sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Sem Lula, Davos perdeu brilho – mas não deixou de levar um tapa na cara


O discurso de Lula para o Fórum Econômico Mundial, lido por Celso Amorim, tem força muito grande, até mesmo com sua ausência. Depois de agradecer o prêmio "Estadista Global", Lula passa a recordar o seu discurso de 2003, na sua primeira visita a Davos: “O olhar do mundo hoje, para o Brasil, é muito diferente daquele, de sete anos atrás, quando estive pela primeira vez em Davos. Naquela época, sentíamos que o mundo nos olhava mais com dúvida do que esperança. O mundo temia pelo futuro do Brasil, porque não sabia o rumo exato que nosso país tomaria sob a liderança de um operário, sem diploma universitário, nascido politicamente no seio da esquerda sindical. (...) Sete anos depois, eu posso olhar nos olhos de cada um de vocês – e, mais que isso, nos olhos do meu povo – e dizer que o Brasil, mesmo com todas as dificuldades, fez a sua parte. Fez o que prometeu”. Com isso, ele deu tapa na cara da Oposição. Mas serviu também, na comparação com o que o Brasil fez, para cobrar mudança dos países ricos. “O que aconteceu com o mundo nos últimos sete anos? Podemos dizer que o mundo, igual ao Brasil, também melhorou? (...) Pergunto: podemos dizer que, nos últimos sete anos, o mundo caminhou no rumo da diminuição das desigualdades, das guerras, dos conflitos, das tragédias e da pobreza? Podemos dizer que caminhou, mais vigorosamente, em direção a um modelo de respeito ao ser humano e ao meio ambiente? Podemos dizer que interrompeu a marcha da insensatez, que tantas vezes parece nos encaminhar para o abismo social, para o abismo ambiental, para o abismo político e para o abismo moral? (...) Gostaria de repetir que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza. Esta também é uma das melhores receitas para a paz. E aprendemos, no ano passado, que é também um poderoso escudo contra crise. Esta lição que o Brasil aprendeu, vale para qualquer parte do mundo, rica ou pobre”. Leia o discurso completo.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

J.D. Salinger: o apanhador do campo de centeio foi apanhado

Claro que também li O Apanhador do Campo de Centeio, A Perfect Day for Bananafish (Nine Sories), Franny and Zooey. Gostei muito. Certa vez soube que um biógrafo de Salinger estava tendo muito dificuldade em escrever sobre ele. Estava em dúvida, por exemplo, sobre se ele tinha ou não tinha viajado à Espanha em determinado ano. Essa dificuldade existia quando Salinger ainda estava vivo - imagina agora, que morreu!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Geraldo Holanda Cavalcanti lança livro


Hoje. Ainda dá tempo.

Lindberg, o pragmatismo e o metamorfismo


Estava me contendo para não escrever sobre essa paixão súbita entre o Prefeito Lindberg (PT, Nova Iguaçu, RJ) e o Governador Sérgio Cabral (PMDB, RJ). Alguns amigos petistas comentaram que eu estava sendo muito rigoroso com ele, mas quero dizer que minha relação pessoal com Lindberg sempre foi extremamente simpática. A nota de hoje no Panorama Político do Globo, acusando-o de “metamorfose ambulante” por ter-se transformado de uma hora para outra em “melhor amigo” do ex-“inimigo mortal” Sérgio Cabral, foi que me fez sentar diante de minha Lettera 22.
Assim como Benedita, “mulher, negra e favelada”, é até hoje o grande acontecimento petista na área popular, Lindberg, “o Lindinho”, tornou-se (junto com Molon, “o ético radical”, e Minc, “o doidaço do meio ambiente”) o grande acontecimento midiático do PT do Rio de Janeiro. Sua desenvoltura no espaço político e seu ar muito simpático garantiram projeção rápida. Mas a velocidade, embora seja muito útil à política, longe de lhe garantir infalibilidade, traz também muitos tropeços. Um deles é esse causado por confundir pragmatismo com metamorfose. O pragmatismo é inerente à política, porque representa o não-dogmatismo. Sem pragmatismo, não há como avançar politicamente. Mas se, para avançar, um político resolve se metamorfosear, transformando-se no que não é, ele pode até dar um passo à frente, mas em um nível conflitante – sem nem ao menos gerar efeito borboleta.
Lindberg ganhou simpatia no eleitorado petista por ser um defensor radical de candidatura independente ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, utilizando como trampolim os ataques frontais ao peemedebista Sérgio Cabral. Acabou percebendo a necessidade da aliança (pragmatismo), mas não poderia, como fez, metamorfosear-se instantaneamente em cabralino de primeira hora. Isso deixa a sua base atônita e cria desconforto e desconfiança para seu comando. Ao mesmo tempo em que admiram sua grande capacidade de voo nos meios de comunicação, todos perguntam sobre o novo Lindberg: “É um pássaro? É um avião? É um super-homem? É um borboletra?”
Nota: alô, internautas, a história da Lettera 22 é brincadeira; tive uma que esqueci no Sindicato dos Jornalistas na madrugada de uma Greve Geral e nunca voltei para pegar.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Mexicanos são contra re-eleição de parlamentares

O Consulta Mitofsky, do México, fez uma pesquisa em dezembro (tracking mensal) sobre se os mexicanos seriam ou não favoráveis à re-eleição de parlamentares. 80% disseram não. É a resposta à proposta de reforma política de Calderón permitindo "re-eleição imediata e até por 12 anos de deputados, deputados federais e senadores". Os perredistas (do PRD, Partido de la Revolución Democrática, de esquerda) são os que mais rejeitam a ideia, na proporção de 6:1. Veja o texto da Consulta Mitofsky:
REELECIÓN DE DIPUTADOS: MEDIDA POCO POPULAR
24/01/2010
Dentro de la propuesta de reformas políticas planteadas por el presidente Calderón en diciembre pasado, una de las más controversiales es la iniciativa de permitir la reelección inmediata y hasta por 12 años de diputados locales, diputados federales y senadores.
Los resultados a la pregunta sobre la posibilidad de la reelección aplicada en nuestro tracking mensual del mes de diciembre, indican que prácticamente 8 de cada 10 ciudadanos mexicanos rechazan la idea.
Algunos datos interesantes sobre el nivel de aprobación a la reelección de diputados son:

* Los mexicanos con mayor escolaridad tienden a estar más de acuerdo con la reelección.
* La región central del país aprueba con más fuerza la reelección; y el bajío es donde menos se considera como buena la idea.
* Los perredistas y los ciudadanos independientes rechazan en una proporción de 6 a 1 la reelección legislativa.

