sábado, 30 de setembro de 2006

Último dia para a oposição tentar uma hecatombe anti-Lula. A foto dos dólares foi uma bobagem que ganhou mais destaque com a ajuda dos petistas tentando impedir a publicação. A guerra de boatos sobre pesquisas não vai longe. Deve dar Lula no 1º turno.

"Concreta 56 - A Raiz da Forma"

Em homenagem à "Concreta 56 - A Raiz da Forma", a exposição do MAM-SP que está reunindo artistas e poetas que participaram de exposição histórica em 1956, publico diariamente um poema concreto. Hoje, publico na barra ao lado um poema muito interessante, de poeta americano. Estou viajando, e esqueci agora o nome dele.

Cadê a imprensa democrática?

Ontem este Blog publicou a notícia, divulgada pela BBC, que "Brasil sobe 4 pontos em ranking de democracia". É uma notícia importante, não é? A fonte é confiável, não é? Ou estarei enganado? Alguma coisa devo estar perdendo, porque não vi até agora nenhum órgão de nossa vibrante grande imprensa defensora da democracia tratar do assunto. Vou continuar pesquisando ou mudar de óculos ou mudar de imprensa. Enquanto nada vejo, repito a postagem de ontem: A BBC, citando um estudo da fundação alemã Konrad Adenauer, está divulgando que "o Brasil passou da 12ª para a 8ª posição na lista de países mais democráticos da América Latina". Segundo o estudo, "a mudança de posição do Brasil se deve principalmente a melhorias no respeito aos direitos políticos e no exercício da cidadania, que são quesitos analisados pela pesquisa". Além disso, "os analistas alemães elogiam as melhorias na distribuição de renda e no pagamento da dívida externa". Reportagem compoleta de Marcelo Crescenti, de Frankfurt, aqui.

Tortura: o que era produto exclusivo das ditaduras está virando produto de consumo tipicamente americano

Bush conseguiu o que queria. Fez o congresso americano aprovar "tribunais militares de exceção para pessoas consideradas combatentes inimigos". E agora está conseguindo aprovar o grampo sem precisar de autorização judicial. A Anistia Internacional protestou. A ONU obviamente não aprova. Mas a arrogância bush-americana passa por cima de tudo. Depois de espalhar a violência pelo mundo, entusiasmado com os lucros, está querendo o mesmo cenário dentro de casa. Isso é Democracia!

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

BBC: Brasil sobe 4 pontos em ranking de democracia

A BBC, citando um estudo da fundação alemã Konrad Adenauer, está divulgando que "o Brasil passou da 12ª para a 8ª posição na lista de países mais democráticos da América Latina". Segundo o estudo, "a mudança de posição do Brasil se deve principalmente a melhorias no respeito aos direitos políticos e no exercício da cidadania, que são quesitos analisados pela pesquisa". Além disso, "os analistas alemães elogiam as melhorias na distribuição de renda e no pagamento da dívida externa". Reportagem compoleta de Marcelo Crescenti, de Frankfurt, aqui.

Debate Maior

Gostei muito do debate interno promovido pela Agência Carta Maior e decidi reproduzi-lo.

DEBATE ABERTO Os votos na redação da Carta Maior

SÃO PAULO – Todos os nossos leitores e todas nossas leitoras sabem que a Carta Maior tem uma posição editorial pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas em nossa redação convivemos com posições diversas. Estamos apresentando abaixo as declarações daqueles e daquelas que quiseram abrir seu voto, apresentados na ordem em que chegaram ao editor.

Flávio Aguiar. editor-chefe da Carta Maior.

”Eu voto Lula. Tomo emprestado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, minha justificativa de voto: “É preciso trabalhar com Lula e apoiar Lula. Não se pode pedir a Chávez que faça o mesmo que Fidel. Não se pode pedir a Lula que faça o mesmo que Chávez. Assim como não se pode pedir a Evo que faça o mesmo que Lula ou que Chávez. É tudo um processo, cada qual tem suas circunstâncias. Cabe a nós desenhar a forma da unidade na América Latina. O caminho é árduo, mas podemos vencer, com unidade e sabedoria estratégica.” Marco Aurélio Weissheimer ”O critério do meu voto é o da luta política. Voto em Lula para poder continuar brigando. Para poder cobrar um segundo mandato que aprofunde a redistribuição de renda e a integração da América Latina; que acelerece o crescimento e a criação de emprego. Só Lula tem a a força e a condição ideológica para ser cobrado.” Bernardo Kucinski ”Voto em Lula para ver continuadas as políticas já implantadas de equalização das discrepâncias sociais. No campo da política cultural, espero a continuidade do reestabelecimento de um sistema eficiente de políticas de Estado continuadas e focadas na valorização das culturas populares e no respeito à diversidade, sempre com a permanência da lógica da "subversão estatal" que inverte a ordem de implementar "políticas e projetos de balcão e negócios", danosa prática que utiliza a parceria entre os setores público e privado apenas com propostas acolhidas mercadologicamente.” Eduardo Carvalho ”Voto em Heloísa Helena por apostar num fortalecimento de outras alternativas políticas. Para o país, é importante criar um novo imaginário da esquerda brasileira. A pluralidade de idéias e de correntes estimula o debate político com a população. Vejo o PSOL como algo ainda embrionário, mas que pode dar certo.” Natália Suzuki ”Voto na Heloísa Helena porque considero importante fortalecer eleitoralmente o PSOL. O partido se transformou num abrigo - talvez temporário, mas necessário - para este momento de reorganização das forças políticas de esquerda no Brasil. Diante da atual conjuntura, é fundamental construir uma alternativa de esquerda, socialista, e dar um recado ao governo que se elegeu como uma possibilidade de fazer política de um jeito diferente e empunhando a bandeira da transformação social real.” Bia Barbosa ”Voto em Heloísa Helena porque precisamos construir uma alternativa à falsa polarização entre PT e PSDB, que passa ao largo dos problemas estruturais do Brasil. Enquanto não atacarmos a questão da desigualdade social, da democratização da propriedade da terra, da renegociação soberana da dívida pública, da democratização dos meios de comunicação e da dominação imperial, o país seguirá girando em falso. A candidatura de Heloísa reabre este debate.” Gilberto Maringoni ”Voto na Heloísa Helena para fortalecer o PSOL. O sistema político brasileiro precisa de um partido forte que tenha o ideal de "ruptura" em seu horizonte utópico: ruptura com a oligarquia política e com o modelo econômico. Hoje, é o PSOL que tem mais chances de cumprir esse papel.” Marcel Gomes ”Voto em Lula. Acredito que, apesar das políticas sociais (como o Bolsa-Família) terem sido tímidas no primeiro governo, elas se aprofundarão nos anos seguintes e levarão a uma mudança social sem precedentes na História brasileira. Tudo desde que a reeleição de Lula seja feita sem turbulências. Expressas principalmente na chance de um segundo turno, essas turbulências podem levar Lula a fazer mais concessões para os partidos de centro-direita para garantir a governabilidade do Brasil.” Rafael Sampaio ”Voto no Lula porque sua candidatura representa o campo da esquerda - com sua força e suas debilidades - no enfrentamento da direita hoje, sendo sua reeleição o melhor espaço de reagrupamento da esquerda no Brasil. Além de que a alternativa é o retorno da direita, com todas suas conseqüências negativas para o Brasil e a América Latina.” Emir Sader ”Voto no Lula porque temos de consolidar uma frente libertária na América Latina, respeitando as diferenças entre os vários países, que construa políticas públicas de inclusão social que se neutralizem os nefastos efeitos do neoliberalismo, e abram caminho para uma democratização da sociedade, da cultura, da política e da economia.” Flávio Aguiar "Voto Lula de novo. Foram muitos erros. Muitas tristezas. Muita decepção. Mas voto pela continuidade das políticas de extensão dos direitos sociais. Voto pela integração da América Latina. E voto principalmente pelo outro olhar e pensar da cultura, garantindo a diversidade como identidade. Fortalecendo o papel do Estado e ao mesmo tempo subvertendo a ordem das políticas culturais." Carlos Gustavo Yoda

"Concreta 56 - A Raiz da Forma"

Em homenagem à "Concreta 56 - A Raiz da Forma", a exposição do MAM-SP que está reunindo artistas e poetas que participaram de exposição histórica em 1956, publico diariamente um poema concreto. Hoje, publico um dos meus poemas favoritos, "Chuva", do japonês Seiichi Niikuni, feito em 1966. (Talvez a reprodução ao lado não fique ideal, por isso descrevo: a partir dos 4 pontinhos - ou tracinhos - que fazem parte do ideograma "chuva", Seiichi Niikuni reproduz a imagem de uma chuva envolvendo o ideograma-personagem - ou ideograma-abrigo. Tenho a reprodução grande na parede do meu quarto.)
Dois dias. É isso que tem a oposição para tentar transformar a não-ida de Lula ao "debate" em pontos suficientes para garantir o 2º turno. O Dossiê Serra já rendeu tudo que poderia render. A ameaça de impeachment ninguém acredita. As novas pesquisas provavelmente favorecerão Lula. E o chamado "voto útil" ganha corpo.

Lula venceu o debate

Lula em São Bernardo, Google Ao tomar a decisão de não comparecer ao debate, Lula deu um golpe no golpe que se armava contra ele. Não caiu no engodo de ter "uma chance de ganhar politicamente, homenageando o confronto democrático de idéias", como diz Tereza Cruvinel. O que se armou de verdade foi uma arena onde a oposição contava com a presença de Lula para tirar proveitos eleitorais. Nesse tipo de "debate" não há condições para exposição clara e confronto de idéias. É apenas um vale-tudo de idéias, onde o que conta é a melhor jogada contra o adversário. Lula não teria ganhos eleitorais nem políticos. Ao contrário, teria tudo a perder. E mais: ao não comparecer, poupou a figura do Presidente da República do enxovalhamento por candidatos dispostos a tudo para ganhar pontinhos na corrida eleitoral. Sem Lula, o "debate" não aconteceu, virou peça de museu. Participando do comício de São Bernardo, Lula saiu vitorioso.

2º turno no Rio?

