Último dia para a oposição tentar uma hecatombe anti-Lula. A foto dos dólares foi uma bobagem que ganhou mais destaque com a ajuda dos petistas tentando impedir a publicação. A guerra de boatos sobre pesquisas não vai longe. Deve dar Lula no 1º turno.
sábado, 30 de setembro de 2006
Último dia para a oposição tentar uma hecatombe anti-Lula. A foto dos dólares foi uma bobagem que ganhou mais destaque com a ajuda dos petistas tentando impedir a publicação. A guerra de boatos sobre pesquisas não vai longe. Deve dar Lula no 1º turno.
"Concreta 56 - A Raiz da Forma"
Cadê a imprensa democrática?
Tortura: o que era produto exclusivo das ditaduras está virando produto de consumo tipicamente americano
sexta-feira, 29 de setembro de 2006
BBC: Brasil sobe 4 pontos em ranking de democracia
Debate Maior
DEBATE ABERTO Os votos na redação da Carta Maior
SÃO PAULO – Todos os nossos leitores e todas nossas leitoras sabem que a Carta Maior tem uma posição editorial pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas em nossa redação convivemos com posições diversas. Estamos apresentando abaixo as declarações daqueles e daquelas que quiseram abrir seu voto, apresentados na ordem em que chegaram ao editor.
Flávio Aguiar. editor-chefe da Carta Maior.
”Eu voto Lula. Tomo emprestado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, minha justificativa de voto: “É preciso trabalhar com Lula e apoiar Lula. Não se pode pedir a Chávez que faça o mesmo que Fidel. Não se pode pedir a Lula que faça o mesmo que Chávez. Assim como não se pode pedir a Evo que faça o mesmo que Lula ou que Chávez. É tudo um processo, cada qual tem suas circunstâncias. Cabe a nós desenhar a forma da unidade na América Latina. O caminho é árduo, mas podemos vencer, com unidade e sabedoria estratégica.” Marco Aurélio Weissheimer ”O critério do meu voto é o da luta política. Voto em Lula para poder continuar brigando. Para poder cobrar um segundo mandato que aprofunde a redistribuição de renda e a integração da América Latina; que acelerece o crescimento e a criação de emprego. Só Lula tem a a força e a condição ideológica para ser cobrado.” Bernardo Kucinski ”Voto em Lula para ver continuadas as políticas já implantadas de equalização das discrepâncias sociais. No campo da política cultural, espero a continuidade do reestabelecimento de um sistema eficiente de políticas de Estado continuadas e focadas na valorização das culturas populares e no respeito à diversidade, sempre com a permanência da lógica da "subversão estatal" que inverte a ordem de implementar "políticas e projetos de balcão e negócios", danosa prática que utiliza a parceria entre os setores público e privado apenas com propostas acolhidas mercadologicamente.” Eduardo Carvalho ”Voto em Heloísa Helena por apostar num fortalecimento de outras alternativas políticas. Para o país, é importante criar um novo imaginário da esquerda brasileira. A pluralidade de idéias e de correntes estimula o debate político com a população. Vejo o PSOL como algo ainda embrionário, mas que pode dar certo.” Natália Suzuki ”Voto na Heloísa Helena porque considero importante fortalecer eleitoralmente o PSOL. O partido se transformou num abrigo - talvez temporário, mas necessário - para este momento de reorganização das forças políticas de esquerda no Brasil. Diante da atual conjuntura, é fundamental construir uma alternativa de esquerda, socialista, e dar um recado ao governo que se elegeu como uma possibilidade de fazer política de um jeito diferente e empunhando a bandeira da transformação social real.” Bia Barbosa ”Voto em Heloísa Helena porque precisamos construir uma alternativa à falsa polarização entre PT e PSDB, que passa ao largo dos problemas estruturais do Brasil. Enquanto não atacarmos a questão da desigualdade social, da democratização da propriedade da terra, da renegociação soberana da dívida pública, da democratização dos meios de comunicação e da dominação imperial, o país seguirá girando em falso. A candidatura de Heloísa reabre este debate.” Gilberto Maringoni ”Voto na Heloísa Helena para fortalecer o PSOL. O sistema político brasileiro precisa de um partido forte que tenha o ideal de "ruptura" em seu horizonte utópico: ruptura com a oligarquia política e com o modelo econômico. Hoje, é o PSOL que tem mais chances de cumprir esse papel.” Marcel Gomes ”Voto em Lula. Acredito que, apesar das políticas sociais (como o Bolsa-Família) terem sido tímidas no primeiro governo, elas se aprofundarão nos anos seguintes e levarão a uma mudança social sem precedentes na História brasileira. Tudo desde que a reeleição de Lula seja feita sem turbulências. Expressas principalmente na chance de um segundo turno, essas turbulências podem levar Lula a fazer mais concessões para os partidos de centro-direita para garantir a governabilidade do Brasil.” Rafael Sampaio ”Voto no Lula porque sua candidatura representa o campo da esquerda - com sua força e suas debilidades - no enfrentamento da direita hoje, sendo sua reeleição o melhor espaço de reagrupamento da esquerda no Brasil. Além de que a alternativa é o retorno da direita, com todas suas conseqüências negativas para o Brasil e a América Latina.” Emir Sader ”Voto no Lula porque temos de consolidar uma frente libertária na América Latina, respeitando as diferenças entre os vários países, que construa políticas públicas de inclusão social que se neutralizem os nefastos efeitos do neoliberalismo, e abram caminho para uma democratização da sociedade, da cultura, da política e da economia.” Flávio Aguiar "Voto Lula de novo. Foram muitos erros. Muitas tristezas. Muita decepção. Mas voto pela continuidade das políticas de extensão dos direitos sociais. Voto pela integração da América Latina. E voto principalmente pelo outro olhar e pensar da cultura, garantindo a diversidade como identidade. Fortalecendo o papel do Estado e ao mesmo tempo subvertendo a ordem das políticas culturais." Carlos Gustavo Yoda
"Concreta 56 - A Raiz da Forma"
Dois dias. É isso que tem a oposição para tentar transformar a não-ida de Lula ao "debate" em pontos suficientes para garantir o 2º turno. O Dossiê Serra já rendeu tudo que poderia render. A ameaça de impeachment ninguém acredita. As novas pesquisas provavelmente favorecerão Lula. E o chamado "voto útil" ganha corpo.
