segunda-feira, 31 de julho de 2006

Massacre de Qana, O Globo, EFE Nada justifica os massacres. Nem os dos nazistas, nem esses do Oriente Médio, nem qualquer outro. O ser humano deixa de ser.
Leia o texto 'How can we stand by and allow this to go on?', de Robert Fisk, do The Independent. A Folha traduziu (Como podemos permitir que isso continue? )

O debate do ano: Cesar Maia versus Cesar Maia

Cesar Maia. Google Quase que diariamente, Cesar Maia exige que Lula compareça aos debates eleitorais. Cesar faz tudo para que Lula não repita Fernando Henrique, que não compareceu. No seu Ex-Blog deste domingo, 30, Cesar Maia insistiu “A CADEIRA VAZIA, E OS CANDIDATOS CHAMANDO A ATENÇAO PARA ISSO. AS TVS TEM QUE GARANTIR A CADEIRA VAZIA E MOSTRÁ-LA SEMPRE QUE TRATAR DE TODOS OS CANDIDATOS.” (sic) Ele cita Plinio Fraga, na Folha, que escreve “por piores que sejam, os debates permitem contrastes, comparações explícitas entre qualidades, currículos, propostas”. Esse é o Cesar Maia PRÓ-DEBATE. Agora vamos a outubro de 98 conhecer outro Cesar Maia, o Cesar Maia ANTI-DEBATE. Naquele ano, concorrendo contra Garotinho (já no final do 2º turno e perdendo, segundo as pesquisas), Cesar Maia desistiu de debater e deu estranhas explicações. Disse que sua candidatura estaria crescendo e o debate atrapalharia a arrancada final. Disse que queria dar ao eleitor uma oportunidade de conhecer melhor as idéias do seu adversário. E ainda chegou a dizer que tirou sua inspiração para não comparecer ao debate de “três grandes comandantes: almirante Nelson, Rommel e Napoleão”. Lembro que na época escrevi que ele, na verdade, estaria se inspirando em um dos seus autores de cabeceira, Thomas M. Holbrook (“O Efeito dos Debates”), que escreveu que na época dos debates “a maioria das pessoas já está com uma decisão tomada e as informações são abundantes e, por isso, menos valiosas.” Escreveu também que os debates “podem tanto prejudicar como contribuir para o destino político dos candidatos”. Eu particularmente creio que os debates valem mais pelas versões do dia seguinte do que por eles em si. A percepção negativa de um cacoete pode valer mais do que um excelente programa de governo. Isso vale para qualquer debate, de qualquer político, em qualquer época. O Cesar Maia marketeiro também acha isso. Mas o Cesar Maia político avalia os debates de acordo com suas conveniências. O certo é que no debate Cesar x Cesar o eleitor não consegue enxergar um vencedor...

Como votar certo?

Congresso Nacional, Google Tenho participado toda quarta-feira, mais ou menos às 14,30h, dentro do programa “Amigas Invisíveis”, da Rede Globo, de 10 minutos de entrevistas sobre eleições. E uma das perguntas que mais se repetem é: “Como posso saber se um político está ou não está mentindo? Como faço para eleger o Deputado certo?” A primeira resposta que me vem à cabeça é o uso do detetor de mentira, mas acho que não é bem o caso. Acho até que as pessoas, infelizmente, não estão atrás de verdades. Primeiro, porque elas nem sabem o que faz um deputado ou um senador ou um vereador. Segundo, porque elas querem votar em alguém que prometa resolver os seus problemas imediatos, uma calçada, um rede de vôlei, um emprego, um asfalto. As carências são tão grandes que o primeiro que fizer uma boa promessa leva o voto – mesmo que ele não tenha a menor condição de cumprir a promessa. Todo ano é a mesma coisa: as pessoas dizem que querem um político honesto, verdadeiro, e acabam votando na base do “me engana que eu gosto”. Nas eleições deste ano, em função da grande profusão de escândalos, as cobranças por um voto certo parecem ser maiores e estão causando dificuldades aos políticos, honestos ou não. Ontem mesmo, conversei sobre o assunto com o Pastor Manoel Ferreira (fiz a sua primeira campanha política, em 2002, quando ele teve o surpreendente resultado de 1.782.219 votos para Senador no Rio de Janeiro). Ele agora é candidato a Deputado Federal e, em uma panfletagem em Rio das Ostras (RJ), foi cobrado pelo grande número de evangélicos envolvidos nos escândalos recentes. Ele teve grande trabalho para explicar que os políticos não são – nem os evangélicos, nem os católicos, nem os mulçumanos, nem os judeus, etc – todos iguais . Outro dia também assisti o candidato a Presidente pelo PSDC (não tenho certeza) relatando rindo as chacotas que tem que suportar no corpo-a-corpo. É o efeito mensalão/sanguessuga tornando mais espinhosa a vida dos candidatos. Mas não creio que efeito tenha força suficiente para aumentar significativamente o percentual de votos não-válidos – o que é bom. O que é ruim é que o eleitorado certamente continuará elegendo um grande número de parlamentares despreparados e provavelmente mal-intencionados para o cargo. Enquanto não houver maior conscientização da população e não houver reforma política, será mais fácil votar errado.

sábado, 29 de julho de 2006

Caos no sistema financeiro do Iraque: quem rouba quem?

Não basta ter dinheiro – é preciso guardá-lo em lugar seguro. Mas como fazer isso no Iraque. Roubo de banco virou lugar comum no caótico mundo iraquiano. O ladrão pode ser um “insurgente”, sunita ou xiita, curdo ou não curdo, policial ou das forças armadas, ou da própria segurança do banco. O cenário de bombas e muitas armas contribui para toda essa confusão. Os banqueiro evitam o grande aparato de segurança para não chamar a atenção, com o roubo certo. Conduzem verdadeiras fortunas em carros simples. E às vezes preferem guardar o dinheiro em casa. Mas aí surge outro problema: os americanos descobrem e “acham” que se trata de dinheiro para financiar “terroristas”. Prendem o banqueiro e congelam o dinheiro, apesar de ficar provado o contrário. Outra “diversão” dos grupos armados iraquianos é o seqüestro de banqueiro, que podem render resgates fabulosos. Com tanta insegurança, as empresas de segurança desistiram de segurar banco. Mas o mais curioso é que até hoje nenhum banqueiro abandonou os negócios! Talvez ele só precisem conhecer nossas taxas de juros e serem informados que o PCC, Comando Vermelho e outros grupos armados aparentemente estão presos... Reportagem no The New York Times.

Acusação séria contra o Ibope: a amostra estaria sendo alterada para desfavorecer Lula!

A Agência Carta Maior está distribuindo um artigo de Nelson Breve, onde ele acusa de Ibope de ter reduzido a amostra de modo a prejudicar os índices de Lula. Resisto a acreditar nisso. Acho que os institutos de pesquisa têm grande responsabilidade dentro do processo eleitoral e não pode dar margem a dúvidas. Mas a acusação é grave e bem fundamentada. A diretora do Ibope Opinião, Márcia Cavallari, explica, mas não convence. O texto deve ser lido e acho que o próprio Montenegro tem que dar boas explicações. Para acessar, clique aqui.

As finanças de Alckmin deixaram de ser Kapaz

A primeira grande baixa do Escândalo dos Sanguessugas foi na campanha de Alckmin. O empresário Emerson Kapaz, um dos arrecadadores financeiros, especialmente entre o empresariado paulista, teve que abandonar o posto por ter sido envolvido no escândalo. Daí começaram a surgir outros problemas. José Aníbal, outro bom nome entre os empresários, decidiu se candidatar a deputado e abandonou o comitê financeiro. Falta dinheiro, falta material, falta organização, falta entendimento na equipe. Por trás disso tudo, duas verdades. A primeira: os recentes escândalos políticos e a mini-reforma eleitoral alteraram significativamente o vai-vem das contribuições financeiras para as campanhas, todas as campanhas, do candidato estadual de base minúscula até o Presidente da República. Certamente não acabou com tudo, mas dificultou, e a Campanha de Alckmin dá sinais disso. A outra verdade: as pesquisas não estão ajudam tanto quanto a equipe alckminista (César Maia principalmente) quer fazer crer. Se Alckmin estivesse bem das pernas, iam chover as contribuições, independente de Kapaz ou Inkapaz. Ia ser Caixa 1, Caixa, 2, Caixa 3, Caixa milhões... Assinantes, reportagem na Folha.

sexta-feira, 28 de julho de 2006

Hugo Chávez interpreta Chaplin

Hugo Chávez e Carlitos, Google Ninguém poderia imaginar que, 70 anos depois, Chaplin ainda teria tanto sucesso de bilheteria quanto o que está tendo agora – pelo menos na Venezuela de Hugo Chávez... O filme “Tempos Modernos”, obra prima em preto e branco de Charles Chaplin, passou a circular em fábricas e reuniões de trabalhadores venezuelanos, tendo sido apresentado em mais de 1.000 locais diferentes, desde janeiro. Chávez quer mostrar com ele os males do capitalismo e procura orientar os trabalhadores a lutar por seus direitos contra a exploração dos patrões. Tem tudo a ver. “Tempos Modernos”, último filme mudo de Charles Chaplin, é de 1936 e é produto da crise de 29 que abalou o capitalismo americano, com 17 milhões de desempregados e outros milhões passando fome. Através do seu personagem, “Carlitos”, líder grevista, Chaplin critica a modernidade e o capitalismo “representado pelo modelo de industrialização, onde o operário é engolido pelo poder do capital e perseguido por suas idéias subversivas". Chegou a ser proibido na Alemanha de Hilter, na Itália de Mussolini e na América macartista por ser considerado "socialista". O grande empresariado venezuelano está protestando contra mais essa “travessura chavizta”. Mas o grande capital americano também não deve ter gostado inicialmente do plano de Franklin Roosevelt, o “New Deal”, um plano lançado para tirar o país da crise causada pelo modelo econômico liberal fracassado. O "New Deal" significava forte intervenção do Estado – mas ajudou a salvar o capitalismo... Leia reportagem de Andrew Buncombe, no The Independent.

quinta-feira, 27 de julho de 2006

PCC: de São Paulo para o mundo!

É incrível, mas a violência e a organização que o PCC implantou em São Paulo ganhou reconhecimento internacional. É isso que podemos concluir a partir dessa notícia na Folha: “Ações do PCC esvaziam torneio internacional de policiais em SP”. O 17º "International Police and Fire Games" (Jogos Internacionais de Polícia e Bombeiros), evento que está sendo realizado em São Paulo, foi esvaziado graças à repercussão negativa do PCC. Dos 40 países inscritos, 25 desistiram! Meu Deus, depois do fracasso na Copa 2006, só faltava a gente ganhar fama internacional por causa do PCC paulista!

Vai ter ou não vai ter 2º turno?