A disputa para Governador do Rio ganhou ainda mais emoção. A pesquisa Datafolha divulgada ontem indica que haverá 2º turno, provavelmente entre Sérgio Cabral (PMDB) e Denise Frossard (PPS-PFL-PV), podendo também ser contra Marcelo Crivella (PRB). Foi a primeira vez que uma pesquisa mostra o candidato Sérgio Cabral com menos de 50% dos votos válidos (Sérgio Cabral 45, Denise 23 e Crivella 21). Mas a pesquisa, feita dia 27, não captou os efeitos do debate realizado na noiote do mesmo dia. Esse debate pode ter provocado dois reultados diferentes do que aponta a pesquisa Datafolha. 1) pode ser que Sérgio Cabral tenha conseguido estancar a queda e manter a vitória no 1º turno. 2) diante do péssimo desempenho de Denise Frossard e do bom desempenho de Crivella, pode ser que o possível 2º turno seja entre Sérgio Cabral e Marcelo Crivella. Aguardemos as últimas pesquisas.
Correção (13:42h). Quase todo dia estou aqui corrigindo o Cesar Maia. Hoje foi ele que me corrigiu. Por algum motivo (não vale a pena explicar) eu me confundi com as datas e escrevi que a pesquisa Datafolha não havia captado o debate. Na verdade, foi feita depois do debate. E isso talvez explique a recuperação do Crivella (que estava caindo sem parar) e torna mais efetiva a possibilidade do 2º turno. Obrigado, pela correção, Cesar Maia.

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

"Concreta 56 - A Raiz da Forma"

Em homenagem à "Concreta 56 - A Raiz da Forma", a exposição do MAM-SP que está reunindo artistas e poetas que participaram de exposição histórica em 1956, publico diariamente um poema concreto. Hoje, publico um dos meus primeiros, de 68, feito na redação da Veja. Mantenho até amanhã o "Guerra e Paz" (1967), de Hugo Mund Jr.
A oposição inteira morde os lábios. Contava com pesquisas a seu favor, mas viu apenas a confirmação da vitória de Lula no primeiro turno. Agora busca desesperada novas formas de pressão. A identificação do coordenador da campanha de Mercadante como responsável pela entrega dos dólares desloca o foco da crise de Brasília para São Paulo - o que é ruim para a oposição. Mais três fatos aliviam a pressão: a denúncia de irregularidade no pedido de prisão dos petistas, a confirmação de que não houve escuta clandestina nos telefones do TSE e o rombo de 1,2 bilhão que Alckmin deixou de presente em São Paulo. O último dia de Horário Eleitoral deve se caracterizar principalmente por perdas de tempo e direitos de resposta. Talvez haja programas extras na sexta e no sábado. O debate da Globo aparentemente não será grande coisa. As maiores emoções ficarão por conta das pesquisas a serem divulgadas até domingo. Lula deverá subir um ou dois pontos.

Denise Frossard deve ter sido vítima dos conselhos de Cesar Maia

Os conselhos que Cesar Maia oferece no seu Ex-blog para Heloísa Helena seguir no debate de hoje na TV Globo são verdadeiras pérolas do marketing eleitoral. O tom é hilário, como quando ele diz:
“Mas vamos às dicas para debate, aos quatro candidatos. Nossa senadora Heloísa Helena deveria levar esses pontos para o camarim. Tratam-se de experiências de debate em eleições em outros países, especialmente nos EUA”.
Dá algumas dicas óbvias muito boas e outras duvidosas. Por exemplo: “Debate ninguém ganha”. É uma boa frase de efeito. Mas depende do debate e do momento. Em 94, Garotinho ganhou bons pontos quando pôs o dedo no nariz do até então “bicho-papão” General Newton Cruz. E ganhou também todos os debates, em 98, contra o próprio Cesar Maia. Ele coloca entre suas dicas ouvir antes um discurso de Carlos Lacerda (coisa que Denise Frossard, se fez, não assimilou). E manda essa:
“Nos intervalos os assessores devem não dar dica alguma. Não mande assessores técnicos falarem com o candidato. Só atrapalham. Deve ir alguém de imagem, a maquiadora, e um amigo. A pessoa de imagem corrige detalhes formais. A maquiadora ajusta o cabelo e tira o suor. E o amigo diz que o candidato está dando um banho, levantando sua energia”.
Será que foram essas as mesmas dicas que ele deu para Denise Frossard no debate dos candidatos ao governo do Rio? Algo deu errado, então, porque ela se saiu pessimamente. Segundo os jornais, o assessor Cesar Maia seguiu à risca o próprio conselho e não compareceu ao local. Mas estavam lá Rodrigo Maia e Solange Amaral – e creio que não estavam no papel de “amigo” e “maquiadora”. Quem terá preparado aquelas “colas” (ou “pescas”) que Denise lia sem parar? Quem disse para ela mentir sobre o tempo de serviço público? Será que a “cola” tinha escrito “promotora” no lugar de “professora”? Será que ela foi orientada a considerar que serviço em empresa privada (e da família) é também público? Não sei, não. Acho que, antes de seguir os conselhos de Cesar Maia, Heloísa Helena tem que conversar com Denise Frossard...

César Maia insiste em transformar “fantasma” em “apto a votar”

Nas suas alckmias eleitorais, César Maia é capaz de tudo. Vê 2º turno em toda parte. Pode ser até que o 2º turno aconteça (não creio), mas jamais será por causa do que ele argumenta. Usa o exemplo de 2002 para dizer que os Não-Votantes (Abstenção + Brancos + Nulos) serão muito maiores do que se imagina e isso vai prejudicar Lula. Diz ele sobre os Não-Votantes:
“parte deles se deve a falecimentos, parte a pessoas que estão viajando, parte a pessoas muito idosas, parte aos doentes sem mobilidade, parte aos que estão presos, parte aos que são doentes mentais ou alcoólatras, parte aos que tem mandado de prisão e não podem se apresentar, parte a migrantes recentes, parte quem não tirou o título”.
Até aí está certo. Mas esquece dos famosos “fantasmas”, que são incluídos erroneamente (falha na atualização do cadastro do TSE) como “aptos a votar” e que este ano devem chegar a cerca de 10.000.000 de “pseudo-eleitores”, ou seja mais ou menos 8%. As pesquisas naturalmente já excluem esse índice, porque elas não podem considerar quem não existe. Portanto, os Não-Votantes reais são menos do que César Maia apresenta. César Maia continua com sua “tese”:
“os estudos que fizemos nos últimos anos mostram uma tendência muito maior de concentração nos níveis menores de renda e instrução”.
Ou seja, se ele é minimamente coerente, está querendo dizer que o eleitor de Lula morre mais, viaja mais, é mais idoso, é mais doente, está mais nas prisões, é mais doente mental, é mais alcoólatra, tem mais mandado de prisão e não pode se apresentar, tem mais migrantes recentes, tem mais gente sem título e, por isso, vai comparecer menos no dia da eleição. (Ele pode também estar querendo dizer que o eleitor de Lula erra mais no uso do teclado eletrônico, mas esquece que isso foi antes do Bolsa Família...) Tenho certeza que, depois dos resultados desta eleição, César Maia nunca mais será o mesmo. No mínimo vai deixar de ver fantasmas em toda parte...

Datafolha e Ibope: este Blog acertou na mosca

Ontem, pouco depois das 7 horas da noite, foi publicado aqui que Datafolha e Ibope divulgariam índice idênticos com relação aos Votos Válidos, apontando vitória no 1º turno para Lula. Foi dito inclusive que o número ficaria na faixa de 52%-54%. Na verdade, nossos cálculos chegavam exatamente ao mesmo índice divulgado, 53%. Isso apesar de todas as especulações estapafúrdias que dominaram a internet durante toda a quarta-feira.

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

1º TURNO

Datafolha e Ibope devem empatar na faixa dos 52 a 54% de votos válidos para Lula.

RECORDE DE EMPREGOS!

O Ministério do Trabalho está anunciando os novos números do emprego no Brasil. De acordo com o seu site, "de 2003 a 2006, o país gerou 7,6 milhões de empregos, segundo dados da Pnad 2003 a 2005 e do Caged, no acumulado de janeiro a agosto de 2006. Desse total, 5,7 milhões foram empregos formais. E, de acordo com a Pnad, no período de 1995 a 2005 o percentual de ocupados no país passou de 37% para 40%. Houve também aumento da cobertura previdenciária, que saltou de 43% para 47%." Será que dá pra entender o sucesso de Lula, ou ainda é pouco?

"Concreta 56 - A Raiz da Forma"

Em homenagem à "Concreta 56 - A Raiz da Forma", a exposição do MAM-SP que está reunindo artistas e poetas que participaram de exposição histórica em 1956, publico na coluna lateral um poema de Hugo Mund Jr., que não fez parte da exposição nem se dizia poeta concreto (Poema Processo), mas que era apaixonado pela poesia concreta e que, na Universidade de Brasília, me influenciou em meus primeiros poemas visuais. Ao lado, "Guerra e Paz", de 1967, creio.
A pressão sobre Lula diminuiu. Alckmin demonstra irritação. Os programas eleitorais de ontem, como já falei, amornaram as manchetes incendiárias. Os debates entre candidatos a Governador também. Os fato de os debates não terem contribuído com grandes emoções na maioria dos estados reduz a expectativa com relação ao debate presidencial. Lula irá ou não irá? Isso não tem mais importância. De importante, por enquanto, somente a origem dos dólares que vieram de Miami e as pesquisas Ibope e Datafolha que serão divulgadas hoje. Provavelmente haverá pouca mudança no quadro até 1º de outubro.

Rio: debate morno com algumas surpresas

Esses debates tarde da noite tendem à sonolência. Povão não quer nem saber. Principalmente, quando os candidatos já são bem conhecidos. Mas o debate dos candidatos do Rio de Janeiro trazia uma novidade: a candidata Denise Frossard (PPS) tinha crescido nas pesquisas, tomando o segundo lugar do candidato Marcello Crivella (PRB) e ameaçando a vitória do candidato da situação Sérgio Cabral (PMDB) no 1º turno. Os candidatos Vladimir Palmeira (PT) e Eduardo Paes (PSDB) disputam quem tem mais de 2% e entraram como franco-atiradores. A maior expectativa era a de um ataque conjunto contra o líder Sérgio Cabral (por ser do mesmo partido de Garotinho) e a de boa performance da ascendente Denise Frossard. O horário, mas freqüentado por quem não tem que acordar tão cedo, favorecia mais Denise, Eduardo e Vladimir. Mas as coisas não aconteceram exatamente como o esperado. Denise, agressiva e demonstrando despreparo (lendo toda a cola, provavelmente escrita por Cesar Maia), foi a mais prejudicada. Perdeu (ou pelo menos deixou de ganhar) uns pontinhos. Eduardo e Vladimir estavam à vontade para fazer gracinhas (soube de um grupo de 10 pessoas que pensou que Vladimir estava bêbado), não tinham nada a perder e saíram como entraram. Crivella surpreendeu positivamente. Mostrou-se preparado para o debate - mas sem a empatia necessária. Sérgio Cabral foi o que mais ganhou... por não ter perdido o que todo mundo achava que ele ia perder. O debate, quem sabe, pode ter contribuído com uns décimos a mais ou a menos para definir se vai ou não haver 2º turno. A decisão será no photochart.

