e não conheço ninguém que tenha sido"), perplexidades ("como é possível falar de todo o Brasil com tão poucas entrevistas?") e falsas noções ("pesquisas são retratos do passado, que nada dizem sobre o futuro") são comuns sobre as pesquisas. Mas elas são um elemento central na cultura política moderna. Bom seria se todos conseguíssemos utilizá-las corretamente (sem querer delas nem demais, nem de menos), em escolhas tão importantes quanto as que faremos no dia 3 de outubro.
Marcos Coimbra
De agora ao início de outubro, a mídia vai bombardear a opinião pública com pesquisas, uma atrás da outra. No começo, teremos pesquisas novas quase diariamente. Adiante, mais de uma ao dia. Na última semana, muitas. Quem não tomar cuidado, pode se confundir.
É uma boa hora para revisitar certos mitos sobre as pesquisas e discutir idéias que parecem certas, mas que escondem equívocos. Há coisas que se dizem para ajudar o cidadão a compreendê-las, mas que só atrapalham.
Quase todo mundo desconfia de que seja possível apontar o que pensa o eleitorado brasileiro a partir de amostras que raramente passam de 2,5 mil entrevistados. Somos mais de 135 milhões de pessoas aptas a votar, e é difícil imaginar que uma amostra que não chega a 20 milionésimos do universo o retrate adequadamente.
Outra coisa que confunde é ver que 2,5 mil entrevistas servem para que os institutos falem tanto do Brasil, quanto de um estado ou cidade. É intuitivo supor que, à medida que aumenta o tamanho do universo, deveria aumentar o tamanho da amostra. Se 2,5 mil são necessárias para representar, por exemplo, a cidade de São Paulo, muito mais seria exigido para falar do estado ou do país.
Os pesquisadores costumam responder a essas dúvidas com a analogia da sopa: uma colher basta para testar seu gosto, não sendo necessário tomar a panela inteira. Mais ainda: não interessa se são 10,100 ou 1000 litros de sopa. Uma colher continua bastando.
É uma analogia que parece boa, mas que é limitada. Ao contrário da sopa, que é igual em qualquer lugar da panela de onde se tire uma colherada, o eleitorado não é homogêneo. Ou seja, nem toda colherada o representa bem.
Prosseguindo com as analogias gastronômicas, seria melhor dizer que as amostras devem ser como o prato que o freguês de um restaurante de comida a quilo monta quando quer conhecê-lo: uma colherada de cada tipo de alimento, sem exagerar em nenhum. Se só colocar macarrão ou se não provar nenhuma sobremesa, como poderia avaliar o cardápio inteiro?
As discrepâncias entre as pesquisas, que ficaram visíveis em diversas oportunidades ao longo do ano, resultam, principalmente, de diferenças na amostragem. Há institutos que incluem todos os segmentos do eleitorado em suas amostras e outros que não. Aqueles que, por exemplo, só entrevistam eleitores que possuem telefone e que não ouvem quem mora em áreas rurais.
Outra ideia comum sobre as pesquisas é que elas são "fotografias de momento", sem capacidade explicativa ou preditiva. Em parte, é uma banalidade, uma verdade acaciana. Em parte, uma confissão de incompetência.
Quando, por exemplo, um lugar está no meio da neblina, o melhor fotógrafo, mesmo se usar a melhor câmera, só conseguirá uma imagem borrada. Não importa a lente, ela não ficará nítida. Mas isso, ainda bem, não é o mais frequente.
Imaginemos a fotografia de um automóvel, no meio de uma estrada, com as janelas fechadas e um vulto ao volante. À frente, um precipício. Tudo sugere que, se o carro estiver em movimento (como parece) e se não mudar a rota, vai cair. Com apenas essa foto, qualquer um suspeita que um desastre é iminente.
E se houver uma segunda, mostrando que o carro avançou, aproximando-se 10 metros do abismo? E outra, com uma distância ainda menor? E mais outra?
Pesquisas só são fotografias estáticas se não as conseguirmos entender. Com a vasta informação de que dispomos, é perfeitamente possível falar, com base nelas, sobre o que tende a ocorrer em uma eleição.