Todo o trabalho de futurologia eleitoral no momento é sobre se vai ou não haver 2º turno na disputa presidencial. Se fosse hoje, Lula venceria no 1º turno. Mas o que indicam as pesquisas? Os mais afoitos e o Cesar Maia interpretam as pesquisas como indicando 2º turno. Na sua boa coluna de hoje, no jornal O Globo, Tereza Cruvinel tenta abrir caminho nessa adivinhação. Erra no começo, quando diz que a “tendência declinante dos índices eleitorais do presidente e o crescimento de seus concorrentes apontam para o segundo turno”. Mas ela não viu o histórico das pesquisas. Lula já esteve melhor, mas já esteve pior. Heloisa Helena, idem. Alckmin cresceu após a exposição na mídia. Caíram, de fato, os “outros candidatos” e os “brancos, nulos e indecisos”. Ela cita Montenegro, do Ibope, que está corretíssimo quando avalia que a decisão deve ficar para os últimos dias. O que eles não falam é que a decisão está nos “indecisos”, e isso tende a favorecer Lula. Os “indecisos”, em princípio, estão contra todos, aguardando para decidir se votam em alguém ou se desistem de votar. Se eles forem distribuídos proporcionalmente, isso favorece quem está na frente. Se eles decidirem “salvar” o voto, farão o voto útil pró-Lula, que está na frente. Eles só tenderão para outro, se ficarem convencidos de que Lula está fazendo um péssimo governo (o que não parece ser o caso, segundo as pesquisas). Ou então se acontecer uma hecatombe anti-Lula...

Heloisa Garotinho x Geraldo Maia: o duelo do Rio

Garotinho e Cesar Maia ficaram de fora da disputa presidencial e até da disputa para Governador. Esse é um fato incontestável, embora os dois façam tudo para se manter em evidência dentro do processo eleitoral. Garotinho ficou de fora da disputa direta para presidente e das alianças também. No Estado, o seu partido, PMDB, não lançou o candidato que ele certamente sonharia. Só lhe resta, como ele afirma, fazer campanha no Interior. Cesar Maia não teve, no seu campo, os candidatos que desejava para Presidente nem para Governador do Rio. Procura se manter nacionalmente como “conselheiro” da campanha de Alckmin, sem grande sucesso. Na campanha estadual, apoiou Denise Frossard, não para disputar de verdade, mas, sim, para garantir seu eleitorado em eleições futuras. Garotinho e Cesar Maia procuram se manter vivos, também, através da disputa entre os dois. E acabam de arranjar um pequeno espaço para isso: a disputa pelo segundo lugar entre Heloisa Helena e Alckmin no eleitorado fluminenses. Garotinho apóia a senadora psolista e Cesar apóia o candidato pessedebista. No momento, Garotinho leva vantagem. Mas a verdade é que os dois estão perdendo...

Todo apoio a Cesar Maia: o comercial da MTV é uma vergonha.

O Ex-Blog de Cesar Maia desta quinta-feira faz um protesto contra um comercial que estaria sendo veiculado pela MTV. Quero concordar com ele. O comercial transmite toda a indignação que existe no momento contra os absurdos políticos, atribuídos tanto ao governo quanto à oposição. Até aí, digamos, tudo bem. Mas o comercial conclui pessimamente, praticando um desserviço ao país, principalmente aos jovens. Propõe que a população se prepare para a campanha eleitoral com “ovos e tomates”. Essa atitude não ajuda a melhorar a nossa política. Ao contrário, só serve para perpetuar os maus exemplos. Aos invés de propor total alienação, a MTV poderia usar seu tempo para maior esclarecimento, mais conscientização para os jovens. O Ex-Blog de César Maia disponibiliza o comercial através do YouTube.

quarta-feira, 26 de julho de 2006

IBOPE: vitória no primeiro turno para Lula, Sergio Cabral, Serra e Roseana

Pesquisa não erra. Desde que ela seja bem feita e com honestidade. Mas a pesquisa precisa ser bem analisada e divulgada corretamente. Veja o caso dessa última pesquisa Globo-Ibope. Os erros começaram com a boataria pré-divulgação oficial. Até o Alckmin, preterido no Maranhão, comemorava um resultado favorável a segundo turno. Doce ilusão. A nova pesquisa foi ainda mais desfavorável a ele do que a pesquisa Datafolha da semana passada. Evidentemente, depois dos resultados oficiais, o PSDB tentou valorizar o crescimento de Alckmin – que não ocorreu agora, e sim lá atrás, com a sua exposição na mídia – contra a derrota ainda no 1º turno. O PSDB e Cesar Maia estão certos agindo assim. O leitor e o eleitor é que devem estar espertos contra manipulação dos números. É verdade que esse uso indiscriminado dos números fica mais fácil onde as diferenças não são muito grandes. Em estados como Minas, São Paulo e Maranhão, com diferenças muito grandes, fica mais difícil para os “analistas” e “divulgadores”. No Rio de Janeiro (Sergio Cabral 39%, Crivella 17%, Denise Frossard 8%, Eduardo Paes 2%, Vladimir 1%, Milton Temer 1% e Lupi 1%), também começa a se consolidar a vitória de Sergio Cabral ainda no 1º turno. Se for verdadeira a pesquisa do mesmo Ibope divulgada por Cesar Maia (a pesquisa é pra valer? foi registrada? o T.R.E. sabe dela? quando teremos resposta?), Sergio Cabral pulou de 31% para 39% em apenas uma semana. Crescimento de mais de 25% em apenas 7 dias! Em Minas, Aécio disparou tanto, que está tirando o emprego dos analistas de pesquisa. Em São Paulo (José Serra 46%, Mercadante 13%, Quercia 9%, Carlos Apolinário 2%, Plinio Arruda 1%), o quadro não deverá ter grande alterações. No Maranhão (Roseana 60%, Jackson Lago 22%, Edson Vidigal 5%), os números indicam a mesma coisa – e indicam mais, que o clã Sarney ainda é suficientemente poderoso para manter sob controle os seus ex-apadrinhados, Edson Vidigal e o atual governador, José Reinaldo. Voltando à pesquisa nacional, ela mostra: 1) se a eleição fosse agora, Lula venceria no 1º turno; 2) agora que os adversários de Lula tiveram a sua super-exposição, a tendência é de consolidação dos números; 3) com o horário eleitoral e o retorno à exposição de Lula na mídia, pode aumentar a diferença a favor de Lula. Obviamente, nada disso exclui a possibilidade de 2º turno. O resto é manipulação de analista-militante...

O Talibã paga mais.

Papoula, Google As forças Talibãs, que lutam contra o governo Afegão apoiado pelos Estados Unidos, têm dois grandes apelos para conquistar mais soldados. O primeiro é o Corão. Eles são fundamentalistas, mais rigorosos, portanto, com o escrito islâmico – uma força a mais na conquista dos corações afegãos. O segundo apelo, que atinge principalmente a mente, está no bolso – os talibãs pagam 3 vezes mais. Enquanto o Exército Nacional Afegão paga 4 dólares por dia para seus soldados, os Talibãs estão pagando 12 dólares! De onde vem o dinheiro? Certamente de países árabes; talvez do Paquistão; e provavelmente do comércio de papoula, fonte de ópio e heroína, como acusam alguns oficiais do governo Afegão. O fato é que o número de soldados do Talibã tem aumentado bem mais do que as forças do governo (que ainda é pelo menos 3 vezes maior). Sem dúvida, essa “engenharia” financeira dos Talibãs tem sido a melhor forma de se conquistar corações... e mentes. Leia reportagem no Financial Times.

terça-feira, 25 de julho de 2006

Pesquisa Ibope: blog versus blog

O Blog do Noblat, sem dúvida, é um dos mais importantes da mídia internáutica. Altamente rankeado, bem informado, bem estruturado, com suporte do Estadão, e sempre atualizado, em cima da hora. Nesta terça-feira, 25/07, às 15:39h, ele noticiou o que parecia ser um grande furo de reportagem: a publicação da pesquisa do Ibope que a Rede Globo só iria divulgar no Jornal Nacional. Alckmin estaria comemorando os números, que já apontavam para segundo turno na eleição presidencial. Os números estavam erradíssimos. A pesquisa Globo-Ibope divulgada no horário habitual mostrou uma diferença a favor de Lula ainda maior do que os números Datafolha da semana passada. Mas a notícia era tão forte que outros blogs logo se referiram a ela, mas, pecado maior, sem citar a fonte, o Blog do Noblat. Foi o suficiente para Ricardo Noblat se irritar e acusar os outros blogs de bobos, despreparados para o mundo dos blogs. Briguinhas... Essa “barriga” do experiente Noblat só fez confirmar minha convicção: não acredito em números do Ibope divulgados antes da Globo nem que o próprio Montenegro venha pessoalmente me contar. A propósito: depois de ler o Blog do Noblat, procurei minhas fontes que disseram que os números estavam errados. Nem tentei saber quais eram os “verdadeiros”...

Com o fracasso de Doha, trocaram vidas por bananas – ou melhor deram banana...

O fracasso de Doha pode agradar a quem torce contra a política externa de Lula. Mas a verdade é que significa acima de tudo um desalento para as populações pobres de todo o mundo. Abro espaço aqui para uma análise feita por Hayle Melim Gadelha, que acaba de ter nota 10 em sua monografia sobre o tema para a Faculdade de Administração da UFRJ. "O liberalismo pouco mudou desde Adam Smith. No discurso, em forma de leis supostamente naturais, promete o impossível: a pujança econômica a todos aqueles que o seguirem. Tratados desiguais, já no século XVIII, possibilitavam à Inglaterra conquistar o mundo e servir de vitrine para sua doutrina de livre concorrência. Na prática, o liberalismo também não mudou – continua inexistente. No mesmo século XVIII, a Inglaterra já proibia a exportação de máquinas e até de técnicos; as Lei dos Cereais e as chamadas Leis dos Pobres serviriam para – vejam só – proteger os altos investimentos feitos no campo durante o bloqueio napoleônico. A história repete-se. O Acordo Constitutivo da OMC e a Declaração de Doha ressaltam a distribuição dos benefícios advindos do liberalismo. Mas os países ricos, que, graças à proteção de suas técnicas mais avançadas, já têm larga vantagem nas relações de troca, não se dispuseram sequer a concorrer livremente com os produtos primários. Pelo menos, no tempo de David Ricardo, trocavam-se panos por vinho. Hoje, não. Gasta-se a escandalosa quantia de 1 trilhão de dólares anuais em subsídios. O fracasso da rodada cujo apelido era Rodada do Desenvolvimento é emblemático. Se o Brasil quiser um lugar na ordem internacional, está claro que não deve esperar nada do modelo atual. Exercitando o otimismo: se o Brasil e seus parceiros não tivessem fundado o G-20, a maior conquista da política externa de Lula e Amorim, as decisões continuariam tomadas pelo QUAD (EUA, Canadá, EU e Japão) e Doha poderia ter sido um sucesso... para os países ricos. E, como provavelmente teria ocorrido há poucos anos, o Brasil ainda participaria da foto, comemorando um suposto triunfo do (neo?)liberalismo. Fica nítido, portanto, que o caminho agora é uma política de Estado que priorize a integração regional e faça parcerias comerciais com outros grandes estados em desenvolvimento. Na política comercial, como já disse um diplomata brasileiro “há muito mais do que batatas e bananas em jogo. Há a vida das pessoas.”. E como se nota, nenhum país nunca se tornou poderoso nem melhorou a vida das pessoas praticando de fato o liberalismo."