Lei do outdoor em São Paulo: a visão de cada um

Outdoors em SP, Google Quando cheguei para morar em São Paulo, ainda na década de 60, demorei a entender por que a cidade de vez em quando parecia estar completamente diferente. Levei meses, anos talvez, para identificar que eram as trocas de outdoors que ocorriam sempre nos dias 1º e 16 de cada mês. Fiquei maravilhado com a descoberta. Os outdoors exerciam uma força estranha capaz de renovar ruas e avenidas. Quando troquei o jornalismo (Veja) pela publicidade (McCann-Erickson) o entusiasmo pelos outdoors ficou maior. Criar um outdoor sempre foi um grande desafio publicitário, porque ele representa a síntese de todas as campanhas. Feito o outdoor, tudo fica mais fácil. Nas campanhas políticas é a mesma coisa: o outdoor sempre deu visibilidade e definição às candidaturas. A proibição dos outdoors foi um baque para muitos candidatos, e de certo modo até contribuiu para aumentar a poluição visual com a proliferação de plaquetas. Ontem mesmo, estive em Volta Redonda (RJ), uma cidade que proíbe outdoors, e fiquei impressionado com um terreno baldio, com localização bem central e com um verdadeiro enxame de tabuletas políticas. Enfim, sou daqueles que adoram ver tudo que é outdoor. Mas reconheço que, assim como ergue, ele também destrói coisas belas. Um belo exemplo está na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, que só teve a ganhar com a proibição de outdoors em sua orla. Por isso entendo a lei antipoluição visual aprovada pela Câmara de Vereadores de São Paulo por 45 votos a 1 proibindo outdoors e outras parafernálias. A desorganização urbana provocada pelos excessos publicitários precisa ser combatida com rigor. Contra ela, vejo a questão do desemprego no setor de publicidade exterior: cerca de 20 mil vagas, em um segmento que movimenta R$ 200.000.000,00 ao ano. E, recordando minha descoberta de décadas atrás, não deixo de entender o único voto contrário à medida, do vereador Dalton Silvano (PSDB), ligado à área de publicidade, quando ele diz: "Quem perdeu foi a cidade de São Paulo. Uma cidade sem publicidade é uma cidade fria”. Folha (para assinantes)

Gestão chocante

Na sua coluna de hoje, na Folha, Mônica Bergamo (para assinantes)apresenta duas notas sobre a administração tucana de Alckmin em São Paulo:
Choque tucano. O "choque de gestão" de Geraldo Alckmin em São Paulo deixou, só até setembro, um rombo de R$ 1,2 bilhão nas contas do Estado. O governador de São Paulo, Cláudio Lembo, confirma a informação. Há três meses, ele enviou ofício a todos os secretários proibindo novos investimentos e determinando "redobrada atenção do governo" e "rigorosa austeridade nos gastos públicos". Houve também "diminuição no ritmo de velocidade das obras", diz Fernando Braga, ex-assessor especial de Alckmin e hoje secretário de Planejamento.
Choque tucano 2. Só a suspensão de novos gastos não será suficiente para enquadrar as contas paulistas na Lei de Responsabilidade Fiscal. O governo está atrás de novas receitas. Espera que nesta semana seja aprovada a lei que dá descontos de até 100% nas multas e 50% nos juros para devedores de ICMS que saldarem seus débitos já. Com isso, espera arrecadar R$ 700 milhões, diz Braga, do Planejamento. O que falta para cobrir o rombo deverá vir de uma "blitz gigante" sobre os 50 mil maiores devedores de IPVA do Estado.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

CNT/SENSUS: LULA TEM 58,7% DOS VOTOS VÁLIDOS.
Os programas eleitorais amornaram o clima dos jornais. A novidade foi o novo jingle, bom, de Lula, com coreografia fraca. Alckmin fez excelente programa para São Paulo. Parece que quer reeleger Mario Covas.

"Concreta 56 - A Raiz da Forma"

"Concreta 56 - A Raiz da Forma" é a exposição que abre hoje, no MAM-SP, e que reúne artistas e poetas que participaram de exposição histórica em 1956. Em homenagem, publicarei diariamente um poema concreto. Hoje, ao lado direito, "Coca Cola" (1957), de Décio Pignatari.

Informe do Dia ironiza Cesar Maia

Na sua edição de hoje, a coluna Informe publicada diariamente no jornal O Dia, do Rio de Janeiro, mostra o bê-a-bá dos números eleitorais, ironizando os marqueteiros alckministas (à frente Cesar Maia). Diz a nota:
Não é por aí. A esperança dos alckministas é que os menos alfabetizados, eleitores de Lula, digitem errado os números na eleição. Esquecem que, todos os meses, eles digitam suas senhas para o Bolsa Família
5 dias apenas. A pressão continua, mas esta segunda-feira foi mais fraca do que se imaginava. A temperatura deve subir com os programas presidenciais de hoje. Alguns programas regionais procuraram se beneficiar com a crise nacional, mas sem muito efeito. Os debates de hoje entre candidatos a governador serão importantes. Os jornais continuam com as manchetes anti-Lula. O Dossiê Serra continua em foco, mas até agora sem maiores novidades. Alckmin vai morder os lábios como nunca e Lula continuará dizendo que quer toda a verdade e que vencerá no primeiro turno. Grande expectativa com relação às pesquisas de amanhã.

O Presidente do TSE deveria ter mais cuidado com os grampos e rolos que tem na cabeça

Os tão escandalizados grampos que surgiram nos telefones de alguns ministros do TSE não passaram de trotes. A polícia confirmou (ler O Globo, para cadastrados) que não há o menor vestígio de qualquer tipo de escuta telefônica. Conforme o Painel da Folha divulgou e este Blog reproduziu, tudo não passou de erro da empresa Fence, a mesma que foi afastada do Ministério da Saúde. Um Presidente do TSE realmente comprometido com a paz eleitoral teria procurado a certeza da polícia antes de ter procurado as manchetes incendiárias. Na sua coluna de domingo, o Nosso Guru já deu uma boa espinafrada no Presidente Marco Aurélio de Mello por conta de sua associação descabida entre a crise atual e o escândalo de Watergate. O que se espera de um tribunal superior (ou de qualquer tribunal) e principalmente de seu presidente é um mínimo de imparcialidade e serenidade. Torcer contra deveria ser uma questão de foro íntimo, não de praça pública.

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

6 dias de pressão total. Os jornais vão caprichar nas manchetes anti-Lula. Vão sacramentar a transformação do Dossiê Serra em Dossiê do PT. A oposição vai exigir a foto dos dólares e reais apreendidos pela Polícia Federal. Nos seus dois últimos dias de programas eleitorais, Alckmin vai morder os lábios como nunca. Sua equipe vai se esmerar no estilo investigativo. Mais maquetes e depoimentos. No programa de Lula, deve aumentar a emoção das ruas e o didatismo do voto. O clima de vitória lulista deve aumentar, nos comícios, no corpo a corpo, em diversas manifestações. Sairão mais pesquisas, claro. Confirmando vitória no 1º turno.

Triiim-triiim: será que o TSE passa trote?

O Painel da Folha de ontem e de hoje traz três notas que fazem pensar.
Ontem. Trote? A PF considera grande a possibilidade de não ter havido grampo em telefones do TSE, e sim um erro da empresa que fez a varredura.
Hoje. Fora do gancho 1. A Fence, que fez varredura nos telefones do TSE, teve rompido pelo então ministro Humberto Costa contrato na pasta da Saúde. Acusada de superfaturamento na gestão de Serra, foi inocentada pelo TCU. Fora do gancho 2. Dirigida por um ex-chefe de telecomunicações do SNI, a Fence foi alvo de suspeição na descoberta de R$ 1,4 milhão no cofre da Lunus, na campanha presidencial de Roseana Sarney, mas não foi comprovada a sua participação.

96 milhões em ação!

Multidão, Google 96.000.000 de eleitores. Esse é o meu cálculo aproximado para o dia 1º de outubro. Correspondem a 125.000.000 considerados (erroneamente) "aptos a votar", menos 10.000.000 de "fantasmas", menos 19.000.000 de "não-votantes" ("abstenções" + "brancos" + "nulos"). Considerando as pesquisas atuais, Lula terá cerca de 52.500.000 votos. Os outros 43.500.000 eleitores estarão divididos entre Alckmin, Heloísa Helena, Cristovam Buarque, Ana Maria Rangel, Eymael, Pivar e Rui Pimenta.

A límpida linha de Mauro Santayana

O Colunista Mauro Santayana, do Jornal do Brasil, traz hoje na sua coluna (" Linha de Leibniz" - Coisas da Política), raciocínios de uma limpidez invejável, principalmente neste período de atabalhoamento político e jornalístico. Usando a razão com precisão de invejar o próprio Leibniz (filósofo alemão, racionalista, do século XVII, famoso por suas "mônadas"), diz ele sobre esse dossiê pré-eleitoral:
Até agora, os fatos conhecidos não constituem, de acordo com os juristas, delito algum. Não se consumou o ato delituoso, cuja frustração é ainda mistério. Há personalidades estranhas nesse processo, como a do sr. Abel Pereira, desaparecido até a tarde de ontem, e tido como elemento de ligação entre os Vedoin e o Ministério da Saúde, quando ocupava o cargo o sr. Barjas Negri. É de se estranhar que esse sr. Pereira não tenha procurado ainda a Polícia Federal, seja para desmentir os Vedoin, seja para explicar a sua participação no esquema, se este for o caso.
Há, nesse emaranhado de afirmações e negativas, uma linha de Leibniz, que passa por todos os pontos, e pode explicar por que o acessório (uma denúncia, que envolve apenas as eleições paulistas) prevalece sobre o principal: a escolha do presidente da República e, portanto, do destino do país nos próximos quatro anos. Essa linha tem o seu curso submetido a interesses oligárquicos, em associação com corporações estrangeiras. Desde o segundo governo Vargas, sempre que o país começa a encontrar o caminho de seu desenvolvimento autônomo e a exercer uma política social mais justa, reúnem-se contra essa trajetória interesses internos associados aos externos. Foi assim em 1954, em 1955, em 1961 e, finalmente, em 1964.
Assim, podemos concluir que o favoritismo de Lula se deve à constatação da maioria dos brasileiros, de que o seu governo é melhor do que governo anterior – chefiado pelos que hoje lhe fazem oposição.
O seu texto merece ser lido - e lembrado - na íntegra. Cadastrados podem acessar aqui.

domingo, 24 de setembro de 2006

Pobres americanos: estão voltando à Idade do Papel...