Ceticismos ("nunca fui entrevistado e não conheço ninguém que tenha sido"), perplexidades ("como é possível falar de todo o Brasil com tão poucas entrevistas?") e falsas noções ("pesquisas são retratos do passado, que nada dizem sobre o futuro") são comuns sobre as pesquisas. Mas elas são um elemento central na cultura política moderna. Bom seria se todos conseguíssemos utilizá-las corretamente (sem querer delas nem demais, nem de menos), em escolhas tão importantes quanto as que faremos no dia 3 de outubro.
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Programas eleitorais do Rio: sem grandes novidades para o Governo, surpresas para o Senado
Sem dúvida, há uma grande diferença entre o programa eleitoral de Sérgio Cabral, PMDB, e os outros. É mais objetivo, mais informativo e ao mesmo tempo mais emocionante. Muito bem feito, tem o que mostrar. Desnecessária a velha viagem de van, semelhante à que foi usada em 2006, com Sérgio Cabral falando com o olhar perdido.
O programa de Gabeira, PV, é bonitinho, mas ordinário. Nada de concreto e objetivo para mostrar. As cenas de valas a céu aberto meio que “sujam” seu programa clean. O slogan “Gabeira é outra história” parece que deseja apresentar o Ex-Gabeira. As imagens com Gabeira atacando Renan Calheiros estão bem feitas, mas pra quê? Esse dedo em riste deu certo contra Severino Cavalcanti, mas depois ficou desmoralizado com o “escorregão ético” das passagens. Aliás, na época Severino Cavalcanti deu entrevista para o Blog do Mello: “Sabe o que acontece? Eu não gosto de pisar em ninguém que está por baixo. Ele agora está sendo humilhado por ele mesmo. Eu vou preferir deixar passar a pose dele, ele repor o dinheiro que recebeu...”
Fernando Peregrino, PR, candidato de Garotinho, fez um bom programa apresentando sua biografia, ao lado de figuras ilustres e em momentos importantes do nosso país. Mostrou que tem história e que não é apenas um pau mandado de Garotinho.
Jefferson Moura, do PSOL, foi melhor no debate da Band. A apresentação feita por Heloísa Helena era inteiramente dispensável.
Na disputa pelo Senado, de um lado estão os programas dos líderes nas pesquisas (Crivella, Cesar Maia, Lindberg e Picciani), do outro lado estão os outros.
Crivella, PRB, que já conta com o apoio da Record e da Igreja Universal, no programa (bem curto) conta com o apoio explícito e decisivo de Lula. Não é à toa que seu adversário peemedebista entrou na Justiça para impedir a participação lulista no programa peerrebista.
Cesar Maia, DEM, fez programa bonito, didático e com elementos visuais associados a elementos da internet – paixão do candidato.
Lindberg, PT, fez um programa bem cuidado, com um jeito bom de falar, com apoio explícito de Lula, mostrou a família – mas deixou a sensação de que ainda não começou. Deve melhorar bem.
Picciani, PMDB, foi o que mais surpreendeu. Programa bem feito, dinâmico, informativo, mostrando um Picciani atuante, desenvolto e contando com o forte apoio de Sérgio Cabral. Parecia programa de candidato executivo.
Ah, sim, teve também o programa de Marcelo Cerqueira, PPS, horroroso. Cheio de erros, inclusive de português, e com a cena lamentável do apoio de Fernando Henrique.
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010
O que a Oposição deve fazer com o Horário Eleitoral Gratuito
Não é fácil chegar ao Horário Eleitoral amargando 16 pontos atrás da líder (Vox Populi). Pior: sabendo que Dilma tem mais de 54% dos votos válidos, enquanto a soma de todos os outros, consequentemente, não chega a 46%.
O programa de Serra foi muito bom. Contato direto com o povo, falando direto pra câmera razoavelmente bem, batendo com insistência na sua principal tecla, a da saúde, jingle bom, bem criativo na utilização do nome de Lula. Melhor à noite do que de dia.
O programa de Dilma foi melhor, claro. Passou muito bem o sentimento de Brasil, passou grandiosidade, um país melhor de se viver, a continuidade de Lula. Apresentou Dilma não apenas herdeira de Lula, mas como sua principal parceira na condução do governo. Emocionou, mostrou números, mas cometeu um pecado: excesso de efeitos visuais. É bom mostrar um Brasil grandioso, mas é bom também botar o pé no chão. O pobre, como diz Joãozinho Trinta, gosta de luxo. Mas não gosta de firulas. Preferi o programa diurno.
