segunda-feira, 17 de julho de 2006

Moreira Franco: sai o candidato, fica a lei

O que causou impacto hoje no meio político do Rio de Janeiro foi a notícia publicada na coluna Panorama Político (Ilimar Franco) de O Globo sobre a desistência de Moreira Franco à re-eleição de Deputado Federal. Moreira alega que os escândalos ultrapassaram todos os limites e que “os eleitores cobram mudanças que ele não acredita que irão ocorrer”. Há mais de duas semanas ele estava se preparando para essa decisão. E obviamente ninguém acreditará que esses são os motivos reais, apesar de insistir com veemência. Moreira Franco não é marinheiro de primeira viagem. Já foi Deputado várias vezes. Foi Prefeito de Niterói e foi Governador do Estado do Rio de Janeiro, quando derrotou Darcy Ribeiro, o candidato do até então imbatível Leonel Brizola. É presidente da Fundação Ulisses Guimarães, do PMDB, e por ironia foi o relator da lei 11.300, conhecida como mini-reforma eleitoral e que está azucrinando a vida dos candidatos do país inteiro. As razões reais podem não ser as que ele alega, e os boatos já estão na rua. Uns dizem que ele poderia ocupar cargos em Brasília. Outros especulam que Garotinho, por vingança, entrou pesado com a candidatura de Pudim nas áreas prioritárias de Moreira (seria a segunda baixa feita por Pudim Garotinho – a outra teria sido a candidatura de Luiz Rogério Magalhães). Há também a hipótese de Moreira ser o coordenador de Programa de Governo de Lula. Perguntado diretamente sobre o que faria politicamente daqui pra frente, Moreira responde que, aos 62 anos, não precisa mais ter esse tipo de preocupação. A verdade é que Moreira estava em plena campanha, montando equipe, iniciando sua estrutura, tirando fotos, vendo material de campanha, correndo o Estado inteiro atrás de votos. Não desistiria sem um bom motivo. Ficam duas perguntas: 1) quem herdará os votos de Moreira - será o genro Rodrigo Maia? 2) será que, agora que o relator saiu, não dá para anular a lei 11.300...? PS: O ainda Deputado Federal Moreira Franco encaminhou uma carta onde dá suas razões para a desistência da candidatura, que são duas: 1ª) "a constatação de que a Câmara dos Deputados, afundada no descrédito e na inoperância, mesmo renovada, não terá condições de liderar o processo de reforma política e moral que o país reclama"; 2ª) o desencanto com o meu partido, o PMDB, por assumir a posição de não lançar candidatura própria à presidência da República, nem apoiar, oficialmente, nenhum candidato para negociar, em nome da 'governabilidade', sustentação com o presidente escolhido nas urnas". A carta será publicada na íntegra.