Urnas eletrônicas em Maryland, Chris Gardner/AP, NYT Esses americanos são bem atrasadinhos. Falam tanto em democracia e até agora não sabem direito como fazer eleição. Em 2.000, ano da primeira eleição de Bush, foi aquela vergonha que o mundo inteiro comentou. Acusações de fraudes mais escandalosas do que as que vimos este ano no México. Depois disso, resolveram investir em urna eletrônica. Mas não está dando muito certo. Apesar de terem verificado uma redução de 40% nos erros entre as eleições primárias de Maryland de 2000 e de 2004, por exemplo, as autoridades americanas estão temerosas. Acham que há uma grande risco de não dar certo. Temem que a nova tecnologia esteja trocando velhos problemas por novos problemas, bem mais complicados. O governador do Novo México já decidiu deixar as urnas eletrônicas e voltar para as cédulas de papel com leitura ótica. Na última semana, o estado de Connecticut decidiu fazer o mesmo. A confusão é grande. Tem urna que conta 6 vezes o mesmo voto, assim como tem impressora com impressão de baixa qualidade ou ainda pessoas responsáveis pelo bom andamento das eleições que não têm a menor noção de como tudo funciona. Enfim, daqui a dois meses, o mundo deve se preparar para mais um caos eleitoral americano. É apenas mais um capítulo de seu curso de democracia. Leia reportagem de Ian Turbina, para The New York Times.

sábado, 23 de setembro de 2006

O país está rachado

As últimas pesquisas eleitorais apontam claramente vitória de Lula no 1º turno, na base de 55%/45%. Mas elas mostram também dois perfis de eleitor, o "eleitor Lula" e o "eleitor anti-Lula". Considerando os segmentos onde cada um tem índices acima da sua média, veja os perfis, a partir da pesquisa Datafolha.
Eleitor Lula. Maioria homem (58%/51%), ligeiramente mais idoso, tem ou freqüenta o ensino fundamental, ganha até 2 salários mínimos, mora no Nordeste.
Eleitor anti-Lula. Maioria mulher (42%/49%), ligeiramente mais jovem, tem ou freqüenta o ensino superior, ganha mais de 10 salários mínimos, mora no Sul.

Datafolha confirma: polarização garante vitória a Lula já no 1º turno

Agora o que importa são os votos válidos. É Lula (55%) de um lado e a direita (45%) do outro. Não há meio termo. Ou você vota em Lula ou você vota em tudo aquilo representado por Fernando Henrique, Bornhausen, Antonio Carlos Magalhães, Cesar Maia, os conservadores paulistas, os filhotes (e até paisotes) da ditadura, todos eles sob o manto chuchu de Alckmin. Se você pensa em votar em Heloísa Helena ou em Cristovam Buarque, está votando em Alckmin; Ana Maria Rangel, Pivar, Eymael e até mesmo Rui Pimenta é a mesma coisa. De um lado está a "centro-esquerda" - com amplo apoio popular -, de outro está a "direita" - com forte apoio dos meios de comunicação e da classe média conservadora e atônita. Não há outra alternativa, não tem como fugir dessa responsabilidade. Ou você vota por um governo comprometido com o investimento social, ou você vota em quem sempre atrasou o nosso país. Se você pensa em votar contra Lula, você, no momento, está perdendo a eleição - e o povo mais pobre lamenta perder o seu voto.

NOTAS DE PÉ DE PÁGINA

Se Heloísa Helena pretende voltar a crescer, tem que se diferenciar de Alckmin. Já ficou provado que do eleitor de Lula ela não consegue nada. O mesmo vale para Cristovam Buarque.

A grande imprensa está tão desesperada que resolveu (pautada por Cesar Maia) atacar os aplausos de Lula na ONU. O que aconteceu (substituição de imagens durante a apresentação do programa eleitoral) ocorre com grande freqüência. O editor não tem imagens para representar o que realmente está acontecendo (as imagens de aplausos reais não representavam o áudio real dos aplausos) e ele pega a primeira que encontra. Não foi tão grave como querem fazer crer. Muito mais grave foi a grande imprensa ignorar os aplausos reais, inclusive o fato de Lula ter sido eleito "O Estadista do Ano".

A verdade é uma só. A grande imprensa dava seu apoio às vezes disfarçado à direita. Agora, chegando ao 1º de outubro sem que Lula caia nas pesquisas, ela resolveu escancarar.

DOSSIÊ CICARELLI

Sucesso de vendas nos camelôs da Uruguaiana: novo vídeo de Cicarelli no "Mar d'Espanha". Quem comprar 2 leva uma porção de algas como brinde...

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Cesar Maia precisa transformar o desespero em alegria e em razão de viver.

Ao encerrar seu discurso na ONU, dizendo que é "preciso transformar o desespero em alegria e em razão de viver", parecia que Lula estava falando diretamente para Cesar Maia. O próprio Cesar Maia deve ter percebido isso, porque (pasmem!) no seu Ex-Blog de hoje ficou tentando provar que os aplausos que aparecem no programa do Lula não são os mesmos que aparecem no vídeo distribuído pela ONU. Vocês percebem o nível do desespero? O importante é que ele foi muito aplaudido, coisa que a Globo não mostrou. Mas já que falamos em Cesar Maia, quero registrar que hoje ele reconheceu o seu erro na contabilização dos aptos para votar e resolveu reduzir a diferença enorme que ele apresentava como trunfo anti-Lula (ver postagem "Fantasmas do TSE abalam sofisma de Cesar e Lavareda" publicada dia 18). Mas foi um reconhecimento tímido e incompleto. Reconheceu apenas a necessidade de reduzir 3% em suas contas, por causa dos falecimentos. Leia:
"Esse Ex-Blog lembra: Brancos/Nulos/Indecisos desta pesquisa 9%. No dia da eleição abstenção+brancos+nulos, serão uns 25%. Diferença 16%. Líquido (falecimentos...): 13%."
Está errado. São 8% de fantasmas que o TSE coloca erroneamente como aptos para votar por falta de atualização de cadastro.
Cesar Maia não quer ver a realidade. Prefere ver fantasmas. Precisar sair dessa e ter mais alegria de viver.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Deu Lula de novo

Não consigo imaginar o que a oposição pode fazer para tentar reverter o quadro. Quero até reconhecer que o programa de Alckmin desta quinta à noite foi muito bom (à tarde foi péssimo, com o candidato chuchu voltando a desejar "boa noite" na hora do almoço). Mas o de Lula também foi muito bom. A grande imprensa também fez o que pôde para tentar derrubar os índices. Xingou Lula, deixou de exibir sua participação na ONU, repetiu à exaustão o caso Dossiê Serra - e nada! Na hora de escolher o seu candidato, a grande maioria do povo brasileiro não tem dúvida: é Lula de novo, no 1º turno. E agora com direito a Marco Aurélio Garcia na coordenação da campanha, dando show junto á imprensa, batendo firme em Marco Aurélio de Mello (parece que é parente de Collor e presidente do TSE) e mostrando firmeza na direção dos acontecimentos. Quem vai se desesperar é Cesar Maia, que odeia o Marco Aurélio Garcia (que ele tenta ridicularizar, chamando-o de "Sargento Garcia"). A oposição, pelo jeito, vai ter que ir á luta de outros dossiês. Talvez Dossiê Cayman, ou Dossiê Pelicano, ou - quem sabe - Dossiê Cicarelli...

Chávez, o garoto-propaganda preferido dos americanos

Chávez e o livro, Google "O Império Americano - Hegemonia ou Sobrevivência", do importante lingüista americano Noam Chomsky, espécie de velho enfant terrible da intelectualidade internacional, virou sucesso de vendas nos Estados Unidos graças a ninguém menos que Hugo Chávez, o líder terrible da política de nosso continente. Bastou Chávez chamar (na quarta-feira, durante Assembléia da ONU) Bush de demônio e recomendar a leitura do livro para que suas vendas disparassem. No dia seguinte o livro já estava esgotado na livraria Coliseum de Manhattan (NY). E parece que ele já está esgotado também nos atacadistas. Nesse ritmo, Chávez pode até pensar em se candidatar à sucessão de Bush... Reportagem completa da Reuters.