O programa de Marina, é preciso que se diga Uma Verdade Inconveniente, estava horroroso. Nem Al Gore faria pior.
Para a Oposição, de um modo geral, só existe um jeito de ter sucesso no Horário Eleitoral: tirar Lula da História.
Os outros
É muito emocionante ver o Plínio de Arruda Sampaio, 80 anos, firme na luta.
Também sempre me emociono ouvindo a Internacional. Lembro daquele Congresso da CUT em São Bernardo, acho que no estúdio da Vera Cruz, 5 mil trabalhadores, num frio danado, alguns de sandália havaiana, enrolados em cobertores, cantando em alto e bom som.
Já o Ei, ei, mael, esse é o Enéas dos novos tempos.
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terça-feira, 17 de agosto de 2010
Entrego meu povo em suas mãos
A postagem anterior escrevi às 4,30h da manhã. Mas não postei antes porque tive que pegar a estrada. No caminho ouvi o primeiro Horário Eleitoral gratuito de rádio. Me pareceu covardia, a diferença é gritante. Não é que o programa de Serra tenha sido ruim - é que o programa de Dilma foi excepcional. Mais emocionante, mais criativo, bem melhor produzido. E aquela música simpática, reproduzindo o que seria uma despedida de Lula, entregando nas mãos de Dilma o destino de nosso povo, isso foi demais.
Vai ficar cada vez mais difícil para a Oposição.
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Eleições 2010: começou a reta final
Tem gente que prefere dizer que a campanha está apenas começando. Não quero polêmica: está começando a última fase. Se o que aconteceu até agora, nos últimos 12 meses, não é campanha eleitoral, então é porque mudou de nome. Uma luta frenética com muitos avanços e recuos, alianças feitas, alianças rompidas, pesquisas, estudos minuciosos, passos dados com grande precisão, disfarces, sinais trocados, entrevistas, debates, discursos, sorrisos e caras fechadas – tudo que é possível fazer em uma disputa presidencial. Hoje começa o que é considerado a fase final, o período em que os candidatos, durante 45 dias, ocupam os principais horários das redes de rádio e televisão para, livremente, terem um contato mais direto com o eleitorado, mostrando com mais detalhes o que são, o que pretendem, o que representam, quem são seus aliados – sempre procurando ocupar (ou reforçar) uma posição única e positiva na mente do eleitor, aquela percepção capaz de garantir a sua vitória. Outras ações continuarão sendo realizadas, mas o Horário Eleitoral Gratuito tem peso muito grande.
Em uma campanha como essa, plebiscitária, em que temos, de um lado, uma candidata em ascensão permanente, representando a continuidade de um governo com 80% de aprovação e, de outro, um candidato em descensão permanente, representando um passado desaprovado, o Horário Eleitoral Gratuito assume o caráter de arma decisiva.
Dilma deve utilizá-lo para conquistar o eleitor que se encontra, nas pesquisas, na faixa do não-voto (branco, não sabe, indeciso, nulo), basicamente aquele que ainda não sabe que ela é a candidata de Lula. Tentará conquistar também o eleitor mais ou menos de Serra, aquele que nem sabe que Lula está apoiando alguém. Obviamente, usará o programa também para evitar perder eleitor para Serra – o que não será muito difícil, basta fazer um programa vitorioso, com muitas realizações e a emoção de Lula.
A Serra interessa igualmente tirar eleitor da faixa do não-voto e tirar votos da Dilma. Para isso, deverá fazer um programa igual ao de Dilma – com a diferença de não contar com Lula... Espera empurrar a eleição para o segundo turno e criar com isso clima de vitória para tentar reverter a tendência. Tarefa inglória. Esse pódio deve se definir no primeiro turno.
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domingo, 15 de agosto de 2010
Sapato Alto X Perna de Pau
A corrida presidencial chega a sua etapa conclusiva, a do Horário Eleitoral Gratuito, com a candidata de Lula, Dilma Roussef, disparando na frente (como já era esperado por este Blog). Começa agora o velho discurso do “não podemos ter sapato alto”. É sempre bom pensar assim, quando sapato alto significa arrogância (como foi o caso de FHC x Jânio, em 85) ou estímulo para baixar a guarda. Por outro lado, não podemos esquecer que o clima de “já ganhou” nem sempre é ruim. Ninguém gosta de perder o voto e grande parte do eleitorado procura votar em quem vai ganhar. É importantíssimo mostrar a cara vitoriosa, principalmente nos primeiros dias de programa na TV e também no final, para garantir o chamado “voto útil”. Tendo Lula ao lado isso vai ser tarefa fácil.