Lula venceu o debate
Ao tomar a decisão de não comparecer ao debate, Lula deu um golpe no golpe que se armava contra ele. Não caiu no engodo de ter "uma chance de ganhar politicamente, homenageando o confronto democrático de idéias", como diz Tereza Cruvinel. O que se armou de verdade foi uma arena onde a oposição contava com a presença de Lula para tirar proveitos eleitorais. Nesse tipo de "debate" não há condições para exposição clara e confronto de idéias. É apenas um vale-tudo de idéias, onde o que conta é a melhor jogada contra o adversário. Lula não teria ganhos eleitorais nem políticos. Ao contrário, teria tudo a perder. E mais: ao não comparecer, poupou a figura do Presidente da República do enxovalhamento por candidatos dispostos a tudo para ganhar pontinhos na corrida eleitoral. Sem Lula, o "debate" não aconteceu, virou peça de museu. Participando do comício de São Bernardo, Lula saiu vitorioso.
2º turno no Rio?
Correção (13:42h). Quase todo dia estou aqui corrigindo o Cesar Maia. Hoje foi ele que me corrigiu. Por algum motivo (não vale a pena explicar) eu me confundi com as datas e escrevi que a pesquisa Datafolha não havia captado o debate. Na verdade, foi feita depois do debate. E isso talvez explique a recuperação do Crivella (que estava caindo sem parar) e torna mais efetiva a possibilidade do 2º turno. Obrigado, pela correção, Cesar Maia.
quinta-feira, 28 de setembro de 2006
"Concreta 56 - A Raiz da Forma"
A oposição inteira morde os lábios. Contava com pesquisas a seu favor, mas viu apenas a confirmação da vitória de Lula no primeiro turno. Agora busca desesperada novas formas de pressão. A identificação do coordenador da campanha de Mercadante como responsável pela entrega dos dólares desloca o foco da crise de Brasília para São Paulo - o que é ruim para a oposição. Mais três fatos aliviam a pressão: a denúncia de irregularidade no pedido de prisão dos petistas, a confirmação de que não houve escuta clandestina nos telefones do TSE e o rombo de 1,2 bilhão que Alckmin deixou de presente em São Paulo. O último dia de Horário Eleitoral deve se caracterizar principalmente por perdas de tempo e direitos de resposta. Talvez haja programas extras na sexta e no sábado. O debate da Globo aparentemente não será grande coisa. As maiores emoções ficarão por conta das pesquisas a serem divulgadas até domingo. Lula deverá subir um ou dois pontos.
Denise Frossard deve ter sido vítima dos conselhos de Cesar Maia
“Mas vamos às dicas para debate, aos quatro candidatos. Nossa senadora Heloísa Helena deveria levar esses pontos para o camarim. Tratam-se de experiências de debate em eleições em outros países, especialmente nos EUA”.Dá algumas dicas óbvias muito boas e outras duvidosas. Por exemplo: “Debate ninguém ganha”. É uma boa frase de efeito. Mas depende do debate e do momento. Em 94, Garotinho ganhou bons pontos quando pôs o dedo no nariz do até então “bicho-papão” General Newton Cruz. E ganhou também todos os debates, em 98, contra o próprio Cesar Maia. Ele coloca entre suas dicas ouvir antes um discurso de Carlos Lacerda (coisa que Denise Frossard, se fez, não assimilou). E manda essa:
“Nos intervalos os assessores devem não dar dica alguma. Não mande assessores técnicos falarem com o candidato. Só atrapalham. Deve ir alguém de imagem, a maquiadora, e um amigo. A pessoa de imagem corrige detalhes formais. A maquiadora ajusta o cabelo e tira o suor. E o amigo diz que o candidato está dando um banho, levantando sua energia”.Será que foram essas as mesmas dicas que ele deu para Denise Frossard no debate dos candidatos ao governo do Rio? Algo deu errado, então, porque ela se saiu pessimamente. Segundo os jornais, o assessor Cesar Maia seguiu à risca o próprio conselho e não compareceu ao local. Mas estavam lá Rodrigo Maia e Solange Amaral – e creio que não estavam no papel de “amigo” e “maquiadora”. Quem terá preparado aquelas “colas” (ou “pescas”) que Denise lia sem parar? Quem disse para ela mentir sobre o tempo de serviço público? Será que a “cola” tinha escrito “promotora” no lugar de “professora”? Será que ela foi orientada a considerar que serviço em empresa privada (e da família) é também público? Não sei, não. Acho que, antes de seguir os conselhos de Cesar Maia, Heloísa Helena tem que conversar com Denise Frossard...
César Maia insiste em transformar “fantasma” em “apto a votar”
“parte deles se deve a falecimentos, parte a pessoas que estão viajando, parte a pessoas muito idosas, parte aos doentes sem mobilidade, parte aos que estão presos, parte aos que são doentes mentais ou alcoólatras, parte aos que tem mandado de prisão e não podem se apresentar, parte a migrantes recentes, parte quem não tirou o título”.Até aí está certo. Mas esquece dos famosos “fantasmas”, que são incluídos erroneamente (falha na atualização do cadastro do TSE) como “aptos a votar” e que este ano devem chegar a cerca de 10.000.000 de “pseudo-eleitores”, ou seja mais ou menos 8%. As pesquisas naturalmente já excluem esse índice, porque elas não podem considerar quem não existe. Portanto, os Não-Votantes reais são menos do que César Maia apresenta. César Maia continua com sua “tese”:
“os estudos que fizemos nos últimos anos mostram uma tendência muito maior de concentração nos níveis menores de renda e instrução”.Ou seja, se ele é minimamente coerente, está querendo dizer que o eleitor de Lula morre mais, viaja mais, é mais idoso, é mais doente, está mais nas prisões, é mais doente mental, é mais alcoólatra, tem mais mandado de prisão e não pode se apresentar, tem mais migrantes recentes, tem mais gente sem título e, por isso, vai comparecer menos no dia da eleição. (Ele pode também estar querendo dizer que o eleitor de Lula erra mais no uso do teclado eletrônico, mas esquece que isso foi antes do Bolsa Família...) Tenho certeza que, depois dos resultados desta eleição, César Maia nunca mais será o mesmo. No mínimo vai deixar de ver fantasmas em toda parte...
Datafolha e Ibope: este Blog acertou na mosca
quarta-feira, 27 de setembro de 2006
RECORDE DE EMPREGOS!