Movimentos sociais fazem manifesto em defesa de Lula

Lideranças de mais de 70 movimentos sociais, entre os quais destacam-se CUT, CGTB, Força Sindical, UNE, UBES, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), lançaram nesta quinta-feira (21) manifesto. Manifestações desse teor não se viam há muito tempo. É bom ver que esses movimentos ainda têm muita força para mostrar. Leia aqui o manifesto na íntegra: PERDEDORES QUEREM MELAR A ELEIÇÃO DE LULA Os mesmos que desgovernaram o país, entregaram nossas riquezas ao estrangeiro, privatizaram a Vale do Rio Doce, desempregaram e arrocharam salários, cortaram direitos, e fizeram o Brasil andar para trás, ameaçam o povo brasileiro com o uso da mais desavergonhada parcialidade e manipulação para tentar melar a eleição. Sem conseguirem derrotar o presidente Lula no campo da democracia, PSDB, PFL e seu candidato Geraldo Alckmin buscam no tapetão, contando com seus tentáculos nos meios de comunicação, reverter a goleada do povo. Sem darem resposta ao conteúdo das denúncias que incriminam o ex-ministro da Saúde José Serra, com a máfia das sanguessugas, tentam tapar o sol com a peneira, usando métodos nazistas, para quem uma mentira repetida mil vezes se tornava verdade. Felizmente, a sabedoria popular separa o joio do trigo e tem reafirmado sua confiança na honestidade e no compromisso de Lula com a construção de um novo Brasil. Diante da intensidade dos ataques golpistas, da onda de mentiras e baixarias patrocinadas pelo que há de mais reacionário e apodrecido no país, os militantes dos movimentos sociais exigem imparcialidade da justiça eleitoral e vêm a público alertar a população sobre esta tentativa de melar a eleição, desrespeitando a vontade popular. Querem impedir a vitória que se construiu por meio de um governo com profundas raízes nas camadas populares, que começou a mudança e que vai aprofundá-las em um segundo mandato. A nossa resposta é tomar as ruas e ampliar ainda mais a mobilização e unidade, afirmando com uma só voz: "Com a força do povo, é Lula de novo!". Para garantir a vitória de Lula, participe de todas as mobilizações no seu Estado Assinam este manifesto, dirigentes e militantes das seguintes entidades dos movimentos sociais: Central Única dos Trabalhadores Central Geral dos Trabalhadores do Brasil – CGTB Força Sindical União Nacional dos Estudantes – UNE União Brasileira dos Estudantes Secundaristas – UBES Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN União Nacional de Negros pela Igualdade – UNEGRO Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira – CENARAB Confederação Nacional das Associações de Moradores – CONAM Central de Movimentos Populares – CMP União Nacional por Moradia Popular – UNMP Movimento Nacional de Luta por Moradia – MNLM – Brasil Movimento de Evangélicos Progressistas – MEP União Brasileira de Mulheres – UBM Marcha Mundial das Mulheres Confederação das Mulheres do Brasil – CMB Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG Federação Única dos Petroleiros - FUP Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar – FETRAF Brasil Conf. Nac. dos Metalúrgicos da CUT – CNM Conf. Nac. dos Trab. do Ramo Financeiro – CONTRAF Conf. Nac. Químicos e Similares – CNQ Conf. Nac. Trab. Em Vestuários da CUT – CNTV Conf. Nac. Trab. Em Seguridade Social – CNTSS Conf. Nac. Trab. em Transportes – CNTT Conf. Nac. Trab. no Serviço Público Municipal – CONFETAM Conf. Nac. Trab. no Comércio e Serviços – CONTRACS Conf. Nac. Trab. Ind. Alimentação e Afins – CONTAC Conf. Nac. Trab. Ind. Da Construção e da Madeira – CONTICOM Fed. Nac. dos Urbanitários – FNU Fed. Nac. Trab. Processamento de Dados – FENADADOS Fed. Interest. Trab. em Empresa de Telecomunicações – FITTEL Fed. Nac. Trab. Emp. Correios e Telégrafos e Similares – FENTECT Fed. Nac. Trab. Domésticos Fed. Nac. Jornalistas Conf. Nac. Trab. em Estabelecimentos de Ensino – CONTEE Fed. Assoc. Sind. Servid. da Extensão Rural Fed. Nac. dos Portuários Sind. Nac. dos Trab. de Instituições de Pesq. e Desenv. Agropecuário Fed. Interest. dos Odontologistas Fed. Nac. dos Arquitetos Fed. Interest. de sind. de Engenheiros Fed. Nac. dos Médicos Fed. Nac. dos Aeronautas Fed. Nac. Trab. Ind. Gráficas Sind. Nac. dos Aeroviários Fed. Nac. Trab. em Anseio/Conservação e Limpeza Urbana Sind. Nac. Trab. do Setor Mineral Fed. Interest. Trab. em Radiofusão e Televisão Fed. Nac. dos Farmacêuticos Fed. Nac. dos Sociólogos Fed. Nac. Serv. das Autarquias de Fiscalização Profissional Fed. Nac. Trab. na Ind. Coureira do Brasil E também militantes de organizações de aposentados, de movimentos em defesa de pessoas portadoras de necessidades especiais, do terceiro setor, economia solidária, da cultura e artistas.

Neuromarketing neles!

No seu programa "Saúde em Foco", apresentado nesta quarta-feira, dia 20, na rádio CBN, Luiz Fernando Correia falou de neuromarketing político. Trata-se de aplicação de estudos iniciados na década de 90, na Universidade da Califórnia, Estados Unidos, para entender as escolhas no campo político. Existem mecanismos fisiológicos por trás da escolha? A experiência foi feita com grupos de estudantes, utilizando-se ressonância magnética funcional. Verificou-se que as áreas do cérebro relacionadas a empatia eram estimuladas, quando era exibida a foto do candidato que o pesquisado simpatizava. Diante do canditado não simpatizado, eram estimuladas as áreas de repulsa. Cesar Maia e toda a oposição deveriam se aprofundar nesses estudos. Entenderiam porque a simpatia a Lula, construída ao longo de anos de ações concretas em favor dos mais pobres, não se desestimula com uma baixaria qualquer. Saúde em foco, quarta-feira 20, "Como entender as escolhas".

O ledo engano de Vladimir

O jingle da campanha de Vladimir diz algo assim: "Só o voto consciente muda o destino da gente". Com esse tipo de raciocínio, ele parece estar voltando ao PT pré-5º Encontro (1987), quando o objetivo estratégico do partido era o "governo dos trabalhadores", em outras palavras, "revolução socialista já!" A consciência política não se dissemina com palavras jogadas ao léu. É preciso organização. E a organização se inicia a partir de reivindicações imediatas comuns. As generalidades - por mais bem intencionadas que sejam - não mobilizam nem organizam ninguém. Esse é o be-a-bá da esquerda não-xiita, muito útil nas campanhas eleitorais. Quem não compreende questões assim acaba contribuindo para que só o voto não-consciente continue "mudando" o destino da gente... (O pior é que Vladimir sabe tudo isso...)

O Rio no limite do 1º turno

Este Blog já tinha previsto uma posição melhor para Denise Frossard. No domingo, o Instituto Informa foi o primeiro a mostrar que ela estava numericamente à frente de Marcelo Crivella (SC 45%; DF 21%; MC 14%). E agora o Datafolha confirma o avanço da candidata de Cesar Maia. Não era difícil prever. A campanha de Crivella, excetuando a boa presença nas ruas com material graficamente bom, foi um desastre completo. Não se posicionou, preferiu atacar a propor. Tinha galhardetes com textos absurdos, como "Ele passou 10 anos na África - e o outro?" (algo assim) Perdeu apoio na área popular e está ficando restrito à Igreja Universal. Denise fez um discurso lacerdista coerente: ética e segurança; anti-Garotinho. Conseguiu as áreas conservadoras que estavam indecisas ou anulando votos. Sérgio Cabral soube manter seu eleitorado mas não soube crescer. Não conseguiu atrair completamente as intenções que saem de Crivella (estão indo para a área de Não-Válidos - Brancos + Nulos + Indecisos) e com isso perde pontos nos Votos Válidos, pondo em risco a vitória já no 1º turno. Há alguns erros no seu programa. Em seus depoimentos, por exemplo, ele não mostra alegria, apesar de liderar. Se até a Denise e o Serra, em São Paulo, conseguem passar alegria, por que ele não consegue? O imenso apoio dos Prefeitos passou ao largo (o que apareceu foi ineficiente) O apoio de personalidades tem sido tímido. E falta emoção na edição. O povo gosta de ver candidatura vitoriosa. Se não conseguir reagir, terá que ir para a disputa de 2º turno.

Bum habitacional

Tem uma imobiliária no Flamengo, Rio de Janeiro, que certamente não convive com dificuldades para aluguel, compra e venda de imóveis. Mas seus funcionários diariamente têm dificuldades em abrir as portas passando por cima dos moradores de rua...

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Baixaria é marketing?

No meu livro “Diário de Campanha – Como o melhor Prefeito do Brasil virou Governador”, escrito em 98, relatando o meu trabalho como coordenador de marketing da campanha que elegeu Garotinho Governador do Rio, tem um capítulo sobre “baixarias” em campanhas políticas. Começo o capítulo dizendo: “A baixaria, infelizmente, está incorporada às campanhas políticas”. Reconheço no livro que a baixaria já garantiu votos para muita gente, mas que é um recurso cada vez mais arriscado. Hoje há mais consciência dos efeitos nocivos da baixaria e o ganho maior está em não se meter por essas bandas. Essa história do Dossiê Serra parece envolver um bando de trapalhões metidos a 007. Pelo que percebo até agora, dois ou três paulistas trapalhões do “marketing” eleitoral tentaram fazer o que não deviam, sem a menor necessidade, prejudicando inclusive uma investigação em curso sobre a "Máfia dos Sanguessugas". Como já falei, a campanha de Mercadante não precisava disso e, com suas trapalhadas, eles quase prejudicam a campanha de Lula – que estava a quilômetros de precisar desse tipo de ajuda. Mas o “marketing da baixaria” não fica apenas em trapalhadas e trabalhos sujos. Significa também uma linguagem, um estilo de fazer campanha, coisa em que Cesar Maia é mestre e é basicamente dele (o adversário derrotado da época; ver Nota no fim desse texto) que trato no livro. O estilo denuncista, com apresentações tensas, carregadas de suspense, dramáticas, acusativas – isso também é um jeito de baixaria. Cesar Maia sempre usou isso e confessa em seu livro “Política é Ciência”, de 98: “Comecei o processo de desmonte do Amaral Neto (candidato a Prefeito do Rio em 92) com um vídeo que gravei e distribuí (...) escrevi cartas a eleitores de vários bairros, para começar a minar, ir minando, até desintegrar o Amaral Neto”. Sobre a campanha contra Sérgio Cabral, na eleição para Prefeito do Rio em 96, ele descreve uma ordem sua: “manda colocar umas 150 pessoas em botequins tomando cafezinho e dizendo que o Sérgio Cabral vai renunciar”. E conclui orgulhoso: “Dali a três dias alguém veio me dizer: o Serginho vai renunciar, vai renunciar...” Esse estilo de fazer campanha é próprio das pessoas que no momento estão atuando na oposição. Fazem campanhas pesadas, cheias de denúncias, dossiês, boatos, operações sigilosas. Procuram criar clima de medo na população, para tirar proveito disso. Contam normalmente com apoio da imprensa ingênua ou da imprensa comprometida com seus interesses. O problema que eles costumam ter – e que demonstro em meu livro – é que esse estilo de campanha acaba contaminando ela mesma. O eleitor acaba ficando com medo da própria campanha atemorizadora. A melhor vacina contra isso – principalmente para quem lidera nas pesquisas – é ignorar esse clima de baixaria. Uma campanha como a do Lula, por exemplo, que avança limpa, com emoções positivas, vencedora, não precisa desses artifícios. Contra o marketing da baixaria a força do povo é o melhor remédio.
NOTA: Em 2004, o derrotado foi o próprio Garotinho. Ele coordenou a campanha de Pudim para Prefeito de Campos e eu coordenei a TV no 2º turno da campanha vitoriosa de Campista. Garotinho usou e abusou do "estilo Cesar Maia"; e eu usei e abusei do "estilo Garotinho 98"...