Para quem corre pela Oposição a coisa está cada vez mais complicada – está em queda livre, não pode nem bater nem apoiar Lula, está sem propostas arrebatadoras e o candidato Serra mostrou-se um verdadeiro perna de pau. Hoje mesmo o Vice Governador Pezão, do Rio de Janeiro, me ligou e comentamos o “desempenho” de Serra comendo churrasco com o povão em uma laje na Baixada Fluminense. Cheio de dedos, parecendo um extraterrestre. Não é à toa que a Folha de hoje comenta que Serra “caiu nos três Estados que ele mais visitou nas últimas três semanas, segundo o último Datafolha”. Entre as duas últimas pesquisas, “de 23 de julho até anteontem, ele teve pelo menos sete agendas de campanha em São Paulo, cinco em Minas Gerais e três no Rio de Janeiro (...) os maiores colégios eleitorais do país”. Em São Paulo, sua principal base eleitoral, caiu de 44% para 41%. No Rio, terra do seu índio, caiu de 31% para 25%. Em Minas, terra de Aécio, caiu de 38% para 34% (e Anastasia não quer vê-lo por perto). No único lugar que não visitou nesse período, o Distrito Federal, foi onde não caiu – continua com os mesmos 27%...
Onde Dilma pisa com segurança, Serra dá no pé. Tudo leva a crer que será uma vitória no primeiro turno, com muitos corpos à frente.
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sábado, 14 de agosto de 2010
Pesquisa Datafolha: Dilma está a dois pontos de vencer no primeiro turno
(clique no gráfico para ampliar)
A Mídia tenta tapar o sol com a pesquisa, mas não tem jeito – Dilma está mesmo a um pequeno passo de vencer no primeiro turno. Com os números do Datafolha nas mãos, alguns jornais fizeram simulação de votos válidos e apresentaram a soma de todos os outros candidatos com 6 pontos à frente de Dilma, 53% a 47%. Não sei de onde tiraram isso. Com os números divulgados (Dilma 41, Serra 33, Marina 10 e os outros quase 1), Dilma já tem 48% dos votos válidos, ficando a apenas 2 pontos da vitória no primeiro turno. Coisa que deve acontecer nas intenções de votos das próximas pesquisas.
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sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Debates 2010: laranjas engolem verdes
Tudo começou com o primeiro debate da Band. O psolista octagenário Plínio de Arruda Sampaio demonstrou firmeza nas ideias e juventude na disposição. E surpreendeu. Não por ter atacado Serra e Dilma, mas surpreendeu principalmente por seus ataques mortíferos à verde Marina. Tratá-la como ecocapitalista foi impressionante. Agradou em cheio a faixa jovem classe média.
No debate de ontem, novamente os verdes foram alvo fácil. O candidato psolista ao Governo do Rio, Jefferson Moura, foi impiedoso com todos os adversários, mas principalmente estraçalhou o superverde Gabeira. Marcou-o brilhantemente como “Ex-Gabeira” (aliás, funciona também como bela associação ao “Ex-Blog” de Cesar Maia), deixando-o mais nocauteado do que já estava.
Esses laranjas psolistas não são vermelhos. Mas com certeza são bem mais maduros do que os verdes.
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Primeiro turno: como Dilma ganhará com a eleição plebiscitária
Ainda nem começou o Horário Eleitoral Gratuito e a grande massa eleitoral já começa a perceber os “sins” e os “nãos” da eleição presidencial 2010. Dilma é “sim a Lula”. Serra, Marina, Plínio e outros são “não a Lula”. Uma eleição plebiscitária que, no momento, deve ter cerca de 75%-80% de votos válidos definidos. Esse índice pode chegar a 90% (sobre os votantes). A vitória de Dilma já no primeiro turno virá fundamentalmente dos votos que ainda não estão definidos. Acrescentando-se ainda a conquista de votos que por enquanto permanecem nas “intenções” de Serra.
