Os microfones indiscretos sempre foram um grande problema para os políticos. Muitos desses microfones já contribuíram para combater a corrupção. Outros revelaram perfis impensáveis, como foi o caso, em 94, do Ministro Ricúpero, que aparentava ser beato e deixou escapar esquemas eleitorais nada santos. Os microfones indiscretos de São Petersburgo, no último fim de semana, durante os encontros do G-8 e seus convidados, revelaram coisas bem pensáveis – mas nada desejáveis. Quando você fica sabendo de palavrões na conversa entre um Bush e um Tony Blair, você pode até pensar que tem o seu lado positivo, de descontração. E é verdade que descontração é bom – mas não é o principal dessas gravações de Bush. O Presidente da mais poderosa nação do mundo fala grosseiramente, aos palavrões, com displicência – exatamente o que não esperamos de quem discute o presente e o futuro da humanidade. Bush diz para Tony Blair que o Hizbollah está fazendo merda no Oriente Médio. Depois de festejar a união de todos, Bush revela a Blair que está achando Koffi Anan, Secretário Geral da Organização das Nações Unidas, estranho por propor pura e simplesmente um cessar fogo entre Israel e o Hizbollah. Para assessores, reclama que os outros chefes de estado falam muito. Para o primeiro ministros chinês, além de demonstrar baixo conhecimento de geografia (impressionado com o tamanho da Rússia), diz que está louco pra ir embora. Isso tudo regado a gargalhadas ou bocejos de enfado. Nós certamente não podemos esperar que esses senhores todo-poderosos sejam perfeitos. Mas exigimos que eles não banalizem a humanidade. Leia mais sobre o palavreado de Bush no The New York Times. Clique para ler a transcrição de parte feita pelo The Independent, da Inglaterra.