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Deu Lula

Aconteceu no Datafolha exatamente o que dissemos neste Blog, na postagem das 11,21h (Dossiê Serra: “Foi plantado!”). Passados 4-5 dias de fogo intenso da oposição, o Datafolha foi a campo, fez 7.735 entrevistas e o resultado ficou idêntico ao anterior. Será que ninguém percebeu que não é por aí? A oposição realmente acreditou que as teses do Cesar Maia estavam certas? Ele falava o tempo todo que era preciso marcar a diferença com o Lula. Estava certo - mas a diferença foi pro lado errado... Além do Datafolha, a candidatura Lula apresentou outras vitórias. A sua participação na Assembléia da ONU, oferecendo o Bolsa Famíla, foi ponto pra ele. Ter sido escolhido o "Estadista do Ano 2006" foi mais um ponto. E o seu programa no Horário Eleitoral da noite foi bem superior ao de Alckmin. Mais emoção, informação nova e qualificada, boa edição. Do outro lado, Alckmin resolveu mostrar o que fez na segurança de São Paulo e isso foi um tiro no pé. As imagens que ele apresentou fizeram lembrar imediatamente as tragédias recentes, prova do fracasso da política de segurança tucana. A parte das fonteiras foi boa, mas o resto foi desastroso. Quando a oposição ameaçava deitar e rolar embalada pelo Dossiê Serra, veio aquele balde de água fria. Não duvido nada que as próximas pesquisas mostrem avanço de Lula.

Lula oferece Bolsa Família para Nações Unidas

Lula na ONU, AFP, BBC No discurso de abertura da 61ª Assembléia Geral das Nações Unidas Lula fez discurso duro contra os países desenvolvidos, que preferem gastar com guerra a investir em matar a fome dos pobres do mundo inteiro. "O investimento necessário para aplacar a fome no mundo é menor do que o que foi investido até agora na guerra do Iraque", declarou Lula, que continuou: "O programa Bolsa Família, o carro-chefe do Fome Zero, garante uma renda mínima a mais de 11 milhões de famílias brasileiras. Se fizemos tanto no Brasil, imaginem o que não pode ser feito em grande escala se o combate à fome e à pobreza fosse de fato uma prioridade da comunidade internacional. (...) A guerra jamais trará a segurança. A guerra só gera monstros: o rancor, a intolerância, o fundamentalismo, a negação destrutiva das atuais hegemonias." Lula acrescentou que "se não quisermos globalizar a guerra, é preciso globalizar a justiça". Lula ainda criticou a política de subsídios pos países ricos, disse que a Agenda de Desenvolvimento de Doha está em crise, mas que, "se bem-sucedidas, as negociações na OMC ajudarão a tirar milhões de pessoas da pobreza externa". Leia reportagem de Bruno Garcez para a BBC.

Novidades do front

* Os programas eleitorais das 13 horas não trouxeram nada de novo. Tudo na mesma ladainha. É verdade que Alckmin reapresentou o seu apresentador para mostrar indignação com ação de pessoas próximas de Lula no caso do Dossiê Serra. Xoxo igual chuchu. O programa de Lula reapresentou o bom depoimento da mãe da Cidade de Deus, no Rio, que tem filho universitário graças ao Pro-Uni. O rapper MV Bill deveria ganhar mais tempo.
* A Reuters noticia que sai Freud e entra Lorenzetti. Na falta de indícios convincentes do envolvimento do assessor Freud Godoy no caso Dossiê Serra, busca-se culpa agora em Jorge Lorenzetti. Ele seria "o chefe do 'dispositivo de tratamento de informações' da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva". Ex-dirigente da CUT, é o churrasqueiro pessoal de Lula. Na campanha da reeleição, Lorenzetti seria "o superior imediato do ex-policial Gedimar Passos Pereira, preso sexta-feira em São Paulo com cerca de 1,7 milhão de reais, para comprar um dossiê que ligaria o ex-ministro José Serra à máfia dos sanguessugas", informa a Reuters.
* No front político-econômico, a má notícia é o golpe militar na Tailândia, país emergente, que, por causa disso, está derrubando bolsas no mundo. A situação ainda está confusa. Segundo a BBC, o primeiro ministro tailandês Thaksin Shinawatra, que se encontra em New York para a Assembléia Anual das Nações Unidas, declarou Estado de Emergência. Aguardemos novas notícias.

Dossiê Serra: “Foi plantado!”

Essa história do Dossiê Serra sempre me cheirou estranha, desde as primeiras linhas da Istoé. As ligações do caso das ambulâncias com Serra já tinham sido percebidas, divulgadas e não precisavam de novo estardalhaço. A campanha de Lula não precisava disso e, na verdade, nem mesmo a campanha de Mercadante precisava (a sua ascensão estava se dando sem dossiês, tendo bastado para isso a mudança na estratégia de comunicação). A quem poderia interessar, então? A baixaria não tem sido o caminho da campanha de Lula nem da campanha de Mercadante. Mas todos os indícios levam ao PT, não é verdade? É verdade. Os responsáveis podem fazer parte de algum grupo trapalhão do PT, não podem? Podem, sim. Mas isso ainda não convence. Tudo finalizou com perfeição para servir a quem? Ao PSDB. A facilidade foi muito grande. As manchetes pareciam estar prontas, esperando o resto do texto. Então a responsabilidade seria de Serra e sua turma repetindo a atuação contra Roseana em 2002? Longe de mim afirmar uma coisa assim. Mas é o que muito petista está pensando. E mais do que isso: vejo esse tipo de compreensão no meio do povo. Já ouvi vários comentários nessa direção. E hoje mesmo, nas vizinhanças do Hospital Municipal Barata Ribeiro, na região do morro da Mangueira, Rio de Janeiro, acompanhei um grupo de “populares” debatendo as manchetes diante de uma banca de jornais. Havia unanimidade em afirmar que era “tudo plantado” contra Lula. Ao contrário do que a grande imprensa, os tucanos e Cesar podem pensar, o efeito Serra pode até favorecer Lula. O silêncio de Gedimar durante a acareação e seu recuo, afirmando (como publicou o Plantão Globo das 10:34h) que não disse o que está saindo na imprensa, podem consolidar o sentimento de que Lula está sendo vítima de ataques impiedosos e injustos. As pesquisas de logo mais poderão confirmar ou não tudo isso. Se o dossiê não tiver nenhum efeito concreto, creio que Lula permanecerá no mesmo patamar e que Alckmin poderá retomar mais uns pontinhos de Heloísa Helena. Até que surjam novas “plantações”.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Fantasmas do TSE abalam sofisma de Cesar e Lavareda

A dupla político-marqueteira "Cesar Maia e Lavareda", sucesso garantido em tudo que é parada de análise eleitoral da grande imprensa, insiste em garantir 2º turno por causa da grande diferença entre os Não-Votantes das pesquisas (Brancos + Nulos + Indecisos) e os Não-Votantes da eleição (Abstenção + Brancos + Nulos). Hoje mesmo na entrevista da Folha, Cesar Maia afirma: "O Datafolha diz que são 10% de brancos, nulos e indecisos. No dia da votação vamos ter 25%, no mínimo, de abstenção, brancos e nulos". Ele pergunta: "Essa parte que não foi amostrada é proporcionalmente maior para que candidato?" E ele mesmo responde: "Para o eleitor do Lula, que é o eleitor mais pobre. O Datafolha colocou segundo turno de dois salários mínimos para cima. Só de zero a dois é que não colocou. E zero a dois, mais da metade está no Nordeste". Aqui mesmo neste Blog já ficou claro (ler "O sofisma de Lavareda") que há um grande sofisma na identificação total dos Não-Votantes nordestinos de 2002 com os de 2006. Portanto, se é verdade que existe uma diferença a ser levada em conta, não é exatamente como a dupla quer. E o TSE na semana passada deu mais argumento contra a dupla ao lembrar que na Abstenção estão incluídos 10 milhões de eleitores que não existem, são "fantasmas". Ou seja, cerca de 8%. Assim, a dupla "Cesar Maia e Lavareda" tem que retirar dos seus 25% de Não-Votantes os 8% de "fantasmas", porque eles não fazem parte de nenhum universo de eleitores, nem das pesquisas nem da eleição. Ficaríamos portante com uma previsão real para a eleição de 17% de Não-Votantes - ou até menos, graças ao maior empenho do eleitorado nordestino, como já falamos anteriormente. Cesar Maia e Lavareda estão vendo fantasmas antes da hora...

Cesar Maia lança-se candidato para 2010 e arrasa PSDB

Cesar Maia, Folha Imperdível a entrevista de Cesar Maia hoje na Folha (para assinantes). Ele trata de desqualificar o PSDB desde o bico até as penas do rabo. Um partido “desorganizado” “exclusivamente paulista”, “em frangalhos”. Para ele o PSDB acabou. “Se o PSDB não ganha as eleições de São Paulo, ele vai ter que começar de novo”. Desqualifica Tasso (“Eles vão desmontar a candidatura deles por que existe um partido informal que é Ciro Gomes-Tasso Jereissati”), desqualifica Aécio (“O Aécio procura seguir uma escola política superada, que é a escola mineira caricaturizada”), desqualifica Fernando Henrique (“Uma carta daquela é ruim, de quem já está tratando do dia seguinte da eleição” (...) “Minha opinião é que a direção fernandohenriquista do PSDB tentará agregar o PPS e o PV e empurrar o partido para a esquerda.”), desqualifica Alckmin (“O Alckmin pode ser convidado, mas não tem lastro partidário para, numa hipótese de derrota, disputar a Presidência do PSDB”) e até o seu aliado Serra (“Vai ser um constrangimento se ele se candidatar em 2010. Não vai ser uma solução fácil para ele. O que é isso? Saiu com ano e meio? Depois sai com três anos e três meses? Vai ser presidente? Vai ser secretário-geral da ONU? Saiu de São Paulo para São Paulo, aí sai de novo e entrega a um deputado que não é exatamente uma liderança popular eufórica. Vai ter dificuldade”). Perguntado diretamente se será candidato em 2010 responde: “Se estivesse na Inglaterra, diria que sou”. Como estamos no Brasil, talvez ele queira ser coroado...

VALE-TUDO FINAL!