A suposta estratégia tucana de tirar votos de Marina para evitar vitória de Dilma não é para ser levada a sério. Tucanos, verdes, psolistas e outros trocam votos entre si sem afetar os votos de Dilma. Pode ser que Marina saia perdendo com a súbita franqueza de Plínio, mas nada que afete o resultado final. Serra, sim, deverá ter sua votação afetada negativamente, principalmente depois do início do Horário Eleitoral Gratuito. Talvez isso já tenha ocorrido graças às entrevistas catastróficas do Jornal Nacional.
A suposta estratégia tucana de tirar votos de Marina para evitar vitória de Dilma não é para ser levada a sério. Tucanos, verdes, psolistas e outros trocam votos entre si sem afetar os votos de Dilma. Pode ser que Marina saia perdendo com a súbita franqueza de Plínio, mas nada que afete o resultado final. Serra, sim, deverá ter sua votação afetada negativamente, principalmente depois do início do Horário Eleitoral Gratuito. Talvez isso já tenha ocorrido graças às entrevistas catastróficas do Jornal Nacional.
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quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Santos 2 X 0 Estados Unidos:-) alegria do futebol
Não vi o jogo inteiro, mas o pouco que vi me trouxe de volta a alegria de assistir a uma boa partida de futebol. A Seleção Brasileira de ontem jogava com o mesmo prazer que a garotada do Santos transmite. Maravilha!
Eleita no primeiro turno!
Ontem comemorei a primeira vitória eleitoral deste ano: minha filha de 9 anos, Ana Clara, foi eleita representante de turma!
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Colômbia X Venezuela: Lula aplicou golpe preciso em Hillary, antes que ela metesse os pés pelas mãos
Vamos combinar o seguinte – interessa muitíssimo aos Estados Unidos fincar os pés definitivamente na região amazônica, e a Colômbia, ultimamente, tem sido o melhor caminho. Com a justificativa do combate ao narcotráfico, os Estados Unidos transformaram a Colômbia no terceiro maior destino de suas verbas entre todos os países do mundo. Com a presença longa e em grande extensão dos homens das FARC, encontraram outra boa desculpa para impor suas bases militares próximas às fronteiras com o Brasil. O estilo verborrágico de Chávez também serviu de desculpa e Uribe foi um aliado de mão-cheia.
Quando tudo indicava que a Colômbia poderia se transformar em uma espécie 51º estado americano (exageros à parte...), a diplomacia brasileira entrou em campo, através de Lula, para defender nossos interesses geopolíticos.
A capacidade política de Lula permitiu fazer os países vizinhos compreenderem que era importante abandonarem o papel de meros pretextos para se transformarem em atores soberanos de uma nova América Latina. Como assinala o editorial do jornal mexicano La Jornada, Lula “indicó que cuanto más pronto se establezca la armonía entre Caracas y Bogotá, ‘más van a ganar los pueblos’ de ambas naciones, y convocó a un acercamiento entre el mandatario venezolano Hugo Chávez y el presidente electo de Colombia, Juan Manuel Santos, a quien pidió ‘ejercer su mandato y negociar para alcanzar la paz’". Segundo a agência EFE, “O embaixador colombiano em Buenos Aires, Álvaro García Jiménez, disse neste domingo que a intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ‘foi fundamental’ em busca de uma solução ao conflito entre a Colômbia e a Venezuela”. O editorial do La Jornada ainda conclui que “ante las posturas expresadas por Lula, es claro que Brasil desempeña, hoy día, un papel lúcido y constructivo en la solución de tensiones en el ámbito diplomático. La condición de interlocutor central y creíble que ha adquirido el gobernante brasileño coloca a su país en la posición de incidir positivamente en conflictos diversos que se desarrollan dentro y fuera del continente, y cabe esperar que lo consiga”.
Lula e a diplomacia do novo Brasil deram grande passo para uma nova América Latina, unida, pacifista, disposta a resolver seus problemas sociais para avançar com altivez no cenário mundial. O estilo Hillary perdeu esse round e, se continuarmos com o pé firme nesse caminho, perderá de vez essa batalha geopolítica.