A política externa americana pode naufragar no petróleo

Desde 1973, quando explodiu a primeira grande crise, o petróleo transformou-se em arma estratégica nas mãos das grandes corporações do setor, dos bancos e dos países produtores. Se você é empresa ou banco e quer aumentar os lucros, pode pagar alguém para iniciar um conflito. Se você produz petróleo e quer aumentar a arrecadação, pode ameaçar o mundo com um boicote. O resultado é instantâneo – o preço do petróleo sobe assustadoramente. Para se ter uma idéia, o petróleo estava a 27 dólares o barril no início do conflito com o Iraque; estava a 65 dólares no início do programa nuclear iraniano; e chegou a quase 80 dólares com o conflito no Líbano. Até agora, essa escalada do preço sempre foi bem recebida (e, quem sabe, estimulada) pelas grandes empresas americanas que dominam o mercado petrolífero. É muito provável que isso tenha estado por trás das peripécias da política externa americana. Mas agora o feitiço pode virar contra o feiticeiro. Primeiro, porque nações “não-aliadas” também estão se fortalecendo com isso. É o caso da Rússia, que está recuperando o poder perdido graças ao fortalecimento de suas reservas energéticas. E é também o caso do Irã. Segundo o Cambridge Energy Research Associate, cada aumento de 5 dólares preço do barril contribui com 85 milhões de dólares semanais nas contas do Irã! Ou seja: mais dinheiro para enfrentar Bush e apoiar o Hesbolá. Há ainda o caso da Venezuela, com o petróleo dando força a Chávez para confrontar Bush dentro do que antes seria o seu quintal. Como se tudo isso fosse pouco, existe ainda a opinião pública americana, cada vez mais preocupada com o preço do combustível – mais preocupada até do que com as mortes que se espalham pelo mundo. “Estamos vendo uma mudança radical em como países como a Rússia, o Irã e a Venezuela (pelo lado dos produtores) e a China e a Índia (pelo lado dos consumidores) podem fazer o mercado mundial interferir na política externa”, declarou Carlos Pascual, um antigo top-auxiliar da Secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e agora diretor de estudos de política externa do Brooking Institution. Por incrível que pareça, o mesmo petróleo que provocou tanta guerra pode ajudar a trazer alguma paz. Leia mais no jornal The New York Times.

Pirataria internáutica: Cesar Maia mente quando diz que pensou com o fígado.

Este Blog noticiou a invasão do cadastro de e-mails de Cesar Maia, assim que recebeu o e-mail pirata. Também criticamos essa forma de fazer política. O pior são boatos que vêm depois: tem gente dizendo que “é coisa do Zé Dirceu”, tem gente dizendo que “é coisa do próprio Cesar Maia”. Qualquer que seja a origem, é de mau gosto. Mas gostaria de comentar o conteúdo de um e-mail divulgado clandestinamente e supostamente feito por Cesar Maia para seu filho, Rodrigo Maia. Diz ele: “É um jogo delicado. Mas penso com meu fígado. Aceito tudo. Menos o Eduardo (Paes) ganhar da gente. Mesmo que em quarto lugar. Isso seria pavimentar o caminho dele à prefeitura”. A pergunta que faço é seguinte: onde entra o fígado nesse texto? Cesar Maia, um dos principais estrategistas políticas, costuma se atrapalhar – e muito – por trocar o cérebro pelo fígado. Mas esse não é o caso. O que vemos é um Cesar Maia acuado e sem espaço na disputa governamental tentando se garantir para as eleições municipais de 2008. Os planos que ele têm para a sucessão municipal não passam, evidentemente, por Eduardo Paes – seu ex-apadrinhado, que se mudou para o PSDB e é o principal adversário dentro do seu campo político. Cesar Maia, usando o cérebro como nunca, preferiu apoiar a candidata Denise Frossard, do PPS, apesar de considerá-la fraca para essa eleição de governador. Mas Denise Frossard é que melhor serve a Cesar Maia para proteger o seu eleitorado (conservador, classe média, Zona Sul do Rio) contra investidas de outros campos políticos – principalmente de Sergio Cabral. Portanto, podemos concluir que Cesar Maia pode ter mentido para o próprio filho. Leia mais no Jornal do Brasil.

segunda-feira, 24 de julho de 2006

Aviso aos navegantes: a pirataria está em alta!

Barco, Cesar Maia, Google A baixaria pré-eleitoral cada vez mais invade o território internáutico. Depois do site Pero Vaz, atribuído a Cesar Maia, cheio de gracinhas e de denúncias pesadas, agora veio o troco: apossaram-se do ex~Blog de Cesar Maia. Os destinatários de seus e-mails diários (muitas vezes com informações muito boas) foram informados, através dessa nova forma de pirataria, de barbaridades administrativas atribuídas ao atual prefeito do Rio. Cesar Maia respondeu, com novos e-mails, e insinua que não se tratam de "piratas" e, sim, de "corsários" (piratas oficiais) que o estão atacando. Mas afinal qual dos lados não é corsário, nessa baixaria política? É uma guerrinha que não faz bem à democracia, não faz bem a ninguém. Tomara que essas naus de insensatos afundem de vez.

A difícil tarefa de conviver com “aliados”

Nesse domingo, o candidato Sergio Cabral ao governo do Rio classificou a política de segurança de seus “aliados”, Rosinha e Anthony Garotinho, de burra. O candidato Eduardo Paes teve de engolir em seco e aceitar que o candidato à presidência, Geraldo Alckmin, pelo seu partido (PSDB) participasse do palanque da adversária Denise Frossard. A mesma Denise Frossard, por sua vez, teve que engolir as investidas de seu “aliado” Alckmin em busca do apoio do arquiinimigo Garotinho e, muito pior, teve que admirar o “aliado” vestindo camisa (veja na foto do Informe do Dia) com o símbolo de Castor – o famoso bicheiro que ela, que é juíza, condenou (e ganhou reputação por isso). Vladimir Palmeira, candidato a governador pelo PT, nem compareceu a recente ato em que o candidato do seu partido à presidência, Lula, fez no estado, acompanhado pelo adversário Marcelo Crivella, candidato ao governo pelo PRB. Nos outros estados é a mesma coisa. Em Minas, Aécio (PSDB) é visto como aliado de Lula (PT), não de Alckmin. Em São Paulo, da mesma forma, Serra (PSDB) e Alckmin não se afinam, e o “aliado” Cláudio Lembo (PFL) não se alia com ninguém. A pergunta que não quer calar: pra que aliado, então? O problema está em nosso sistema partidário, inteiramente burro. Os partidos são fracos, mal estruturados, funcionam muito mais como um complô. As pessoas acabam votando em pessoas, não em idéias. É por isso que os programas de governo nunca vão adiante – eles são feitos para partidos, não para pessoas. E pior de tudo é que não há solução à vista. Dificilmente esse Congresso será capaz de votar uma reforma política que vá contra os interesses pessoais de deputados e senadores. Depois que se elege, todo parlamentar se julga acima dos partidos e das idéias que supostamente o elegeram. Os resultados mais óbvios são as falsas alianças, os problemas de governabilidade, os escândalos de corrupção. A reforma política, com fortalecimento dos partidos, certamente é a tarefa mais importante que deve exigir a sociedade civil. Ou sociedade se alia em torno disso, ou vai ter que conviver eternamente com esses aliados.

Tsunami iraquiano: 3.149 mortes de civis somente no mês de junho!

Iraque, Google Depois da invasão americana, o Iraque vive um Tsunami por mês, é o que se pode concluir do primeiro relatório da ONU. Pior: se no mês de junho a média era de 100 mortes por dia, calcula-se que a média já esteja atingindo a 150 por dia. As mortes no Iraque não ocorrem apenas pelas bombas e combates que saem nas manchetes do mundo inteiro. A invasão americana levou à degradação da sociedade, uma verdadeira desconstrução de uma nação. Segundo o relatório da ONU, o stress acumulado da violência está levando à dissoluçao da sociedade. “Ninguém está seguro”, diz a reportagem de Patrick Cockburn, da CounterPunch. “Um treinador e dois jogadores foram mortos em Bagdá porque usavam shorts. Milicianos ameaçam homossexuais... Diferenças sectárias estão por trás da maioria das mortes. Os assassinatos são sempre praticados pelas próprias forças de segurança...” É esse clima tsunâmico que queremos para o mundo? Foi isso que o Governo Bush vislumbrou quando inventou aquela história de armas biológicas de Sadam? É isso que prometem para o Líbano e a Palestina? E o Afeganistão? Alguém precisa fazer uma intervenão na Casa Branca e salvar os Estados Unidos. Assim, talvez, a gente consiga salvar o mundo. (Leia a reportagem completa da newsletter americana CounterPunch)

Em vez de caçar os votos de Heloisa Helena, Lula e Alckmin devem caçar os votos indecisos.