Começou o esperado vale-tudo dessa reta final de campanha. Estava na cara que a oposição não ia querer entregar a rapadura de graça. Estava na cara também que o candidato Lula começaria a subir no palanque e elevar o tom dos discursos, como fez ontem em Belém. A oposição tem a história do dossiê apreendido. Uma história nebulosa, que cheira a armação. O dossiê não apresenta nada de novo, como vocês podem ver, acessando o site Olhar Direto. Trata-se de um evento de entrega de ambulâncias da Planam comandado pela bancada de Deputados Federais do PSDB, com a presença do então Ministro da Saúde, José Serra. Nenhuma novidade, que dificilmente valeria os quase 2 milhões que foram apreendidos com um militante do PT que faria a compra do material. A oposição vai utilizar esse fato e uma falsa declaração de Lula propondo o fechamento do Congresso para manter a temperatura da campanha alta. É o que resta à oposição para tentar tomar votos de Lula - tarefa difícil. Os programas eleitorais estão entrando na fase final, com a audiência voltando a subir. O programa de Lula deverá sair da mesmice e entrar na fase de mais emoção. A força do povo entra em cena. O programa de Alckmin (que tem estado melhor) vai buscar emoção na questão ética. A baixaria entra em cena. Será que a baixaria alcança o povo na reta final? Dificilmente.

domingo, 17 de setembro de 2006

Talvez Elio Gaspari precise escolher melhor suas fontes

Passei o dia fora, no mato, tive dificuldades com internet e leituras. Um leitor anônimo me ajudou mandando esta nota: Caro Gadelha,O Blog do Noblat se superou na tendenciosidade anti-Lula. Ele vem na manhã de hoje publicando matéria de Elio Gaspari (Demonio Golpista) e comentários da direita propondo golpe contra LULA, mas na maior cara de pau escondendo matéria de Sonia Racy que desmente a matéria de Gaspari em totum. Reproduzo abaixo as duas matérias. Demônio golpista (Vale a pena ler de novo) do jornalista Elio Gaspari na coluna que publica neste domingo em O Globo e outros jornais:
"Durante jantar de plutocratas a que Lula compareceu na quinta-feira, o empresário Eugênio Staub perguntou-lhe como pretendia fazer, durante o segundo mandato, as reformas que julga necessárias. Nosso Guia respondeu: “Staub, não acorde o demônio que tem em mim, porque a vontade que dá é de fechar esse Congresso e fazer o que é preciso”. Segundo Lula, o próximo Congresso será pior do “que esse que está aí”, pois virá com Paulo Maluf e Clodovil. Expressando-se na sua língua franca, deixou mal a mãe de pelo menos 20 notáveis nacionais. A proposta golpista do demônio que Lula carrega consigo foi contestada por inúmeros convidados que a ouviram. Lula vê outro empecilho para o êxito do seu projeto: a imprensa. Nos últimos 50 anos, o Coisa Ruim rondou três presidentes: Jânio Quadros, João Goulart e Costa e Silva. Nenhum deles concluiu o mandato. Castelo Branco e Ernesto Geisel fecharam o Congresso por poucas semanas. Seja o que Deus quiser.”
E agora Congresso fechado Por Sonia Racy em O Estado de S. Paulo, hoje:
"A conversa corria animada, entre um grupo de empresários e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no jantar oferecido quinta-feira passada pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Furlan, quando um dos presentes fez a pergunta crucial: o que seria preciso fazer para o Brasil crescer num ritmo maior, quem sabe no ritmo da China?' Aqui é mais complicado', respondeu o presidente. 'A China é uma ditadura. Para fazer isso, só se eu fechasse o Congresso'. Todos em volta riram. Imediatamente, de um lado e de outro, brotaram comentários de que isso não seria possível - mas todos passaram, no ato, a fazer fortes críticas ao atual Congresso. E o nível do próximo, a ser eleito daqui a duas semanas, na opinião geral não deverá ser melhor. O presidente lembrou que, entre outros eleitos, lá estarão figuras como Paulo Maluf e Clodovil. Em seguida, porém, trouxe à lembrança a frase famosa de um cacique da política nacional, Ulysses Guimarães. 'O dr. Ulysses já dizia: ruim com os políticos, pior sem eles', ponderou Lula.

Quem paga mais?

Concordo com o Blog do Noblat: por que alguém pagaria quase 2 milhões de reais para ver um vídeo com o Serra, quando era Ministro da Saúde, entregando 41 ambulâncias no galpão da Planam? A questão que realmente importa é a seguinte: Serra fez ou não fez parte do esquema sanguessuga? Isso o vídeo não responde. O Blog do Dirceu coloca as coisas ainda de outro modo: "O fato de Serra participar de eventos deste tipo não faz a menor diferença. O importante é que os tucanos de Mato Grosso assumem, no vídeo, que 'inventaram' a fórmula das ambulâncias." Acho essa história toda muito mal contada. Tem cheiro de armação no ar. Essa negociata, com certeza, será o tema dos próximos dias nas campanhas eleitorais.

“Pérolas” da imprensa brilhante

A coluna deste domingo de Tereza Cruvinel no jornal O Globo traz uma boa análise do que virá no pós-eleição do mundo político. Principalmente na avaliação das alternativas dentro do PSDB. Após a derrota para Lula, os tucanos vitoriosos nos estados deverão se impor sobre os derrotados e aderir a uma trégua com o governo central, visando viabilizar suas administrações. O problema desses tucanos surgirá na disputa entre os principais vencedores, Aécio e Serra, que se enfrentarão em função de 2010. Soa claro e lógico. A “pérola” de Tereza Cruvinel está na abertura do texto: “Uma campanha como a que está em curso tem elementos para gerar um ambiente pós-eleitoral altamente envenenado, principalmente se Lula for reeleito em primeiro turno. Entre eles, a mistura entre oposição ressentida e opinião pública frustrada”. Que a oposição derrotada poderá estar ressentida é compreensível. Agora, alguém quer me explicar que opinião pública é essa a que ela se refere? Será que a opinião pública é formada pela maioria do povo, ou estou enganado? Se Lula for eleito no primeiro ou no segundo turno não terá a maioria dos votos? Ou será que só a minoria tem opinião pública? A opinião pública se restringe às redações da grande imprensa? Por favor, imploro um sentido lógico para essa “coisa”. Outra “pérola” vem de Elio Gaspari, uma espécie de guru de jornalistas e intelectuais que, apesar de meio chato, costuma trazer boas contribuições para quem procura estar nem informado. Na sua coluna dominical, ele resolveu pegar pesado contra a política externa de Lula. É uma área delicadíssima para qualquer governo, principalmente para aquele, como o atual, que resolve não se alinhar automaticamente à política americana. A “pérola” de Elio Gaspari poderia ser resumida na frase “Só na diplomacia deu tudo errado”. Claro, não houve subserviência. E ele continua seu "colar" agressivo, criticando o país por ousar pensar em ter cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, por ousar não restringir suas relações na América Latina ao Uruguai e ao Paraguai, por lutar para ter mais peso que China e México nas decisões do FMI, por ousar lutar contra o protecionismo europeu e americano. Nosso Guru vai mais longe, enaltecendo o grande “feito” dos Estados Unidos: “Os americanos consolidaram a aliança com o Chile, atraíram o Uruguai e engraçaram-se com o Paraguai”. Será que ninguém percebeu que os Estados Unidos podem tudo aqui no seu quintal? Que só nos resta submissão aos interesses americanos ou buscar alternativas melhores para os brasileiros? Ao contrário do que Nosso Guru pode querer, tivemos uma política externa mais representativa do nosso país. E isso certamente trará bons frutos. Quem sobreviver às “pérolas” do jornalismo "brilhante" verá.

sábado, 16 de setembro de 2006

Qual a marca do Lula?

Há ainda grande espanto no meio da crítica especializada, entre os principais colunistas da grande imprensa, entre marqueteiros e consultores políticos com o sucesso do candidato Lula. Na sua coluna de hoje no jornal O Globo, Tereza Cruvinel, ao comentar os novos números da pesquisa CNI/Ibope (que mostram Lula nos seus inabaláveis 50% de intenções de votos, contra 29% de Alckmin, os 9% de Heloísa Helena e os inabaláveis quase nada dos Outros), disse:
“A crise, com a dimensão e a publicidade que teve, deveria ter semeado mais dúvidas no eleitorado. E, no entanto, ele se apresenta mais decidido, portador de convicções bastante convincentes”. Tereza Cruvinel pergunta ainda: “Mas por que mesmo o eleitor se decidiu tão cedo e de forma tão definitiva?”
A melhor resposta está nas formas de construção de marcas. Em primeiro lugar, deve ficar claro que essa construção tem mão dupla. Quer dizer: não basta colocar a marca na testa e sair por aí; o outro precisa perceber, precisa querer perceber a marca. Outro ponto a considerar é que ninguém tem marca única. São marcas distintas, positivas e negativas, que podem ter pesos diversos, para públicos variados. Por fim, é preciso determinar quais as marcas predominantes, positivas e negativas, o que é feito em função da relação com os públicos. Lula, ao longo dos anos (e também das derrotas eleitorais), soube trocar a marca predominante que carregava de “candidato do trabalhador” para “candidato do povo brasileiro” (uma decisão que tem suas raízes no 5º Encontro Nacional do PT, de 1987, capitaneado por José Dirceu) e depois para “candidato do povão brasileiro” (o que garantiu sua vitória em 2002 e garante os seus altos índices de aprovação atuais). Lula foi em busca das aspirações e necessidades da parte mais pobre e quantitativamente maior do povo brasileiro e tratou de buscar identidade nesse campo. O que não foi difícil por um lado (por causa de suas origens) e tarefa hercúlea por outro (por causa da grande dificuldade em atender reivindicações de uma população tão miserável, de um país com desigualdades profundas e com uma economia estraçalhada). Essa marca de povão foi construída ao longo de anos e fortalecida a partir do primeiro dia do seu governo. O Bolsa Família passou a personalizar essa opção pelos mais pobres. A multiplicação dos investimentos sociais é a comprovação dessa marca. Não foi algo construído para se acabar no dia seguinte à eleição, no velho estilo “bica d’água”. É uma marca bem construída, forte suficiente para resistir aos poderosos ataques da oposição que tentou fazer prevalecer a marca da “corrupção”. O eleitor se decidiu por Lula “tão cedo e de forma tão definitiva”, porque a boa marca é aquela construída bem antes da campanha eleitoral. Lula conseguiu ser coerente e convincente na construção da sua marca. A marca do Lula virou a marca do povo mais pobre e mais sofrido. Algo fácil de perceber no Nordeste ou nas periferias dos grandes centros; dificílimo de entender nos Jardins e nas redações.

Abaixo todas as baixarias

É bem possível que todos esses escândalos de longas datas tragam algum resultado positivo. Não apenas pelas denúncias e prisões de espertalhões da coisa pública. Mas pela possibilidade de se fazer algo para acabar de vez com as práticas nocivas à política brasileira. Não queremos mais ver as riquezas brasileiras se esvaírem nas mãos de poucos. Nem queremos, de jeito nenhum, que o processo eleitoral continue pautado por escândalos. No mínimo, a reforma política ampla, geral e irrestrita tem que se iniciar imediatamente. Só assim teremos chance de tirar os eternos mensalões de nossos calendários.

