terça-feira, 31 de outubro de 2006

Alckmin perde mais uma disputa para presidente

Foi o próprio Serra quem declarou que não há a menor chance de Alckmin tornar-se presidente do PSDB. Alckmin disse que o mandato de Tasso Jereisati vai até o final de 2007 e o cargo, portanto, não está vago. Ele acrescenta que Alckmin pode escolher qualquer outra coisa que lhe seja conveniente e que, para isso, contará com seu total apoio. Na verdade, Alckmin vai começar a comer o pão que o tucano amassou. Vai pagar caro por ter conseguido impor sua candidatura - e não ter vencido. Ou Alckmin alia-se já a Aécio para formar um grupo forte ou vira pasta de chuchu.

Zé Dirceu comemora vitória quase pessoal

No seu Blog de hoje, José Dirceu vibra com as expressivas vitórias de Lula e Requião em Cruzeiro do Oeste, PR, cidade onde viveu cladestino e em que seu filho é Prefeito. Diz ele com orgulho:
É que Cruzeiro do Oeste foi o município da região da Amerios com o maior índice de votação no governador e no presidente reeleitos. O percentual foi maior inclusive do que a média estadual e nacional. No primeiro turno o índice já havia sido um dos melhores do Estado.Neste segundo turno, Cruzeiro deu a Lula 65,56% dos votos, contra apenas 34,44 de Alckmin. Já Requião obteve 73,58% dos votos dos cruzeirodoestanos, contra 26,42% atribuídos a Osmar Dias. Satisfeito com o resultado, o prefeito Zeca Dirceu, que coordenou pessoalmente as campanhas de Lula e Requião no seu município, afirmou que a população soube reconhecer a grande ajuda que Cruzeiro recebeu nos últimos meses tanto do governador Requião quanto do presidente Lula.

O Instituto Informa informa

Recebi e-mail do cientista social Fábio Gomes, mostrando o desempenho do seu Instituto de pesquisas, o Instituo Informa, no acompanhamento do processo eleitoral 2006, quando “mostrou-se potencialmente capaz de ser um órgão de referência para os eleitores e agentes políticos. No primeiro turno, o Informa apontou o percentual de Sérgio, além de ser o único a mostrar a diferença entre Frossard e Crivella. No segundo turno, o Informa foi o único a mostrar o índice de votação total de Sérgio Cabral (57%). No entanto, por realizar o estudo antes do debate na TV, não indicou a migração dos eleitores de Denise para o voto nulo, por causa de seu desempenho no debate, mostrando-se avesso à migração para o candidato peemedebista”. Realmente, tenho acompanhado o trabalho do Informa, sempre feito com a maior seriedade. Clique na imagem acima para ver melhor os dados comparativos entre as previsões do Informa e o resultado final do 2º turno.
Quero aproveitar para destacar a grande quantidade de votos nulos nesta eleição do Rio. Foram 11,04% do total dos eleitores cadastrados como aptos (10.891.293) contra menos de 4% em 98. O total de Votos Válidos (7.542.642 votos) correspondeu a apenas 69,25 dos cadastrados. Para se ter uma idéia de como foi pequeno o índice de Votos Válidos este ano, em 1998, o índice foi de 77,25%! Em minhas estimativas, considerei 8,5 milhões de Votos Válidos. Errei feio, e nada poderia fazer prever diferença tão grande. Mas cheguei perto na previsão da diferença entre Sérgio Cabral e Denise Frossard: previ 2.900.000 votos e no final foram 2.715.482 de diferença.

Bons motivos para Lula vencer

Cláudio Gama, antropólogo, mestre em Sociologia e Diretor do Instituto de Pesquisa Imagem, publicou no Globo On Line – Opinião, em 29/09/2006, um artigo bem interessante ("A LÓGICA DE VOTO DO POVO") apontando algumas das boas razões - extraídas de inúmeras pesquisas qualitativas - para a vitória de Lula. Segue o texto completo, com destaques feitos por mim.
Pesquisas qualitativas realizadas na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro permitem depreender a lógica que rege eleitores de classes socioeconômicas C e D, principais focos de intenção de voto em Lula. Em meio aos resultados, a maioria a população revela acreditar que - quanto ao mensalão, CPIs e outros casos de suposta corrupção envolvendo membros do partido ou do governo - Lula não se beneficiou financeira ou politicamente, nem tomou parte em qualquer ato de corrupção. Há polêmicas quanto a se tinha conhecimento em relação ao que vinha ocorrendo anteriormente. Ainda assim, a percepção da população é de que muitos casos de corrupção estão aparecendo devido à própria não tolerância do presidente. Portanto, ao contrário do que alguns possam pensar, a interpretação de grande parte da população é de que os casos de corrupção não estão se multiplicando, mas sim as ações investigativas, que fazem transparecer problemas. A análise mais aprofundada dessa lógica evidencia alguns fatores fundamentais. Em primeiro lugar, Lula se beneficia da comparação com governos anteriores. É difundida a percepção de que “sempre houve corrupção”. Nesse contexto, o governo atual é considerado menos corrupto. Além de mais transparente e ativo no combate à corrupção. Em segundo lugar, certamente o principal alicerce do presidente está na identificação com a população. Lula representa a chegada do povo ao poder. Não apenas ouve, mas fala a linguagem do povo; não apenas conhece os problemas dos mais necessitados, mas os viveu na pele. É visto como “um do povo”. Essa identificação se constitui no seu principal trunfo, criando uma verdadeira “aura protetora”. A ponto de acusações de oponentes surtirem o efeito oposto, podendo ser apontadas como “armações da elite” para derrubar o primeiro representante do povo que conseguiu se tornar presidente do Brasil. Reforça ainda a favorabilidade a Lula a leitura de que conta com reconhecimento internacional. Seria um tipo de prova de sua capacidade, carisma e sucesso o fato de ser ouvido e aplaudido por líderes de grandes nações e entidades internacionais. A percepção de que existe tal reconhecimento, por sua vez, realimenta o orgulho por um representante do povo que chegou à direção do país e, ainda mais, encanta o mundo. A inflação controlada é outra das razões principais que explicam a preferência pelo presidente. Significa preços estáveis no supermercado. Finalmente, relatos revelam que a população de classes socioeconômicas mais baixas está conseguindo mais freqüentemente comprar carne. Antes de mais nada, esse fato soa ao eleitor desses segmentos como mais uma prova fundamental de que o governo caminha bem, gerando benefícios diretos para o povo. Deve ser ressaltado que a afirmação não contém qualquer juízo de valor. Trata-se, outrossim, de uma constatação, fruto de um olhar antropológico, da análise de relatos de representantes da população, em busca de desvendar as principais razões da favorabilidade ao presidente Lula e de sua performance durante o processo eleitoral. Lula mexe com a auto-estima da população. E com o seu dia-a-dia. Como votar contra um presidente que colocou carne na mesa para a sua família?

Cesar Maia lança um ministério sombrio com olho em 2010

Não é de hoje que Cesar Maia prepara-se para ser candidato a Presidente em 2010. No 1º turno, achando que não haveria 2º turno, fez um pré-lançamento na Folha (ler a postagem "Cesar Maia lança-se candidato para 2010 e arrasa PSDB", desancando todo mundo, inclusive Alckmin, mas foi surpreendido pela história do Dossiê. Recolheu a ofensiva, aguardando o resultado óbvio do 2º turno. Mas ontem mesmo ele voltou a sinalizar no seu Ex-Blog garantindo que o PFL lançará candidatura própria. Hoje, o seu Ex-Blog anuncia o próprio fim para renascer como um "shadow cabinet". Como ele explica:
01. Em julho de 2005 esse blog - acessável durante todo o dia - deu a partida para o acompanhamento da crise do governo Lula. Em outubro -um ano antes da eleição - ele se transformou no ex-blog, e passou a ter uma edição diária pela manhã, para aqueles que se inscreveram. De partida 1.301 pessoas se inscreveram. Hoje são 17.291. O foco do ex-blog passou a ser o acompanhamento do processo eleitoral, com teoria aplicada e análise de fatos. Vencida esta etapa, o ex-blog passa a ter novo foco.

02. O ex-blog se transforma agora em SHADOW CABINET, uma prática britânica - com auge nos anos 50, onde o partido de oposição constituía um ministério na sombra, onde cabia a cada ministro designado acompanhar com rigor o trabalho do ministro oficial. 03. Estão sendo constituídos os seguintes ministérios na sombra:1. Finanças, (fazenda,banco central e banco do brasil; 2. Relações Exteriores; 3. Segurança Pública, ( justiça e polícia federal); 4. Infra-estrutura, (transportes,telecomunicações, minas e energia); 5. Economia, ( desenvolvimento econômico,agricultura e bndes); 6. Educação; 7. Saúde; 8. Social, ( ação social, trabalho, cidades e caixa econômica); 9. Previdência Social; 10. Meio Ambiente; 11. Gabinete Civil, (relações políticas e assuntos gerais da rotina do presidente). 04. Para fazer os convites aos ministros, esse ex-blog vai precisar de 15 a 20 dias. Serão os quadros mais destacados do ponto de vista técnico, em cada tema. Alguns convites já foram feitos e aceitos, embora a maioria deles prefira ficar na sombra. Se for assim, esse ex-blog garantirá o off - como o blog-crise e o ex-blog-eleições - já o fazem. 05. Da mesma forma o Shadow Cabinet trabalhará com teoria aplicada e crítica à ação, simultaneamente. 06. Como já vem ocorrendo na crise e nas eleições, os ministros na sombra contarão com uma enorme assessoria que serão todos aqueles inscritos, que passarem a esse ex-blog, diretamente a seu diretor de redação ou a equipe, informações, análises e sugestões. Os ministros na sombra receberão imediatamente o que for repassado. 07. Antes de terminar o mês de novembro o SHADOW CABINET desse ex-blog estará em campo, marcando corpo a corpo, cada um dos ministérios e o presidente. 08. Não haverá a necessidade de renovar a inscrição. Todos estão automaticamente inscritos. Mas, claro, a qualquer momento poderão pedir sua exclusão. Aguardem! São só uns 15 a 20 dias para que "eles" possam respirar e descansar da campanha. E depois,... que cumpram com as suas promessas e as expectativas que criaram.

Obviamente, Cesar Maia precisa bem mais do que trabalhar nas sombras para se cacifar como Presidente. A sua prioridade agora é tratar de concluir sua administração da cidade com bom índice de aprovação e tentar garantir a sua sucessão - tarefa cada vez mais difícil. Mas do que ficar na sombra, ele precisará das luzes.

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Bola de cristal com margem de erro

O Professor Jucelino (escreve assim mesmo) Nóbrega da Luz ganhou projeção recentemente com algumas de suas premonições – atividade que exerce desde 1969, quando tinha 9 anos. Ele anda às voltas com um processo judicial contra o governo americano, tentando receber os 25 milhões de dólares prometidos a quem revelasse o esconderijo de Sadam Hussein – coisa que ele garante ter feito graças a seu poder de vidência. No seu site http://www.jucelinodaluz.com.br/ ficamos sabendo que ele também alertou com precisão e muita antecedência o governo americano (Bush pai ainda era o presidente) sobre o atentado de 11 de Setembro. No dia 18 de julho, ele deu entrevista ao Programa Amigas Invisíveis (diariamente, das 13h às 15h na Rádio Globo 1220 AM) onde fez várias previsões. Em uma delas garantiu que Alckmin seria eleito presidente do Brasil. Errou feio, claro. Mas ele também declarou que suas premonições tinham “margem de erro entre 10 e 15%”!!! Quando ouvi isso fiquei mais tranqüilo, porque essa margem de erro corresponderia a uma pesquisa com apenas 42 questionários. Depois, vendo seu site, vi que o Professor Jucelino não é apenas vidente, mas é também militante anti-Lula. Veja o trecho de uma mensagem dele: “POVO BRASILEIRO, VAMOS ACORDAR E NOS MOBILIZAR EM PROL DA ÈTICA E MORALIDADE NO PAÌS, NÃO VOTANDO NAQUELES POLÌTICOS QUE APÒIAM O GOVERNO LULA! (a) PROFESSOR JUCELINO NÒBREGA DA LUZ – 27/10/2006”. Talvez ele estivesse tentando, com essa mensagem, conquistar mais votos para evitar cair na margem de erro...