Depois que alcançou os 10% no Datafolha e se transformou em musa de Ipanema, Heloisa Helena virou alvo dos marqueteiros de Lula e Alckmin. Mas as coisas não são como eles pensam, na base dos paparicos aos eleitores já conquistados por Heloisa Helena. Lula tem que pensar assim: Heloisa Helena está crescendo em cima dos indecisos e, se ela crescer, vai ter 2º turno – por isso devo conquistar os indecisos antes dela.Alckmin deve pensar assim: o crescimento de Heloisa Helena leva ao segundo turno, mas pode ameaçar meu 2º lugar – por isso devo conquistar os indecisos antes dela. Mas não é tão simples. Os indecisos estão indo para Heloisa Helena porque são “jovens”, “de classe média”, “das regiões Sul e Sudeste”, “conservadores” e estão deslumbrados com o discurso ético da psolista. Tanto Lula quanto Alckmin devem adotar discurso semelhante. Mas a vantagem é de Alckmin, que tem perfil de eleitor mais próximo de Heloisa Helena. O resto é chover no molhado.

domingo, 23 de julho de 2006

ABSURDOS DO FIM DE SEMANA

Fim de semana é bom para ficar em casa, ir ao cinema, ir à praia, mandar as crianças para a casa dos amigos, fazer tudo que é gostoso e relaxante. Por que é que a gente insiste em ler jornal, ver TV, ouvir rádio? Por causa disso, selecionei 4 absurdos dos que povoaram meu fim de semana. Leia e acrescente os seus. • Estados Unidos dão mais uma semana para Israel avançar, antes de exigir cessar fogo (será?)!!! • Morreu Guarnieri (e Raul Cortez também, dias antes)!!! • A esquerda da esquerda busca apoio de Garotinho!!! • Alckmin em escola de samba com símbolo de bicheiro... e com apoio da juíza Denise Frossard • O Presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial - Etco, Emerson Kapaz, foi apontado como um dos envolvidos nos escândalos dos sanguessugas!!!

sábado, 22 de julho de 2006

Pesquisa Rio: vitória tranqüila de Lula e Sergio Cabral

A pesquisa encomendada pelo jornal O Dia ao Instituto Informa, e divulgada hoje, confirma mais ou menos o que o Datafolha já tinha divulgado. Mas tem umas novidades. Como já pressentira este Blog, a candidata Denise Frossard (PPS-PFL) não está tão em queda como mostrou o Datafolha. E a candidata Heloisa Helena (PSOL) reflete ainda mais o “cheiro das ruas” cariocas, com 17% das intenções de votos. Essa pesquisa do Informa, como teve 2.000 entrevistas, tem margem de erro menor, e aponta para possível vitória folgada de Sergio Cabral, para Governador do Rio, e de Lula, para Presidente. No Datafolha, deu Sergio Cabral 41%, Crivella 20% e Denise Frossard 9%. No Informa, deu Sergio Cabral 42, Crivella 21 e Denise Frossard 13%. A grande diferença entre os institutos, no entanto, está na pesquisa para Senador. Aos contrário de outros, o Informa coloca Dornelles em 1º (26%), Ronaldo Cezar em segundo (16%) e Jandira em terceiro (15%). Aguarda-se, com ansiedade, os números do Ibope, que devem ser divulgados na próxima semana. Acesse O Dia para mais informações.

Que bicho deu no Alckmin?

O Informe do Dia estampa uma foto do candidato Geraldo Alckmin em visita à Escola de Samba Mocidade independente de Padre Miguel. Até aí, tudo bem. Se o príncipe Charles já fez trapalhada na Beija Flor, por que o nosso chuchu não poderia fazer em Padre Miguel, Zona Oeste do Rio? Mas ele exagerou. Além de se atrapalhar nos dois palanques (um com a candidata do PPS-PFL a Governadora do Rio, juíza Denise Frossard; outro do candidato a Governado pelo PSDB, Eduardo Paes), Alkmin inventou de usar uma camisa da Mocidade. Seria até bela jogada, se a camisa não tivesse a ilustração de um casrtor - homenagem a Castor de Andrade, o superbicheiro carioca, que já morreu e que certa vez foi preso... adivinha por quem? Isso mesmo, pela candidata-juíza Denise Frossard!!! Acesse aqui para ver a foto de "Chuchu à la Castor"...

Garotinho, aliado da extrema esquerda?

Política tem dessas coisas, que o eleitor tem dificuldade em entender. Segundo divulgou O Informe do Dia, César Benjamin, candidato a Vice de Heloisa Helena (PSOL), telefonou a Garotinho pedindo um encontro (leia-se apoio eleitoral). Espera aí, estou lendo certo? O Garotinho não é aquele "filhote do Brizola, populista, evangélico, envolvido com tudo que é escândalo, responsável pelo caos e a insegurança do Rio, autoritário, personalista, etc, etc, etc"? Pelo menos, era assim que a esquerda, principalmente a esquerda que originou e se alia ao PSOL, sempre tratou o ex-Governador. Garotinho cresceu, tornou-se melhor e mais confiável, ou tudo não passa de uma jogada eleitoreira? Cadê o partido da ética? Vale tudo, até para os “puros”, “santificados” psolistas? Sinceramente, acho que política se faz com acordos e alianças. Mas depois tudo tem que ser assumido publicamente.

sexta-feira, 21 de julho de 2006

A pesquisa do Cesar Maia

Estranha essa pesquisa (do Ibope?) divulgada hoje por Cesar Maia através do seu ex-Blog. Estranha porque não está no site do Ibope. Mais estranha ainda porque Cesar Maia está ajudando a divulgar números que colocam os seus adversários com vitória no 1º turno. Lula teria 54% dos votos válidos da eleição para Presidente no Rio de Janeiro, e Sergio Cabral teria 52% dos votos válidos para Governador do Rio de Janeiro. Ou ele está sendo excessivamente honesto ou não percebeu o que fazia. Esses marqueteiros são muito estranhos...

As ruas de Ipanema têm o mesmo cheiro das ruas do Nordeste?

Sertão nordestino, Google O candidato a Governador do Estado do Rio de Janeiro pelo PSOL, Milton Temer, declarou que está "sentindo nas ruas um cheiro de 82, quando Brizola tinha 4% nas pesquisas e acabou eleito". Ele acha que está acontecendo o mesmo com Heloisa Helena. Ele só não explicou de quais ruas está falando. Nas ruas de Ipanema, Rio de Janeiro, é verdade, Heloisa Helena lidera as intenções de voto. Mas nas ruas do Nordeste, sua região, ela patina nos 7% de intenções de voto e lidera a rejeição com 30%. Talvez seja o caso de trocar o perfume...

O PT finalmente mostra alguém bom de política e marketing: Lula

Depois do bate-boca desnecessário do Ministro Tarso Genro com a candidata Heloisa Helena, Lula foi para a mídia fazer o contrário. Declarou que vê com bons olhos o crescimento de Heloisa Helena, fez uma espécie de afago na sua ex-companheira de partido. Disse esperar que os outros candidatos também cresçam para que haja 2º turno. Segundo Lula, o 2º turno faz bem à democracia, pois significa uma vitória mais consolidada pela força das alianças. Ele citou o exemplo do México, onde não há 2º turno e a recente vitória de Calderón por cerca de 250 mil votos até hoje é questionada. Claro que Lula prefere vencer logo no 1º turno. Mas está certo no discurso que fez. A ansiedade que toma conta de certos setores petistas, querendo liquidar a fatura imediatamente, só serve para atrapalhar a re-eleição (até agora tranqüila) de Lula no 1º turno. Quando deixar a presidência, Lula pode virar marqueteiro político.

Orgulho e vergonha: o Dia D...

6 de junho de 1944, o chamado Dia D, dia em que as tropas ocidentais desembarcaram na Normandia, França, para dar, juntos com a União Soviética, um basta ao nazismo e iniciar o fim da Segunda Guerra Mundial. Esses soldados viraram símbolo de orgulho para a humanidade.

E o Dia Deixa...

Na foto publicada hoje na Folha de São Paulo, marinheiro dos Estados Unidos retira 1200 cidadãos americanos abandonam o Líbanos em chamas - chamas que eles não ajudam a apagar... Muito boa também a reportagem que transcrevo (o mundo tem que ler) da Folha de São Paulo de hoje com jovens israelenses matando e morrendo na guerra estúpida. Leia aqui ou, assinante, acesse a Folha "No Brasil não conhecem nossa realidade", diz Daniel, 19, soldado israelense no front COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM AVIVIM (FRONTEIRA ISRAEL-LÍBANO) São garotos de 18 a 21 anos, com sonhos de viajar pelo mundo e de voltar para a casa da mãe, encontrar a namorada e sair para se divertir. Há uma semana estão acampados em barracas verdes, dormindo pouco, em média quatro horas por noite, e comendo rações militares. E disparando com artilharia pesada contra o sul do Líbano. Sabem que suas bombas podem atingir civis."Estou defendendo o meu país. É claro que me sinto mal se ouço que morreram civis do outro lado. Mas acho que eles não ligam muito se estão mirando os Katyushas contra as nossas cidades", diz um deles, em referência aos foguetes usados pelo Hizbollah.É preciso fazer a mesma pergunta quatro vezes até que o jovem soldado ouça. "Sabe como é, uma semana disparando, com todo este barulho...", explica, antes de retirar os tampões de ouvido, que pouco ajudam a aliviar os estrondos.Quando um jornalista chega perto, os rapazes se reúnem, curiosos. Eles têm a guerra nos rostos, uma expressão de preocupação que some quando ainda surgem sorrisos juvenis. Estão cercados por montes de munições e barracas militares. São puro suor, fedem a 35 C.Mas querem mostrar que são meninos, e um deles começa a cantar uma música. Alguns acompanham e batem palmas, outros só observam.A conversa varia de futebol a política e a morte de civis. Daniel, de 19 anos, um rapaz gorducho de pele morena, quer saber o que acham da guerra no Brasil, mas logo diz: "Acho que no Brasil não conhecem a nossa realidade aqui".Outro, que está nos últimos três meses de serviço militar, diz que não liga para o que mundo pensa."Só me importa a situação dos cidadãos de Israel neste momento. Se não estivéssemos aqui, os terroristas estariam no nosso lugar", opina.Os canhões de artilharia estão posicionados em um campo agrícola no norte de Israel. É proibido divulgar a localização exata. "Somos um alvo estático", analisa um oficial.Os meninos são alvos estáticos e sabem que podem matar civis, tema que volta sempre. "Não quero pensar nisso, me sinto mal", diz outro soldado.Nenhum deles diz ter medo. Todos repetem que estão prontos a lutar até quando for necessário, mesmo sentindo falta da mãe, da cama e da namorada, em nome da defesa do país. Mas sabem que estão fazendo guerra de verdade, e o medo se revela em suas faces. (MG)

quinta-feira, 20 de julho de 2006

Datafolha: Lula, Aécio, Serra e Sergio Cabral caminham para vitória no primeiro turno.

Essas pesquisas Datafolha (para a presidência da república e para os governos de Minas, São Paulo e Rio) mostram o que já se esperava e apenas duas ou três novidades. A surpresa da corrida nacional foi o grande crescimento da Senadora Heloisa Helena. Se continuar nesse ritmo, ela poderá até ameaçar a vitória de Lula no primeiro turno - principalmente com essa estranha ajuda do Ministro Tarso Genro. Na corrida mineira, a surpresa é não ter nem mesmo um tiquinho de surpresa. Aécio, do alto dos seus 73%, dirige-se tranqüilamente para uma vitória acachapante. Em São Paulo, a enorme vantagem de Serra também não é surpresa. Apesar de Serra ter caído 7 pontos nos últimos 3 meses, a sua vantagem é tranqüila. A surpresa paulista está nos segmentos em que Serra caiu. Ele caiu 8 pontos no Interior (na Capital caiu apenas 2 pontos), caiu 11 pontos entre os jovens e caiu 8 pontos entre eleitores de escolaridade superior. No Rio de Janeiro, a liderança de Sergio Cabral foi confirmada (ele subiu de 35% para 41%), mas, segundo se fala, ele até já teria números altos assim há muito tempo). Sergio Cabral tem mais que a soma dos adversários (39%), embora com a margem de erro não atinja 50%. A surpresa da corrida fluminense foi o pequeno desempenho da candidata Denise Frossard. Esperava-se para ela um patamar de 15%, já ameaçando o segundo lugar de Crivella (20%), mas ela oscilou de 10% para 9%. Pessoalmente, acho que há algum erro nesse dado. Tenho ouvido relatos de pesquisas qualitativas que demonstram o crescimento do seu nome. Parece que apenas nas campanhas nacional e do Rio de Janeiro existe a ameaça de segundo turno. Evitar essa ameaça não é difícil: basta não errar. Ou melhor - talvez "não errar" seja exatamente o mais difícil...