Eleição plebiscitária: se Cesar Maia diz que está errada, é porque está certa – e vice-versa

No seu Ex-Blog de hoje, Cesar Maia fala de eleição plebiscitária e “prova”, por B mais A, que ela favorece ao Serra. Alguém acredita que ele acredita nisso?
Vou comentar, em itálico e negrito, o seu texto abaixo:

A QUEM INTERESSA UMA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL PLEBISCITÁRIA?
1. A dinâmica do processo pré-eleitoral até este início de 2010 mostra que a campanha presidencial sofreu mudanças importantes. O lançamento a fórceps de Dilma por Lula e o estressamento em suas aparições acompanhadas deste, mostraram que seu potencial é menor do que se imaginava. Sua imagem – burocrata – e a de Lula – paizão – são opostas. O fato de Dilma ter nos setores de renda menor a mesma média que tem em geral, pode ser também por dificuldade de introjeção.
A questão é elementar, e não tem nada de “introjeção”: a informação demora mais a chegar à população de baixa renda. Imensa parte ainda nem sabe que Lula não será candidato novamente.


2. Ciro, nas últimas pesquisas de 2009, mostrou menos potencial do que se imaginava, e mesmo no nordeste passou a ter sua média igual a geral, apesar de disparar no Ceará. Sem o Ceará, curiosamente, teria no nordeste menos do que nas demais regiões. Hoje, se poderia dizer que se ele ficar, vai ser só para atrapalhar Dilma. Havendo consciência disso, ele deixará de ser candidato.
Não é bem assim. Pelo Datafolha, hoje Ciro tira mais votos de Serra, no primeiro turno.


3. Marina teve sete meses para sair da Amazônia e entrar nos demais Estados. Copenhague mostrou isso: seu destaque estava entre os de outros países preocupados com a Amazônia. O programa do PV não acrescentou uma vírgula à sua intenção de voto. Se conseguir reproduzir o resultado de Heloísa Helena, será um sucesso. Dessa forma, a Marina que cresceria e tornaria o segundo turno compulsório, parece não existir mais. Ela passou a ser um número baixo que levará ou não a eleição para o segundo turno, dependendo da diferença de Serra e Dilma.
Pelo Datafolha, Marina tirava mais votos da esquerda. Mas agora ela deve ter perdido de vez esses votos. Provavelmente estará também tirando mais votos de Serra no primeiro turno.

4. Num quadro como esse, a eleição plebiscitária tende a passar a interessar especialmente a Serra. As razões parecem claras. Se a introjeção da imagem de Dilma não será simples, quanto menor o tempo de exposição, pior para ela. Sem experiência eleitoral, com imagem fotograficamente mutante, com uma TV dia sim, dia não, e cheia de ruídos de governadores, senadores, deputados federais e estaduais, maior a dificuldade para fazer entender que ela é "irmã" de Lula.
Num quadro como esse, a eleição plebiscitária tende a passar a interessar especialmente a Dilma. E o texto de Cesar Maia, no fundo, confirma isso. Aliás, ele sabe muito bem o que é eleger um sucessor desconhecido – afinal, ele elegeu ninguém menos do que Luiz Paulo Quem? Conde para seu sucessor.


5. Os temas – economia, social, saúde, segurança, política externa..., – terminam não sendo diferenciadores. Até porque a oposição prefere o "somos todos iguais nesta noite", ou tudo começou com FHC, que a diferenciação, por temor à popularidade de Lula. A eleição vai depender de tipping points e da clássica dialética "segurança-insegurança" do eleitor. Segurança/Insegurança no sentido de risco. A capilaridade dos candidatos a governador do PT ou os realmente integrados é menor que os da oposição em proporção ao eleitorado.
Aqui ele está certo: quando a insegurança com relação ao retorno aos tempos de FHC se espalhar como vírus, a eleição estará inteiramente definida. Talvez sem segundo turno.


6. Num segundo turno, com 10 minutos para cada lado, todo dia, sem os ruídos do primeiro turno, com as imagens limpas, com debates polarizantes, com a experiência adquirida na campanha e, por isso tudo, com a maior facilidade para Lula explicar o que a burocrata tem que ver com o paizão, Dilma terá um terreno mais fértil para avançar. Lembre-se de Alckmin x Lula em 2006.
Certo novamente.


7. Com essas preliminares, a tese da eleição plebiscitária, que pesava a favor de Dilma, agora pesa a favor de Serra. Nesse sentido, quanto menor o peso de Marina, maior a probabilidade da eleição se decidir no primeiro turno, e sendo assim, hoje, maior a probabilidade de vitória de Serra. Um quadro curioso, pois é o inverso do que se pensava seis meses atrás.
Atenção: Marina está perdendo peso, é verdade, mas apenas do lado esquerdo. Do lado direito está engordando. A candidatura dela está virando um peso... para a Oposição.