"Concreta 56 - A Raiz da Forma"
A pressão sobre Lula diminuiu. Alckmin demonstra irritação. Os programas eleitorais de ontem, como já falei, amornaram as manchetes incendiárias. Os debates entre candidatos a Governador também. Os fato de os debates não terem contribuído com grandes emoções na maioria dos estados reduz a expectativa com relação ao debate presidencial. Lula irá ou não irá? Isso não tem mais importância. De importante, por enquanto, somente a origem dos dólares que vieram de Miami e as pesquisas Ibope e Datafolha que serão divulgadas hoje. Provavelmente haverá pouca mudança no quadro até 1º de outubro.
Rio: debate morno com algumas surpresas
Esses debates tarde da noite tendem à sonolência. Povão não quer nem saber. Principalmente, quando os candidatos já são bem conhecidos. Mas o debate dos candidatos do Rio de Janeiro trazia uma novidade: a candidata Denise Frossard (PPS) tinha crescido nas pesquisas, tomando o segundo lugar do candidato Marcello Crivella (PRB) e ameaçando a vitória do candidato da situação Sérgio Cabral (PMDB) no 1º turno. Os candidatos Vladimir Palmeira (PT) e Eduardo Paes (PSDB) disputam quem tem mais de 2% e entraram como franco-atiradores. A maior expectativa era a de um ataque conjunto contra o líder Sérgio Cabral (por ser do mesmo partido de Garotinho) e a de boa performance da ascendente Denise Frossard. O horário, mas freqüentado por quem não tem que acordar tão cedo, favorecia mais Denise, Eduardo e Vladimir. Mas as coisas não aconteceram exatamente como o esperado. Denise, agressiva e demonstrando despreparo (lendo toda a cola, provavelmente escrita por Cesar Maia), foi a mais prejudicada. Perdeu (ou pelo menos deixou de ganhar) uns pontinhos. Eduardo e Vladimir estavam à vontade para fazer gracinhas (soube de um grupo de 10 pessoas que pensou que Vladimir estava bêbado), não tinham nada a perder e saíram como entraram. Crivella surpreendeu positivamente. Mostrou-se preparado para o debate - mas sem a empatia necessária. Sérgio Cabral foi o que mais ganhou... por não ter perdido o que todo mundo achava que ele ia perder. O debate, quem sabe, pode ter contribuído com uns décimos a mais ou a menos para definir se vai ou não haver 2º turno. A decisão será no photochart.
Lei do outdoor em São Paulo: a visão de cada um
Quando cheguei para morar em São Paulo, ainda na década de 60, demorei a entender por que a cidade de vez em quando parecia estar completamente diferente. Levei meses, anos talvez, para identificar que eram as trocas de outdoors que ocorriam sempre nos dias 1º e 16 de cada mês. Fiquei maravilhado com a descoberta. Os outdoors exerciam uma força estranha capaz de renovar ruas e avenidas. Quando troquei o jornalismo (Veja) pela publicidade (McCann-Erickson) o entusiasmo pelos outdoors ficou maior. Criar um outdoor sempre foi um grande desafio publicitário, porque ele representa a síntese de todas as campanhas. Feito o outdoor, tudo fica mais fácil. Nas campanhas políticas é a mesma coisa: o outdoor sempre deu visibilidade e definição às candidaturas. A proibição dos outdoors foi um baque para muitos candidatos, e de certo modo até contribuiu para aumentar a poluição visual com a proliferação de plaquetas. Ontem mesmo, estive em Volta Redonda (RJ), uma cidade que proíbe outdoors, e fiquei impressionado com um terreno baldio, com localização bem central e com um verdadeiro enxame de tabuletas políticas. Enfim, sou daqueles que adoram ver tudo que é outdoor. Mas reconheço que, assim como ergue, ele também destrói coisas belas. Um belo exemplo está na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, que só teve a ganhar com a proibição de outdoors em sua orla. Por isso entendo a lei antipoluição visual aprovada pela Câmara de Vereadores de São Paulo por 45 votos a 1 proibindo outdoors e outras parafernálias. A desorganização urbana provocada pelos excessos publicitários precisa ser combatida com rigor. Contra ela, vejo a questão do desemprego no setor de publicidade exterior: cerca de 20 mil vagas, em um segmento que movimenta R$ 200.000.000,00 ao ano. E, recordando minha descoberta de décadas atrás, não deixo de entender o único voto contrário à medida, do vereador Dalton Silvano (PSDB), ligado à área de publicidade, quando ele diz: "Quem perdeu foi a cidade de São Paulo. Uma cidade sem publicidade é uma cidade fria”. Folha (para assinantes)
Gestão chocante
Choque tucano. O "choque de gestão" de Geraldo Alckmin em São Paulo deixou, só até setembro, um rombo de R$ 1,2 bilhão nas contas do Estado. O governador de São Paulo, Cláudio Lembo, confirma a informação. Há três meses, ele enviou ofício a todos os secretários proibindo novos investimentos e determinando "redobrada atenção do governo" e "rigorosa austeridade nos gastos públicos". Houve também "diminuição no ritmo de velocidade das obras", diz Fernando Braga, ex-assessor especial de Alckmin e hoje secretário de Planejamento.
Choque tucano 2. Só a suspensão de novos gastos não será suficiente para enquadrar as contas paulistas na Lei de Responsabilidade Fiscal. O governo está atrás de novas receitas. Espera que nesta semana seja aprovada a lei que dá descontos de até 100% nas multas e 50% nos juros para devedores de ICMS que saldarem seus débitos já. Com isso, espera arrecadar R$ 700 milhões, diz Braga, do Planejamento. O que falta para cobrir o rombo deverá vir de uma "blitz gigante" sobre os 50 mil maiores devedores de IPVA do Estado.
terça-feira, 26 de setembro de 2006
"Concreta 56 - A Raiz da Forma"
Informe do Dia ironiza Cesar Maia
Não é por aí. A esperança dos alckministas é que os menos alfabetizados, eleitores de Lula, digitem errado os números na eleição. Esquecem que, todos os meses, eles digitam suas senhas para o Bolsa Família
5 dias apenas. A pressão continua, mas esta segunda-feira foi mais fraca do que se imaginava. A temperatura deve subir com os programas presidenciais de hoje. Alguns programas regionais procuraram se beneficiar com a crise nacional, mas sem muito efeito. Os debates de hoje entre candidatos a governador serão importantes. Os jornais continuam com as manchetes anti-Lula. O Dossiê Serra continua em foco, mas até agora sem maiores novidades. Alckmin vai morder os lábios como nunca e Lula continuará dizendo que quer toda a verdade e que vencerá no primeiro turno. Grande expectativa com relação às pesquisas de amanhã.
