quinta-feira, 26 de outubro de 2006
Com quantos votos se faz um presidente?
Alguém comentou neste Blog que o 2º turno “poderá ser excelente para Lula: se sair com mais votos do que teve em 2002 (ou igual) estará muito mais legitimado do que se ganhasse por 1% no primeiro turno”. Antes eu achava que era melhor ter vencido logo no 1º turno, mas agora concordo que o 2º turno já está se mostrando excelente. Foi possível ao Governo Lula iniciar a “concertación” e também foi possível reconquistar boa parcela da classe média que estava se deixando levar pelo canto da sereia do voto “ético” propalado pela oposição. O 2º turno permitiu também a retomada de um discurso mais progressista e a delimitação do campo do trinômio “lei, ordem e família” (o lema-desculpa da direita para uma ordem moralista-conservadora, autoritária e, na verdade, sem apegos à lei, como demonstram a tortura e as barras de ouro de Pinochet). Além disso, as votações expressivas de um 2º turno permitem de fato maior legitimidade ao eleito. Em números absolutos, Lula já tem as maiores votações da história do Brasil: quase 53 milhões no 2º turno de 2002 e quase 47 milhões este ano e tem também a quarta maior votação, com quase 40 milhões de votos no 1º turno de 2002 (a terceira maior é de Alckmin, com praticamente 40 milhões este ano). Proporcionalmente, Lula também tem o maior índice: mais de 61% no 2º turno de 2002. Fernando Henrique teve os segundo e terceiros maiores: mais de 54% e mais do que 53% em 94 e 98, respectivamente. O Blog do Roberto Moraes vai além. Mostra que Lula já tem, desde o 2º turno de 2002, a segunda maior votação do mundo inteiro, perdendo apenas para Reagan, que, em 1984, teve em 54,4 milhões de votos. Neste 2º turno, Lula poderá ter algo em torno de 60 milhões de votos! Será mais de 10 vezes superior à fabulosa votação de Jânio Quadros em 1960 (5.636.623, 48% dos Votos Válidos). É curioso notar que a diferença de Lula para Alckmin neste 1º turno (6.693.996 de votos) já foi superior à votação de Jânio. Mas o mais importante nesses números todos de Lula é que eles representam, em sua grande maioria, a faixa mais pobre da população. É a parte eternamente esquecida por nossos políticos, a não ser em época de eleição. Desta vez, parece que os mais pobres encontraram mais do que alguém capaz de atender os seus anseios imediatistas - encontraram um igual para ser Presidente.