O Governo Lula apóia Heloisa Helena

Os recentes ataques do Ministro Tarso Genro à Senadora Heloisa Helena com toda certeza contribuem para colocá-la em mais evidência ainda e ajudá-la nas pesquisas. Que estratégia será essa? Cesar Maia já usou Tarso Genro como exemplo de um intelectual de esquerda despreparado para a política real. Mas não é possível que isso seja verdade. Tarso Genro já demonstrou ser um importante quadro petista e deu grande contribuição na pacificação do partido nos momentos mais difíceis do ano passado. Talvez esse grande afago ao adversário que mais cresce seja parte de uma grande e inimaginável estratégia petista para ajudar Heloisa Helena a tirar votos de Alckmin. E isso realmente pode acontecer. Mas Heloisa Helena também crescerá na direção dos votos brancos, nulos e indecisos, levando a eleição até agora garantida no primeiro turno para um segundo turno indesejável para Lula. Será que eles pensaram nisso também? Será que eles desistiram da campanha? Meu Deus do céu, esses marqueteiros são capazes de tudo!

Oriente Médio: luz verde para matar e esfolar, e só depois cessar fogo.

An Israeli gunner rests on top of a artillery piece near Kiryat Shmona, northern Israel, next to the Lebanese border. Photograph: Sebastian Scheiner/AP Fontes européias e até israelenses deixaram claro que os Estados Unidos estão por trás dessa escalada de Israel nos ataques ao Líbano. Israel quer destruir os foguetes do Hizbolahh que ameaçam suas cidades mais ao norte e também destruir as linhas de suprimento vindo da Síria. Só depois de destruir o inimigo é que Israel se propõe a cessar fogo. Para conseguir isso só está "pedindo" mais uma semana... Claro que Israel não agiria asim, com tanta firmeza e transqüilidade, se não contasse com aval total dos Estados Unidos. O governo Bush aproveita o avanço israelense como forma de ameaçar Síria e Irã. Quem paga o pato, como sempre, são os civis: mais de 300 pessoas já morreram do lado do Líbano e mais de 30 já morreram do lado de Israel. Enquanto as atrocidades continuam de lado a lado no Oriente Médio, com a indiferença de grandes potências, ao resto do mundo só resta assistir a tudo atônito e incrédulo. Leia mais clicando o Common Dreams News Center. Para ler o artigo de Paul Craig Roberts, Subsecretário do Tesouro na administração Reagan, clique na newsleter CounterPunch.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

Denise Frossard, dividida entre Alckmin e Garotinho

Casa de Custódio de Benfica, Google A candidata ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, Denise Frossard (PPS-PFL), apadrinhada por Cesar Maia, não gostou da aproximação que Alckmin tenta junto ao ex-Governador Garotinho. Ela vai votar em Alckmin, mas fez questão de alertá-lo que o casal Garotinho é “responsável pelas mortes de cariocas e fluminenses”. Disse ela: "Esse casal é responsável pela morte de pessoas inocentes". Ela justifica isso com as mortes de 30 presos e um agente penitenciário ocorridas em 2004 em casa de custódia do Rio. Para alguns, soou como acusação de que Alckmin também seria responsável pelas mortes nos presídios de São Paulo. Assinantes do jornal Globo podem acessar reportagem aqui.
Clique aqui para ouvir ao vivo.

terça-feira, 18 de julho de 2006

O erro na pesquisa Datafolha.

A pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira tem um dado curioso, a margem de erro. Segundo o Instituto, a margem de erro seria de 2% da pesquisa, e isso impediria garantir vitória no primeiro turno. Lula teria 52% contra 48% da soma dos outros candidatos, logo poderia ter 50%, dentro da margem de erro – o que significaria empate. Mas me parece que o cálculo da margem de erro não está preciso - ou não está bem informado. Para 6.264 entrevistas, a margem erro certa seria 1,2%. Considerando apenas os votos válidos (83%), teríamos 5.200 entrevistas e a margem de erro seria 1,4%. Em qualquer um dos casos, o Datafolha poderia afirmar vitória no 1º turno. Não é nada, não é nada, seria uma diferença mínima de 1,2%, ou de quase 1.300.000 votos. Ou mais de 5 vezes o número de votos que determinou a vitória de Calderón sobre Obrador na eleição recente do México. Um instituto de pesquisa não pode deixar margens de erros tão grandes nas suas divulgações. Aguardaremos melhores informações. Clique para ver a análise do Datafolha.

Os Dez Mandamentos do PT para Lula foram escritos por Cesar Maia

Estou convencido de que só Cesar Maia pode ter feito os 10 mandamentos para Lula-candidato. E os motivos da minha certeza são dois: 1) só quem está contra a re-eleição de Lula poderia tornar pública a chamada “Lista dos Dez Mandamentos do PT para Lula”, obviamente percebida como imposição, verdadeira camisa de força, inimaginável para quem é Presidente da República (só Cesar Maia pensaria nisso); 2) a essência da lista é propor um esfriamento da campanha, o que é um erro. A campanha, por parte do PT e de Lula, tem que ser mais aquecida ainda. A forma, evidentemente, não pode ser de risco. Claro que Lula não deve ir a debates, porque isso significa servir de trampolim para os adversários. Mas Lula deve viajar, sim, e muito. Tem que mostrar presença, dinamismo, contato com o povo. Lula está indo para uma re-eleição e, portanto, tem que reforçar a imagem do presidente que soube conquistar a maioria da população, principalmente o povo mais pobre. Acima de tudo, Lula tem que fazer campanha mostrando que está governando. Se não for assim, estará trabalhando guiado por marqueteiros da oposição.

A carta-renúncia de Moreira Franco

Atendendo a solicitação do Deputado Federal Moreira Franco, estamos publicando a sua carta-renúncia: Meu amigo, Duas razões me levam à decisão de não concorrer à renovação do mandato de deputado federal. A primeira, foi a constatação de que a Câmara dos Deputados afundada no descrédito e na inoperância, mesmo renovada, não terá condições de liderar o processo de reforma política e moral que o país reclama. A segunda, foi o desencanto com o meu partido, o PMDB, por assumir a posição de não lançar candidatura própria à presidência da República e nem apoiar, oficialmente, nenhum candidato para negociar, em nome da “governabilidade”, sustentação parlamentar com o presidente escolhido nas urnas. Já demonstrei em minha longa vida pública que enfrento as lutas, que não as temo, desde que estejam fundadas em causas e bandeiras que tornem possível a realização de melhorias reais para o povo fluminense e carioca. Tenho a clara convicção de que, nos dias atuais, o Poder Legislativo tornou-se um apêndice do Executivo, responsável por definir e pautar a agenda política nacional. Não me encanta o prestigio do mandato e sim o fato dele ser um instrumento para realizar o interesse público. Quando isso não é possível, procuro, sem ele, outras formas de participação. Eu já tive experiências de continuar a luta sem exercer cargos eletivos e os resultados foram positivos. A legislatura que se encerra me obrigou a conviver com os piores momentos da vida parlamentar brasileira. Pouco se realizou e quase nada se avançou nas reformas que poderiam criar condições para a geração de mais empregos e renda. O trabalho parlamentar foi perdendo fôlego, consistência e autoridade na avalanche de denúncias que apontavam para a degradação das práticas republicanas, para o esgarçamento moral dos agentes públicos em suas relações com o erário. Tem sido só um sentimento de orgulho pessoal não ter o nome envolvido nos escândalos já que o plenário da Casa, ignorando evidências, deu cobertura e justificativa política aos desvios de comportamento investigados. Estou convencido que a instituição não terá no próximo período de trabalho energia e vitalidade para promover as mudanças necessárias. Elas virão, democraticamente, como conseqüência de pressões e iniciativas que surgirão da sociedade. Sem as limitações corporativas do mandato, pretendendo continuar dando minha colaboração para realizar o objetivo de vivermos num país justo e respeitador das leis. Continuo acreditando que a democracia como forma de vida é o melhor ambiente para o nosso povo alcançar padrões dignos de vida e proteger a sua família da miséria política, econômica e social. Agradeço antecipadamente o apoio dado a essa decisão. Continuo a sua disposição. Conte comigo. Abraços, W. Moreira Franco

SONS OF A BUSH

LÍDERES DO G-8, Google
Os microfones indiscretos sempre foram um grande problema para os políticos. Muitos desses microfones já contribuíram para combater a corrupção. Outros revelaram perfis impensáveis, como foi o caso, em 94, do Ministro Ricúpero, que aparentava ser beato e deixou escapar esquemas eleitorais nada santos. Os microfones indiscretos de São Petersburgo, no último fim de semana, durante os encontros do G-8 e seus convidados, revelaram coisas bem pensáveis – mas nada desejáveis. Quando você fica sabendo de palavrões na conversa entre um Bush e um Tony Blair, você pode até pensar que tem o seu lado positivo, de descontração. E é verdade que descontração é bom – mas não é o principal dessas gravações de Bush. O Presidente da mais poderosa nação do mundo fala grosseiramente, aos palavrões, com displicência – exatamente o que não esperamos de quem discute o presente e o futuro da humanidade. Bush diz para Tony Blair que o Hizbollah está fazendo merda no Oriente Médio. Depois de festejar a união de todos, Bush revela a Blair que está achando Koffi Anan, Secretário Geral da Organização das Nações Unidas, estranho por propor pura e simplesmente um cessar fogo entre Israel e o Hizbollah. Para assessores, reclama que os outros chefes de estado falam muito. Para o primeiro ministros chinês, além de demonstrar baixo conhecimento de geografia (impressionado com o tamanho da Rússia), diz que está louco pra ir embora. Isso tudo regado a gargalhadas ou bocejos de enfado. Nós certamente não podemos esperar que esses senhores todo-poderosos sejam perfeitos. Mas exigimos que eles não banalizem a humanidade. Leia mais sobre o palavreado de Bush no The New York Times. Clique para ler a transcrição de parte feita pelo The Independent, da Inglaterra.