O Presidente do TSE deveria ter mais cuidado com os grampos e rolos que tem na cabeça
segunda-feira, 25 de setembro de 2006
Triiim-triiim: será que o TSE passa trote?
96 milhões em ação!
96.000.000 de eleitores. Esse é o meu cálculo aproximado para o dia 1º de outubro. Correspondem a 125.000.000 considerados (erroneamente) "aptos a votar", menos 10.000.000 de "fantasmas", menos 19.000.000 de "não-votantes" ("abstenções" + "brancos" + "nulos"). Considerando as pesquisas atuais, Lula terá cerca de 52.500.000 votos. Os outros 43.500.000 eleitores estarão divididos entre Alckmin, Heloísa Helena, Cristovam Buarque, Ana Maria Rangel, Eymael, Pivar e Rui Pimenta.
A límpida linha de Mauro Santayana
Até agora, os fatos conhecidos não constituem, de acordo com os juristas, delito algum. Não se consumou o ato delituoso, cuja frustração é ainda mistério. Há personalidades estranhas nesse processo, como a do sr. Abel Pereira, desaparecido até a tarde de ontem, e tido como elemento de ligação entre os Vedoin e o Ministério da Saúde, quando ocupava o cargo o sr. Barjas Negri. É de se estranhar que esse sr. Pereira não tenha procurado ainda a Polícia Federal, seja para desmentir os Vedoin, seja para explicar a sua participação no esquema, se este for o caso.
Há, nesse emaranhado de afirmações e negativas, uma linha de Leibniz, que passa por todos os pontos, e pode explicar por que o acessório (uma denúncia, que envolve apenas as eleições paulistas) prevalece sobre o principal: a escolha do presidente da República e, portanto, do destino do país nos próximos quatro anos. Essa linha tem o seu curso submetido a interesses oligárquicos, em associação com corporações estrangeiras. Desde o segundo governo Vargas, sempre que o país começa a encontrar o caminho de seu desenvolvimento autônomo e a exercer uma política social mais justa, reúnem-se contra essa trajetória interesses internos associados aos externos. Foi assim em 1954, em 1955, em 1961 e, finalmente, em 1964.
Assim, podemos concluir que o favoritismo de Lula se deve à constatação da maioria dos brasileiros, de que o seu governo é melhor do que governo anterior – chefiado pelos que hoje lhe fazem oposição.O seu texto merece ser lido - e lembrado - na íntegra. Cadastrados podem acessar aqui.
domingo, 24 de setembro de 2006
Pobres americanos: estão voltando à Idade do Papel...
Esses americanos são bem atrasadinhos. Falam tanto em democracia e até agora não sabem direito como fazer eleição. Em 2.000, ano da primeira eleição de Bush, foi aquela vergonha que o mundo inteiro comentou. Acusações de fraudes mais escandalosas do que as que vimos este ano no México. Depois disso, resolveram investir em urna eletrônica. Mas não está dando muito certo. Apesar de terem verificado uma redução de 40% nos erros entre as eleições primárias de Maryland de 2000 e de 2004, por exemplo, as autoridades americanas estão temerosas. Acham que há uma grande risco de não dar certo. Temem que a nova tecnologia esteja trocando velhos problemas por novos problemas, bem mais complicados. O governador do Novo México já decidiu deixar as urnas eletrônicas e voltar para as cédulas de papel com leitura ótica. Na última semana, o estado de Connecticut decidiu fazer o mesmo. A confusão é grande. Tem urna que conta 6 vezes o mesmo voto, assim como tem impressora com impressão de baixa qualidade ou ainda pessoas responsáveis pelo bom andamento das eleições que não têm a menor noção de como tudo funciona. Enfim, daqui a dois meses, o mundo deve se preparar para mais um caos eleitoral americano. É apenas mais um capítulo de seu curso de democracia. Leia reportagem de Ian Turbina, para The New York Times.
sábado, 23 de setembro de 2006
O país está rachado
As últimas pesquisas eleitorais apontam claramente vitória de Lula no 1º turno, na base de 55%/45%. Mas elas mostram também dois perfis de eleitor, o "eleitor Lula" e o "eleitor anti-Lula". Considerando os segmentos onde cada um tem índices acima da sua média, veja os perfis, a partir da pesquisa Datafolha.Eleitor Lula. Maioria homem (58%/51%), ligeiramente mais idoso, tem ou freqüenta o ensino fundamental, ganha até 2 salários mínimos, mora no Nordeste.
Eleitor anti-Lula. Maioria mulher (42%/49%), ligeiramente mais jovem, tem ou freqüenta o ensino superior, ganha mais de 10 salários mínimos, mora no Sul.
Datafolha confirma: polarização garante vitória a Lula já no 1º turno
Agora o que importa são os votos válidos. É Lula (55%) de um lado e a direita (45%) do outro. Não há meio termo. Ou você vota em Lula ou você vota em tudo aquilo representado por Fernando Henrique, Bornhausen, Antonio Carlos Magalhães, Cesar Maia, os conservadores paulistas, os filhotes (e até paisotes) da ditadura, todos eles sob o manto chuchu de Alckmin. Se você pensa em votar em Heloísa Helena ou em Cristovam Buarque, está votando em Alckmin; Ana Maria Rangel, Pivar, Eymael e até mesmo Rui Pimenta é a mesma coisa. De um lado está a "centro-esquerda" - com amplo apoio popular -, de outro está a "direita" - com forte apoio dos meios de comunicação e da classe média conservadora e atônita. Não há outra alternativa, não tem como fugir dessa responsabilidade. Ou você vota por um governo comprometido com o investimento social, ou você vota em quem sempre atrasou o nosso país. Se você pensa em votar contra Lula, você, no momento, está perdendo a eleição - e o povo mais pobre lamenta perder o seu voto.
NOTAS DE PÉ DE PÁGINA
Se Heloísa Helena pretende voltar a crescer, tem que se diferenciar de Alckmin. Já ficou provado que do eleitor de Lula ela não consegue nada. O mesmo vale para Cristovam Buarque.