domingo, 24 de janeiro de 2010

Brasil – o Filho dos Lulas


Em 88, o PT reuniu em Cajamar, São Paulo, responsáveis pela comunicação petista nos diversos estados brasileiros. Discutiam-se os conceitos da campanha de Lula para a Presidência em 89, ao mesmo tempo em que o Núcleo Central procurava tirar dúvidas e unificar a comunicação nacionalmente. Em certo momento, um jovem, representando Tocantins (estado que começava a se emancipar de Goiás), colocou a dúvida: “Quando Lula for lá na minha terra, como é que comunico a visita?”. Alguém do grupo respondeu rápido: “É fácil. Basta fazer um cartaz dizendo TEM LULA NO TOCANTINS”. Todos riram com o trocadilho, menos o jovem que fez a pergunta, que voltou a falar: “Não entendi, de que vocês estão rindo?” Na verdade, ele nunca tinha ouvido falar de “lula”, o molusco. Lula, para ele, era apenas Luiz Inácio, o líder dos trabalhadores que iria se candidatar a Presidente pela primeira vez. Aquele jovem tocantinense talvez fosse mais um dos milhões de “Lulas”, esses teimosos que dão vida ao país. Essa é a importância do filme “Lula – o Filho do Brasil”, contar a epopeia desses anônimos, tirá-los do anonimato, mostrar o seu valor. Como faz “2 Filhos de Francisco”, de Breno Silveira, tomando como fio a história de Zezé di Camargo e Luciano. O filme de Fábio Barreto, que vi na sexta, faz o mesmo, toma a vida de Lula como fio da meada para contar a história de milhões de “Lulas” e vai além, mostra um trecho significativo dos anos negros da ditadura militar – fundamental que fiquem vivos na memória, para que jamais se repitam. “Lula – o Filho do Brasil” também serve para fazer propaganda da figura do Presidente da República, claro. Mas isso é coisa menor, que só preocupa à Oposição desorientada, que não sabe que rumo tomar na vida.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Feliini, 90

Em homenagem aos 90 anos do nascimento do genial Federico Fellini, trecho do seu filme "Roma" (1972). Aqui, ele flagra a atriz Anna Magnani chegando em casa, na madrugada. Ela se diverte com a situação e diz para ele ir dormir. Felizmente Fellini não obedeceu.


Lula ganha o maior destaque na Consulta Mitofsky sobre presidentes do continente

A empresa mexicana de pesquisa Mitofsky realizou agora em 10 de janeiro pesquisa de avaliação de presidentes do continente americano e fez questão de destacar o desempenho de Lula. Os presidentes do Panamá, Ricardo Martinelli, com 91%, e de El Salvador, Mauricio Funes, com 88%, tiveram índices superiores ao de Lula (83%), mas estão no poder há apenas três meses. Lula destaca-se exatamente por estar há sete anos no poder e, ainda assim, manter altos índices de aprovação. Bachelet, com 81%, também ganha destaque. Morales, com 60%, tem avaliação alta e Obama, com 48%, tem avaliação média.
Veja o texto completo do site da Consulta Mitofsky:

EVALUACIÓN DE MANDATARIOS (Ene/10)
AMÉRICA Y EL MUNDO
16/01/2010


EVALUACIÓN SOBRESALIENTE.
Con evaluaciones de más de 75% de sus gobernados encontramos a:
El presidente de Panamá Ricardo Martinelli en plena luna de miel con los ciudadanos panameños y a sólo tres meses de haber tomado el poder se coloca en la primera posición del ranking con un altísimo 91% de aprobación. E en la segunda posición con 88% aparece Mauricio Funes de El Salvador; el 88% obtenido al cumplir 100 días de gestión es incluso superior al 84% con el que inició.
Un presidente que desde hace mucho aparece en el nivel sobresaliente con el gran mérito de tener más de 7 años en el poder es Luiz Inácio Lula da Silva de Brasil, que subiendo 2 puntos respecta a septiembre, llega a 83% de aprobación.
Por último, la última en este nivel de aprobación tenemos a la actual presidenta de Chile Michelle Bachelet con 81%, nivel altísimo considerando precisamente que está a punto de dejar el poder, ya que precisamente este 17 de enero se realizó la segunda vuelta electoral para elegir a su sucesor.
EVALUACIÓN ALTA.
En un segundo bloque de evaluaciones con porcentajes que oscilan entre 55 y 75 por ciento aparecen:
El mandatario colombiano Álvaro Uribe que con 64% aparece por primera vez fuera de los niveles de sobresaliente, aunque es justo reconocer que el nivel de aprobación es muy alto si además se considera que es el que más tiempo lleva en el poder de los 23 evaluados con casi 9 años.
En la sexta posición se encuentra Tabaré Vázquez de Uruguay que ha ido incrementando su popularidad logrando en un año una ganancia de 19 puntos porcentuales y alcanzando ahora el 61% de aprobación.
Evo Morales de Bolivia reelecto recientemente y a punto de cumplir 4 años de gobierno, logra la aprobación de 6 de cada 10 de sus gobernados.
El último presidente de este grupo es ocupado por Felipe Calderón de México, que después de cumplir la mitad de los 6 años para los que fue electo y en medio de la crisis económica que afecta no solamente a este país, alcanza el 55% de acuerdo ciudadano, 7 puntos menos que el que lograba un año antes.
EVALUACIÓN MEDIA
Con porcentajes menores al 55 por ciento y mayores a 45 por ciento consideramos niveles de popularidad media, y en esa escala encontramos a 3 mandatarios:
Fernando Lugo de Paraguay, apenas cumpliendo un año de gobierno en el que ha estado envuelto en algunos escándalos, obtiene 50% de aprobación.
Barack Obama de EUA que también cumple un año del inicio del gobierno que generó una gran expectativa, hoy aparece con una aprobación de apenas 48%, muy por debajo de los valores iniciales que superaban el 60%.
Álvaro Colom de Guatemala, evaluado a mediados del año pasado conserva aprobaciones de 46%.
EVALUACIÓN BAJA
Con porcentajes menores a 45 por ciento pero superiores a 35 por ciento se ubican dos de los 17 mandatarios evaluados en esta lista:
Óscar Arias, ganador de un premio nobel de la paz y hoy Presidente por segunda ocasión de Costa Rica disminuye 3 puntos la evaluación respecto a septiembre y alcanza el 44% de acuerdo entre los ciudadanos de ese país centroamericano.
Rafael Correa, con una caída de 29 puntos porcentuales en el transcurso de 1 año logra apenas ser aprobado por el 42% de sus ciudadanos cuando está por cumplir los 3 años de su gobierno.
EVALUACIÓN MUY BAJA.
Por último, con menos de 35 por ciento de la aprobación de sus gobernados encontramos a los últimos 4 mandatarios evaluados:
En Canadá, Stephen Harper se ha mantenido con la aprobación de uno de cada tres ciudadanos de ese país, logrando ahora 32%.
Alan García de Perú, en la segunda ocasión que gobierna este país, logra incrementar de 25% a 29% en un año su aprobación pero no abandona el nivel de muy mala evaluación.
Daniel Ortega, otro mandatario que logra regresar y ser de nuevo Presidente, hace un año presentaba una aprobación de 38%, durante 2009 llegó a estar por abajo del 20% y al final logra recuperar algo de lo perdido pero apenas alcanza la aprobación de uno de cada cuatro ciudadanos de Nicaragua.
Por último, en Argentina su Presidenta Cristina Fernández de Kirchner es aprobada por el 19% de sus compatriotas, con lo que termina 2009 en niveles muy bajos de acuerdo ciudadano.