segunda-feira, 17 de julho de 2006

Moreira Franco: sai o candidato, fica a lei

O que causou impacto hoje no meio político do Rio de Janeiro foi a notícia publicada na coluna Panorama Político (Ilimar Franco) de O Globo sobre a desistência de Moreira Franco à re-eleição de Deputado Federal. Moreira alega que os escândalos ultrapassaram todos os limites e que “os eleitores cobram mudanças que ele não acredita que irão ocorrer”. Há mais de duas semanas ele estava se preparando para essa decisão. E obviamente ninguém acreditará que esses são os motivos reais, apesar de insistir com veemência. Moreira Franco não é marinheiro de primeira viagem. Já foi Deputado várias vezes. Foi Prefeito de Niterói e foi Governador do Estado do Rio de Janeiro, quando derrotou Darcy Ribeiro, o candidato do até então imbatível Leonel Brizola. É presidente da Fundação Ulisses Guimarães, do PMDB, e por ironia foi o relator da lei 11.300, conhecida como mini-reforma eleitoral e que está azucrinando a vida dos candidatos do país inteiro. As razões reais podem não ser as que ele alega, e os boatos já estão na rua. Uns dizem que ele poderia ocupar cargos em Brasília. Outros especulam que Garotinho, por vingança, entrou pesado com a candidatura de Pudim nas áreas prioritárias de Moreira (seria a segunda baixa feita por Pudim Garotinho – a outra teria sido a candidatura de Luiz Rogério Magalhães). Há também a hipótese de Moreira ser o coordenador de Programa de Governo de Lula. Perguntado diretamente sobre o que faria politicamente daqui pra frente, Moreira responde que, aos 62 anos, não precisa mais ter esse tipo de preocupação. A verdade é que Moreira estava em plena campanha, montando equipe, iniciando sua estrutura, tirando fotos, vendo material de campanha, correndo o Estado inteiro atrás de votos. Não desistiria sem um bom motivo. Ficam duas perguntas: 1) quem herdará os votos de Moreira - será o genro Rodrigo Maia? 2) será que, agora que o relator saiu, não dá para anular a lei 11.300...? PS: O ainda Deputado Federal Moreira Franco encaminhou uma carta onde dá suas razões para a desistência da candidatura, que são duas: 1ª) "a constatação de que a Câmara dos Deputados, afundada no descrédito e na inoperância, mesmo renovada, não terá condições de liderar o processo de reforma política e moral que o país reclama"; 2ª) o desencanto com o meu partido, o PMDB, por assumir a posição de não lançar candidatura própria à presidência da República, nem apoiar, oficialmente, nenhum candidato para negociar, em nome da 'governabilidade', sustentação com o presidente escolhido nas urnas". A carta será publicada na íntegra.

Cadê a eleição?

Em São Paulo, é muito comum as pessoas quinzenalmente sentirem (sem conseguir explicar “por que” nem o “que”) que algo está diferente na cidade. Eu mesmo demorei muito a entender a razão – são os outdoors, que mudam periodicamente e dão outra roupagem a algumas cidades. Quando começa a campanha política, é a mesma coisa. A população (e também os candidatos) entra no clima eleitoral através dos outdoors, dos adesivos, das faixas, das praguinhas (adesivos de roupa), das camisetas, dos bonés, dos panfletos, dos showmícios, etc. Este ano, quase nada disso está sendo permitido. Nem mesmo praguinha em camisa do próprio candidato!!! (Luiz Fernando Pezão, candidato a vice-Governador no Rio de Janeiro, conta que, em uma caminhada na semana passada, tinha fiscal do TRE tirando fotos da camisa dele!!!) Nas cidades menores e nas casas de áreas periféricas das grandes cidades, as placas ainda compensam um pouco, dão um certo clima. E é verdade que quando começar o horário gratuito no Rádio e na TV as campanhas vão esquentar um pouco. Mas é uma pena um clima eleitoral tão frio. A tão desejada renovação política fica prejudicada, o eleitor fica menos informado e menos motivado. É importante coibir excesso – mas isso pode ser feito sem destruir a grande festa da democracia.

domingo, 16 de julho de 2006

Bush x Putin: a volta da Guerra Fria?

Stalin e Roosevelt, Google Logo após a Segunda Guerra, o mundo inteiro esperava viver em paz – sonho que logo passou a beirar um pesadelo. As duas grandes potências que se destacaram após a Guerra, Estados Unidos e a antiga União Soviética, iniciaram antagonismos que sempre levavam a ameaça de destruição total do planeta. Com o fim da União Soviética, em 88, a Guerra Fria acabou. Mas calcula-se que, nos 40 anos em que durou, consumiu cerca de 17 trilhões de dólares em gastos militares! (cálculos da organização independente Watchworld) Com a recuperação econômica da Rússia e sua escalada na produção de armas, as ameaças de confronto começam a voltar à cena. Esse encontro entre Bush e Putin é um pequeno exemplo. O grande acordo que se esperava, que colocaria a Rússia dentro da OMC (Organização Mundial do Comércio), não pôde ser fechado por causa de pequenos pretextos em torno do comércio de alimentos e de propriedade intelectual. O encontro chegou a ter momentos cômicos, quando Bush insinuou para Putin o modelo de democracia que foi imposto ao Iraque. “Não é a democracia que queremos para nós”, disse Putin. O desacordo prejudicou ambos. A Rússia contava com o acordo para anunciar seus parceiros internacionais no desenvolvimento do campo de gás natural de Shtokman (o maior já encontrado). Entre as empresas listadas estão a Chevron e ConocolPhillips, dos Estados Unidos. Quem certamente está feliz com o desacordo é a China, que se espalha em ritmo acelerado pelo mundo inteiro. Leia mais, clicando no Financial Times, da Inglaterra, The New York Times, dos Estados Unidos, e no El Diario, do México.

Por que Cesar Maia fez carta aberta a Heloisa Helena

Cesar Maia fez uma carta aberta à candidata à presidência pelo PSOL, com muitos paparicos e alguns conselhos sobre TV. Cesar Maia está certo quando paparica Heloisa Helena. Com os altos números de Lula e o desempenho ainda fraco de seu candidato Alckmin, em uma eleição bastante polarizada, só resta tentar inflar a candidatura psolista. Dificilmente Heloisa Helena crescerá em cima do eleitorado lulista, que tem um perfil bem diferente do eleitorado que se encanta com a senadora alagoana. Lula conquistou o povão, que é a grande maioria do eleitorado brasileiro. Heloisa Helena conta com os eleitores desiludidos com o PT, com a esquerda xiita, os conservadores de classe média. Seus eleitores são principalmente jovens, de nível escolar superior, alta renda e residente no... Sudeste. A sua região, Nordeste, é onde é mais fraca. Mais facilmente ela divide eleitorado com Alckmin, mas não tem nem força nem estratégia para avançar na candidatura tucana. Além de tentar evitar o voto útil do seu eleitorado a favor de Alckmin, só resta a Heloisa Helena – e é nisso que pensa Cesar Maia – tentar conquistar os corações dos votos brancos, nulos e principalmente indecisos. Nesse cenário (todos os outros candidatos parados e Heloisa Helena conquistando indecisos) seria possível pensar em 2º turno. Lula venceria o 1º turno, mas não alcançaria os 50% + 1 votos necessários para evitar o 2º turno. É uma tarefa difícil para a candidata. E os conselhos de Cesar Maia para que ela tenha uma postura menos arrogante na TV visam ampliar o eleitorado ainda reticente. O que é engraçado nisso tudo é ver Cesar Maia dando conselhos sobre posturas na TV. Apesar de conhecer marketing político, ele sempre teve dificuldades com a própria imagem.

sábado, 15 de julho de 2006

É uma vergonha para todo o país a violência de São Paulo. Vergonha pela violência em si, vergonha pela eleitoralização dos acontecimentos. É preciso ficar bem claro que o problema é político, sim. As administrações do PSDB-PFL em São Paulo são diretamente responsáveis pela fracassada política de segurança pública que desenvolveram. (Falo do PSDB e do PFL da mesma forma que falaria do PT, do PMDB, do PPS, PDT, PSB, PCdoB, PV, PTB, PL, PP ou qualquer outro partido. Mas o PCC nasceu e cresceu sob a administração PSDB-PFL. Leia a respeito o Blog do Noblat de ontem.) Os governos federais também têm (grande) parcela de culpa, principalmente o governo Fernando Henrique. Ficaram devendo mais investimento em uma política de segurança inteligente, preventiva, eficiente, capaz de trazer mais paz para todos nós. O que se vê pelas ruas das grandes cidades não perdoa nenhum governo, nem perdoa os congressistas. Como se toda essa desgraça não bastasse, os políticos perderam o senso na disputa pelo poder eleitoral. Quero destacar as barbaridades da oposição, desesperada, pisando até no pescoço da mãe para recuperar o poder. Associar a explosão da violência a uma armação partidária é de extrema irresponsabilidade e não ajuda em nada o processo democrático. E quando o prefeito da segunda maior cidade do país, Cesar Maia, chama o presidente da república de moleque, é o caso de voltar a perguntar “que país é este?” O mínimo que se exige é respeito ao cidadão.

Bush e Putin fazem acordo em energia nuclear, mas não fazem acordo sobre OMC. Enquanto isso presidente da Petrobrás ataca G-8.

Antes de começar a reunião do G-8, os dois grandes fabricantes de armas fizeram acordo sobre segurança nuclear. Significaria criar uma rede de centros de enriquecimento de urânio, sob controle da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), que facilite acesso “estável e confiável” desse tipo de energia a todos os países; ao mesmo tempo, “reduziria a ameaça de proliferação nuclear”. Em outras palavras, “crianças, esqueçam isso que a brincadeira – e o lucro – é nossa”. (Clique aqui para ler reportagem em "El País", da Espanha) Apesar desse acordo, Putin não conseguiu ainda que Bush deixasse a Rússia entrar na OMC (Organização Mundial do Comércio). Uma das cláusulas da OMC exige que o país, antes, tem que ter acordos bilaterais com seus membros – e Rússia e Estados Unidos não estão fechando acordos... Enquanto os grandes tentam se entender, o presidente da Petrobrás, José Gabrielli, ganha destaque no Financial Times por criticar o G-8. Gabrielli, reverenciado por ser presidente da importante Petrobrás, critica o G-8 por falhar na política de segurança para a energia do mundo e pela falta de investimento na busca de novas fontes de energia, como o biodiesel. (Clique aqui para ler reportagem no "Financial Times", da Inglaterra)

Procuradora no Paraná adverte: planfletar é atividade insalubre e perigosa

Uma panfletagem em São Pedro marcou a convocação de novos jovens para participar do programa. Foto: Carlos Antolini Segundo reportagem publicada na Folha, “a procuradora do Trabalho Margaret Santos de Carvalho entrou nesta semana com uma ação civil pública no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) pleiteando a proibição da contratação de meninos e meninas para propaganda dos candidatos” porque considera a panfletagem “atividade insalubre e perigosa”. A procuradora, aparentemente, não esclareceu se os perigos da atividade atingem também os adultos, os políticos em geral e, principalmente, se atingem os eleitores. Reportagem completa, para assinantes, aqui.