Os números da queda de Alckmin

(Clique na imagem para ver melhor). O mais interessante é a queda no número de votos de Alckmin do 1º para o 2º turno (-2.425.391 votos, -6,07%). Gente querendo forçar o 2º turno? Votos "anti-Lula" que se arrependeram?

Wishful thinking

Alguém perguntou se eu utilizava wishful thinking nos números que apresentava. Quero dizer que, ao começar esse Blog, pretendia apresentar o mínimo de wishful thinking possível. Mas, de certa forma, me afastei um pouco dos parâmetros iniciais quando olhei em volta no material da grande imprensa. A parcialidade era tanta que resolvi tomar uma posição mais claramente pró-Lula. Não que isso significasse fazer igual à grande imprensa, defendendo o outro lado das manipulações de dados e fatos, muito ao contrário. Apenas passei a tentar demonstrar mais fortemente essas manipulações, passando, evidentemente, a ser percebido como “lulista”. Com o fim das eleições, acredito que o Blog ficará mais próximo dos primeiros caminhos. Com relação ao números apresentados, se houve, o wishful thinking foi mínimo, e quero demonstrar. Apostei para o 2º turno em 97.500.000 Votos Válidos (foram 95.837.148, diferença de 1.662.852 ou 1,7%), com 62.000.000 para Lula (foram 58.294.170, diferença de 3.705.830 votos ou 5,97%). No 1º turno, foram 95.996.733 Votos Válidos. Segui uma projeção normal, com pouco mais de 1,5% de crescimento (mais ou menos como ocorreu em 2002). Seria natural prever aumento da Abstenção (como de fato ocorreu: 13,38% a mais.). Seria natural prever também queda nos Brancos e Nulos, mas não foi suficiente. Isso fez com que os Votos Válidos diminuíssem, ao invés de aumentar. Significa que as pessoas que votaram contra os dois (não comparecendo) foram mais do que eu (e a lógica) esperava. Quanto ao percentual dos votos de Lula sobre os Votos Válidos (apostei em 63,66%), segui o ritmo das pesquisas. Elas vinham em ritmo crescente e a CNT/Sensus já tinha apresentado 63,2%. Acreditei que ainda haveria algo a crescer, mas já tínhamos chegado ao teto. Como se vê, havia lógica o tempo todo. Praticamente zero de wishul thinking. Embora trabalhe sempre em ritmo alucinado, procuro ser minucioso. Creio que apresentei alto grau de precisão, com margem de erro mínima.

O Dia ironiza Rede Globo

Ao fazer sua manchete de hoje, anunciando a vitória de Lula, o jornal O Dia, RJ, foi buscar inspiração nos tempos da ditadura. Recordou o velho refrão dos movimentos democráticos contra o alinhamento automático da Rede Globo aos governos de direita: "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo".

domingo, 29 de outubro de 2006

59 milhões

Com 95,84 % dos votos apurados, a projeção mais provável é entre 58 a 59 milhões de votos para Lula, com 61% dos Votos Válidos.

Lula já tem a maior votação do mundo

Com 94% dos votos apurados, Lula apresentou 54.943.244 votos. Mais do o recorde de Ronald Reagan, que teve 54,4 milhões de votos em 1984.

60 milhões

Embora ainda seja matematicamente possível, é bem difícil que Lula passe de 60 milhões de votos e mais de 62% dos Votos Válidos. O total de Votos Válidos estará acima do total do 1º turno, mas não deverá chegar a 97 milhões.

Já estamos em ais de 50 milhões

Com 87,18% dos votos apurados, Lula já tem 50.779.340. Pelas projeções, é possível pensar em mais de 60 milhões no final.

Mais Ex-Blog do Cesar Maia comentado

Em seu Ex-Blog de hoje, diz Cesar Maia:
(...) Uma eleição - como processo político - não é simplesmente um ganhou, ganhou e pronto. Para fazer uma metáfora futebolística, tão a gosto de Lula, se um importante time de futebol vencer o outro de 10 x 0, as conseqüências são umas: cai o técnico, substitui metade do time, etc... Mas se o jogo terminar 2 x 1, embora vitória da mesma maneira e com os 3 pontos garantidos, as conseqüências são outras. É como se fosse algo natural e o campeonato continua. (...)O segundo turno transformou os 10 x 0 em 2 x 1! Viva a democracia!
Discordo inteiramente: o 2º turno transformou 1 X 0 em 10 X 0!!! Viva a democracia!!!

O Ex-Blog de Cesar Maia comentado

Gostei de análise feita por Cesar Maia hoje no seu Ex-Blog e reproduzo trechos (com alguns comentários):
O QUE FEZ LULA AMPLIAR A DIFERENÇA QUE TINHA NO PRIMEIRO TURNO? 1. Dizem os historiadores que - em geral - a história é contada pela versão do vencedor. Nas eleições não é diferente. A versão do vencedor nesta eleição será a da polêmica das privatizações e do superior programa de TV, com cheiro de Duda Mendonça, por trás dos panos. Mas a série Data-Folha não ratifica essa versão. (Concordo) 2. A eleição - no primeiro turno - ocorreu no dia 1 de outubro e nela Lula bateu Geraldo por 7 pontos, incluindo brancos e nulos: 44% a 37%. Os demais candidatos somaram 9%. Na primeira pesquisa Data-Folha no segundo turno - dia 6 - o resultado foi 50% a 43%, os mesmíssimos 7 pontos de diferença. Vale dizer: Lula e Geraldo dividiram o crescimento tendo ambos crescido 6 pontos. 3. Os programas de TV entraram na quinta-feira dia 12 de outubro. Dois dias antes o Data-Folha fechou uma pesquisa e a diferença havia subido para 11 pontos. O primeiro debate, o da BAND, ocorreu dia 8. A polêmica da privatização ainda não havia se espalhado. Nos dias 16/17, com apenas 4 programas de TV, e ainda sem a polêmica da privatização em campo, e ao final de um feriado longo, Lula abria 19 pontos: 57% a 38%. Este número é quase exatamente o mesmo das pesquisas seguintes e da de ontem, com mais onze programas de TV e mais três debates e com a polêmica das privatizações se espraiando. 4. Que fatos novos ocorreram antes da diferença subir no dia 16 para o patamar de hoje? O debate da BAND. Mas será que um debate na TV num domingo à noite com audiência média na Grande SP de 14%, e suas repercussões nos dias seguintes, pode explicar esta maior angulação a favor de Lula? Esse Ex-Blog não acredita nesta possibilidade. (Concordo também) 5. A versão desse Ex-Blog se calca nas idéias de Gabriel Tarde, (já aqui apresentadas de forma condensada). Tarde foi o pai da micro-sociologia no último quarto do século 19. Para ele a opinião pública se forma por contaminação, ("les lois de l'imitation"), através de fluxos de opinamento na base da sociedade. Na sociedade de hoje este processo pode ser acelerado pela coincidência desses fluxos de opinamento na base e do fluxo de informações da TV. 6. Estes fluxos eram favoráveis a Geraldo no final do primeiro turno e foram interrompidos ou desacelerados, pela imobilidade de sua campanha na primeira semana, e pela preferência que deu às fotos com políticos. O ideal era ter "ajudado" este fluxo, saindo no dia 2 para tomar cafezinho no centro de Recife, e de Fortaleza, etc...Salvador,... BH,... Rio,... tendo a natural cobertura da imprensa local. Ao ficar imobilizado entre políticos, o resultado do primeiro turno foi sendo cristalizado como se a eleição tivesse terminado ali. (Concordo) 7. O que fez o PT ? Bem, o que esse Ex-Blog vai afirmar aqui ele imagina ter ocorrido em muitas cidades, embora só em três grandes cidades pode afirmar. O PT assumiu compromissos publicitários com meios de comunicação populares e regionais, nessas cidades, que iniciaram um processo de exaltação de Lula, de defesa de Lula e de ataque à imagem de Geraldo. Os pesquisadores terão tempo para fazer esta pesquisa e comprovar para muitas cidades o que esse Ex-Blog acompanhou em três. (Será? Não tenho condições de concordar ou não.) 8. Por outro lado, o eleitor final de HH e Cristóvam era o núcleo duro de suas candidaturas. HH chegou a 12% e terminou em 6%. Nos últimos dias, o núcleo mole dela passou para Geraldo que cresceu 3 pontos acima de sua tendência, com HH caindo de 9% para 6%. Ora, a tendência desse núcleo duro era votar com suas raízes e portanto apontar para Lula. Para que isso não ocorresse a campanha de Geraldo teria que dar razões fortes para não haver essa migração. Além de não as dar ainda cometeu gestos imprudentes como no caso do Estado do Rio - concentração dos votos de HH - onde deu as justificativas ao eleitor de HH e Cristovam (somando no Estado do Rio uns 20%), para perceberem a candidatura de Geraldo como à direita. Esse Ex-Blog chamou o ato de BEIJO DA MORTE ! (Alckmin não teria como conquistar os "núcleos duros". Eu já tinha feito comentários sobre os votos de Heloísa Helena e Cristovam nos dias 2 de outubro em "Erros e acertos": O eleitorado que Heloísa Helena estava conquistando não poderia ser firme. Classe média conservadora e lacerdista que não combina com as propostas de esquerda do PSOL. Era natural que fizesse voto útil pró-Alckmin; e 3 de outubro em "Alianças – que sejam eternas enquanto durem": A classe média conservadora que encheu os dois - Heloísa Helena e Cristovam - de votos não se identifica com as propostas de esquerda do PSOL nem com o brizolismo do PDT. Nessa disputa, Lula deverá herdar a maioria dos votos do PSOL (na reta final, Heloísa perdeu muitos votos com perfil alckmista) e Alckmin deverá herdar a maioria dos votos de Cristovam) 9. Nunca processos de opinião são puros. O provável é que a agregação dos três vetores listados acima, (itens 5, 6 e 7), explique este aumento da diferença de 7 para 19 pontos em 15 dias, definindo um patamar que está sendo rolado até a véspera da eleição. (Faz algum sentido)10. Uma lição para aqueles que acreditam na intuição e nas aparências e na marquetagem. (Concordo inteiramente na crítica deste item)