Chile X Brasil, novos argumentos contra as semelhanças nas eleições


Ontem mostrei aqui no Blog que não havia motivo para a Oposição comemorar a derrota do canditato da Concertación de Bachelet. As eleições chilena e brasileira não têm semelhanças que permitam concluir que a candidata de Lula será igualmente derrotada em outubro. Hoje, a Folha publica três novos artigos que também descartam as semelhanças. No artigo “Piñera lá, Serra aqui”, Fernando de Barros e Silva atribui a vitória do direitista Piñera “à conquista de uma classe média recém-estabelecida, seduzida na campanha por um discurso que pregou a 'mudança' muito mais como sinônimo de 'novas oportunidades' e 'alternância de poder' do que de ruptura em relação à gestão Bachelet”.
Já Fernando Rodrigues, em “Nuances entre Chile e Brasil”, observa que “o aspecto mais relevante a ser considerado talvez seja outro: o estado da economia. (...) Sob Bachelet, o ritmo recuou a 2,7%. No ano passado, deve ter ocorrido queda de 1,6%. O desemprego em 2008 era de 7%. Agora está em 9%”.
E Janio de Freitas, em “Lá para cá diferenças há”, mais próximo do que postei, escreve que a primeira das diferenças, “é a atitude mantida por Michelle Bachelet, que cumpriu sem desvio algum o preceito de que aos presidentes cabe presidir as eleições. Permitiu-se no máximo, já no segundo turno, uma palavra de eleitora favorável a Eduardo Frei, de cuja escolha como candidato Bachelet nem participou. Em resumo, a máquina e o peso do governo não foram fatores eleitorais no Chile. No Brasil de Lula, são o principal fator”.
Trazer inspirações eleitorais do Chile para o Brasil é apenas mais um delírio dessa Oposição perdida no tempo e no espaço.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Comparar a eleição chilena com a brasileira é comparar não sei o que com sei lá o quê



Em dezembro deixei claro aqui neste Blog (Chile: posição neutra de Marco Enríquez-Ominami pode complicar vitória de Frei no segundo turno) que não seria fácil Eduardo Frei vencer por causa da posição “independente” do candidato Ominami (MEO), que teve mais de 20% dos votos no primeiro turno. Esse, sim, seria um apoio decisivo, porque, saindo da esquerda, era o único com capacidade de atrair votos que seriam do direitista Piñera. Ominami acabou “apoiando não apoiando”, com discurso às vésperas do segundo turno, sem nem citar o nome de Frei: "Declaro formalmente minha decisão de apoiar ao candidato deste povo, o de 29% de chilenos que votaram em 13 de dezembro". Ominami preferiu pensar em seu futuro político. A própria Bachelet só entrou em campanha pra valer a favor do candidato da Concertación nos últimos dias, quando pôde demonstrar a força dos seus 80% de popularidade na Presidência: Frei saiu de uma derrota massacrante para uma surpreendente derrota no photochart. Tirando o fato de Bachelet, assim como Lula, ter 80% de apoio no governo, não há semelhanças significativas entre a eleição chilena e a próxima eleição presidencial brasileira. Frei já foi Presidente do Chile, enquanto Dilma nunca se candidatou. Bachelet, nessa eleição, praticamente não foi candidata, no sentido de se empenhar de corpo e alma pela eleição de Frei (ela própria preferia preservar sua imagem...), enquanto Lula é praticamente o candidato a um terceiro mandato, empenhando-se de corpo, alma, Bolsa Família, PAC, 2016, tapinhas nas costas e isopor na cabeça na vitória de Dilma. Na década de 70, um jingle do vitorioso Allende dizia: “De ti depende // de ti depende // de ti depende // que sea // Allende”. Bachelet não puxou para ela essa responsabilidade. Mas Lula já sabe há tempos que tudo depende dele.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Eleições 2010, RJ: oposição conservadora faz aliança pensando em armação no Horário Eleitoral Gratuito

A coluna de Dora Kramer no Estadão de hoje falando dos acertos entre o tucano José Serra e o demo Cesar Maia (“Serra foi a Cesar”) revela que “o que se pensa (para viabilizar a aliança de PSDB, PV, PPS e DEM tendo dois candidatos a presidente) é em reservar parte do programa para que o vice do PSDB peça votos para José Serra. Nos outros atos de campanha, Gabeira terá material de Marina e os demais integrantes da coligação distribuirão propaganda de Serra”. Não me parece que a lei eleitoral permita isso. No tempo reservado ao candidato a governador, o candidato a presidente pode entrar pedindo voto para o candidato a governador. O candidato a governador (ou vice) pode pedir voto para o candidato a presidente no tempo reservado ao candidato a presidente. Ou será que vai mudar tudo? Não acredito. Ou é armação ou é capaz da Marina virar mesmo vice de Serra. Essa oposição anda perdida até no meio dos achados...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Marina, pelo jeito, preferiu "endireitar" a máquina

