segunda-feira, 24 de julho de 2006
A difícil tarefa de conviver com “aliados”
Nesse domingo, o candidato Sergio Cabral ao governo do Rio classificou a política de segurança de seus “aliados”, Rosinha e Anthony Garotinho, de burra. O candidato Eduardo Paes teve de engolir em seco e aceitar que o candidato à presidência, Geraldo Alckmin, pelo seu partido (PSDB) participasse do palanque da adversária Denise Frossard. A mesma Denise Frossard, por sua vez, teve que engolir as investidas de seu “aliado” Alckmin em busca do apoio do arquiinimigo Garotinho e, muito pior, teve que admirar o “aliado” vestindo camisa (veja na foto do Informe do Dia) com o símbolo de Castor – o famoso bicheiro que ela, que é juíza, condenou (e ganhou reputação por isso). Vladimir Palmeira, candidato a governador pelo PT, nem compareceu a recente ato em que o candidato do seu partido à presidência, Lula, fez no estado, acompanhado pelo adversário Marcelo Crivella, candidato ao governo pelo PRB. Nos outros estados é a mesma coisa. Em Minas, Aécio (PSDB) é visto como aliado de Lula (PT), não de Alckmin. Em São Paulo, da mesma forma, Serra (PSDB) e Alckmin não se afinam, e o “aliado” Cláudio Lembo (PFL) não se alia com ninguém. A pergunta que não quer calar: pra que aliado, então? O problema está em nosso sistema partidário, inteiramente burro. Os partidos são fracos, mal estruturados, funcionam muito mais como um complô. As pessoas acabam votando em pessoas, não em idéias. É por isso que os programas de governo nunca vão adiante – eles são feitos para partidos, não para pessoas. E pior de tudo é que não há solução à vista. Dificilmente esse Congresso será capaz de votar uma reforma política que vá contra os interesses pessoais de deputados e senadores. Depois que se elege, todo parlamentar se julga acima dos partidos e das idéias que supostamente o elegeram. Os resultados mais óbvios são as falsas alianças, os problemas de governabilidade, os escândalos de corrupção. A reforma política, com fortalecimento dos partidos, certamente é a tarefa mais importante que deve exigir a sociedade civil. Ou sociedade se alia em torno disso, ou vai ter que conviver eternamente com esses aliados.