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Eleições 2010: Cesar Maia entrega os pontos
O Ex-Blog de hoje, escrito por Cesar Maia (DEM), poderia se chamar "Desisto". Com o pretexto de criticar a letargia das campanhas presidenciais em geral, ele demonstra o desespero que tomou conta da Oposição por sua total incapacidade de oferecer ao povo brasileiro um futuro melhor do que o presente lulista. Ao contrário, a Oposição só tem a oferecer a imagem de FHC no retrovisor. O único entusiasmo de Cesar Maia é com sua própria candidatura ao Senado pelo Rio de Janeiro, que tem grandes chances de vitória - embora comece a ser ameaçada por Lindberg (PT). Leia o Ex-Blog:
A CAMPANHA MAIS FRIA DA HISTÓRIA!
1. Por onde se circula - capitais, municípios metropolitanos e interiores- não se consegue ver nenhuma iniciativa das campanhas presidenciais. A exceção se dá quando um candidato se apresenta -fisicamente- num local. E apenas por aquelas duas horas. E é essa a avaliação por todo o país. E que não se culpe a imprensa, pois essa tem feito força para animar a campanha, excedendo-se na divulgação de propostas e de conflitos.
2. Falta experiência eleitoral à candidata do governo, é verdade. Mas sobra no da oposição. E quando se pensava que a alternativa ambiental viria com alguma "verdade inconveniente", o que se vê é um bom comportamento que beira a uma espécie de 'saudades do governo'. O debate da Band foi apenas a apoteose da falta de brilho e de consistência.
3. As candidaturas favoritas fazem suas campanhas como se a instância presidencial estivesse completamente separada da política regional. Nem informação - reclamam as "bases" de ambos os lados- se tem. Isso, num país continental, em que por mais que os candidatos andem, não chegarão - diretamente - a 0,5% dos eleitores. E, por isso mesmo, precisam mobilizar suas "bases" para que estas deem capilaridade à campanha. A animação que se tentou com as Farc sequer passou pelo crivo de uma pesquisa que diria que as Farc não existem no imaginário do eleitor médio. Quem existe é Chávez.
4. Essa letargia pode até interessar a candidatura do governo, mas a sensação que se tem é que ocorre menos por estratégia que por falta de talento. E a oposição vive enjaulada numa tentativa de explicar ações do atual governo pelas ações do governo anterior. Só que, as ações do governo anterior - quando percebidas positivamente - se referem a 12 anos atrás. Ou seja, quem tem hoje 25 anos, tinha na época 13 anos, e quem tinha 70 anos, tem hoje 82. O que passa é que vai tudo bem e, se vai bem, para que mudar, comentava uma dona de casa num município do interior do Estado do Rio, semana passada.
5. O debate na Band foi a expressão desse quadro. Se os atores tivessem recebido um script para representar uma campanha insípida e inodora, não poderiam ter se saído melhor. O destaque foi nostálgico: como eram animados os anos 50, poderia se dizer do candidato da poli-oposição, que ainda ironizou os demais, batizando-os, num 'revival' de Brizola. E 'coerentemente' se debateu o tema saúde em torno dos mutirões de cirurgia -ou seja- daquilo que não foi feito pela rede e se tenta corrigir depois.
6. Lembre-se que, faltando 50 dias para as eleições, o eleitor já começa a transformar sua intenção inicial de voto em decisão final. Quem usa a audiência do debate como justificativa para torná-lo inócuo, se esquece da cobertura da imprensa, que por três dias abriu todos os espaços -escritos, ouvidos e vistos- para tratar do tema. A audiência pós-debate foi, assim, muito grande. E já veio com as conclusões: foi um não debate.
7. Agora, todos se concentram nos programas e comerciais na TV como se a criatividade dos publicitários pudesse transformar a realidade e produzir o milagre de mudar os produtos pela substituição da embalagem. A pré-campanha, como dizia Paul Lazarsfeld nos anos 40, é o momento da fotografia (de seu tempo), impregnando a imagem no celulóide. E a campanha é a revelação dessa imagem impregnada. Se não há pré-campanha, dizia ele, não há campanha.
8. Se os presidenciáveis pensam que a campanha é na TV, como não houve pré-campanha, a atenção estará voltada para as pesquisas, com cada um torcendo por elas, como se pudessem ser o retrato do que não fizeram. E se popularidade do presidente fosse a pedra de toque, o presidente do Chile hoje não seria Piñera e Churchill não teria perdido a eleição 3 meses depois de terminada a segunda guerra.