Ao decidir “preparar a máquina para a campanha”, a Senadora Marina Silva, pré-candidata à Presidência pelo PV,aparentemente fez mais do que iniciar um checkup no Instituto do Coração, da Universidade de São Paulo. Ela tratou de desobstruir os canais com a oposição mais à direita. Suas conversas com Serra (PSDB) contribuíram para a aliança carioca em torno do “tucano-verde” Fernando Gabeira como candidato único da oposição conservadora ao Governo do Rio. Com isso, seus canais mais à esquerda com o PSOL ganharam obstruções. O que é ruim para Serra, que contava com esses votos em Marina para tirar alguns votinhos de Dilma (PT) – que, por sua vez, pode ficar mais perto de vencer no primeiro turno. Gabeira – que atualmente tem um terço das intenções de voto de Sérgio Cabral – ganhará alguns minutos importantes no horário da TV, mais não poderá contar muito com os votos de esquerda que o ajudaram a crescer tanto na disputa pela Prefeitura do Rio em 2008. Nem poderá contar com o tucano-rei da Baixada, Zito, hoje muito mais chegado a apoiar a re-eleição de Sérgio Cabral (PMDB) – que ainda poderá vencer no primeiro turno. O voo dado por Marina não deve levá-la longe. Além disso, ao preferir ouvir o canto gralhado tucano, ela se esqueceu de que lado sempre bateu seu coração.
Revejam a pesquisa que publiquei para a disputa para Governador do Rio e também para Presidente (somente no Estado do Rio de Janeiro). Clique nos gráficos para ampliar.


 


Brasil e Haiti: irmãos de sangue

Recebi da Prefeitura de Piraí, RJ, a informação de que a cidade está de "luto oficial de três dias decretado pelo Prefeito Tutuca, pela morte do soldado Rodrigo Lima, de Piraí, e dona Zilda Arns, que implantou a pastoral no município". A nota revela ainda que o soldado Rodrigo "estaria auxiliando na segurança de Zilda Arns no momento em que ocorreu o terremoto". A tragédia haitiana deixou mais evidente que Brasil e Haiti, ao longo dos últimos anos, tornaram-se "irmãos de sangue", países que criaram laços fortes, tanto na dor quanto na alegria. Isso foi fossível graças ao comando brasileiro, desde 2004, da Força de Paz da ONU no Haiti, feito com muita sabedoria e habilidade. Sobre o assunto, prefiro destacar a coluna de Merval Pereira, hoje no Globo:

O Brasil e o Haiti
Desde que assumiu em 2004, a pedido dos Estados Unidos, o comando da Força de Paz da ONU no Haiti, o governo brasileiro vem fazendo gestões junto aos organismos internacionais, inclusive a própria ONU, para que se empenhem com mais vigor na recuperação do país mais pobre do ocidente, com programas de ajuda humanitária, mais apoio de forças de outros países, máquinas para limpar as ruas, dinheiro para programas sociais
O impacto da tragédia em Porto Príncipe está fazendo, afinal, com que a situação do Haiti ganhe relevância no discurso de líderes internacionais como os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da França, Nicolas Sarkozy.
É preciso agora que promessas antigas da comunidade internacional, como apoio financeiro do BID e da Comunidade Europeia, se tornem realidade, juntamente com o apoio indispensável, financeiro e político dos Estados Unidos.
O governo brasileiro jamais admitiu formalmente, mas viu desde cedo, no pedido dos Estados Unidos, uma boa oportunidade para reforçar sua pretensão de obter uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
As experiências anteriores, lideradas por militares dos Estados Unidos e da França, fracassaram redondamente sobretudo porque se limitaram à repressão militar violenta, criando um clima permanente de confrontação que era estimulado pelas gangues que dominavam a maior parte do território, especialmente em Porto Príncipe.
Esse foi o ambiente inicial que as tropas brasileiras encontraram em Porto Príncipe, e houve mesmo uma tentativa de grupos parlamentares de não aprovar a renovação da autorização para as tropas ficarem por lá, devido às notícias de que a rejeição da população era grande.
A estratégia de passar a prestar serviços básicos à população, depois de dominar as partes de Porto Príncipe que estavam controladas por gangues, foi fundamental para o êxito da força internacional de paz que o Brasil comanda no Haiti.
Uma das primeiras decisões para libertar a Cité Soleil, uma das maiores favelas do país, dominada por gangues armadas, foi participar da retirada do lixo que se acumulava nas ruas e era usado até mesmo como barricadas.
O clima de simpatia em relação aos militares brasileiros passou a predominar, consolidado pelo Jogo da Paz, em que a seleção brasileira jogou no Haiti. Até bem pouco, era comum ver bandeiras brasileiras pintadas nos muros da cidade, e crianças com camisas da seleção.
A necessidade de maior financiamento está explícita justamente nessa estratégia de dominação do território, onde o combate às gangues tem que ser seguido de uma atuação social imediata, levando escolas, postos de saúde, delegacias de polícia à população.
Da mesma forma que acontece nas favelas cariocas que eram dominadas pelos traficantes, se não houver depois a ocupação “do bem”, com o cumprimento efetivo do que se espera do Estado, a situação voltará ao que era.
A experiência que o Exército brasileiro está tendo no Haiti é considerada algo que tem sido efetivamente inovador no campo militar, por não se limitar à tarefa de polícia e dar aos militares treinamento em uma nova forma de atuação que pode ser útil em outras operações que envolvam a ocupação de territórios dominados por bandidos.
O Ministério da Defesa, por isso mesmo, está promovendo uma reforma na legislação, que depende da aprovação do Congresso, para dar poder de polícia às Forças Armadas que atuem em conflitos urbanos e também no patrulhamento das fronteiras.
A atuação junto às comunidades carentes em casos como o do Haiti é também uma aplicação da experiência que o Exército brasileiro já adquiriu na atuação em território nacional, como na Amazônia, por meio de ações cívico-sociais (as operações Acisos).
A importância estratégica que o Brasil ganhou com a atuação no Haiti coloca o país no centro das decisões sobre sua reconstrução, e o governo brasileiro pretende assumir a tarefa dentro do contexto de liderança regional: o que acontece nas Américas tem que ser do nosso interesse, é a definição do Itamaraty.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Eleições 2010, RJ: candidatos de Lula fazem barba, cabelo e bigode