A grande imprensa está tão desesperada que resolveu (pautada por Cesar Maia) atacar os aplausos de Lula na ONU. O que aconteceu (substituição de imagens durante a apresentação do programa eleitoral) ocorre com grande freqüência. O editor não tem imagens para representar o que realmente está acontecendo (as imagens de aplausos reais não representavam o áudio real dos aplausos) e ele pega a primeira que encontra. Não foi tão grave como querem fazer crer. Muito mais grave foi a grande imprensa ignorar os aplausos reais, inclusive o fato de Lula ter sido eleito "O Estadista do Ano".
A verdade é uma só. A grande imprensa dava seu apoio às vezes disfarçado à direita. Agora, chegando ao 1º de outubro sem que Lula caia nas pesquisas, ela resolveu escancarar.
DOSSIÊ CICARELLI
sexta-feira, 22 de setembro de 2006
Cesar Maia precisa transformar o desespero em alegria e em razão de viver.
"Esse Ex-Blog lembra: Brancos/Nulos/Indecisos desta pesquisa 9%. No dia da eleição abstenção+brancos+nulos, serão uns 25%. Diferença 16%. Líquido (falecimentos...): 13%."Está errado. São 8% de fantasmas que o TSE coloca erroneamente como aptos para votar por falta de atualização de cadastro. Cesar Maia não quer ver a realidade. Prefere ver fantasmas. Precisar sair dessa e ter mais alegria de viver.
quinta-feira, 21 de setembro de 2006
Deu Lula de novo
Não consigo imaginar o que a oposição pode fazer para tentar reverter o quadro. Quero até reconhecer que o programa de Alckmin desta quinta à noite foi muito bom (à tarde foi péssimo, com o candidato chuchu voltando a desejar "boa noite" na hora do almoço). Mas o de Lula também foi muito bom. A grande imprensa também fez o que pôde para tentar derrubar os índices. Xingou Lula, deixou de exibir sua participação na ONU, repetiu à exaustão o caso Dossiê Serra - e nada! Na hora de escolher o seu candidato, a grande maioria do povo brasileiro não tem dúvida: é Lula de novo, no 1º turno. E agora com direito a Marco Aurélio Garcia na coordenação da campanha, dando show junto á imprensa, batendo firme em Marco Aurélio de Mello (parece que é parente de Collor e presidente do TSE) e mostrando firmeza na direção dos acontecimentos. Quem vai se desesperar é Cesar Maia, que odeia o Marco Aurélio Garcia (que ele tenta ridicularizar, chamando-o de "Sargento Garcia"). A oposição, pelo jeito, vai ter que ir á luta de outros dossiês. Talvez Dossiê Cayman, ou Dossiê Pelicano, ou - quem sabe - Dossiê Cicarelli...
Chávez, o garoto-propaganda preferido dos americanos
"O Império Americano - Hegemonia ou Sobrevivência", do importante lingüista americano Noam Chomsky, espécie de velho enfant terrible da intelectualidade internacional, virou sucesso de vendas nos Estados Unidos graças a ninguém menos que Hugo Chávez, o líder terrible da política de nosso continente. Bastou Chávez chamar (na quarta-feira, durante Assembléia da ONU) Bush de demônio e recomendar a leitura do livro para que suas vendas disparassem. No dia seguinte o livro já estava esgotado na livraria Coliseum de Manhattan (NY). E parece que ele já está esgotado também nos atacadistas. Nesse ritmo, Chávez pode até pensar em se candidatar à sucessão de Bush... Reportagem completa da Reuters.
Movimentos sociais fazem manifesto em defesa de Lula
Neuromarketing neles!
O ledo engano de Vladimir
O jingle da campanha de Vladimir diz algo assim: "Só o voto consciente muda o destino da gente". Com esse tipo de raciocínio, ele parece estar voltando ao PT pré-5º Encontro (1987), quando o objetivo estratégico do partido era o "governo dos trabalhadores", em outras palavras, "revolução socialista já!" A consciência política não se dissemina com palavras jogadas ao léu. É preciso organização. E a organização se inicia a partir de reivindicações imediatas comuns. As generalidades - por mais bem intencionadas que sejam - não mobilizam nem organizam ninguém. Esse é o be-a-bá da esquerda não-xiita, muito útil nas campanhas eleitorais. Quem não compreende questões assim acaba contribuindo para que só o voto não-consciente continue "mudando" o destino da gente... (O pior é que Vladimir sabe tudo isso...)
O Rio no limite do 1º turno
Este Blog já tinha previsto uma posição melhor para Denise Frossard. No domingo, o Instituto Informa foi o primeiro a mostrar que ela estava numericamente à frente de Marcelo Crivella (SC 45%; DF 21%; MC 14%). E agora o Datafolha confirma o avanço da candidata de Cesar Maia. Não era difícil prever. A campanha de Crivella, excetuando a boa presença nas ruas com material graficamente bom, foi um desastre completo. Não se posicionou, preferiu atacar a propor. Tinha galhardetes com textos absurdos, como "Ele passou 10 anos na África - e o outro?" (algo assim) Perdeu apoio na área popular e está ficando restrito à Igreja Universal. Denise fez um discurso lacerdista coerente: ética e segurança; anti-Garotinho. Conseguiu as áreas conservadoras que estavam indecisas ou anulando votos. Sérgio Cabral soube manter seu eleitorado mas não soube crescer. Não conseguiu atrair completamente as intenções que saem de Crivella (estão indo para a área de Não-Válidos - Brancos + Nulos + Indecisos) e com isso perde pontos nos Votos Válidos, pondo em risco a vitória já no 1º turno. Há alguns erros no seu programa. Em seus depoimentos, por exemplo, ele não mostra alegria, apesar de liderar. Se até a Denise e o Serra, em São Paulo, conseguem passar alegria, por que ele não consegue? O imenso apoio dos Prefeitos passou ao largo (o que apareceu foi ineficiente) O apoio de personalidades tem sido tímido. E falta emoção na edição. O povo gosta de ver candidatura vitoriosa. Se não conseguir reagir, terá que ir para a disputa de 2º turno.
Bum habitacional
quarta-feira, 20 de setembro de 2006
Baixaria é marketing?