Para desespero de Cesar Maia, PSDB busca apoio de Chávez. Em Roraima.

Cesar Maia, prefeito do Rio, blogueiro e uns dos marqueteiros de candidatos do PFL, PPS e PSDB, vive atacando a proximidade entre Lula e Chávez. Para ele, seria uma aliança populista nefasta ao Brasil. Mas quem realmente se aproximou de Chávez foi o candidato do PSDB ao governo de Roraima, Ottomar Pinto. Na busca de votos para sua reeleição, foi à Venezuela conversar com Chávez, tentando negociar gasolina mais barata para o estado. Se for importada da Venezuela, a gasolina poderá sair por R$ 1,70 o litro em Roraima. Chávez prometeu 200 milhões de litros de combustível... Assinantes, cliquem aqui para ler reportagem da Folha.

sexta-feira, 14 de julho de 2006

ATENÇÃO: NÚMEROS FINAIS DO VOX POPULI.

A revista Carta Capital acaba de publicar os números da nova pesquisa para presidente (clique aqui para ver o gráfico). Lula oscilou para baixo, Heloisa Helena oscilou para cima e o resto continua igual. Lula tem 51,21% dos votos válidos, vencendo no 1ºturno. A revista aponta para o risco de 2º turno, por causa da margem de erro e por causa da ligeira subida de Heloisa Helena. Mas não é tão simples. Heloisa Helena já deve ter tirado o que podia dos votos “classe média” de Lula. Precisaria crescer em cima de Alckmin e, principalmente, em cima dos brancos, nulos e indecisos. Ainda assim, é difícil. Além disso, a margem de erro também pode ser na outra direção, aumentando a diferença pró-Lula.

Guerra e petróleo, tudo a ver

Todo mundo já sabe: o Oriente Médio pega em armas, o preço do petróleo sobe; se o Irã ameaça fazer a sua bomba, idem. se os coreanos lançam míssil, idem, idem; se Bush invade um país, pior ainda. Antes, achávamos que a guerra só interessava à indústria armamentista, mas agora os produtores de petróleo também devem pular de alegria com o tiroteio generalizado. E é verdade que até no Brasil muita gente tem seus ganhos indiretos. O Estado Rio, por exemplo, negociou sua dívida com royalties do petróleo quando ele estava cotado a 18 dólares o Barril; hoje está a 80 dólares – ganho para o Estado. Os nossos concorrentes em construção naval, Coréia e Singapura (que produzem 3 vezes mais rapidamente do que nós) estão com encomendas até 2012 – logo, várias encomendas começam a vir pra cá, inclusive superpetroleiros. E a Petrobrás não pára subir no ranking das maiores empresas do mundo. Mas que ninguém se iluda: as perdas com as guerras são maiores que os ganhos.

Imprensa de Havana compara o Plano Bush para Cuba ao "Mein Kampf" (Minha Luta) de Hitler.

Bush lançou recentemente um plano de ajuda a Cuba... desde que Fidel saia fora. É uma grande provocação, sem dúvida, ao mesmo tempo que é, acima de tudo, um afago no eleitorado americano composto por cubanos que vivem nos Estados Unidos. O presidente do Parlamento cubano, Ricardo Alarcón, reagiu dizendo que essa proposta de “subjugar uma nação” anunciada publicamente só encontra semelhanças na história com o “Mein Kampf” de Hitler. Leia reportagem em “El País”, da Espanha, clicando aqui.

Bush dá mais um passo para tentar isolar a China

Bush está a caminho de São Petersburgo, na Rússia, para o encontro do G8 – o encontro das principais economias ocidentais mais a Rússia. E Bush pretende exatamente lutar para que a Rússia deixe de ser um estranho no ninho ocidental. Tenta ocidentalizá-la a qualquer custo. Há 5 anos, quando se encontraram pela primeira vez, Bush disse que “olhou Putin nos olhos e pôde compreender sua alma”. Agora ele tem a chance de provar que estava certo. Busca entendimentos sobre a questão atômica da Coréia do Norte e do Irã, sobre os conflitos do Oriente Médio e sobre livre comércio. Pauta que exige muita paciência nas negociações – coisa que Putin, ex-agente da KGB, parece ter. E parece que Bush também pretende ter, porque tudo vale a pena na luta contra a ameaça maior, a China. Leitores cadastrados podem ler mais aqui, no The New York Times.

Confusão na divulgação da pesquisa Vox Populi

Alguns jornais se anteciparam na divulgação da pesquisa Vox Populi que deverá ser pubicada na íntegra pela Carta Capital e se atrapalharam. Segundo o Globo, Lula teria caído 3 pontos com relação à pesquisa anterior. Mas, coincidentemente, o total da pesquisa passou para 103%! Folha e Globo falam que Alckmin continua com 32%, o Vox Populi diz que na pesquisa anterior ele tinha 31%. A Folha não divulga brancos, nulos, indecisos e outros candidatos. E continuamos sem saber para onde teriam ido os 3% que Lula teria perdido. Assinantes, cliquem aqui para ler a confusão no Globo e aqui para ler a matéria na Folha.

quinta-feira, 13 de julho de 2006

Sul-coreanos vão à rua contra acordo americano

O xadrez asiático está cada vez mais delicado. Míssil norte-coreano, endurecimento japonês, apoio americano à política nuclear indiana. Por trás de tudo está o crescimento chinês. Os americanos reagem com propostas de novos acordos comerciais. Mas o povo da Ásia dificilmente vai ver os negócios americanos com bons olhos, por mais que também tema o crescimento chinês. Mais de 30 mil pessoas (na maioria, do campo) enfrentaram 24 mil soldados, em Seul, protestando contra o acordo de livre comércio que os Estados Unidos tentam estabelecer no momento. O acordo permitiria um aumento de 19 bilhões de dólares nas exportações americanas e 10 bilhões de dólares nas vendas sul-coreanas para os Estados Unidos. Os opositores dizem que, na verdade, trata-se de uma tentativa de transformar a Coréia do Sul em colônia americana. Aguardam-se novos movimentos das peças.

SÃO PAULO NÃO CONSEGUE PARAR (II)

Foto Folha 8 mortes, 30 ônibus incendiados, 80 ataques. Quando é que São Paulo vai parar? Os governos devem se unir, os candidatos também, a população precisa se mobilizar. A política de segurança está completamente errada. É preciso urgente uma intervenção da inteligência.

Está faltando gás... no Chile

A oposição brasileira parece que desistiu de atacar a questão do gás aqui no Brasil. A decisão de Evo Morales de rever os contratos com a Petrobrás sobre a importação do gás boliviano tem importância negativa para nós, claro. Mas não é tão grave quanto se andou dizendo. A situação ficou mais grave para o Chile, dependente do gás para se desenvolver e que, como nós, se enganou com um contrato antigo (entre Frei e Menem) que parecia bom. A Argentina compra gás boliviano e revende boa parte para Brasil, Uruguai e Chile. Como os bolivianos aumentaram (mais ou menos 50%) o preço para a Argentina, o governo Kirchner resolveu poupar o consumidor interno e repassar o aumento para o consumidor externo. Um baque na economia chilena. E uma nova fonte de tensão entre Chile e Argentina.

Eurotúnel está afundando… em dívidas!

Eurotúnel O Brasil inteiro vive a crise da Varig, com seus vôos cancelados, leilão atrás de leilão, briga na justiça, trabalhadores preocupados com seus empregos. É uma angústia que se arrasta há anos, com uma dívida de valores astronômicos. Mas parece que os franceses têm um problema que voa mais alto: a dívida do Eurotúnel, que atinge a 9 bilhões de euros! É difícil imaginar um túnel com dívida tão alta. Espera-se que ninguém perca o vôo por causa disso...

quarta-feira, 12 de julho de 2006

SÃO PAULO NÃO CONSEGUE PARAR!

AGORA JÁ SÃO 7 MORTES! E SÃO 15 ÔNIBUS QUEIMADOS!

Alô, mulheres, preciso do seu voto!

Edson Vidigal, ex-Presidente do STJ e candidato a Governador no Maranhão, passou grande parte do seu discurso na convenção do PSB agradando as mulheres. Citou até mesmo o Talmud: “o livro básico do humanismo da nossa cultura judaico-cristã ensina também que quando um homem ofende uma mulher e a faz chorar, Deus fica ao lado da mulher, contando uma a uma as suas lágrimas”. Obviamente não era um discurso gratuito – apenas tentava conquistar um eleitorado que cresce cada vez mais. De acordo com as últimas notícias do TSE, as mulheres dispararam na maioria do eleitorado. Em 2002, eram 58.604.571. Agora são 64.882.283 – quase 6 milhões e 300 mil a mais! Em 2002, eram 50,85% do eleitorado. Agora são 51,53%, e os homens caíram para 48,33% (O total só não dá 100% porque 177.633 eleitores – 0,14% – não declararam o sexo, o que é absolutamente inexplicável). Pelo jeito, ser candidato breve será sinônimo de feminista...

São Paulo: o pavor continua

Foto do Estadão Foram 15 novos ataques nesta madrugada. Com 4 mortes, segundo a Folha Online. O Bom Dia Brasil falou em mais um ataque com uma quinta morte. A CBN, às 10,07h, falou em 38 ataques e 6 mortes. E não estamos falando do Iraque, é São Paulo mesmo. Isso apesar do Governador Claudio Lembo ter declarado, ainda ontem, que o PCC não manda mais nos presídios. (Pode ser, mas parece que ele continua mandando nas ruas de São Paulo, a partir dos presídios) Alckmin também tenta encobrir as falhas grotescas na política de segurança paulista com números que não dizem nada. Declara que o número de fugas em presídios paulista está no mesmo nível europeu!!! Elio Gaspari, com o espírito de Bussunda no corpo, retruca no seu texto de hoje: “Fala sério...”

Lula X Alckmin... no Financial Times

O tempo e o poder mudam as pessoas. Comparando as entrevistas de Lula e Alckmin publicadas dia 11 no Financial Times (jornal inglês) a gente percebe essa diferença. O ex-metalúrgico que veio do Nordeste fala como um estadista. Alckmin faz campanha eleitoral. O jornal aparenta mais entusiasmo com a entrevista de Lula, inclusive dando o título de “Por que Lula se afastará do caminho populista”. Os temas principais são as negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio) e as novas realidades políticas da América do Sul. Na outra entrevista, Alckmin é freqüentemente encostado contra a parede. Fala do que pretende mudar, mas cai em contradição. Diz que um segundo mandato de Lula seria ainda pior, porque o PT estará ainda mais fraco. E declara em seguida que o primeiro a ser feito, no caso de sua vitória, será uma reforma política para garantir governabilidade. Entrevista com Lula e entrevista com Alckmin: é ler para crer.

