terça-feira, 11 de julho de 2006
O Nordeste é aqui.
Em meio a grandes dificuldades nas pesquisas, o candidato Geraldo Alckmin embarcou para a Europa. Hoje às 16 horas, em Bruxelas, na Bélgica, ele tem encontro com José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Européia. O que será que ele pretende com isso? Provar que tem nível de Presidente, que poderia ser um estadista? Que sabe falar “belga”? Ou será que ele tomou o rumo do Nordeste e não conseguiu parar, passou direto? Volta, Alckmin, o povão que você precisa conquistar sobrevive aqui. Se fosse o Lula, em sua primeira campanha, uma viagem dessas seria de grande proveito. Um ex-metalúrgico, sim, precisaria provar que tem condições de dialogar com altos mandatários. Para Alckmin, fazer campanha na Europa pode ter seu valor, mas reforça ainda mais a imagem de que é o candidato dos ricos, dos poderosos – exatamente o que ele precisa evitar. Já vi casos semelhantes. Em 98, o Prefeito Cesar Maia ensinava em seminários que “eleição é como lavoura – semeia-se no corpo-a-corpo e irriga-se na TV; corpo-a-corpo é fundamental, é insubstituível”. Mas nos primeiros dias de sua campanha para Governador do Rio, apesar de posar com o uniforme de corpo-a-corpo (jaqueta Lacoste e sapato novaiorquino), Cesar embarcou para a Europa (como Alckmin), enquanto o seu adversário Garotinho embarcava em um trem da Central e começava a conquistar definitivamente os votos do povão. Como as pesquisas qualitativas respondiam? Que Cesar era o candidato da Zona Sul, dos ricos, enquanto Garotinho era o candidato dos pobres. Para conquistar corações e mentes do povão, não basta trocar o nome de “Alckmin” para “Geraldo”. É preciso fazer corpo-a-corpo com o povo pobre. Tomar pinga, jogar conversa fora, sentir na pele o que é pobreza, suar de verdade – sem ter que tomar banho de perfume francês logo depois.