segunda-feira, 31 de julho de 2006
Como votar certo?
Tenho participado toda quarta-feira, mais ou menos às 14,30h, dentro do programa “Amigas Invisíveis”, da Rede Globo, de 10 minutos de entrevistas sobre eleições. E uma das perguntas que mais se repetem é: “Como posso saber se um político está ou não está mentindo? Como faço para eleger o Deputado certo?” A primeira resposta que me vem à cabeça é o uso do detetor de mentira, mas acho que não é bem o caso. Acho até que as pessoas, infelizmente, não estão atrás de verdades. Primeiro, porque elas nem sabem o que faz um deputado ou um senador ou um vereador. Segundo, porque elas querem votar em alguém que prometa resolver os seus problemas imediatos, uma calçada, um rede de vôlei, um emprego, um asfalto. As carências são tão grandes que o primeiro que fizer uma boa promessa leva o voto – mesmo que ele não tenha a menor condição de cumprir a promessa. Todo ano é a mesma coisa: as pessoas dizem que querem um político honesto, verdadeiro, e acabam votando na base do “me engana que eu gosto”. Nas eleições deste ano, em função da grande profusão de escândalos, as cobranças por um voto certo parecem ser maiores e estão causando dificuldades aos políticos, honestos ou não. Ontem mesmo, conversei sobre o assunto com o Pastor Manoel Ferreira (fiz a sua primeira campanha política, em 2002, quando ele teve o surpreendente resultado de 1.782.219 votos para Senador no Rio de Janeiro). Ele agora é candidato a Deputado Federal e, em uma panfletagem em Rio das Ostras (RJ), foi cobrado pelo grande número de evangélicos envolvidos nos escândalos recentes. Ele teve grande trabalho para explicar que os políticos não são – nem os evangélicos, nem os católicos, nem os mulçumanos, nem os judeus, etc – todos iguais . Outro dia também assisti o candidato a Presidente pelo PSDC (não tenho certeza) relatando rindo as chacotas que tem que suportar no corpo-a-corpo. É o efeito mensalão/sanguessuga tornando mais espinhosa a vida dos candidatos. Mas não creio que efeito tenha força suficiente para aumentar significativamente o percentual de votos não-válidos – o que é bom. O que é ruim é que o eleitorado certamente continuará elegendo um grande número de parlamentares despreparados e provavelmente mal-intencionados para o cargo. Enquanto não houver maior conscientização da população e não houver reforma política, será mais fácil votar errado.