quinta-feira, 26 de abril de 2007
França: Bayrou apóia Ségolène
O centrista François Bayrou prova que seu sucesso eleitoral no 1º turno das eleições presidenciais francesas é resultado de sabedoria política. Com os seus 18,55% e o terceiro lugar, ele passou a ser visto como a chave para a vitória de um dos dois que vão para o 2º turno, o direitista Nicolas Sarkozy ou a socialista Ségolène Royal. Bayrou tem planos ambiciosos e não poderia correr o risco de um papel secundário daqui pra frente. Em primeiro lugar, tratou de não dar apoio explícito. Preferiu dizer quem não apoiaria - Sarkozy. E isso faz sentido, por várias razões: 1) as pesquisas apontam que os eleitores de Bayrou, na sua grande maioria (46% a 25%), preferem Ségolène a Sarkozy; 2) dos três primeiros colocados, Sarkozy foi quem mais procurou um discurso extremista, para conquistar os votos da extrema-direita de Jean-Marie Le Pen; 3) o eleitor francês, como um todo, demonstrou que caminha para um discurso centrista;4) Bayrou precisa continuar forte para as próximas eleições parlamentares em junho, por isso não pode entregar seus eleitores de bandeja aos adversários; 5) com os socialistas no poder, ele poderá mais facilmente marcar a diferença com Sarkozy na oposição; 6) se ele apoiasse Ségolène (ou Sarkozy) imediatamente, perderia importância na mídia - e quer se manter em destaque até as eleições. Ségolène, por sua vez, aproveitou esse apoio indireto para tirar Sarkozy de cena: propôs um debate (que foi aceito) com Bayrou (Sarkozy recusou debater com Bayrou), que, caso aconteça, amanhã, certamente será o assunto dos próximos 4 dias. Mas Bayrou vai além. Ele quer também criar um novo partido, o Partido Democrata (alô, Cesar Maia, alô PFL - cobrem direitos autorais!). O atual partido (UDF - União para a Democracia Francesa) tem sido tradicional aliado do partido de Sarkozy (UMP - União para um Movimento Popular) e Bayrou quer se apresentar daqui pra frente como uma força nova, totalmente independente. O que ele precisa agora é dar a sua direção aos seus eleitores indecisos (29% de 18,55%=5,38%). Essa poderá ser a grande diferença a favor de Ségolène Royal - e é por isso que Sarkozy faz grande pressão para que não aconteça o debate (encontro...) entre os dois.. Leia também Le Monde, Libération e Le Figaro.
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