Eleição 2006 - 2º turno: comentários de última hora

Cheguei tarde aos inúmeros comentários e e-mails que recebi neste fim de semana. Estava meio isolado. Alguns comentários cobravam a não publicação de outros, como o do Jotapê, que aposta em 62 a 38 para Lula (na verdade, no primeiro comentário, por engano, ele apostou em 62 a 48). Há também o comentário de Gustavo Tutuca, filho do Prefeito Tutuca, de Piraí-RJ, que me corrige (eu já tinha notado o engano e feito a correção) na citação de Rodrigo Maia como prefeitável do Rio, o que não é possível já que em 2008 Cesar Maia terá cumprido dois mandatos (Gustavo, se quisesse, poderia se candidatar em 2008, já que o pai terá cumprido apenas um mandato). Tem um comentário ótimo, vindo dos Estado Unidos, falando dos acompanhamentos em tempo real dos debates que fiz aqui no Blog. Notei mesmo vários acessos vindo do exterior. E quero dizer que procurei passar o melhor de percepção ao público que estava ou não assistitindo a TV. Claro que sempre há uma torcida, mas procurei mostrar tudo da melhor forma. Esqueci de transmitir muitas coisas interessantes, mas tenho certeza que extraí o principal. Se tivesse feito o mesmo no último debate (estava desconectado...), certamente teria falado da boa resposta de Alckmin quando Lula perguntou onde estava o dinheiro para a segurança (Alckmin emendou na pergunta sobre o dinheiro do Dossiê...). Na área de comentários, o pedido para divulgar no novo endereço do Blog Idéia 70: http://abandon.zip.net. (São 17:03h - já estão as votações no horário de Brasília. As bocas de urna indicam vitória de Jackson Lago no Maranhão, Ana Júlia no Pará, Luiz Henrique em Santa Catarina e Yeda Crusius no Riio Grande do Sul. Deve ser por aí, realmente.).
Continuando: recebi excelente vídeo demonstrando o descaso do Governo Alckmin com relação a segurança. Recomendo (acesse aqui). Algumas pessoas se espantaram e demonstraram ceticismo com relação à minha previsão de mais de 60 milhões de votos para Lula. Mas não é para espantar. Basta que praticamente se repitam os Votos Válidos do 1º turno (96 milhões de votos) e que as pesquisas estejam certas nas estimativas de 62% para Lula nos Votos Válidos. Acredito que o número de Votos Válidos deve crescer neste 2º turno. Estou apostando em 97,5 milhões. Talvez 62 milhões, como apostei, seja um pouco demais. Mas não ficará longe disso, com certeza.

Ufa, estou de volta!

Estava fora do ar e da minha base por muito tempo. São 14:37h. Todas as pesquisas já asseguraram a vitória de Lula. As pesquisas de boca-de-urna já devem estar encerradas (costumam encerrar às 13 horas, mais ou menos) e devem confirmar. Fiquei muito feliz com o debate mais amplo deste 2º turno. Agora é contar os votos, estabelecer as novas alianças e tocar o Brasil rumo ao futuro.

sábado, 28 de outubro de 2006

Mais de 60 milhões

Estou apostando nos seguintes números para amanhã:
Lula - 62.000.000 de votos (66,6%)

Alckmin - 35.500.000 votos (33,4%)

Total de Votos Válidos - 97.500.000

Alckmin Presidente

Alckmin Presidente é tudo o que Tasso deseja agora, contra o desejo de Serra e Fernando Henrique, mas com apoio de Aécio. É isso que mostra a nota Bicudos, do Painel da Folha: "Em privado, Tasso Jereissati diz que em hipótese nenhuma fica na presidência do PSDB em 2007 - em princípio, seu mandato terminaria apenas em novembro - e sugere o nome de Geraldo Alckmin para sucedê-lo, caso se confirme amanhã a vitória de Lula. Se levar adiante a proposta, o senador baterá de frente com José Serra, que não quer nem ouvir falar nessa possibilidade. O grupo do governador eleito de São Paulo defende que o comando do partido seja assumido por FHC, outro refratário à solução Alckmin. Nesse jogo, só não está claro ainda o que fará o outro tucano vitorioso, o mineiro Aécio Neves, com quem Alckmin espera contar para conseguir a presidência". Para o Governo Lula, o nome de Alckmin para Presidente (do PSDB, claro) pode cair como uma luva. Acirra a divisão na oposição, enfraquece Serra, Fernando Henrique e, por incrível que pareça, o poder tucano em São Paulo. A conferir.

Debater o quê?

Estava no mato sem internet e não pude comentar ao vivo o debate, que assisti ao lado de minha filha de 5 anos (ela disse que o Alckmin era um "inventista", seja lá o que isso quer dizer). Achei chato, sem resultado prático para a eleição. Alckmin esteve mais calmo e - por isso - melhor em muitas respostas. Lula, apesar do nervosismo, foi bem melhor na relação direta com o adversário. Colocou o dedo na cara, deu tapas na barriga dele e ficou várias vezes cara a cara. Positivíssimo para a militância. As perguntas dos "indecisos", com jeito de bem torneadas pela equipe Globo, foram bem mais favoráveis a Alckmin. Saldo zero para ambos, talvez com vantagem para Lula porque está bem à frente e só uma hecatombe, como digo há meses, pode tirá-lo do Planalto. Esse último debate serviu para cristalizar a idéia de que é necessárto repensar os formatos e as datas dos debates.

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

O Dossiê ao contrário

Esse final de 2º turno traz surpresas que era razoável imaginar existirem mas que ninguém esperava serem divulgadas. Temos a foto de dinheiro apreendido em hotel que pertencia à oposição, lá no Paraná. Temos os cerca de 100 mil reais apreendidos na Paraíba com assessores de campanha tucana para governo do estado, conforme noticia o Blog do Patrick. E agora temos a notícia de que a confissão do Laranja de Varginha foi armação tucana (ouça a notícia aqui). Onde nós vamos parar com tantos aloprados tucanos à solta?

Nelson Motta não viu o filme

Hoje cedo, quando vi na Folha (assinantes) que Nelson Motta estava escrevendo um artigo e que era sobre o filme "Os companheiros" (1963), de Mario Monicelli, me apressei em ler. Como ele mesmo descreve, Os companheiros é "um belo filme de Mario Monicelli, (que) levava as platéias ao delírio nos breves e turbulentos anos Jango, às vésperas do golpe de 64. Era um drama em estilo semidocumental sobre uma greve heróica dos primeiros sindicalistas italianos, no tempo da jornada de 16 horas. Vivido pelo jovem Marcello Mastroianni, o líder sindical era arrebatador: o público saía do cinema pronto a pegar em armas e marchar sobre a burguesia opressora. A rapaziada assistia diversas vezes, aplaudia entusiasticamente no final, jurava solidariedade eterna à classe operária". Tudo verdade. Mas no final Nelson Motta compara o aloprado Lorenzetti ao personagem de Marcello Mastroiani - aí fiquei com a sensação (apesar de ter visto há muito tempo) que ele não tinha visto o filme.

Regras para o debate da Globo II

Vale a pena ler os conselhos - corretíssimos - de Cesar Maia para o debate de logo, que ele publica no seu Ex-Blog de hoje com o título de O Debate Final: "1. Nos EUA nenhum debate ocorre nos últimos 15 dias antes das eleições, de forma a que sua sedimentação esteja garantida e que um candidato mais treinado em TV não leve vantagem. 2. Um problema do debate dois dias antes das eleições é o efeito sobre a imagem em médio prazo. 3. Quando a eleição é acirrada - e os eleitores se dividem - a torcida elimina o desgaste de imagem. Mas quando um dos candidatos tem ampla vantagem, o eleitor vê o outro como perdedor. Nesse caso, ir ao debate já é um desgaste... inevitável. O eleitor olha o rosto desse como perdedor e essa imagem é gravada. Evitável seria os partidos proibirem debates na TV na última semana. 4. Como o não favorito pode minimizar esse efeito de imagem? A fórmula recomendada é a de sempre: caras e bocas de alegria e otimismo; civilidade; alto nível na argumentação... Se fizer isso tem a chance da imagem positiva ficar na memória e no caso de um fracasso do governo, o eleitor pensar: devia ter votado naquele outro. 5. Dessa forma, a postura de Geraldo no debate na BAND, não é recomendável nesse debate na TVG". Em outras palavras: o tucano foi pro brejo...

Regras para o debate de hoje à noite na Globo.

Conselho aos candidatos: esqueçam esse debate, como momento importante da disputa eleitoral. Ele só tem valor para a Globo, que adora pôr na telinha o seu próprio umbigo e faturar audiência com isso. Se eu fosse o Alckmin, repetiria o gesto de Cesar Maia contra Garotinho, em 98, e nem iria ao debate.

Cesar Maia e 2008

Cesar Maia, o prefeito-marqueteiro, deve estar mergulhado nas águas muito profundas das pesquisas. Não por causa do desastre Alckmin - apenas mais um tucano fora do baralho. A preocupação maior é com o desempenho de sua pupila, Denise Frossard, candidata ao Governo do Rio (PPS-PFL-PV), que anda em queda livre. Ele esperava um resultado mais consistente, visando as eleições de 2008, principalmente na Capital, a cidade do Rio de Janeiro. Ele tem a obrigação de vencer as próximas eleições no município, como tem ocorrido em quase todas as eleições, desde 92, quando foi eleito pela primeira vez. Venceu em 94, quando apoiou Marcello Alencar para Governador; venceu em 96, quando elegeu Conde como seu sucessor; venceu em 98, apesar de ter perdido a disputa estadual para Garotinho; venceu em 2000, quando se elegeu novamente Prefeito; em 2002, teve sua única derrota no município, quando sua candidata ao Governo, Solange Amaral, perdeu para Rosinha Garotinho (que, aliás, venceu em todos os municípios do Estado); venceu em 2004, quandoi foi eleito Prefeito pela terceira vez; e agora a sua candidata Denise Frossard deve perder para Sérgio Cabral (apesar de ter vencido por pouco no 1º turno - 29,38% a 29,97%). No momento, as pesquisas (Ibope) mostram vitória de Sérgio Cabral no Estado de 59% a 31%, sendo que na Capital é de 53% a 37%. É aí que reside todo o dilema de Cesar Maia. Quem poderá ser lançado por ele em 2008 capaz de reverter esses números, sucedê-lo como Prefeito, garantir a continuidade a seu pensamento lacerdista e servir de sustentação político-financeira para possível candidatura pefelista em 2010? Qual será esse nome? Denise Frossard dificilmente será, porque foi um fiasco e possivelmente até abandone a política. Sirkis, do PV, era uma possibilidade, mas se rebelou. Gabeira é muito "independente", pouco confiável. Um dos seus pupilos, tipo Índio da Costa? Ainda parece ser pouco maduro. O filho, Rodrigo Maia? Pode ser, mas com poucas chances, até agora. Enquanto vive essas dúvidas, Cesar Maia trata de delimitar o seu campo ideológico-eleitoral. Aproveita-se de outras candidaturas, como Alckmin, Denise Frossard ou até mesmo Calderón, do Máxico, para deixar bem delineado o seu perfil conservador, segurando a bandeira do "trinômio lei, ordem e família". Apesar das suas dificuldades momentâneas, Cesar Maia não é adversário a ser desconsiderado. As derrotas de 2006 e a aparente dificuldade de caixa que a cidade vive não são problemas insuperáveis. Ele já demonstrou grande capacidade de inovação, como é o caso de sua entrada nas novas tecnologias da informação, mostrando grande desenvoltura para pautar a mídia local e nacional. Terá contra ele, claro, toda a força do Governo Lula e do Governo Estadual de Sérgio Cabral. Que os estrategistas fiquem atentos a essa próxima disputa.
Por desatenção, coloquei o nome de Rodrigo Maia, que não pode se candidatar. Mas, com tantas variações da lei, pode ser...

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Ibope: Lula mais de 23 milhões de votos à frente

O Ibope repete os números da semana anterior, tirando completamente as esperanças tucanas de vislumbrar uma retomada do crescimento de Alckmin. Cada vez fica mais demarcado o tamanho atual do voto conservador no país, 30-35%. É com esse dado que se tem de trabalhar a partir da próxima semana. OBS.: por questões técnicas e operacionais fiquei com uma postagem truncada e sem atualização.