Novos dados de pesquisa que chegaram às minhas mãos dão conta de que no Rio de Janeiro os candidatos da base do Governo Lula lideram com facilidade. A pesquisa, que teria sido feita no fim de semana, com 1.200 entrevistas, já mostrou (ver post mais abaixo) que os pré-candidatos Marcelo Crivella (PRB) e Benedita da Silva (PT) lideram em todos os cenários para o Senado. Hoje temos dados que indicam vitória de Sérgio Cabral (PMDB) ainda no primeiro turno para sua re-eleição do Governo do Estado e mostram a liderança de Dilma, empatada com Serra, para a Presidência da República.
Vejam os gráficos para o Governo do Estado (clique para ampliar):





Vejam o gráfico para a Presidência da República (clique para ampliar). É importante notar que a inclusão do apoio de Fernando Henrique não ajuda Serra:


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Eleições 2010, RJ: Crivella e Benedita lideram todos os cenários para o Senado


Chegaram às minhas mãos resultados de pesquisa que teria sido feita neste fim de semana no Rio de Janeiro, com 1200 questionários. Crivella (PRB), Benedita (PT), Gabeira (do PV, fica em terceiro, mas chega a empatar tecnicamente com Benedita em segundo lugar) e Cesar Maia formam o primeiro bloco. Lindberg (PT), Miro (PDT), Picciani (PMDB) e Waguinho (PSC) formam o segundo. Na rabeira, Manoel Ferreira (PR). (Clique no gráfico para ampliar)



domingo, 10 de janeiro de 2010

Direitos Humanos: finalmente uma palavra de bom senso da OAB


Publicada no Globo On line em 10/01/2010 às 14h46m

OAB defende punição a torturadores e demissão de Jobim
Carolina Brígido
BRASÍLIA - O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, telefonou para o secretário nacional de Direitos Humanos, ministro Paulo Vannuchi, para apoiar a ideia de punir torturadores que atuaram na ditadura militar, uma proposta expressa do polêmico Programa Nacional de Direitos Humanos .
- Quem censurou, quem prendeu sem ordem judicial, quem cassou mandatos e quem apoiou a ditadura militar estão anistiados. No entanto, quem torturou cometeu crime de lesa-humanidade e deve ser punido pelo Estado como quer a nossa Constituição - disse Britto a Vannuchi.
Para Britto, a anistia não implica esquecimento, pois todo brasileiro tem o direito de saber o que aconteceu no passado no país. (Leia também: Stephanes diz que Programa Nacional de Direitos Humanos cria 'insegurança jurídica'. Cassel rebate críticas)
- Todo brasileiro tem o direito de saber que um presidente da República constitucionalmente eleito foi afastado por força de um golpe militar. Da mesma forma, não se pode esquecer que, no Brasil, o Congresso Nacional foi fechado pela força de tanques; que juízes e ministros do Supremo Tribunal Federal foram afastados dos seus cargos por atos de força; e que havia censura, tortura e castração de todo tipo de liberdade - afirmou.
O presidente da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damous, também manifestou "total solidariedade" a Vannuchi. Segundo o jornal "Folha de S. Paulo", o ministro admitiu pedir demissão do cargo caso o programa seja alterado, como exigem o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e a cúpula militar .
- Se é para haver demissões no governo, que sejam as primeiras a do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e dos chefes militares - disse Damous. - É inaceitável que a sociedade brasileira volte a ser tutelada por chefes militares.
Os militares, que contestam principalmente a criação da Comissão Nacional da Verdade e a possibilidade da revisão da Lei de Anistia, chegaram a entregar uma carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula, por sua vez, prometeu rever a parte do decreto que gerou o descontentamento. Caso o projeto seja modificado, Vannuchi sairá enfraquecido já que é o mentor e coordenador do programa, que reúne centenas de ações em várias áreas do governo .
Após a polêmica, o ministro da Justiça, Tarso Genro, minimizou a divergência , mas para os militares, que criticaram o que chamaram de revanchismo na formação da Comissão da Verdade , a crise ainda não acabou .

Samuel Pinheiro Guimarães: caças não são automóvel


Em entrevista ao Globo de hoje, o atual Secretário de Assuntos Estratégicos coloca o parecer da FAB sobre a compra dos caças no seu devido lugar. Trata-se um parecer técnico, valorizando o item preço, mas que não é suficiente para uma decisão que é estratégica para o país. Veja entrevista completa, com voos além dos caças.

O preço não pode ser o único determinante
Secretário de Assuntos Estratégicos dá recado à FAB e diz que escolher novo caça não é 'como comprar automóvel'

ENTREVISTA
Samuel Pinheiro Guimarães

Após comemorar os 70 anos, sendo 48 dedicados ao Itamaraty, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães abriu mão de uma aposentadoria para assumir a Secretaria de Assuntos Estratégicos, foco de atritos e polêmicas na gestão de Mangabeira Unger. Conhecido pelas ideias nacionalistas e indicado pelo PRB do vice-presidente José Alencar, o novo ministro diz que o Brasil precisa ampliar seu espaço entre as grandes potências. E dá recado aos oficiais da FAB insatisfeitos com a preferência pelos caças franceses Rafale: — Isso não é como comprar automóvel.