Pela primeira vez, PIB maior que a inflação

Reportagem de hoje no Jornal do Commercio: O ministro Guido Mantega, da Fazenda, previu que, pela primeira vez na história do país, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) será maior que a taxa anual de inflação. O ministro estimou expansão da economia entre 4% e 4,5% neste ano; de 4,75% a 5%, em 2007; e de 5,5%, em 2008. Mantega disse que o país vive "círculo virtuoso", no qual indústria, investimento, produtividade e nível de emprego crescem em seqüência, garantindo expansão sustentada. "O balanço que se faz é que temos uma combinação inédita. A inflação está num dos patamares mais baixos da história brasileira no momento em que a economia está crescendo", afirmou. O ministro não citou percentuais de inflação. O Banco Central projeta 3,8% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e espera crescimento de 4% no PIB este ano.

terça-feira, 11 de julho de 2006

Heloisa Helena começa a se posicionar melhor

Heloisa Helena esse tempo todo estava se posicionando como anti-Lula. Erro brutal. Como anti-Lula, Alckmin é mais forte e está engolindo os outros anti-Lulas. Se ela tem o objetivo de aumentar a sua participação e, quem sabe, sonhar com as negociações de um possível (embora remoto) segundo turno, ela tem que saber mirar Alckmin também - como fez agora em Cuiabá. Por mais que ela seja nordestina, o seu eleitorado não é igual ao de Lula. O eleitor dela é de classe média e conservador, com altas chances de partir para o voto útil. Ou seja, com fortes tendências a migrar para Alckmin – sem abalar Lula.

ATENÇÃO: PESQUISA CNT/SENSUS MOSTRA QUE LULA OSCILA PARA CIMA

Os analistas de pesquisas da grande imprensa têm que ter mais atenção nos números. Vejo a chamada do Plantão Globo (12,38h) sobre a nova pesquisa CNT/Sensus dizendo que “vantagem sobre Alckmin cai”. É uma afirmação no mínimo imprecisa. É importante entender que a eleição está polarizada entre Lula e os outros candidatos. E essa diferença aumentou a favor de Lula. Vejam: em maio, na mesma CNT/Sensus, Lula tinha 42, 7% e a soma de todos os outros candidatos era 33,7%. Diferença: 9,0%. Agora Lula tem 44,1% e a soma dos outros candidatos é 34,7%. Diferença: 9,4%.Entenderam o que isso quer dizer? Lula tem ligeiro crescimento e Alckmin só consegue crescer em cima de seus “aliados”. Sem partidarismo, não adianta inventar. (Até o Cesar Maia parece que começa a entender...) Os números são claros.

NAS ONDAS DA RÁDIO GLOBO

A partir de amanhã, dia 12 de julho, estarei toda quarta-feira, às 14,20h, por 10 minutos, falando sobre Eleições, dentro do programa "Amigas Invisíveis". Rádio Globo AM 1220.

A Coréia do Sul não fala a mesma língua do Japão

Os americanos bem que tentaram reação a uma só voz ao míssil norte-coreano, mas não conseguiram. (Nas artes marciais é a mesma coisa: o tae kwon dô coreano tem o mesmo tae do te do karate dô japonês, mas as lutas são diferentes.) Os japoneses falaram alto, no mesmo tom americano, mas os sul-coreanos, para decepção geral, mudaram o tom. E até acusaram os japoneses de exagerados. Disseram, conforme reportagem de Norimitsu Onishi, no The York Times de hoje, que "reações exageradas só servem para aumentar a tensão". Por trás de tudo isso, além das afinidades naturais de um povo único, estão os interesses comerciais (Hoje, depois da China, a Coréia do Sul é o maior parceiro comercial da Coréia do Norte). E também a conclusão óbvia de que não é necessário míssil de longo alcance para explodir a guerra entre eles.

O Nordeste é aqui.

Em meio a grandes dificuldades nas pesquisas, o candidato Geraldo Alckmin embarcou para a Europa. Hoje às 16 horas, em Bruxelas, na Bélgica, ele tem encontro com José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Européia. O que será que ele pretende com isso? Provar que tem nível de Presidente, que poderia ser um estadista? Que sabe falar “belga”? Ou será que ele tomou o rumo do Nordeste e não conseguiu parar, passou direto? Volta, Alckmin, o povão que você precisa conquistar sobrevive aqui. Se fosse o Lula, em sua primeira campanha, uma viagem dessas seria de grande proveito. Um ex-metalúrgico, sim, precisaria provar que tem condições de dialogar com altos mandatários. Para Alckmin, fazer campanha na Europa pode ter seu valor, mas reforça ainda mais a imagem de que é o candidato dos ricos, dos poderosos – exatamente o que ele precisa evitar. Já vi casos semelhantes. Em 98, o Prefeito Cesar Maia ensinava em seminários que “eleição é como lavoura – semeia-se no corpo-a-corpo e irriga-se na TV; corpo-a-corpo é fundamental, é insubstituível”. Mas nos primeiros dias de sua campanha para Governador do Rio, apesar de posar com o uniforme de corpo-a-corpo (jaqueta Lacoste e sapato novaiorquino), Cesar embarcou para a Europa (como Alckmin), enquanto o seu adversário Garotinho embarcava em um trem da Central e começava a conquistar definitivamente os votos do povão. Como as pesquisas qualitativas respondiam? Que Cesar era o candidato da Zona Sul, dos ricos, enquanto Garotinho era o candidato dos pobres. Para conquistar corações e mentes do povão, não basta trocar o nome de “Alckmin” para “Geraldo”. É preciso fazer corpo-a-corpo com o povo pobre. Tomar pinga, jogar conversa fora, sentir na pele o que é pobreza, suar de verdade – sem ter que tomar banho de perfume francês logo depois.

Os apelos de Cesar Maia ao PFL e ao PSDB foram ouvidos... pelo PT e pelo PMDB

Cesar Maia passou o primeiro semestre inteiro falando da Concertación chilena. Queria que esse fosse o modelo adotado na aliança do PFL com o PSDB. Segundo ele, não seria necessário o PFL participar da aliança formalmente, com o cargo de Vice. Com o compromisso da Concertación, os partidos ficariam livres para concorrer independentes nos estados e, no caso de vitória de Alckmin, governariam juntos. Claro que o PSDB não aceitou. Precisava do tempo do PFL no Rádio e na TV e precisava do apoio nos estados. PT e PMDB gostaram da idéia e estão se preparando para implantar a Concertación logo após a os resultados das eleições. Se tudo der certo, será criada uma união de legendas não apenas para ganhar uns ministérios e garantir a governabilidade do próximo mandato. Esse bloco, a exemplo da coalizão de centro-esquerda chilena “Concertação de Partidos pela Democracia”, governaria de fato como um único partido. Tem tudo para dar certo. A coalizão de centro-direita proposta por Cesar Maia certamente terá que esperar. (Leia mais na reportagem de Malu Delgado da Folha de São Paulo de hoje. Assinantes podem clicar aqui.)

O AMOR É LINDO... E RELATIVO

Segundo reportagem distribuída pela Agência Estado, "Einstein teria tido dez amantes, além das duas mulheres com quem se casou". A reportagem fala de uma nova amante, até agora desconhecida. Era o que faltava para comprovar definitivamente a Teoria da Relatividade.

segunda-feira, 10 de julho de 2006

Presidente da FIFA pretende piorar as Copas

Esta foi a segunda pior Copa do Mundo em média de gols por partida, com 2,31 gols. A pior foi a de 1990, com 2,21. A causa disso é o domínio do chamado “futebol-força” (ou passing game) que ganhou força a partir do final da década de 60. Essa opção pela força, contra o "futebol-arte" (dribbling game), está muito associado ao material esportivo (que privilegiou o mercado europeu): bolas cada mais leves e rápidas permitiram que qualquer chutão virasse ameaça de gol. Isso levou aos sistemas super defensivos e seus jogadores super atletas. Com equipamentos inadequados e ferrolhos na defesa, os gols abandonaram os campos de futebol. Para tentar recuperar os gols, o presidente da FIFA acaba de ter a “brilhante” idéia de aumentar o tamanho das traves! É um desconhecimento completo da prática de futebol. O Globo de hoje, com muita ironia, até faz matéria sobre futebol de botão, onde as traves não aumentaram e os gols continuam. Se essa idéia do presidente Blatter for à frente, aqueles atletas do futebol americano que só entram em campo para dar chutão passarão a valer ouro na próxima Copa.

domingo, 9 de julho de 2006

Pinochet e Cesar Maia disputam o humor do dia.

No mesmo dia em que foi acusado por seu fiel chefe da polícia secreta de ter ficado milionário processando e vendendo cocaína, Pinochet declarou que precisou vender “condecoraciones” para sobreviver. No mesmo dia em que aportou seu site “Pero Vaz” na Croácia, Cesar Maia enviou o seguinte texto por e-mail: “Jovens amigos inventaram o blog que chamaram de Pero Vaz de Caminha para criticar o Cabral - candidato a governador. (...) Este ex-blog foi informado. Entrou e avaliou e achou sensacional. Em seguida divulgou o mesmo, lastreando, de forma a dar audiência ao blog de jovens que nem conhecia...” Quem leva a taça?

A Coréia do Norte não pode. E a Índia, pode?

Míssil Segundo a imprensa internacional, a Índia aproveitou os testes da Coréia do Norte para também lançar o seu míssil de longo alcance. O míssil teria capacidade para transportar cabeças nucleares de até 1 tonelada e teria alcance de 3.500 quilômetros. A distância entre Índia e Japão é em torno de 6.000 quilômetros. Mas a China seria facilmente atingida. É verdade que o teste teve problemas e o míssil só chegou a uns 1.500 quilômetros. De qualquer maneira, fica a pergunta: e agora? Todo mundo protestou contra os testes norte-coreanos. E agora, Joseph?

Saem os “Novos Ricos”, surgem os “Novos Classe Média”.

Os mais pobres avançamO Globo de hoje publica em primeira página reportagem sobre a ascensão de mais 7 milhões de pessoas à condição de “classe média”. São os “Novos Classes Médias”. Surgidos em decorrência de carteira de trabalho assinada, recuperação do salário e oferta de crédito. É a política econômica “estilo Casas Bahia” (leia-se Bolsa-Família) que está dando certo. Mais condições para os mais pobres participarem do mercado de consumo. Um dos gráficos publicados que mostra o avanço da renda dos menos favorecidos vale mais que qualquer análise de pesquisa feita pelo Cesar Maia. Deveria fazer parte de qualquer ibope para explicar a popularidade de Lula. Assinantes que querem maiores detalhes, leiam reportagem em O Globo (http://oglobo.globo.com/jornal/economia/284796091.asp ) e a pesquisa sobre o mesmo assunto publicada hoje na Folha de São Paulo e que deixou Cesar Maia indignado: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0907200602.htm