quinta-feira, 12 de outubro de 2006
Programas eleitorais: a difícil arte de parecer feliz
Fiquei muito impressionado com o primeiro programa do 2º turno para o Governo do Rio. A eleição de 1º de outubro e as pesquisas que vieram depois já tinham deixado bem claro quem é o vencedor. Sérgio Cabral ganhou fácil e as pesquisas mostram agora a sua dianteira arrasadora: 61% dos votos válidos. Começa o Horário Eleitoral, e o que vejo? O programa de Denise Frossard – que tem sido pouco emocionante, mas eficiente junto ao eleitor lacerdista – surgir vibrante, bem editado, dividido em pequenas partes, quase como se fosse uma galeria de comerciais de 1 minuto. A própria Denise, normalmente antipática e rígida na tela, está ainda mais sorridente. O programa de Sérgio Cabral tem uma força impressionante, com seu imenso leque de apoios, de Crivella a Ciro Gomes, passando por Godofredo e muitos outros. Até o Suplicy está vindo dar o ar da sua graça. Perfeito. Mas tirando esses apoios, o programa está sem emoção. O candidato é mal tratado dentro de uma van ou com efeito de zoom pretensamente moderno. Atenção, marqueteiros: em campanha política essas falsas modernidades só fazem atrapalhar, desviam o foco. E por que ninguém cuida da trilha? Boa parte do programa está seco, sem emoção, insosso. Aquele encontro com Lula no Palácio do Planalto é um exemplo de como não captar cenas de apoio. Foi um apoio puramente protocolar, incapaz de agregar um voto. Uma campanha como essa merece programas mais vibrantes, mais emocionantes, mais contagiantes. E principalmente é preciso mostrar o candidato feliz. Será que é complicado? Repito: se o Serra conseguiu, não deve ser tão difícil assim.