CNT/Sensus: Lula tem mais de 25 milhões de votos à frente

Considerando 97.500.000 Votos Válidos, a nova pesquisa CNT/Sensus indica que Lula tem 61.620.000 votos (63,2%), contra 35.880.000 votos 36,8%) para Alckmin. A diferença, portanto, é de 25.740.000 votos (26.4%). E há quem diga que isso pode aumentar.

A regra interna da PF proibia a exibição do dinheiro

A Folha (assinantes) de hoje faz reportagem tentando provar que a não exibição das fotos do dinheiro apreendido pela Polícia Federal foi irregular. E reproduz o VII do artigo 31 da normativa 006/DG/DPF - assinada em 26 de agosto de 2004 pelo seu próprio diretor-geral, Paulo Lacerda: "Em consonância com os princípios, diretrizes e fundamentos jurídicos e regimentais da política de Comunicação Social do DPF, deverão ser adotadas as seguintes condutas na divulgação: A apresentação de material apreendido em operações policiais, visando ilustrar reportagens, evitando-se em tais atribuir-se valores estimativos”. Ao contrário do que procura demonstrar o jornal, a justificativa da normativa serve também para a não exibição das fotos. Porque o que se procura acima de tudo é evitar especulações que levem a distorções na percepção dos fatos. Aliás, os fatos que se sucederam à recente divulgação – irregular – das fotos provam o que falo. A desobediência a essa norma contribuiu para levar o país a um 2º turno nas eleições.

Com quantos votos se faz um presidente?

Alguém comentou neste Blog que o 2º turno “poderá ser excelente para Lula: se sair com mais votos do que teve em 2002 (ou igual) estará muito mais legitimado do que se ganhasse por 1% no primeiro turno”. Antes eu achava que era melhor ter vencido logo no 1º turno, mas agora concordo que o 2º turno já está se mostrando excelente. Foi possível ao Governo Lula iniciar a “concertación” e também foi possível reconquistar boa parcela da classe média que estava se deixando levar pelo canto da sereia do voto “ético” propalado pela oposição. O 2º turno permitiu também a retomada de um discurso mais progressista e a delimitação do campo do trinômio “lei, ordem e família” (o lema-desculpa da direita para uma ordem moralista-conservadora, autoritária e, na verdade, sem apegos à lei, como demonstram a tortura e as barras de ouro de Pinochet). Além disso, as votações expressivas de um 2º turno permitem de fato maior legitimidade ao eleito. Em números absolutos, Lula já tem as maiores votações da história do Brasil: quase 53 milhões no 2º turno de 2002 e quase 47 milhões este ano e tem também a quarta maior votação, com quase 40 milhões de votos no 1º turno de 2002 (a terceira maior é de Alckmin, com praticamente 40 milhões este ano). Proporcionalmente, Lula também tem o maior índice: mais de 61% no 2º turno de 2002. Fernando Henrique teve os segundo e terceiros maiores: mais de 54% e mais do que 53% em 94 e 98, respectivamente. O Blog do Roberto Moraes vai além. Mostra que Lula já tem, desde o 2º turno de 2002, a segunda maior votação do mundo inteiro, perdendo apenas para Reagan, que, em 1984, teve em 54,4 milhões de votos. Neste 2º turno, Lula poderá ter algo em torno de 60 milhões de votos! Será mais de 10 vezes superior à fabulosa votação de Jânio Quadros em 1960 (5.636.623, 48% dos Votos Válidos). É curioso notar que a diferença de Lula para Alckmin neste 1º turno (6.693.996 de votos) já foi superior à votação de Jânio. Mas o mais importante nesses números todos de Lula é que eles representam, em sua grande maioria, a faixa mais pobre da população. É a parte eternamente esquecida por nossos políticos, a não ser em época de eleição. Desta vez, parece que os mais pobres encontraram mais do que alguém capaz de atender os seus anseios imediatistas - encontraram um igual para ser Presidente.

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Notícias da reta final

O Estadão publicou ontem mais uma notícia sobre dinheiro em hotel. Só que dessa vez não é do PT! Não vou continuar. Leia você mesmo. Aqui.
O Blog do Noblat publica segredinhos de Carlos Montenegro, do Ibope, para o comando da Campanha Lula: a diferença já estaria em 25% de Votos Válidos (mais ou menos 24 milhões de votos).
No seu Ex-Blog de hoje, César Maia, sabendo que o tucano já foi pro brejo, dá conselhos de última hora para Alckmin. Diz ele: “O QUE FAZER NOS ÚLTIMOS DIAS, DEBATES E PROGRAMAS?1. Uma diferença de 21 pontos - de fato uns 16 se descontados os efeitos da abstenção e pesquisa de meio de semana - é difícil, mas não impossível de ser ultrapassada. 2. Para isso é necessário corrigir uns erros do programa e passar a focalizar a classe média. Geraldo apontou para os setores populares -dose certa, renda mínima, vou continuar o bolsa-família, mutirão da saúde... Resultado: não tirou nada do Lula, ao contrário, e ainda abriu o flanco na classe média. (...) 4. O foco dos últimos dias de Geraldo (Alckmin, para quem não sabe...) deve ser: apontar para os pontos fortes, ou seja, S.Paulo, Sul, Classe Média. Repetir o programa de segurança é um exemplo. Entrar com intensidade num discurso mais conservador - lei, ordem e família - é outro. (...) 9. E atenção: nada da classe média ir para Guarujá, Angra, Serra, Mar... neste fim de semana, pensando que a eleição está resolvida. Pode não estar”. Na verdade, ele está tentando manter em forma o seu discurso conservador. É como se Alckmin ajudasse a preservar o discurso para 2008 e 2010.
Enfim, nada que altere os rumos da eleição. É um 2º turno cada vez mais ou menos.

Pesquisas presidenciais: qual a diferença?

Ontem perguntaram aqui no Blog “por que o Alckmin insiste em dizer que a diferença entre a intenção de voto para ele e para Lula é menor do que a indicada pelos institutos? Pura retórica de campanha ou haverá alguma manipulação nos resultados dos institutos? Ou serão as pesquisas internas deles? Estas não são feitas pelo Ibope, é o tal do tracking?” Há várias respostas possíveis. Primeiro, ele pode estar dizendo a verdade, porque pode ter um resultado que lhe seja mais favorável dentro da margem de erro. Ele pode também estar fazendo a chamada “retórica” de campanha, falando qualquer coisa para manter seu eleitorado com alguma esperança. Não vamos considerar que haja manipulação dos institutos, para um lado ou para o outro. Mas pode haver algumas distorções. O tracking é uma boa ferramenta, dá agilidade e permite perceber fluxos ou tendências. Sua precisão depende das amostras e do período. Se for através de telefone, pode levar à distorção pela exclusão de razoável parcela da população sem telefone fixo. A verdade é que, independente dos motivos de Alckmin, todos os institutos com pesquisas registradas e divulgadas são unânimes em afirmar que, se a eleição fosse hoje, Lula venceria com índices correspondentes a mais de 20 milhões de votos de diferença. Essa é que é a diferença.

Onde está o tucano?

Os políticos são cruelmente pragmáticos. É o que demonstram mais uma vez, agora diante da queda inexorável de Alckmin. Os tucanos debandaram em vôos supersônicos. O melhor exemplo quem deu foi José Serra, conforme noticia Mônica Bérgamo em sua coluna na Folha (assinantes): "Na hora do debate, Serra estava assistindo à história de 'Mauro, um garoto mineiro de 12 anos, que adora futebol e jogo de botão', como informa a sinopse do filme, 'O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias', de Cao Hamburguer". Apesar da sua ausência nos estúdios da Record ser justificada por cansaço, depois de assistir o filme, "Serra foi à festa organizada pelos produtores, na Cinemateca Brasileira. Ficou lá até depois da 1h." Também o Painel da Folha (assinantes) comenta: "Em tom de piada, a cúpula do PFL diz que fundará uma agência de detetives para procurar os 'desaparecidos' da campanha de Alckmin no segundo turno. O governador eleito do DF, José Roberto Arruda, encabeça a lista". Resta saber se esses tucanos vão votar em Alckmin.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

O Globo mostra o rumo

Lula e Alckmin, Jonne Roriz/AE Veja as manchetes de alguns dos principais jornais hoje repercutindo o debate de ontem na Record: Correio Brasiliense: Tiroteio verbal sobe clima da campanha. JB: Lula e Alckmin repetem duelo de farpas. O Dia: Aperto de mão só para foto. Zero Hora: Terceiro debate repetete temas e acusações na TV. A Tarde: Lula e Alckmin repetem estratégias. O Estado de Minas: Tensão volta a subir em debate. Todos os jornais destacam o clima beligerante entre os candidatos Lula e Alckmin. Mas a manchete que melhor captou o espírito do debate foi a do jornal O Globo: Lula fala em entendimento após eleição; Alckmin nega. Na manchete estão as principais diretrizes da campanha. Do lado de Lula, contando com a vitória, busca-se a serenidade já, para podermos chegar a um pós-eleição tranqüilo. Do lado de Alckmin, há pelo menos duas fortes razões para não aceitar a mão estendida de Lula. A primeira razão, corretíssima, é porque nunca se deve baixar a guarda antes do resultado das urnas. Nenhum candidato deve demonstrar sinais de derrota. A outra razão está na disputa interna do PSDB: quem norteará o partido rumo a 2008 e 2010? Alckmin disputa a máquina, o eleitorado paulista e a indicação de 2010. E já se posiciona na asa “falcão” dos tucanos. Não terá o que barganhar junto ao Governo Federal, por isso ficará no ataque permanente. O clima "cordial" ficará por conta da asa “pomba” dos tucanos. De um lado ficarão Tasso, Artur Virgílio; de outro, Aécio, Serra (disputando entre si, até o racha), FHC. Por sua vez, tucanos disputarão com pefelistas a hegemonia dos 30%-35% do eleitorado de oposição a Lula. Será fundamental para o Governo Lula e para o país a harmonia pós-eleitoral. Mas não bastará o aceno positivo de parte da oposição. Lula deverá saber levar à frente tarefa mais importante, que é a de reconquistar a "Região Sul" que existe em cada estado, em cada cidade. Para avançar como partido forte e progressista, o PT deverá ter condições de reconquistar corações e mentes da chamada classe média que lê jornais diariamente, que é indispensável para manter a máquina funcionando e que resolveu eleger a “ética” como seu diferencial. Em jogo, não estão apenas as eleições municipais de 2008, nem mesmo as eleições presidenciais de 2010. O que se quer agora são concertações que ajudem a renascer o país.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Debate da Record em tempo real

22:36h - Lula começou arrasando. Está completamente à vontade.
22:44h - Lula continua solto. Alckmin se seguro em dados absurdos, como o "veto" ao aumento dos aposentados - coisa colocada pela oposição com fins eleitorais.
22:53h - O debate até que está melhor do que imaginei. Também não esperava que Luia fosse se apresentar tão melhor do que Alckmin. Mais calmo e com mais argumentos. Nada como boa vantagem nas pesquisas...
23:01h - Alckmin tentou várias armadilhas, como no caso da corrupção e dos deficientes. Se deu mal. Lula pergunta sobre as dificuldades em São Paulo. Não deveria. É claro quie o adversário estaria preparado e, além disso, está entrando no terreno alheio.
23:13h - Estão mornos.
23:18h - Alckmin com melhor argumentação em alguns momentos.
23:29h - Ponto de Lula ao apontar a falta de serenidade de Alckmin - que, por sua vez, não pára de bater.
23:35h - Alckmin se deu bem ao responder Lula sobre participações em debates. Mostrou que Lula repetiu Fernando Henrique. Tem coisa pior?
23:50h - O debate está morno, mas Alckmin agora se sai bem.
23:55h - Alckmin não respondeu bem sobre CPMF e entrou em terreno perigoso: falou de política externa.
00:08h - Alckmin se sai aparentemente bem na resposta sobre pollítica externa. Mas só aparentemente.
00:21h - Lula deu show sobre a questão Nordeste. E voltou a perguntar sobre política externa. Lula voltou a ficar melhor.
00:35h - Por questões técnicas, fiquei alguns minutos fora do ar. Alguns comentários se perderam. Mas quero dizer que aconteceu mais ou menos como pensava: um debate sem maior importância. Talvez um pouco mais emocionante do que imaginava. Como não trouxe nada de realmente novo, vitória de Lula, que tem mais de 20 pontos à frente nas pesquisas - e só faltam 6 dias!