NOTA: Em 2004, o derrotado foi o próprio Garotinho. Ele coordenou a campanha de Pudim para Prefeito de Campos e eu coordenei a TV no 2º turno da campanha vitoriosa de Campista. Garotinho usou e abusou do "estilo Cesar Maia"; e eu usei e abusei do "estilo Garotinho 98"...
terça-feira, 19 de setembro de 2006
Deu Lula
Lula oferece Bolsa Família para Nações Unidas
No discurso de abertura da 61ª Assembléia Geral das Nações Unidas Lula fez discurso duro contra os países desenvolvidos, que preferem gastar com guerra a investir em matar a fome dos pobres do mundo inteiro. "O investimento necessário para aplacar a fome no mundo é menor do que o que foi investido até agora na guerra do Iraque", declarou Lula, que continuou: "O programa Bolsa Família, o carro-chefe do Fome Zero, garante uma renda mínima a mais de 11 milhões de famílias brasileiras. Se fizemos tanto no Brasil, imaginem o que não pode ser feito em grande escala se o combate à fome e à pobreza fosse de fato uma prioridade da comunidade internacional. (...) A guerra jamais trará a segurança. A guerra só gera monstros: o rancor, a intolerância, o fundamentalismo, a negação destrutiva das atuais hegemonias." Lula acrescentou que "se não quisermos globalizar a guerra, é preciso globalizar a justiça". Lula ainda criticou a política de subsídios pos países ricos, disse que a Agenda de Desenvolvimento de Doha está em crise, mas que, "se bem-sucedidas, as negociações na OMC ajudarão a tirar milhões de pessoas da pobreza externa". Leia reportagem de Bruno Garcez para a BBC.
Novidades do front
* A Reuters noticia que sai Freud e entra Lorenzetti. Na falta de indícios convincentes do envolvimento do assessor Freud Godoy no caso Dossiê Serra, busca-se culpa agora em Jorge Lorenzetti. Ele seria "o chefe do 'dispositivo de tratamento de informações' da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva". Ex-dirigente da CUT, é o churrasqueiro pessoal de Lula. Na campanha da reeleição, Lorenzetti seria "o superior imediato do ex-policial Gedimar Passos Pereira, preso sexta-feira em São Paulo com cerca de 1,7 milhão de reais, para comprar um dossiê que ligaria o ex-ministro José Serra à máfia dos sanguessugas", informa a Reuters.* No front político-econômico, a má notícia é o golpe militar na Tailândia, país emergente, que, por causa disso, está derrubando bolsas no mundo. A situação ainda está confusa. Segundo a BBC, o primeiro ministro tailandês Thaksin Shinawatra, que se encontra em New York para a Assembléia Anual das Nações Unidas, declarou Estado de Emergência. Aguardemos novas notícias.
Dossiê Serra: “Foi plantado!”
segunda-feira, 18 de setembro de 2006
Fantasmas do TSE abalam sofisma de Cesar e Lavareda
Cesar Maia lança-se candidato para 2010 e arrasa PSDB
Imperdível a entrevista de Cesar Maia hoje na Folha (para assinantes). Ele trata de desqualificar o PSDB desde o bico até as penas do rabo. Um partido “desorganizado” “exclusivamente paulista”, “em frangalhos”. Para ele o PSDB acabou. “Se o PSDB não ganha as eleições de São Paulo, ele vai ter que começar de novo”. Desqualifica Tasso (“Eles vão desmontar a candidatura deles por que existe um partido informal que é Ciro Gomes-Tasso Jereissati”), desqualifica Aécio (“O Aécio procura seguir uma escola política superada, que é a escola mineira caricaturizada”), desqualifica Fernando Henrique (“Uma carta daquela é ruim, de quem já está tratando do dia seguinte da eleição” (...) “Minha opinião é que a direção fernandohenriquista do PSDB tentará agregar o PPS e o PV e empurrar o partido para a esquerda.”), desqualifica Alckmin (“O Alckmin pode ser convidado, mas não tem lastro partidário para, numa hipótese de derrota, disputar a Presidência do PSDB”) e até o seu aliado Serra (“Vai ser um constrangimento se ele se candidatar em 2010. Não vai ser uma solução fácil para ele. O que é isso? Saiu com ano e meio? Depois sai com três anos e três meses? Vai ser presidente? Vai ser secretário-geral da ONU? Saiu de São Paulo para São Paulo, aí sai de novo e entrega a um deputado que não é exatamente uma liderança popular eufórica. Vai ter dificuldade”). Perguntado diretamente se será candidato em 2010 responde: “Se estivesse na Inglaterra, diria que sou”. Como estamos no Brasil, talvez ele queira ser coroado...
VALE-TUDO FINAL!
domingo, 17 de setembro de 2006
Talvez Elio Gaspari precise escolher melhor suas fontes
"Durante jantar de plutocratas a que Lula compareceu na quinta-feira, o empresário Eugênio Staub perguntou-lhe como pretendia fazer, durante o segundo mandato, as reformas que julga necessárias. Nosso Guia respondeu: “Staub, não acorde o demônio que tem em mim, porque a vontade que dá é de fechar esse Congresso e fazer o que é preciso”. Segundo Lula, o próximo Congresso será pior do “que esse que está aí”, pois virá com Paulo Maluf e Clodovil. Expressando-se na sua língua franca, deixou mal a mãe de pelo menos 20 notáveis nacionais. A proposta golpista do demônio que Lula carrega consigo foi contestada por inúmeros convidados que a ouviram. Lula vê outro empecilho para o êxito do seu projeto: a imprensa. Nos últimos 50 anos, o Coisa Ruim rondou três presidentes: Jânio Quadros, João Goulart e Costa e Silva. Nenhum deles concluiu o mandato. Castelo Branco e Ernesto Geisel fecharam o Congresso por poucas semanas. Seja o que Deus quiser.”E agora Congresso fechado Por Sonia Racy em O Estado de S. Paulo, hoje:
"A conversa corria animada, entre um grupo de empresários e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no jantar oferecido quinta-feira passada pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Furlan, quando um dos presentes fez a pergunta crucial: o que seria preciso fazer para o Brasil crescer num ritmo maior, quem sabe no ritmo da China?' Aqui é mais complicado', respondeu o presidente. 'A China é uma ditadura. Para fazer isso, só se eu fechasse o Congresso'. Todos em volta riram. Imediatamente, de um lado e de outro, brotaram comentários de que isso não seria possível - mas todos passaram, no ato, a fazer fortes críticas ao atual Congresso. E o nível do próximo, a ser eleito daqui a duas semanas, na opinião geral não deverá ser melhor. O presidente lembrou que, entre outros eleitos, lá estarão figuras como Paulo Maluf e Clodovil. Em seguida, porém, trouxe à lembrança a frase famosa de um cacique da política nacional, Ulysses Guimarães. 'O dr. Ulysses já dizia: ruim com os políticos, pior sem eles', ponderou Lula.
