sexta-feira, 13 de outubro de 2006
A nossa mídia está abaixo da média
A imprensa tem que ser objetiva? Essa é uma discussão superada, porque sabemos que traz dentro dela uma impossibilidade. Inúmeros fatores e interesses interferem impedindo a tão decantada “objetividade” da imprensa. Mas a nossa imprensa não precisava exagerar tanto no seu “subjetivismo”. A tomada de posição pró-Alckmin, por exemplo, foi escandalosa. Não porque foi pró-Alckmin, mas pelo modo enganoso adotado. A imprensa procurou colocar-se acima de tudo e de todos, vestiu a toga de magistrado e passou a ditar o que é certo e o que é errado – traduzindo por “errado” tudo que se referisse a Lula. No artigo “O papel da mídia nas decisões de voto” que publico dia 2 no Observatório da Imprensa (e que só li hoje), Venício A. de Lima, mostrando certa perplexidade com o papel exercido pela imprensa, chega a afirmar: “Nos debates com candidatos, por exemplo, a instituição TV – que não passa de concessionária de um serviço público – comporta-se como se constituísse um poder (será que constitui?) acima dos outros. Os candidatos, que se apresentam aos eleitores como aspirantes aos cargos públicos, estão nesses debates como se estivessem diante de uma banca de examinadores e a autoridade do julgamento é exercida pela estrutura televisiva personificada no (a) âncora que preside o debate”. Ele também afirma: “Não creio que se possa ainda avaliar corretamente a influência da posição político-eleitoral – implícita ou explícita – de jornais como a Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo ou de revistas como Veja, em especial no voto urbano de classe média nas eleições para presidente da República. Com certeza essa influência não foi desprezível”. E conclui: “Os grupos e movimentos interessados em garantir a todos o direito à comunicação devem se mobilizar para que, nas quatro semanas que nos separam do segundo turno da eleição presidencial, tornem-se transparentes as propostas dos dois candidatos. Isto porque não se pode mais adiar a regulação das comunicações no Brasil. Trata-se de um setor de indiscutível centralidade no cotidiano da população brasileira e que hoje vive uma situação caótica de desregulação que certamente não atende ao interesse público”. O que talvez seja mais desesperador para a grande imprensa é o fato de, apesar de toda a sua pressão contra, a candidatura Lula ter se firmado, conquistando corações e mentes da maioria do povo brasileiro. Talvez isso signifique que ela é fraca, não tem média suficiente para ser aprovada pela população.