Pré-debate

Enquanto você aguarda a hora do debate entre Lula e Alckmin, pode assistir um programa que fala de sessões de descarrego...

O Horário Eleitoral está mais requentado do que notícia sobre o Dossiê

Pintou certo desânimo nas campanhas eleitorais. Campanhas como a de Lula e Sérgio Cabral (não estou acompanhando as de outros estados) devem achar que a eleição está no papo. Campanhas como a de Alckmin e Denise Frossard parecem que já entregaram os pontos. (A bem da verdade, Denise fez grande mudança: apareceu sem o jaquetão escuro e vestindo um casaquinho branco com camisa também branca listrada de azul. Gente, que coisa fofa!) Colocaram no ar, na maior parte, reaproveitamento de matérias. Provavelmente o debate terá a mesma cara de banho-maria.

As regras para o debate da Record

O debate de hoje não deverá ter grande importância eleitoral. O horário é ruim (22:30h), tanto para ter audiência quanto para ter repercussão no dia seguinte. O público principal é de classe média, jornalistas, políticos e alguns empresários. Lula só precisa manter a calma e tratar bem os jornalistas. Pode continuar lendo e pode pôr e tirar os óculos sem medo. Pode continuar ironizando Alckmin, desde que não passe arrogância. Para Alckmin as regras poderiam ser as mesmas, mas o empate só serve a Lula. Alckmin teria que reduzir o tique nervoso nos lábios, o sorriso de boca quase totalmente fechada (parece sorriso amarelo) e a mania de projetar agressivamente o corpo pra frente (como faz no Programa Eleitoral). Além disso, Alckmin teria que ter um fato novo, uma denúncia que nocauteasse Lula - o que, a essa altura, parece impossível. Provavelmente essas regras servem também para o debate da Globo, na sexta-feira.

Would you walk a mile for a Kamel?

O lado investigativo do jornalismo sempre foi emocionante e louvável. E grandes nomes da nossa imprensa ganharam destaque com suas qualidades investigativas. Lembro que Raimundo Pereira, na sua época de Veja dirigida por Mino Carta, fez grandes trabalhos de investigação política (ao lado, entre outros, de Luiz Gutemberg) em plena ditadura. A Veja daquela época, que amargava prejuízos e dificuldades nas vendas, conseguiu a partir de seu reposicionamento no mundo político, recuperar-se na mente dos leitores e, conseqüentemente, nas vendas. Raimundo Pereira voltou a dar grande mostra de suas qualidades investigativas nas reportagens de Carta Capital que investiga a própria mídia. As reportagens deixam bem claro que houve uma grande farsa sobre os dólares do famoso “Dossiê Ex-Serra”, montada sob os olhos “distraídos” da Rede Globo. O resultado da farsa foi o 2º turno das eleições, um golpe, como diz Paulo Henrique Amorim em seu “Conversa Afiada”. O Diretor Executivo de Jornalismo da Globo, Ali Kamel, tentou responder as acusações de favorecimento da campanha tucana. Mas só conseguiu responder questões periféricas. Em nenhum momento respondeu com firmeza à questão principal. Lendo as respostas de Ali Kamel, fiquei com a sensação de se tratava muito mais de uma confissão. Espero que, pelo menos neste 2º turno, a conversa entre Lula e João Roberto Marinho, relatada por Mônica Bérgamo na Folha (para assinantes) e reproduzida no Blog do Josias, ajude a manter Kamel a milhas de distância.

domingo, 22 de outubro de 2006

O 2º turno foi golpe da Globo?

Paulo Henrique Amorim, em seu Blog Conversa Afiada, trata Ali Kamel, Diretor-executivo de jornalismo da Central Globo de Jornalismo, como "Ratzinger" (o guardião da doutrina da fé) e faz breve histórico dos Organizações Globo associado a momentos golpistas da história do Brasil.Veja trecho: "A/O Globo ajudou a derrubar Vargas. Tentou derrubar JK (mini-série, como se sabe, não é documento histórico). Ajudou a derrubar Jango. Foi o porta-voz dos “anos militares”. Lutou contra Brizola. Sempre foi contra Lula. Quando Roberto Marinho mandava, era proibido ter “sobe som” do Lula, durante as campanhas presidenciais. Se Lula falasse swahili, o publico não saberia. Fora das campanhas, Lula só aparecia em situações que o prejudicasse. A edição do Jornal Nacional da véspera da eleição foi uma intervenção no processo político muito mais profunda do que a edição do Jornal Nacional na véspera do segundo turno, que elegeu Collor. A mídia – com a Globo à frente – levou a eleição para o segundo turno, é o que demonstra, com números, Marcos Coimbra, do Vox Populi, na edição da Carta Capital que está nas bancas".

Votos Válidos incomodam Cesar Maia

Nos últimos dois dias, Cesar Maia resolveu fazer campanha contra a divulgação dos Votos Válidos. Diz ele no seu Ex-Blog de hoje: “A imprensa está apresentando de forma completamente equivocada os números do segundo turno, usando votos válidos. No segundo turno são dois candidatos, portanto a diferença se mede entre os dois incluindo todos os votos”. Ele justifica: “Supondo que uma pesquisa dê 15% para um candidato e 10% para o outro e 75% de votos brancos, nulos e não sabe. A imprensa daria 60% a 40% de votos válidos? Uma diferença de 20 pontos?” Há meias-verdades e sofismas nisso tudo. A imprensa em sua maioria (incluindo o Jornal Nacional) destaca em primeiro lugar os votos totais, depois os Votos Válidos. O Globo faz assim, a Folha e muitos outros. Devemos considerar também que com a alta taxa de Votação Espontânea e baixa taxa de Brancos, Nulos e Indecisos, os Votos Válidos das pesquisas deverão estar bem próximos dos Votos Válidos da eleição. Há ainda a questão de se a imprensa publicaria ou não somente os Votos Válidos em uma pesquisa com alta taxa de Não-Votantes (Brancos + Nulos + Indecisos). Certamente publicaria os Votos Totais. Mesmo assim a eleição poderia ter forte chance de repetir exatamente os números de Votos Válidos da pesquisa – e no final, são os Votos Válidos que valem... Por trás dessas reclamações, está o desespero com os números vencedores de Lula e, no plano estadual, de Sérgio Cabral (contra a candidata de Cesar, Denise Frossard). Cesar Maia não reclama da mídia com suas manchetes tucanas, sua manipulação baseada no “trinômio Lei, Ordem e Família” que tanto lhe agrada. Além disso, para ficar estritamente no campo das pesquisas, nunca vi Cesar Maia reclamar da interpretação absurda (inclusive os telejornais globais) de “margem de erro”. Até hoje ninguém explicou aos redatores e editores que as margens de erro adotadas nas pesquisas referem-se à faixa dos 50% (para quem tem 8%, por exemplo, a margem de erro é diferente). Pior de tudo é a imprensa tentar ocultar os números imensamente favoráveis a Lula. Em outras épocas, números como esses atuais ganhariam naturalmente grande destaque. Agora procuram divulgar o estritamente necessário e somente porque não tem mais jeito. Como comentou "Julio" neste Blog, referindo-se à divulgação da última pesquisa Ibope no Jornal Nacional: “Ah, e nunca havia visto uma divulgação de pesquisa tão apressada assim. Só faltou convocarem aquele locutor de corrida de cavalos para o trabalho. (Ernani Pires Ferreira, é esse o nome do locutor?)”. Tamanho desespero não deveria ser válido...

sábado, 21 de outubro de 2006

A alckmia dos votos

Qual a fórmula da multiplicação dos votos? É essa resposta que os alckmistas buscavam alucinadamente, alopradamente, para fazer alçar vôo a miragem tucana. Eles achavam que tinham a resposta quando conseguiram pular do 1º para o 2º turno, mas era pura ilusão. De 1º de outubro pra cá os votos estão virando fumaça e não há alckmista que consiga encontrar o antídoto contra picada de Lula. Os votos que eram para se multiplicar já diminuíram em quase 3 milhões, enquanto os votos de Lula já cresceram mais de 30%. Os alckmistas já tentaram dossiê, já tentaram delegado, já tentaram foto dos dólares, já tentaram outdoors da Veja, já tentaram falar grosso em debate, já tentaram falar manso em debate, já tentaram capa da Veja com filho do Lula, já tentaram nem sei o que, lembrem aí pra mim. Nada deu certo, e só falta uma semana para o 2º turno. Estão tentando agora pegar o Zé Dirceu de volta e misturar com o dossiê. Há esperança também de misturar tudo com o jogo do bicho. Enfim, esperança de escândalos é o que não falta na oposição. Estão convencidos de que escândalo é a melhor proposta de programa de governo e não arredam o pé disso. Não existe escândalo? Então que se invente um! O povo brasileiro não agüenta mais tanta incompetência e tanto baixo nível. O que o povo quer é votar logo em Lula e deixar o Governo voltar a trabalhar como vinha trabalhando. É bom também nem tentarem um 3º turno. Alckmias nunca mais!

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Ibope: Lula está 23,4 milhões de votos à frente

O jacaré está de boca escancarada. Conforme este Blog previu, a pesquisa Ibope divulgada no Jornal Nacional apontou mais de 60 milhões de votos para Lula. Considerando-se 97,5 milhões de Votos Válidos, Lula está com 60.450.000 (62%) e Alckmin com 37.050.000 (38%). A diferença, portanto, de 24%, corresponde a 23.400.000 votos.

Ibope: Lula dispara

O Ibope deve apontar mais de 60 milhões de votos para Lula, de um total de 97,5 milhões de Votos Válidos prováveis.

Não aconteceu, virou manchete

Já sabemos quais serão as manchetes de todos os jornais de amanhã: "Dirceu envolvido com o dossiê". Provavelmente ainda tentarão trocar o nome de "Dossiê Serra" para "Dossiê Dirceu". Convenhamos que está ficando fácil prever o que os jornais vão destacar no dia seguinte. Basta pegar no ar uma pequena notícia (de preferência boato), apurar suas ligações com qualquer coisa, imprensar bem para virar bomba e transformá-la em escândalo do Governo Lula. Isso tem nome: irresponsabilidade.