Quem paga mais?
“Pérolas” da imprensa brilhante
sábado, 16 de setembro de 2006
Qual a marca do Lula?
Há ainda grande espanto no meio da crítica especializada, entre os principais colunistas da grande imprensa, entre marqueteiros e consultores políticos com o sucesso do candidato Lula. Na sua coluna de hoje no jornal O Globo, Tereza Cruvinel, ao comentar os novos números da pesquisa CNI/Ibope (que mostram Lula nos seus inabaláveis 50% de intenções de votos, contra 29% de Alckmin, os 9% de Heloísa Helena e os inabaláveis quase nada dos Outros), disse: “A crise, com a dimensão e a publicidade que teve, deveria ter semeado mais dúvidas no eleitorado. E, no entanto, ele se apresenta mais decidido, portador de convicções bastante convincentes”. Tereza Cruvinel pergunta ainda: “Mas por que mesmo o eleitor se decidiu tão cedo e de forma tão definitiva?”A melhor resposta está nas formas de construção de marcas. Em primeiro lugar, deve ficar claro que essa construção tem mão dupla. Quer dizer: não basta colocar a marca na testa e sair por aí; o outro precisa perceber, precisa querer perceber a marca. Outro ponto a considerar é que ninguém tem marca única. São marcas distintas, positivas e negativas, que podem ter pesos diversos, para públicos variados. Por fim, é preciso determinar quais as marcas predominantes, positivas e negativas, o que é feito em função da relação com os públicos. Lula, ao longo dos anos (e também das derrotas eleitorais), soube trocar a marca predominante que carregava de “candidato do trabalhador” para “candidato do povo brasileiro” (uma decisão que tem suas raízes no 5º Encontro Nacional do PT, de 1987, capitaneado por José Dirceu) e depois para “candidato do povão brasileiro” (o que garantiu sua vitória em 2002 e garante os seus altos índices de aprovação atuais). Lula foi em busca das aspirações e necessidades da parte mais pobre e quantitativamente maior do povo brasileiro e tratou de buscar identidade nesse campo. O que não foi difícil por um lado (por causa de suas origens) e tarefa hercúlea por outro (por causa da grande dificuldade em atender reivindicações de uma população tão miserável, de um país com desigualdades profundas e com uma economia estraçalhada). Essa marca de povão foi construída ao longo de anos e fortalecida a partir do primeiro dia do seu governo. O Bolsa Família passou a personalizar essa opção pelos mais pobres. A multiplicação dos investimentos sociais é a comprovação dessa marca. Não foi algo construído para se acabar no dia seguinte à eleição, no velho estilo “bica d’água”. É uma marca bem construída, forte suficiente para resistir aos poderosos ataques da oposição que tentou fazer prevalecer a marca da “corrupção”. O eleitor se decidiu por Lula “tão cedo e de forma tão definitiva”, porque a boa marca é aquela construída bem antes da campanha eleitoral. Lula conseguiu ser coerente e convincente na construção da sua marca. A marca do Lula virou a marca do povo mais pobre e mais sofrido. Algo fácil de perceber no Nordeste ou nas periferias dos grandes centros; dificílimo de entender nos Jardins e nas redações.
Abaixo todas as baixarias
Esse Papa não é pop
A poesia é concreta
Um poema é feito de palavras e silêncios. Um poema é difícil. (Décio Pignatari, 2 de abril de 1950)No dia 26 de setembro, o Museu de Arte Moderna de São Paulo vai comemorar os 50 anos da "1ª Exposição Nacional de Arte Concreta" com a mostra "Concreta 56 - A Raiz da Forma". A força da Poesia Concreta, construída desde reuniões entre os irmãos Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari em 1949, deve ser comemorada sempre. Poucos movimentos da cultura mostraram tanto vigor como o da Poesia Concreta. Sempre provocou incompreensões e reações contrárias, como o comentário de um jornal sobre a exposição de 50 anos atrás, que pôs em manchete: "Mesmo sendo ‘concretos’, ninguém entendeu nem poesias nem quadros". A Poesia Concreta ganhou raízes profundas, ganhou o mundo e se mantém concreta até agora. Na Folha de hoje, Marcos Augusto Gonçalves entrevista Augusto de Campos. Trechos:
“(...) a massificação cultural é um fato iniludível da "overpopulation", do baixo nível de escolaridade, da exaustão mental provocada pelos trabalhos forçados do ganha-pão acachapante. A poesia, se não resolve, consola o ser humano da sua miserabilidade, da sua incognoscência, das precariedades do seu "design" imperfeito. Dá-lhe, quem sabe, a ilusão de estar um pouco acima. E o seu desvalor econômico, o seu fracasso antipopulista, num mundo obcecado pelo lucro e pelo sucesso, lhe conferem uma força ética ímpar. Os livros estão de pé na estante. Muito pouco na TV, é verdade, mas cada vez mais nos desvãos e desvios da internet, que embute uma verdadeira revolução cultural nas suas reservas "interguêticas" e nos seus reservatórios enciclopédicos. Quem quiser buscar mais e melhor, que vá atrás. (...) A tecnologia chegou a ser uma esperança para otimistas-natos como Buckminster Fuller e John Cage, cujo anarquismo tecno-zen rimava com o bárbaro tecnizado de Oswald. Estamos longe de chegar perto desses formosos ideais. Mas olhamos para os olhos de uma criança e temos de acreditar que um dia (que não verão os septuagenários como eu) a 'humanimaldade' será mais sensível e menos insensata. Quem sabe se a tecnologia, multiplicando o acesso à informação e aos recursos materiais, não pode dar uma boa mão a um maior solidarismo social, se os gigaglutões econômicos do Primeiro Mundo não continuarem a querer tudo só para eles. Mesmo porque, se não tomarem juízo, o bumerangue da pobreza ainda poderá recair sobre as suas cabeças.”(entrevista completa, para assinantes)
sexta-feira, 15 de setembro de 2006
Cesar Maia não gostou do espetáculo circense contra o pobre Serra
São Paulo: acendeu a luz amarela para Serra
O assistencialismo de Merval
Merval Pereira é um jornalista com lugar importante no cenário político nacional. Tem uma coluna diária no importantíssimo jornal O Globo, é comentarista em noticiários de rádio e televisão e é sempre citado por uns e outros. Mas às vezes aparenta ser um jornalista com médios e baixos. Hoje, em sua coluna “A não-política”, onde desenvolve a sua saga anti-Lula, ele escreve algo que me surpreendeu: jogou o crédito consignado e o financiamento da agricultura familiar dentro da vala comum do assistencialismo. Jogou também o Bolsa Família – que também não concordo, mas envolve outro tipo de discussão. Disse ele: “Diante da força de atração da Bolsa Família e de outras políticas assistencialistas como o crédito consignado e o financiamento da agricultura familiar, não há como propor uma mudança de rumos a uma vasta parcela do eleitorado...” Já tinha visto o Bolsa Família ser acusado de assistencialista, mas o crédito consignado e o financiamento da agricultura familiar é a primeira vez.