Bernardo Mello Franco

O GLOBO: A Defesa vive um impasse com a concorrência para a compra de caças. Quando Lula anunciou a preferência pelo Rafale, o presidente francês Nicolas Sarkozy defendeu a entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Isso pesa na escolha?
SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Tudo está interligado. Não é só questão econômica. Envolve aspectos políticos, estratégicos.
Isso não é como comprar um automóvel. O preço não pode ser o único determinante. Você não está comparando coisas que são iguais, como dois grãos de soja, um mais barato que o outro. Só o nome é que é igual: avião. Decisões na área de defesa e soberania são decisões de governo. Não são setoriais.
O GLOBO: A oposição acusa o governo de inchar o Estado.
GUIMARÃES: É equívoco. Outros países têm número de servidores proporcionalmente maior. Falta muito, os índices (de contratação no setor público) são insuficientes. Há 500 municípios brasileiros sem médico. O Estado tem que atuar onde as empresas privadas não atuam ‘A Constituição prevê plebiscitos e referendos’
O GLOBO: O Plano Nacional de Direitos Humanos foi atacado por prever a realização de mais plebiscitos e referendos. O senhor defendeu a tese da democracia direta. É hora de retomar a ideia?
GUIMARÃES: A Constituição prevê plebiscitos e referendos. A população não pode participar diretamente do processo de elaboração das normas, por isso elege representantes.
À medida que essa representação é afetada pelo poder econômico, há distorção da vontade popular. O pleb iscito não tem nada demais.
O GLOBO: Deveria ser mais usado?
GUIMARÃES: Há hoje em dia situações extremamente difíceis de compreender. É necessário que haja maior responsabilidade dos representantes em relação aos representados: que só possam exercer mandatos pessoas que tenham recebido votos.
O GLOBO: Isso significaria o fim dos suplentes no Senado.
GUIMARÃES: Se as pessoas estão ali para elaborar leis, é necessário que tenham passado pelo crivo eleitoral.
O GLOBO: Em sua posse, Lula o chamou de guru do presidente Hugo Chávez e contou que ele é fã de seus livros. Como vê as acusações de que a Venezuela viveria sob restrição à liberdade de imprensa?
GUIMARÃES: É uma questão sujeita a grande distorção e desinformação. Há liberdade absoluta de imprensa na Venezuela. As pessoas dizem o que bem entendem, e com um grau de violência...
O GLOBO: Mas o governo fechou a emissora RCTV, de oposição. E Chávez é acusado de abusar no populismo.
GUIMARÃES: Televisões são concessões, não propriedades de pessoas. É o que dizem a Constituição e a lei.
Aliás, aqui também. Onde nós estamos? Há um altíssimo grau de desinformação, isso sim. Ter altos índices de aprovação popular é ser populista? (Risos). Quando um governante tem alta aprovação, é porque alguma coisa está fazendo pelo povo.
O GLOBO: No último ano do governo Lula, o senhor está coordenando o Plano Brasil 2022 com metas para o bicentenário da Independência para um período que pega outros três governos. Isso terá força de lei.
GUIMARÃES: Transcende a ideia de um governo apenas.
Queremos algo de que a sociedade participe. O que o presidente pretende fazer, eu não sei. Ele dará o encaminhamento que considerar oportuno. É preciso ter ambição e audácia. O Brasil deve ter um crescimento acelerado para chegar a 2022, no mínimo, como a quinta maior potência do mundo.
Mas também é preciso que tenha reduzido de forma muito significativa as suas disparidades sociais.

Será que Lindberg errou de sigla?


Nunca vi alguém buscar tanto ter inimigos quanto Lindberg. Já vimos aqui que no ano passado seu grande inimigo era Sérgio Cabral. Depois voltou-se contra a Direção Nacional do PT, que passou a tratar de “PT paulista” (pausa para lembrar que em 2004, para vencer Adeilson Telles na disputa interna pela candidatura a Prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg buscou apoio de Zé Dirceu, Genoíno, Sílvio Pereira, Delúbio e toda a cúpula petista; depois de indicado, aliou-se ao PSDB...). Lindberg puxou briga com o município de Belford Roxo, administrado pelo também petista Alcides Rolim, e agora parece que resolveu brigar com o PT inteiro: no afã de se candidatar a alguma coisa (em vez de concluir o mandato de mais 3 anos), resolveu pedir apoio para a indicação de uma pré-candidatura ao Senado adivinha a quem? A Lula, você diria. Ou a Dilma. Ou ao Berzoini, atual Presidente Nacional do PT. Ou ao Dutra, o Presidente eleito. Nada disso, foi buscar apoio do Senador Francisco Dornelles, principal liderança do PP! As siglas PT e PP soam parecidas, mas não pode haver engano. Dornelles, com todo o respeito, não vota na Convenção do PT (ou será que vota?). Mas a coisa vai mais longe, segundo o Panorama Político de hoje do jornal O Globo: “Dornelles disse que apoiava a candidatura de Lindberg e pediu para indicar o primeiro suplente”. Perdão a todos, mas acho que cabe aqui a sigla PQP...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Provocação no espaço aéreo venezuelano


A Reuters disbribuiu notícia de que a Venezuela teve que interceptar aviões de guerra americanos que invadiram o seu espaço aéreo. Será que isso ajuda a entender por que a decisão de compra dos caças pelo Brasil não pode ser simplesmente técnica? Veja o texto da Reuters:
Venezuela mandou interceptar avião dos EUA, diz Chávez
Avião violou o espaço aéreo de país, disse Hugo Chávez.
Presidente fez declaração durante reunião com ministros.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse que mandou interceptar nesta sexta-feira (8) um avião de guerra dos Estados Unidos que violou o espaço aéreo de seu país.
O mandatário afirmou que a aeronave P-3, procedente de Curaçao, entrou no espaço aéreo da Venezuela duas vezes.
"Estão lançando uma provocação (...) são aviões de guerra", disse Chávez em uma reunião com seus ministros.


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Caças: parecer com os pés no chão

Os militares estão absolutamente certos em dar um parecer absolutamente técnico sobre a escolha dos caças que o Brasil vai comprar. É isso que esperamos dos nossos militares. O que não esperamos é que eles voltem a dar parecer político. A questão é estratégica, geopolítica. E essa decisão é do Presidente da República, eleito democraticamente.