O Globo entra no túnel do tempo para tentar atingir Lula

Túnel do Tempo, Google Manchete do jornal O Globo de hoje (20/10/2006): “Petista confirmou que Freud mandou comprar o dossiê”. Quem lê pensa logo que por trás do título existe uma grande notícia. Ou que se trata de alguma novidade. Ou, quem sabe, o tal “fato novo” que a oposição tanto procura. Ledo engano. É apenas notícia requentada. Nada de novo. Tudo saiu no 1º turno! A novidade é unicamente ter ganhado um destaque imenso no jornal O Globo. Na falta de algo novo, resolveram mergulhar de volta no tempo, passar graxa nas notícias velhas e tentar com isso produzir alguma bomba. Estou convencido que esse tipo de atitude da grande imprensa é o “fato novo” desta eleição...

Ibope-RJ: Sérgio Cabral está com 2,9 milhões de votos à frente

Considerando 8,5 milhões de Votos Válidos em todo o Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB) está com 2.900.000 votos à frente de Denise Frossard (PPS-PFL-PV). Segundo o Ibope divulgado ontem, Sérgio Cabral tem 67% dos Votos Válidos (cerca de 5.700.000 votos) contra 33% (cerca de 2.800.000 votos) de Denise Frossard. Ao estrategista Cesar Maia resta agora procurar ampliar os votos de Denise na Capital, para garantir o seu eleitorado em 2008.

Alckmin: chuchu or not chuchu

Montagem sobre desenho hamletiano, Google Dúvida cruel para o candidato tucano Alckmin. Se ele é agressivo e agrada seus militantes e assessores como Cesar Maia, desagrada a maioria dos eleitores. Se mostra que sabe tudo, passa imagem de arrogante. Se decide ser “paz e amor”, deixa a militância “chuchu” e não consegue superar Lula. Se Lula se engana e diz que a taxa Selic está em 6,5% (na verdade, TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo; a Selic está em 13,45%), Alckmin, que deve saber a diferença, não percebe o engano (nervosismo) ou prefere seguir adiante para não passar a imagem presunçosa de que está chamando Lula de ignorante. Alckmin conseguiu dizer uma única gracinha – foi quando Lula disse que ele era candidato de uma nota só, e ele respondeu que não era uma nota, mas, sim, 1 milhão 750 mil notas, referindo-se aos dólares apreendidos. (Mesmo sabendo-se que não eram notas de 1 real, foi engraçadinho. Estranhamente – talvez por orientação de pesquisa –, ele não se estendeu no tema.) O fato é que, diante da velha dúvida tucana de “ser ou não ser”, Alckmin preferiu a velha solução de ficar em cima do muro. Por causa disso, talvez despenque ainda mais nas pesquisas.

Vox Populi: Lula está 21,5 milhões de votos à frente

A nova pesquisa Vox Populi divulgada ontem pela TV Bandeirantes aponta Lula com 22 pontos à frente de Alckmin em Votos Válidos. Lula 61% e Alckmin 39%. Considerando-se 97,5 milhões de eleitores com Votos Válidos, isso significa uma vantagem para Lula de 21.450.000 votos. É mais do que o dobro da soma dos votos dos candidatos que não passaram para o 2º turno. Haja dossiê para derrubar essa pilha de votos!

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Debate do SBT em tempo real

21:37h - Lula começou nervoso, mexendo no bolso. A configuração favoreceu-o porque ele pôde olhar mais para a frente, para o telespectador, ao contrário do que fez da outra vez. Ganhou ponto com a ironia de "PCC para o Brasil inteiro", caso Alckmin seja eleito. Alckmin está mais calmo, segurando a agressividade.
21:42h - Ponto para Lula na questão da educação.
21:47h - Alckmin fez pegadinha usando o rankeamento do The Economist e se deu mal. Lula tratou-o por colonizado, brincou com o New York Times e deu aula de economia. Não precisa responder o ranqueamento. Lula está bem melhor.
21:53 h - Alckmin fugiu bem da questão das privatizações.
21:59 h - Alckmin errou ao voltar ao tema saúde. Lula respondeu bem e ainda colocou bem a questão social versus econômica. En passant, bateu em Cesar Maia e convidou Alckmin a revisitar a Santa Casa de Pindamonhangaba (terra dele) para ver como a saúde melhorou.
22:10 h - Alckmin tenta fugir da questão energética. Em vez de responder, pergunta sobre irrigação.
22:15 h - Lula está à vontade.
22:27 h - Alckmin insiste na saúde, onde seu deu mal de novo. Lula ironiza que Alckmin pergunta em vez de responder.
22:39h - Na despedida, Lula repete Martin Luther King e diz "eu tenho um sonho". Alckmin se despede repetindo que o PT já teve a sua oportunidade. Na avaliação final, principalmente comparando com o debate anterior, Lula se saiu bem melhor. Devemos acrescentar que a condução de Ana Paula Padrão sem dúvida foi muito simpática. Ela só tratou Lula de "Presidente", mostrando educação. As avaliações finais são favoráveis a Lula. Até Cesar Maia deve concordar.

Navegando contra a mídia

Mino Carta tem seu nome associado a grandes feitos da nossa imprensa – por exemplo, Quatro Rodas, Jornal da Tarde, Veja, IstoÉ, República, Carta Capital e outros. É tipicamente um nome da velha guarda, meio avesso às novidades tecnológicas – tanto que na foto de seu Blog ele valoriza o uso de máquina de escrever comum. Mas ele está descobrindo com prazer os novos rumos da internet, e declarou no seu “post” de ontem: “Estou a descobrir o valor da Internet. A reportagem de capa de Carta Capital, de autoria de Raimundo Pereira, conta aí com uma repercussão impressionante. Para este velho jornalista ainda preso à Olivetti e temeroso do computador, capaz de engolir a humanidade em peso pela bocarra do vídeo, é surpresa encantadora. É deslumbre. (...) O jornalismo on-line, ao menos no Brasil, é melhor do que o impresso e o eletrônico”. Esse texto de Mino está bem afinado com o texto de hoje do ConversAfiada de Paulo Henrique Amorim, que levanta a questão de “como governar quando toda a imprensa é contra”. Diz Paulo Henrique que só existem duas alternativas, a tipo Chávez, que parte para o enfrentamento direto (tirando programas do ar, interferindo em outros progrmas, etc.), ou a tipo Roosevelt, que faz uso das novas tecnologias (“Na eleição de 1932, seis de cada dez jornais fizeram oposição a ele e Roosevelt acreditava que era vitima de um ódio profundo de donos de empresas jornalísticas, que distorciam as noticias para prejudicá-lo. As redes de estações de rádio, ao contrário, deram total colaboração... e o Presidente usou o rádio para atingir o público diretamente e explicar seus programas”). Diante da situação semelhante – ou pior ainda – que Lula enfrenta, Paulo Henrique sugere que ele adote a alternativa Roosevelt, dando um salto tecnológico e passando a usar a internet. ”É o único espaço que sobra para o Governo Lula – se ele for reeleito”.

Por que o PSOL vota em Lula

Chico de Oliveira, sociólogo, 72 anos, fundador do PSOL, é um pensador respeitado. Saiu do PT e tornou-se um dos seus críticos mais ferrenhos. Ao contrário de Heloísa Helena, ele é contra o voto nulo e diz por que é importante votar em Lula no 2º turno. Leia a didática entrevista que ele deu a Flavio Aguiar e Gilberto Maringoni, da Agência Carta Maior, clicando aqui. Trechos:
A diferença maior entre as orientações de Lula e de Alckmin, em termos amplos, é que o segundo promoveria uma privatização acelerada do que resta de ativos em mãos do estado.
Ambos – PT e PSDB – têm projetos capitalistas, mas diferentes em sua forma.
Acho que a reeleição é uma nova eleição. Os espaços que tínhamos em 2002, de outra forma, voltam a se apresentar, como a questão das privatizações. Esse era um tema proibido durante o governo Lula e ainda mais na era de FHC. Os que dissentiram foram marginalizados. Por que esse tema volta agora a ser central? Por que se abre uma nova disputa. Por isso, eu considero a possibilidade de se votar em Lula. Várias forças que atuaram dentro do PT voltam a ter chance de disputar esse governo.
Votei no primeiro turno em Heloísa Helena. Mas logo ela começou a desandar. Ela perdeu o voto de minha mulher quando, numa entrevista para a Globo disse, sobre o tema do PCC, que multiplicaria por dez o número de prisões. Minha mulher virou-se para mim e disse: “Aqui acabou meu apoio”.

Míriam Leitão tornou-se humorista

A colunista Míriam Leitão, do Grupo Globo, sempre escreveu sobre temas associados a política econômica . É uma crítica feroz do atual governo federal. E procura passar uma imagem de analista séria, áspera, sem muitos sorrisos. Mas hoje sua coluna no jornal O Globo (assinantes, aqui) parece que abriu espaço para o humor, por causa da dúvida que está corroendo sua alma, registrada no início do texto. Disse ela: “Das sabatinas com os candidatos a presidente (refere-se às sabatinas promovidas pelo jornal O Globo com os presidenciáveis), ficou-me uma sensação curiosa: o candidato que está vencendo a eleição estava irritado, nervoso e participou da entrevista como se estivesse num ringue (o grifo é nosso); o candidato que está perdendo recebeu perguntas duras dos colunistas com um sorriso calmo, sem demonstrar irritação”. Que aconteceu com a colunista? Não acredito que seja cinismo. Nem que seja ataque de bobeira. Portanto só pode ser piada. Ser entrevistado por acusadores como a própria Míriam, Merval Pereira, Ancelmo Goes e outros jornalistas de um jornal que só faz atacar o governo e distorcer informações não pode deixar ninguém à vontade. Todos os entrevistadores trabalham no Grupo de Comunicação que teria participado da farsa da foto dos dólares junto com o delegado da Polícia Federal – isso não é suficiente para deixar qualquer ser humano irritado? Na verdade, Míriam, Lula dificilmente estaria se sentindo em um ringue ou muito menos em uma sabatina. Mais provavelmente estava se sentindo em um interrogatório policial ou, pior ainda, diante da Inquisição. Mas tenho certeza que você sabe disso e está apenas treinando para ser redatora do Casseta & Planeta.

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Datafolha: Lula está 19,5 milhões de votos à frente

Lula treina com Popó para próximo debate, Folha Considerando apenas os Votos Válidos (cerca de 97,5 milhões de votos), Lula está com 58,5 milhões de votos (60%) e Alckmin está com 39 milhões (40%), aplicando os índices da pesquisa Datafolha divulgada ontem. Diferença, portanto, de 19,5 milhões a favor de Lula. Curiosidades. Nordeste: Lula 75%, Alckmin 25%. Periferias das Capitais: Lula 65%, Alckmin 35%. Estado do Rio de Janeiro: Lula 68%, Alckmin 32%.

Canecão: artistas e intelectuais de bem com Lula

Foi um momento de reencontro. Alguns dos principais nomes dos artistas e intelectuais do Brasil reabriram seus corações para Lula. O Canecão, tradicional casa de shows do Rio, é uma referência cultural e estava em festa completa na noite desta terça-feira. Despois de passar pelo Centro do Rio e de fazer comício, foi no Canecão que Lula encerrou sua gloriosa noite carioca.

Canecão: Boal e a mordida

Augusto Boal surpreendeu. Fez um discurso vibrante, poético e didático. Dona Marisa Lula da Silva conseguiu ganhar os originais. Boal falou do "caso mordida no Leblon", em que uma militante das camisetas "Lula Não" arrancou pedaço do dedo de uma publicitária militante das camisetas "Lula Sim". Ele contou que a autora da mordida teria declarado que era para a vítima ficar para sempre com a marca do Lula. Coisa de louco.