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Plínio de Arruda Sampaio
Novas pesquisas vêm aí – e daí?
(clique no gráfico para ampliar)
Essa semana teremos novas pesquisas Datafolha e Vox Populi. Mas poucas novidades deverão surgir, além de uma ou outra variação dentro da margem de erro. Deverão ser consolidadas as tendências de alta de Dilma, de queda de Serra e de estagnação de Dilma. Plínio? É, pode ser. Menos pelo debate em si, mais pela presença na mídia. Pode ser que tire votos de Marina, mas nada que possa impedir a vitória de Dilma ainda no primeiro turno. Aliás, é bom que se esclareça que a provável vitória definitiva de Dilma no primeiro turno não ocorrerá por conta de conquista de votos de Marina e nanicos. Deverá vir basicamente dos que, hoje, são 19% de não-votos (brancos, nulos, indecisos) e dos eleitores de perfil popular que ainda estão com Serra. Hoje Dilma tem algo em torno de 48,15% dos votos válidos (segundo a última pesquisa Ibope). Bastaria que ela conquistasse mais 4 pontos e os outros permanecessem como estão (o que não é difícil, talvez até caiam) para que ela liquidasse a fatura em 3 de outubro. Com o Horário Eleitoral Gratuito os novos índices devem surgir com força. E a partir daí não vencer no primeiro turno me parece o cenário mais improvável.
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domingo, 8 de agosto de 2010
Elegia, Dia dos Pais
Escolhi como presente para mim, nesse Dia dos Pais, essa animação de um dos meus poemas, "ugas(mo" (do livro "Onomatopoemas", 1978), com a música "Elegia", de Péricles Cavalcanti e Augusto de Campos, sobre trecho de poema de John Donne, cantada por Caetano Veloso. Feliz Dia dos Pais.
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sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Por que Dilma venceu o debate.
Primeiro é bom esclarecer que em um debate àquela hora, com 3% de audiência, é difícil alguém perder. Esses debates servem mais como aquecimento de campanha, material para jornais do dia seguinte e material para ser usado (quando permitido) no Horário Eleitoral – esse, sim, um debate de grande audiência.
Ontem, quem mais perdeu, se é possível dizer assim, foi Marina, com eleitorado que dorme mais tarde e que tinha enorme expectativa em relação a seu desempenho. O que se viu foi uma candidata literalmente verde, que (estranhamente) não parava de saltitar, de rosto caído (os óculos jogavam os olhos ainda mais pra baixo), fraca no que disse a maior parte do tempo.
O candidato psolista Plínio não tinha nada a perder – nem a ganhar.
Serra, que teve desempenho dentro do esperado por sua experiência, perdeu. Perdeu porque não conseguiu derrotar Dilma (que está 10 pontos à sua frente!) e ainda usou uma tática que deu realce à candidata petista. Preocupado em não se opor a Lula (com seus 80% de aprovação) Serra, sempre que atacou o atual governo, fez questão de dizer que esse era o governo de Dilma. Errou. Primeiro porque trata-se de um governo bem avaliado (mesmo entre os que estavam acordados assistindo o debate) e isso acabou servindo como um qualificador de Dilma. Segundo porque, com suas perguntas e ataques, deu oportunidade para Dilma demonstrar que tem capacidade administrativa e que dispõe de todas as informações sobre a “máquina Brasil”. Serra só ganhou entre quem já era eleitor dele.
Dilma teve início titubeante – como era esperado. Mas rapidinho deu a volta por cima, porque todos falavam de temas que ela dominava. Tomou pé da situação e logo começou a falar tranquilamente sobre tudo e sobre todos. Seu ponto alto foi não ter se pendurado em Lula. Ao contrário do que todos imaginavam, deixou para citá-lo mais para o final. Favorecida pelo erro de Serra em referir-se ao governo como sendo dela, passou a imagem de que também está no comando. Teve a tranquilidade de quem lidera as pesquisas. Teve maior exposição durante o debate e sua grande virtude foi ter neutralizado as manchetes dos jornais de hoje.
A maior confirmação da vitória de Dilma foi Cesar Maia tuitando hoje: “Eta debatezinho de nada. Nem forma nem conteúdo. Sobrou pouco”. O pânico da Oposição deve aumentar.
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