Lindberg em busca de um inimigo

O prefeito petista de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, usou a técnica mais elementar de marketing para se projetar dentro do PT nos últimos meses: a escolha de Sérgio Cabral como o inimigo a ser vencido. Ao mesmo tempo em que com isso conquistou a simpatia do petista purista, do xiita antialiancista, daqueles que se sentem eternamente marginalizados, Lindberg definiu um perfil de rebelde, independente, aguerrido, disposto a vencer. Até certo ponto, a técnica deu certo, garantiu boa projeção política. Mas ele errou na dose, porque incorporou a necessidade de vencer a qualquer custo a disputa do PED – Processo de Eleições Diretas do PT, o que não aconteceu. Abalado pelo resultado e sem apoio de Lula, Lindberg correu em busca de sobrevivência – mas foi na direção errada. Foi buscar consolo em um acordo com Sérgio Cabral, exatamente aquele lhe serviu como inimigo no ano passado. Erro elementar de marketing. Esse acordo serve para desanimar seus seguidores e para desconstruir o perfil que elaborou com tanta dedicação.  O “rebelde” ganha o peso de “irresponsável”, “precipitado”; o “independente” passa a ser “submisso”; o “purista” passa a ser “aliancista”. Lindberg sentiu o passo errado que deu e procurou nova direção, buscar novos “inimigos”. Meio no desespero, elegeu o “PT paulista” em primeiro lugar, e já busca outros. Acaba de eleger o Prefeito Alcides Rolim (também do PT) e seu município de Belford Roxo (vizinho de Nova Iguaçu) como novos inimigos por causa de disputa fronteiriça. Quem serão os próximos “inimigos” de Lindberg? Será que vai descobrir que está se tornando, ele próprio, o seu maior inimigo?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Absurdo: 50 anos sem Camus


Albert Camus morreu em acidente de carro, no dia 4 de janeiro de 1960, às 13h55min, hora local (perto de Sens, rumo a Paris). Sem ele, o mundo ficou mais estrangeiro.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Elio Gaspari sobre a "irritação" dos militares por causa dos direitos humanos

Demissão e picolé


Os doutores Nelson Jobim, o general Enzo Peri, o almirante Moura Neto e o brigadeiro Juniti Saito esqueceram-se de duas coisas:
1) Seus cargos sempre estão à disposição do presidente da República.
2) Demissão não se pede, se dá. O que se pede é picolé.
Os comandantes militares aborrecem-se sempre que se ilumina o porão das torturas e assassinatos mantido por seus antecessores nos anos 60 e 70. Pena, porque esse risco era inerente aos crimes que se praticavam. A pergunta estava no ar no próprio porão: “Avançando a ‘abertura’ poderá alguém deter a marcha da Justiça reclamada? (…) “Não viria a provar ao menos o patrocínio efetivo das Forças Armadas à (sic) ações que qualquer justiça do mundo qualificaria de crime?” Esse texto é de um escriba do Centro de Informações do Exército, num documento intitulado “Estudo e Apreciação sobre a Revolução de 64”, de 16 de junho de 1975, Informe nº 209/S-102-A3-CIE.
Se o general Enzo Peri não puder achar o cartapácio no arquivo do seu comando, talvez consiga na Abin a cópia guardada pelo falecido SNI.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Eleições 2010: Lindberg dá com os burros n’água?

O Prefeito Lindberg Farias, de Nova Iguaçu (RJ), empolgou boa parte da militância petista do Rio de Janeiro com a proposta de candidatura própria para o Governo e repúdio total ao governo peemedebista de Sérgio Cabral. Com isso, contabilizou vitória certa no PED – Processo de eleições diretas do PT, mas o cálculo deu errado. Foi derrotado e teve que afastar completamente a bandeira da candidatura própria, porque os vitoriosos defendem aliança com o PMDB, dentro do objetivo estratégico de eleger Dilma em 2010. Lindberg, abatido pela derrota, afastou-se da mídia e a coluna de Jorge Bastos Moreno do dia 26 chegou a dizer que o “leão” tinha virado apenas o “gatinho” da Baixada. Considerei exagero do colunista. Imaginei que Lindberg estaria planejando o que fazer para dar a volta por cima, transformar sua derrota em grande avanço político. Mas o que poderia ser o seu pulo do gato mostrou-se pulo de gatinho: ele decidiu que agora ia bater o pé para ser candidato ao Senado. E ao invés de voltar-se para uma discussão dentro do seu partido, foi pedir apoio logo a quem – ao Governador Sérgio Cabral, que ele tanto repudiou, agrediu e usou como trampolim para apresentar-se como petista independente e rebelde!!! Declarou que fez um acordo com o governo peemedebista, desistindo de ser candidato a Governador, desde que fosse candidato ao Senado. Quando achou que estava tudo resolvido, veio o desmentido dos termos do “acordo”, feito por Cabral através do Vice Pezão, que ainda ensinou o beabá a Lindberg: “(...) não houve garantia de que ele seria o candidato do PT ao Senado. Isso ele vai disputar no PT, com a Benedita, internamente”. Ainda pior foi a reação dentro do PT, que se sentiu tratado com escárnio por Lindberg. Diz reportagem de hoje do Globo: “Irritado com a articulação de Lindberg, o presidente eleito do diretório do PT no Rio, Luiz Sérgio, critica o acordo com o PMDB e afirma que, até o momento, a direção do partido não foi informada de nada: — Se ele fez uma combinação, fez com a pessoa errada, porque primeiro devia ter discutido dentro do partido”. Talvez o pior de tudo ainda seja a reação entre aqueles que se iludiram com a proposta de independência e purismo petista usada como isca. Dependendo da intensidade dessa reação, nem leão, nem gato, nem gatinho – Lindberg corre sério de virar um peixe fora d’água.





Avatar e a Venezuela


No filme Avatar, que se passa em 2154, o líder mercenário Quaritch alerta os novos mercenários que chegam ao planeta Pandora que ali a experiência será muito pior do que teria sido na Venezuela. Em outras palavras: a invasão do espaço amazônico via Venezuela já povoa o imaginário americano. Aliás, no mesmo filme, coincidentemente, o herói Jake Sully, comemora seu "(re)nascimento" em 24 de agosto de 2154 - 200 anos depois do suicídio de Getúlio.