Canecão: Gilberto Freyre e Dercy Gonçalves

Lula encerrou seu discurso com um poema de Gilberto Freyre, “escrito no tempo de Dercy Gonçalves”, como ele anunciou, brincando com ela, que estava de corpo presente, dando seu total apoio a Lula. O poema é de 1926 e anuncia o novo mundo que vem aí.

Canecão: o PDT é Lula

Beth Carvalho, além de sambista famosa, sempre foi brizolista e é Vice-Presidente de Honra do PDT. Declarou seu voto a Lula, contra a neutralidade proposta pela executiva pedetista. Foi além: disse que Brizola, se estivesse vivo, faria o mesmo. Foi muito além ainda: declarou que já no 1º turno votou em Lula.

Canecão: o PSOL é Lula

Chico Oliveira, ex-petista, e atualmente crítico ferrenho do PT, largou de lado o modelito de Heloísa Helena e declarou seu voto em Lula.

Canecão: Popó é Lula

Nosso campeão Popó emocionou o Canecão falando de como venceu na vida (e como venceu!) e presenteou Lula com um par de luvas de boxe. Disse que é para usar no próximo debate... Lula, no seu discurso, brincou, disse que Popó era baixinho e que se encarasse pra valer era capaz de dar uns cacetes nele.

Canecão: comparando marido com ex-marido

Lula disse que não entende porque os tucanos não gostam de comparações. Declarou que, quando ele e Marisa casaram, eram viúvos e bem que poderiam ter feito comparações com o ex-marido e a ex-mulher... (Coisa que não fizeram, tratou de esclarecer...)

Canecão: o Rio venceu ACM

Disse Lula que o Rio é lugar privilegiado, porque produziu um carioca (o Governador eleito Jacques Wagner) e exportou-o para a Bahia só para derrotar Antonio Carlos Magalhães.

Canecão: frescura paulista

Lula foi hilário, imitando com vozes e trejeitos a frescuragem da elite paulista metida a besta. Lula, aliás, estava muito à vontade, espirituoso, vencedor.

Canecão: Celso Amorim ovacionado e outras histórias

Emir Sader, no seu discurso de chamamento da intelectualidade à sua responsabilidade histórica, fez elogios rasgados à política externa. Celso Amorim não se conteve, levantou, acenou, interropeu o orador para agradecer, sob o delírio da platéia.
Zeca Pagodinho presente e aplaudidíssimo.
ManuEla, a estrela gaúcha do PCdoB, a mais jovem jovem Deputada Federal eleita e a mais votada, fez um discurso jovem e cativante.
Benedita e Marta, coordenadoras da campanha no Rio e em São Paulo, presentes e muito aplaudidas
Jandira Feghali idem.
Gil fez uma prestação de contas longuíssima. Citou e elogiou inúmeras vezes o candidato ao Governo do Rio, Sérgio Cabral.
Ana Maria Rangel, carioca, advogada - lembram, do 1º turno? - também estava no palco, com apoio a Lula.
Lula se agachou no palco para abraçar Dercy Gonçalves.
As dezenas de mensagens de ausentes (Chico Buarque, Paulo Béti, Lucélia Santos, entre outros) foram tão aplaudidas quanto os nomes dos presentes anunciados.

Canecão: até o Catacorno estava lá

Dezenas de entidades culturais estavam presentes no Canecão, dando seu apoio a Lula. Velhas Guardas da Mangueira, da Portela, do Salgueiro... blocos carnavalescos como "Suvaco de Cristo", "Concentra, Mas Não Sai"... e muitas outras agremiações. Presentes até mesmo integrantes do Catacorno, famoso bloco do Interior do Rio, região de Miguel Pereira e Paty do Alferes.

Canecão: o Flamengo é Lula

O presidente do Flamengo, Márcio Braga, chegou cedo para dar o seu apoio a Lula (que é Curintcha e Vasco). Lula brincou com a torcida rubro-negra, dizendo que a vitória de domingo sobre o Coríntians tinha sido meio chuchu. O Flamengo, aliás, foi o time mais beneficiado pelo lançamento recente da loteria Timemania, que vai ajudar os clubes a saírem do buraco da Previdência.

O Centro do Rio entra em êxtase com o Datafolha

A passeata do Lula já era uma grande festa, acontecimento memorável. Mas quando Sérgio Cabral anunciou, 5 minutos antes do Jornal Nacional, o resultado da pesquisa Datafolha com 60% dos votos válidos para Lula, foi uma explosão de alegria. O próprio Sérgio Cabral teve 63% dos votos válidos na sua disputa para Governador do Rio contra a candidata de Cesar Maia, Denise Frossard.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

O visual dos programas eleitorais

No programa de Lula, o visual melhorou muito neste 2º turno. O enquadramento de Lula melhorou 100%, graças, em parte, à substituição da legenda pela LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais). A legenda era pequena, parecia uma sujeira que atrapalhava o visual. Quero dar parabéns também pela beleza da leitura da letra do jingle, à moda jogral. Tudo muito bonito. O programa de Alckmin também é bonito, mas é mais frio. As falas de Alckmin são duras, e isso não se deve ao teleprompter, como acusa Cesar Maia. O TP pode ser muito bem aproveitado e isso depende muito mais de direção. No Rio de Janeiro, o visual do programa de Sergio Cabral é bom, também (aliás, o programa melhorou muito nesses dois últimos dias, apesar da insistência do discurso dentro de uma van-fantasma). O número “15” é bonito, a logomarca une muito bem beleza e eficiência (coisa que não acontece, por exemplo, no “13” de Lula, que às vezes não dá para ler). Já o visual de Denise Frossard tem uma falsa beleza. A direção de arte é muito fria, esquemática, muito certinha, pouco envolvente, apesar da boa edição. Na verdade, não parece trabalho de “diretor de arte”, mas, sim, de “designer”. Eu diria até que é meio yuppie. De um modo geral quero dizer que considero o visual desses programas acima da média.

Cesar Maia “elogia” a imprensa: diz que ela é conservadora...

Cesar Maia não pára de pensar no que fazer para reverter suas duas grandes derrotas, Alckmin para Presidente e Denise Frossard para Governadora do Rio. No seu Ex-Blog de hoje, reconhecendo as dificuldades da campanha pefelista-tucanista, ele propõe que Alckmin adote novo discurso: “E se Geraldo inverter o discurso e entrar no trinômio Lei, Ordem e Família? Será que surfaria na onda das três últimas eleições latino-americanas (mexicanas, peruanas e equatorianas) citadas?” Mas ele tem o cuidado de alertar: “(...) para isso há a necessidade de se ter ousadia e vacina contra o patrulhamento. Como todos sabem: na América Latina a comunicação liberal é impopular. Mas a comunicação conservadora é muito popular. No Brasil não é diferente”. Apesar de Cesar Maia fazer algumas confusões (como identificar populismo com esquerda, esquecendo que isso é prática preferencial da direita, que detesta organizações), ele está certo ao tentar de tudo para salvar a candidatura tucana. E esse discurso da TFP ou, se preferirem, das viúvas do Lacerda, se encaixa perfeitamente no perfil Opus Dei de Alckmin. Mas é duro admitir que nossa imprensa também esteja se encaixando nesse discurso.

Mais um ponto para Lula: Fernando Henrique entrou na campanha...

Fernando Henrique não resistiu às comparações do Governo Dele com o Governo de Lula e resolveu falar na CBN. Lembro de duas coisinhas. Ele disse que não existe esse negócio de partido que defende os ricos e partido que defende os pobres. E justifica dizendo que a “oligarquia nordestina” votou em Lula. O sociólogo Fernando Henrique não pode estar considerando que os 70% de eleitores nordestinos que votaram em Lula compõem uma “oligarquia” (governo de poucos). Claro que existe, sim, “partido dos pobres” e “partido dos ricos”. Um partido pode ter votos de ricos e ter em sua proposta defesa prioritária dos interesses dos mais pobres, e vice-versa. Ele sabe disso e sabe muito bem quais os interesses prioritários do PSDB. Outra coisinha que lembro foi a tentativa que ele fez de aprofundar a discussão sobre privatizações. Falou, falou, e acabou passando a impressão que defendia a privatização da Petrobrás, do Banco do Brasil, da Caixa, etc. Se Alckmin continuar com esse apoio, a diferença vai aumentar.

Cada dia que passa, Lula ganha ponto; ontem ganhou pelo menos três...

Do jeito que está, Lula só tem a ganhar. O próprio Cesar Maia, no seu Ex-Blog de hoje, reconhece que as próximas pesquisas devem ser favoráveis a Lula. A agilidade lulista do 2º turno foi muito grande e deixou a oposição na defensiva, sem discurso, sem proposta e sem nada de novo no Dossiê Serra. E só faltam 12 dias... Pior: ontem, Lula ganhou umas 4 notícias favoráveis: 1) o PDT histórico conseguiu barrar os avanços da nova direita do partido e aprovou a neutralidade no 2º turno. Era um apoio que Alckmin contava como certo, mas perdeu. 2) A notícia de que o índice de confiança do consumidor aumentou foi mais um ponto significativo para Lula. Como escreve Marcelo Rehder , na Folha de hoje, “Às vésperas da definição da corrida presidencial, os brasileiros esbanjam otimismo. O Índice Nacional de Confiança do consumidor, apurado pela empresa de pesquisas Ipsos a pedido da Associação Comercial de São Paulo, saltou de 129 para 138 pontos entre agosto e setembro, atingindo o nível mais alto da sua série histórica, que começou em abril de 2005”. 3) Mesmo com a notícia da redução nos investimentos diretos estrangeiros, a notícia do novo recorde nas reservas internacionais (74,954 bilhões de dólares) é outro ponto a favor de Lula. 4) Aqui pra nós, chamar Alckmin de “exterminador do futuro” foi demais. Vale 10.

Lula Sim, Lula Não; Dedo Sim, Dedo Não

Calma, pessoal. Desespero não leva a nada. Claro que é ótimo esse clima de disputa de torcidas eleitorais, mas, violência, não. Ontem mesmo Armando Nogueira, falando das torcidas de futebol, dizia que "torcida organizada lembra crime organizado". Não precisamos chegar a tanto. A disputa Lula-Alckmin que ganha as ruas da Zona Sul do Rio, ocupando o tempo entre um chope e outro, é muito saudável. Mostra o alto astral carioca invadindo a política. Mostra também que a classe média do Rio está perdendo a vergonha de votar Lula. Mas isso não pode atingir as raias da loucura, como aconteceu ontem, no Bar Jobi, no Leblon, quando uma defensora do "Lula Sim" foi atingida por uma mordida de defensora do "Lula Não". E PERDEU UM PEDAÇO DO DEDO!!! Evidente que isso não é mais caso de política. É caso de polícia, da mesma forma que acontece nas torcidas organizadas do futebol. Nada justifica esse nível de agressão. Essa história de que "vão-se os dedos, ficam os anéis" não compensa...
Curioso, vi muitas camisetas com "Lula Sim" e com "Lula Não". Não vi nenhuma com "Alckmin Sim"...

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Carta Capital... e Interior!

Alguns jornaleiros do Rio estão impressionados com o sucesso de vendas do último número de Carta Capital, esse que denuncia na capa o complô da grande imprensa contra Lula. Dizem eles, os jornaleiros, quase a mesma coisa: “Não sei o que aconteceu, a revista já acabou”. O fenômeno ocorreu também no Interior. O jornaleiro de Miguel Pereira, cidadezinha serrana de 27 mil habitantes do Rio de Janeiro que tem fama de oferecer “o 3º melhor clima do mundo”, estava preocupadíssimo nesse fim de semana: “Quatro pessoas encomendaram a revista, mas só vieram 3 exemplares. Não sei o que fazer”. Talvez o eleitor lulista tenha encontrado uma alternativa às outras revistas da grande imprensa...