Segundo texto de 2003, escrito por Luiz Fernando Toscano (apresentado como Engenheiro Agrônomo, Assistente de Planejamento Sócio - Economia, Ambiental do PEMBH e Agricultura Familiar - CATI Regional de Votuporanga), “aproximadamente 85% do total de propriedades rurais do país pertencem a grupos familiares. São 13,8 milhões de pessoas que têm na atividade agrícola praticamente sua única alternativa de vida, em cerca de 4,1 milhões de estabelecimentos familiares, o que corresponde a 77% da população ocupada na agricultura. Cerca de 60% dos alimentos consumidos pela população brasileira vêm desse tipo de produção rural e quase 40% do Valor Bruto da Produção Agropecuária são produzidos por agricultores familiares. Cerca de 70% do feijão consumido pelo país, alimento básico do prato da população brasileira, vêm desse tipo de produção rural e quase 40% do Valor Bruto da Produção Agropecuária são produzidos por agricultores familiares. Vêm daí também 84% da mandioca, 5,8% da produção de suínos, 54% da bovinocultura de leite, 49% do milho e 40% de aves e ovos. A agricultura familiar também vem registrando o maior aumento de produtividade no campo nos últimos anos. Na década de 90, foi o segmento que mais cresceu. Entre 1989 e 1999, a produção agrícola familiar aumentou em 3,8% ao ano, o bom desempenho ocorreu mesmo em condições adversas para o setor, quando nesse período sofreu uma queda de 4,7% ao ano nos preços recebidos”. (texto completo)Isso bastaria para mudar o entendimento de Merval. Conversando com Christino Áureo, ex-Secretário de Agricultura dos governos Garotinho e Rosinha, ele declara: “É exatamente o contrário. O financiamento da agricultura familiar contribui para que no futuro reduza-se a prática assistencialista”. Com relação ao crédito consignado é a mesma coisa. Além de tirar trabalhadores das mãos de agiotas, troca mais segurança no pagamento do crédito por juros menores (que, aliás, precisam ser ainda menores). O risco no crédito consignado é de outra natureza. O trabalhador beneficiado perde um pouco de sua agilidade para administrar sua dívida. Isso pode até ser prejudicial. Mal administrado, “pode se transformar em um tiro na testa do trabalhador”, como diz Christino. Tomar posições contra ou a favor de um político ou de um governo é natural, faz parte do jogo democrático. Forçar a barra não faz sentido. (Coluna do Merval, para cadastrados)
quinta-feira, 14 de setembro de 2006
O xadrez do Rio ganha mais pesquisa
quarta-feira, 13 de setembro de 2006
O xadrez eleitoral do Rio
Três candidatos estão nessa disputa direta. No Datafolha, Sérgio Cabral tem 44% das intenções de votos (51% dos votos válidos). Marcelo Crivella (PRB) e Denise Frossard (PPS-PL-PV) disputam o segundo lugar, na faixa dos 18% a 15%, com Denise Frossard em ascensão e Crivella em queda. Os perfis dos eleitores de Sérgio Cabral e Crivella se parecem mais: Povão, Periferia, Interior. Denise Frossard é mais forte na Capital (Zona Sul, Zona Tijucana), faixa de renda e ensino Superiores. É o voto mais Popular contra o voto mais Classe Média Conservadora. Sérgio Cabral é do partido de Garotinho, mas conseguiu se desvencilhar da imagem negativa do ex-Governador (exceto na Interior e parte da Região Metropolitana, onde Garotinho ainda tem força). Ao contrário de Garotinho, Sérgio Cabral tem alguma aceitação junto à Classe Média Conservadora, mas sem a mesma força de Denise Frossard. Crivella, por ser da Igreja Universal, é altamente rejeitado na Capital, particularmente na Zona Sul e Barra. Para evitar 2º turno, Sérgio Cabral terá que conquistar eleitores de Crivella e crescer na Capital, impedindo o avanço de Denise. A Crivella, em queda, só resta tentar conquistar eleitores de Sérgio Cabral (perfil mais próximo) para ficar em 2º e ainda forçar o 2º turno (e é isso que explica as baixarias de sua campanha na direção de Sérgio Cabral). Denise, que passou de franco-atiradora para se tornar uma ameaça real a Crivella (e até mesmo à vitória de Sérgio Cabral no 1º turno), tem movimentos mais óbvios, na direção dos votos Brancos-Nulos-Indecisos. Esse é um nicho dos eleitores com perfil semelhante aos dos seus próprios eleitores: Conservador, Moralista, Lacerdista. Crescendo nesse segmento, ela pode conseguir ao mesmo tempo forçar o 2º turno e ultrapassar Crivella.Os outros candidatos não têm como influenciar muito no processo. Vladimir (PT), Milton Temer (PSOL), Lupi (PDT) e, principalmente, Eduardo Paes (PSDB) saem dessa eleição bastante enfraquecidos. Só resta a eles torcer por um 2º turno e conseguir com isso fazer alguma negociação de apoio. A Vladimir não imagino o que interessa, mas ao PT, com certeza, interessaria um 2º turno entre Sérgio Cabral e Denise Frossard (apoiaria o primeiro); Milton Temer e seu PSOL teriam dificuldades em apoiar qualquer um deles. Lupi provavelmente caminharia com Sérgio Cabral. E Eduardo Paes com certeza está torcendo por um 2º turno entre Sérgio Cabral e Crivella.
Resta ainda saber de quem seriam os votos da Abstenção (ou seja, das pessoas que não irão votar). Hoje, os Votos Válidos estão em 86% (excluem os votos Brancos+Nulos+Indecisos), mas no dia da eleição eles poderão ficar entre 79% e 81% (excluem Abstenção+Brancos+Nulos). Quem deixará de votar em maior número: o Povão menos informado ou a Classe Média desiludida? Falta pouco para o xeque-mate.
