terça-feira, 24 de outubro de 2006

O Globo mostra o rumo

Lula e Alckmin, Jonne Roriz/AE Veja as manchetes de alguns dos principais jornais hoje repercutindo o debate de ontem na Record: Correio Brasiliense: Tiroteio verbal sobe clima da campanha. JB: Lula e Alckmin repetem duelo de farpas. O Dia: Aperto de mão só para foto. Zero Hora: Terceiro debate repetete temas e acusações na TV. A Tarde: Lula e Alckmin repetem estratégias. O Estado de Minas: Tensão volta a subir em debate. Todos os jornais destacam o clima beligerante entre os candidatos Lula e Alckmin. Mas a manchete que melhor captou o espírito do debate foi a do jornal O Globo: Lula fala em entendimento após eleição; Alckmin nega. Na manchete estão as principais diretrizes da campanha. Do lado de Lula, contando com a vitória, busca-se a serenidade já, para podermos chegar a um pós-eleição tranqüilo. Do lado de Alckmin, há pelo menos duas fortes razões para não aceitar a mão estendida de Lula. A primeira razão, corretíssima, é porque nunca se deve baixar a guarda antes do resultado das urnas. Nenhum candidato deve demonstrar sinais de derrota. A outra razão está na disputa interna do PSDB: quem norteará o partido rumo a 2008 e 2010? Alckmin disputa a máquina, o eleitorado paulista e a indicação de 2010. E já se posiciona na asa “falcão” dos tucanos. Não terá o que barganhar junto ao Governo Federal, por isso ficará no ataque permanente. O clima "cordial" ficará por conta da asa “pomba” dos tucanos. De um lado ficarão Tasso, Artur Virgílio; de outro, Aécio, Serra (disputando entre si, até o racha), FHC. Por sua vez, tucanos disputarão com pefelistas a hegemonia dos 30%-35% do eleitorado de oposição a Lula. Será fundamental para o Governo Lula e para o país a harmonia pós-eleitoral. Mas não bastará o aceno positivo de parte da oposição. Lula deverá saber levar à frente tarefa mais importante, que é a de reconquistar a "Região Sul" que existe em cada estado, em cada cidade. Para avançar como partido forte e progressista, o PT deverá ter condições de reconquistar corações e mentes da chamada classe média que lê jornais diariamente, que é indispensável para manter a máquina funcionando e que resolveu eleger a “ética” como seu diferencial. Em jogo, não estão apenas as eleições municipais de 2008, nem mesmo as eleições presidenciais de 2010. O que se quer agora são concertações que ajudem a renascer o país.