O questionário Ibope que Cesar Maia ainda não questionou

A coluna Informe, do jornal O Dia (RJ), faz uma grave denúncia hoje. Diz a coluna: Na pesquisa que o Ibope está fazendo por telefone tem uma pergunta curiosa: “Você acha que Lula merece ser reeleito ou já teve oportunidade de fazer o que podia nos últimos quatro anos?” Realmente, é uma pergunta “curiosa”. Talvez faça parte de algum tracking telefônico encomendado pela campanha tucana. Se isso se confirmar, o Ibope estará fazendo um desserviço a seu cliente ao induzir os entrevistados a respostas favoráveis a Alckmin. Com a palavra, Cesar Maia, sempre muito duro nas críticas aos questionários do Ibope.

Dossiê requentado, o novo produto da praça

Ainda sem saber como reagir ao avanço lulista, a campanha tucana procura reaquecer o tema que garantiu sua passagem para o 2º turno, o Dossiê Serra. É verdade que a grande imprensa anda desesperada em busca de tema novo, sem sucesso. Em São Paulo, o Estadão faz manchete antigoverno federal, falando do baixo desempenho de nossa indústria, quando comparado com outros países emergentes; a Folha procura atrair o PDT de Cristóvam para Alckmin. Mas as manchetes do Globo, do Rio, e do Correio Brasiliense, além do Programa Eleitoral, mostram que é no Dossiê Serra que estão as maiores esperanças alckimistas. O Correio Brasiliense valoriza o discurso de Tasso Jereissati e tenta tirar Freud do sofá e colocar sentado no Dossiê. O Globo diz em manchete que “PT usará facção do crime para abafar dossiê”. Mas nada disso promete render muito. Só faltam 13 dias. Que os tucanos preferem considerar como “ainda” faltam 13 dias. Nesses dias, além da requentagem do Dossiê, o Horário Eleitoral e os 3 debates são as últimas esperanças da oposição, já que a batalha pelos apoios políticos regionais foi uma grande derrota. Está difícil conseguir uma hecatombe...

domingo, 15 de outubro de 2006

O ataque de Cesar Maia ao Ibope, mais uma dúvida

Ninguém duvida que Cesar Maia tem bons conhecimentos de pesquisas. Mas ele também se atrapalha muito. Seja porque muitas vezes ele torce (ou distorce?) contra, seja porque ele ainda não sabe tanto quanto imagina. No 1º turno, este Blog denunciou o sofisma dele e de Lavareda com relação aos Não-Votantes (Abstenção + Brancos + Nulos) do Nordeste e o resultado das eleições provou que este Blog tinha razão. No seu Ex-Blog de sábado, dia 14, ele investe contra os “pecadilhos” do Ibope na última pesquisa do Estado do Rio. Ele critica o fato do questionário começar com a pergunta sobre “presidente”, porque isso pode distorcer a pergunta que vem depois, que é sobre “governador”. Cesar Maia ficou chocado com o índice de 43% de pessoas respondendo que votaram em Sérgio Cabral, quando na verdade ele teve apenas 37% dos votos. Ele afirma: “Muito mais grave é a situação na Capital. Na eleição, Denise Frossard venceu Cabral por um ponto: 30% a 29% dos votos totais. Mas nesta amostra do Ibope, os eleitores dizem que votaram dia 1º de outubro, em Cabral 37% na Capital e em Denise Frossard 27%”. Pode ser que alguma distorção possa acontecer em função do questionário. Mas Cesar Maia precisa entender melhor a “alma do eleitor". Da mesma forma que as pessoas fazem o chamado “voto útil” para não "perder" o voto, é muito comum as pessoas declararem que votaram no candidato vencedor, mesmo que não seja verdade. Ninguém gosta de admitir que “perdeu” o voto. Muitas pessoas preferem mentir sobre o voto derrotado que deram, desde que com isso elas participem do clima vitorioso. Caminhando no sentido oposto ao de Cesar Maia, acho até que nessa pesquisa as pessoas mentiram pouco...

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Carta Capital faz revelações sobre o Dossiê Serra

A matéria de capa da revista Carta Capital que está nas bancas é forte, como vocês podem ver nesta reprodução. Mas o texto de Raimundo Pereira ainda é mais forte e revelador. Vale a pena ler. (Assinantes, acessem aqui.) Boa também a entrevista que Paulo Henrique Amorim faz com Maurício Dias, Diretor-Adjunto da Carta Capital, que trata não apenas do Dossiê Serra como também da nova pesquisa Vox Populi confirmando os números dos outros institutos e trazendo novos dados. (Ouçam aqui.)

A nossa mídia está abaixo da média

A imprensa tem que ser objetiva? Essa é uma discussão superada, porque sabemos que traz dentro dela uma impossibilidade. Inúmeros fatores e interesses interferem impedindo a tão decantada “objetividade” da imprensa. Mas a nossa imprensa não precisava exagerar tanto no seu “subjetivismo”. A tomada de posição pró-Alckmin, por exemplo, foi escandalosa. Não porque foi pró-Alckmin, mas pelo modo enganoso adotado. A imprensa procurou colocar-se acima de tudo e de todos, vestiu a toga de magistrado e passou a ditar o que é certo e o que é errado – traduzindo por “errado” tudo que se referisse a Lula. No artigo “O papel da mídia nas decisões de voto” que publico dia 2 no Observatório da Imprensa (e que só li hoje), Venício A. de Lima, mostrando certa perplexidade com o papel exercido pela imprensa, chega a afirmar: “Nos debates com candidatos, por exemplo, a instituição TV – que não passa de concessionária de um serviço público – comporta-se como se constituísse um poder (será que constitui?) acima dos outros. Os candidatos, que se apresentam aos eleitores como aspirantes aos cargos públicos, estão nesses debates como se estivessem diante de uma banca de examinadores e a autoridade do julgamento é exercida pela estrutura televisiva personificada no (a) âncora que preside o debate”. Ele também afirma: “Não creio que se possa ainda avaliar corretamente a influência da posição político-eleitoral – implícita ou explícita – de jornais como a Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo ou de revistas como Veja, em especial no voto urbano de classe média nas eleições para presidente da República. Com certeza essa influência não foi desprezível”. E conclui: “Os grupos e movimentos interessados em garantir a todos o direito à comunicação devem se mobilizar para que, nas quatro semanas que nos separam do segundo turno da eleição presidencial, tornem-se transparentes as propostas dos dois candidatos. Isto porque não se pode mais adiar a regulação das comunicações no Brasil. Trata-se de um setor de indiscutível centralidade no cotidiano da população brasileira e que hoje vive uma situação caótica de desregulação que certamente não atende ao interesse público”. O que talvez seja mais desesperador para a grande imprensa é o fato de, apesar de toda a sua pressão contra, a candidatura Lula ter se firmado, conquistando corações e mentes da maioria do povo brasileiro. Talvez isso signifique que ela é fraca, não tem média suficiente para ser aprovada pela população.

A volta do Horário Eleitoral

Muito bom esse retorno do Horário Eleitoral. As equipes estão melhor preparadas e boa parte do material já está pronto. As duas campanhas já tinham tempos próximos do que têm agora (10 minutos) e a estrutura do programa não exige grandes alterações. O de Lula, que era menor, exigiu um pouco mais de mudanças, mas teve a vantagem de passar a sensação de que cresceu. As duas campanhas fizeram bons programas, mas com vantagens visíveis para o de Lula. A diferença começa pelos jingles, ambos bons, mas o de Lula (apresentado no final do 1º turno) bem melhor, mais emocionante e melhor posicionado (contra o "perigo da mudança para o duvidoso"). O desfile de apoios foi outra vantagem de Lula, com nomes bem significativos, governadores eleitos ou vitoriosos do 1º turno. O encerramento dos apoios com Sérgio Cabral foi muito positivo. A entrada dos apresentadores mais jovens e mais classe média foi uma correção importante. As edições dos debates não foram grande coisa, com pequena vantagem para Alckmin (Lula preferiu esquecer na veiculação à noite). Alckmin repetiu o erro de repetir à noite o programa da tarde, apesar dos alertas emitidos por Cesar Maia. Reforçou a sensação de déja vu. E para mim o ponto alto foi a definição das duas candidaturas feita pelo programa de Lula. De um lado uma proposta, de outro, bem claramente, a outra proposta. De um lado, a proposta FHC-Alckmin; de outro, a proposta Lula-investimento social. De um lado, privatizações; de outro, Bolsa-Família. Lula começou ganhando. Mas se fosse empate ou estivesse perdendo por pouco, também estaria ganhando. De qualquer maneira, parabéns às duas equipes de conceituação/produção pelo excelente nível.
No segundo dia, o programa de Sérgio Cabral melhorou muito. A questão da segurança é sempre bem-vinda e a participação de Lula foi muito melhor. Atenção: os apoios não têm necessariamente que olhar para o repórter. O depoimento do Minc - muito bom - teria ficado muito melhor se ele estivesse olhando para a câmera.

Ibope: Lula tem 13.650.000 votos à frente.

No 1º turno, foram 95.995.034 Votos Válidos (igual a Total de Eleitores Aptos, menos a Abstenção, menos os Brancos, menos os Nulos). No 2º turno é possível que a Abstenção cresça um pouco, mas com certeza os Brancos e os Nulos vão diminuir, fazendo com que cresça o número de Votos Válidos. Em 2002, do 1º para o 2º turno, o número cresceu 1,426%. Pode ser que esse ano, em função da maior motivação, cresça mais. Digamos que cresça 1,567% e teremos 97.500.000 Votos Válidos aproximadamente. Aplicando os novos números de Votos Válidos da pesquisa Ibope (Lula 57% e Alckmin 43%), com 14% de diferença, temos a projeção de 13.650.000 a mais para Lula. O tucano Alckmin terá que arrancar muita pena até o dia 29...

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Acreditar ou não acreditar em pesquisas, eis a questão

Em 98, quando fui fazer o 1º programa de Garotinho para Governador do Rio, deparei-me com um grande problema. Queria já no começo mostrar pesquisa com Garotinho à frente, mas o PDT (partido de Garotinho, na época) não aprovava. Sabem por quê? “Porque Brizola sempre foi contra”, responderam. Brizola sempre considerou que todas as pesquisas era manipuladas contra ele. Ainda argumentei que dessa vez o candidato pedetista estava à frente, logo seria mais seguro. “Engano seu. Eles fazem isso no começo para dar credibilidade à queda que provocarão depois”, responderam sem pestanejar. Perdi a batalha do 1º programa, mas acabei com essa bobagem do 2º em diante. Eu parto do princípio que uma pesquisa, bem feita, não erra. Seus erros são de interpretação. Claro que acredito que algumas pesquisas podem ser manipuladas, mas aí chegamos a lugar nenhum, porque a pior manipulação será no caso de não haver pesquisa alguma. Acho essa atitude de Alckmin tentando desqualificar as pesquisas que mostram sua queda completamente infantil e típica de quem acusa o golpe. Soa muito mais como um reconhecimento de que o chuchu foi pro brejo. A pesquisa, quantitativa ou, principalmente, qualitativa, sempre será um aliado do marketing eleitoral. O candidato, mesmo desconfiando de um ou outro resultado, tem que valorizar as pesquisas. E tem que saber contratá-las e saber tirar partido de todos os resultados, inclusive os adversos. Um vencedor tem que acreditar em pesquisas – mesmo que duvide de certos resultados...