Esse Papa não é pop

Ou esse Papa é um trapalhão ou está disposto a criar confusão. Ao citar um texto anti-muçulmano, conseguiu despertar a ira não apenas dos povos islâmicos, mas também de judeus e cristãos. Em um momento que todos perseguem a paz pisando em cascas de ovos, o Papa resolve usar coturnos para caminhar. Caminhou na direção oposta à do Papa anterior, que tinha mais carisma e mais habilidade política e pôde conquistar mais facilmente corações e mentes de todos os credos. A fé de todas as religiões é igual e pode provocar paixões desenfreadas. Por isso os líderes religiosos que realmente buscam a paz têm que saber usar a razão.

A poesia é concreta

Um poema é feito de palavras e silêncios. Um poema é difícil. (Décio Pignatari, 2 de abril de 1950)
No dia 26 de setembro, o Museu de Arte Moderna de São Paulo vai comemorar os 50 anos da "1ª Exposição Nacional de Arte Concreta" com a mostra "Concreta 56 - A Raiz da Forma". A força da Poesia Concreta, construída desde reuniões entre os irmãos Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari em 1949, deve ser comemorada sempre. Poucos movimentos da cultura mostraram tanto vigor como o da Poesia Concreta. Sempre provocou incompreensões e reações contrárias, como o comentário de um jornal sobre a exposição de 50 anos atrás, que pôs em manchete: "Mesmo sendo ‘concretos’, ninguém entendeu nem poesias nem quadros". A Poesia Concreta ganhou raízes profundas, ganhou o mundo e se mantém concreta até agora. Na Folha de hoje, Marcos Augusto Gonçalves entrevista Augusto de Campos. Trechos:
“(...) a massificação cultural é um fato iniludível da "overpopulation", do baixo nível de escolaridade, da exaustão mental provocada pelos trabalhos forçados do ganha-pão acachapante. A poesia, se não resolve, consola o ser humano da sua miserabilidade, da sua incognoscência, das precariedades do seu "design" imperfeito. Dá-lhe, quem sabe, a ilusão de estar um pouco acima. E o seu desvalor econômico, o seu fracasso antipopulista, num mundo obcecado pelo lucro e pelo sucesso, lhe conferem uma força ética ímpar. Os livros estão de pé na estante. Muito pouco na TV, é verdade, mas cada vez mais nos desvãos e desvios da internet, que embute uma verdadeira revolução cultural nas suas reservas "interguêticas" e nos seus reservatórios enciclopédicos. Quem quiser buscar mais e melhor, que vá atrás. (...) A tecnologia chegou a ser uma esperança para otimistas-natos como Buckminster Fuller e John Cage, cujo anarquismo tecno-zen rimava com o bárbaro tecnizado de Oswald. Estamos longe de chegar perto desses formosos ideais. Mas olhamos para os olhos de uma criança e temos de acreditar que um dia (que não verão os septuagenários como eu) a 'humanimaldade' será mais sensível e menos insensata. Quem sabe se a tecnologia, multiplicando o acesso à informação e aos recursos materiais, não pode dar uma boa mão a um maior solidarismo social, se os gigaglutões econômicos do Primeiro Mundo não continuarem a querer tudo só para eles. Mesmo porque, se não tomarem juízo, o bumerangue da pobreza ainda poderá recair sobre as suas cabeças.”
(entrevista completa, para assinantes)

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Cesar Maia não gostou do espetáculo circense contra o pobre Serra

Sinceramente, não gosto desse clima de baixaria com ares de grande show que tomou conta das eleições. Mas sejamos honestos, absolutamente imparciais: isso não começou hoje, nem foi o governo federal que começou. Começou há mais de um ano, em grande promoção dos parlamentares da oposição durante as CPIs. Por isso, não há coerência no texto de Cesar Maia distribuído hoje através de seu Ex-Blog, com o título de DELAÇÃO PREMIADA: NECESSIDADE E RISCOS. Trechos: "A reportagem que a revista Isto É faz com o corruptor Vedoin que agora acusa ao ex-ministro José Serra, mostra que o instituto da delação premiada não pode ser um espetáculo midiático promovido pelos que tem interesse político nesse jogo. (...) Quanto custou ao PT pagar a ele para que fale o que interessa ao PT em SP? (...) A revista publicou naturalmente, pois esse é o seu papel (...) Que sirva de lição e que daqui para frente a delação premiada seja objeto de investigação para se chegar aos culpados e quadrilhas e não para um show de circo, autorizando tudo o que o corruptor diga". Pimenta nos olhos dos outros é soro fisiológico...

São Paulo: acendeu a luz amarela para Serra

Ninguém tinha dúvida que Serra (PSDB) era disparado o favorito para vencer em São Paulo, com altíssimas chances de liquidar a fatura ainda no 1º turno. A última pesquisa Ibope parece dizer isso, mas diz também outra coisa: a campanha de Mercadante (PT) cresceu, ganhando fôlego suficiente para poder forçar um 2º turno. Serra passou de 46% para 47%, Mercadante pulou de 18% para 23% Quércia foi de 8% para 9%, os Outros foram de 4% para 5%, os Não-Votantes (Brancos + Nulos + Indecisos) caíram de 24% para 16%. É importante notar que Serra caiu de 60,5% dos Votos Válidos para 55,9%, enquanto Mercadante subiu de 21,4% para 27,4%. O dado diferente, que pode estar influenciando este resultado, não é o escândalo das ambulâncias que chegou a Serra. É o fato de que tanto Lula quanto Marta entraram na campanha. Ou melhor: parece que Mercadante calçou as sandálias da humildade e resolveu colocá-los pra valer. E era mais do que óbvio esse direcionamento. O eleitorado de Mercadante não tinha nem “povo” nem “mulher”. E pior: estava sem a militância. O clima eleitoral em São Paulo toma outro rumo.

O assistencialismo de Merval

Merval Pereira é um jornalista com lugar importante no cenário político nacional. Tem uma coluna diária no importantíssimo jornal O Globo, é comentarista em noticiários de rádio e televisão e é sempre citado por uns e outros. Mas às vezes aparenta ser um jornalista com médios e baixos. Hoje, em sua coluna “A não-política”, onde desenvolve a sua saga anti-Lula, ele escreve algo que me surpreendeu: jogou o crédito consignado e o financiamento da agricultura familiar dentro da vala comum do assistencialismo. Jogou também o Bolsa Família – que também não concordo, mas envolve outro tipo de discussão. Disse ele: “Diante da força de atração da Bolsa Família e de outras políticas assistencialistas como o crédito consignado e o financiamento da agricultura familiar, não há como propor uma mudança de rumos a uma vasta parcela do eleitorado...” Já tinha visto o Bolsa Família ser acusado de assistencialista, mas o crédito consignado e o financiamento da agricultura familiar é a primeira vez.

Segundo texto de 2003, escrito por Luiz Fernando Toscano (apresentado como Engenheiro Agrônomo, Assistente de Planejamento Sócio - Economia, Ambiental do PEMBH e Agricultura Familiar - CATI Regional de Votuporanga), “aproximadamente 85% do total de propriedades rurais do país pertencem a grupos familiares. São 13,8 milhões de pessoas que têm na atividade agrícola praticamente sua única alternativa de vida, em cerca de 4,1 milhões de estabelecimentos familiares, o que corresponde a 77% da população ocupada na agricultura. Cerca de 60% dos alimentos consumidos pela população brasileira vêm desse tipo de produção rural e quase 40% do Valor Bruto da Produção Agropecuária são produzidos por agricultores familiares. Cerca de 70% do feijão consumido pelo país, alimento básico do prato da população brasileira, vêm desse tipo de produção rural e quase 40% do Valor Bruto da Produção Agropecuária são produzidos por agricultores familiares. Vêm daí também 84% da mandioca, 5,8% da produção de suínos, 54% da bovinocultura de leite, 49% do milho e 40% de aves e ovos. A agricultura familiar também vem registrando o maior aumento de produtividade no campo nos últimos anos. Na década de 90, foi o segmento que mais cresceu. Entre 1989 e 1999, a produção agrícola familiar aumentou em 3,8% ao ano, o bom desempenho ocorreu mesmo em condições adversas para o setor, quando nesse período sofreu uma queda de 4,7% ao ano nos preços recebidos”. (texto completo)
Isso bastaria para mudar o entendimento de Merval. Conversando com Christino Áureo, ex-Secretário de Agricultura dos governos Garotinho e Rosinha, ele declara: “É exatamente o contrário. O financiamento da agricultura familiar contribui para que no futuro reduza-se a prática assistencialista”. Com relação ao crédito consignado é a mesma coisa. Além de tirar trabalhadores das mãos de agiotas, troca mais segurança no pagamento do crédito por juros menores (que, aliás, precisam ser ainda menores). O risco no crédito consignado é de outra natureza. O trabalhador beneficiado perde um pouco de sua agilidade para administrar sua dívida. Isso pode até ser prejudicial. Mal administrado, “pode se transformar em um tiro na testa do trabalhador”, como diz Christino. Tomar posições contra ou a favor de um político ou de um governo é natural, faz parte do jogo democrático. Forçar a barra não faz sentido. (Coluna do Merval, para cadastrados)

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

O xadrez do Rio ganha mais pesquisa

O Ibope divulgado hoje pelo RJ-1 e pelo Estadão mostra pouca variação no cenário do Rio para Governador. Alguns dados confirmam o que escrevemos ontem neste Blog: Sérgio Cabral tem 42% (estável para cima); Crivella 16% (em queda); Denise 15% (subindo), os Outros 8% (estáveis) e os Não-Votantes (Brancos+Nulos+Indecisos) com 19%. A candidatura de Crivella tem a rejeição mais alta (23%); Sérgio Cabral está forte na Periferia, com 50%, contra 17% de Crivella e 13% de Denise; Sérgio Cabral cai na Capital, 36% contra 19% de Denise e 14% de Crivella; Sérgio Cabral é muito forte entre eleitores de Menor Instrução (46%), mas empata com Denise entre os eleitores de Instrução Superior (31% e 30%). Na Espontânea, Sérgio Cabral subiu 3 pontos, Denise subiu 2 e Crivella caiu 1. Os Indecisos estão caindo, o que favorece, momentaneamente, Denise Frossard. A vitória de Sérgio Cabral (com 52% dos votos Válidos) no 1º turno ainda não está em xeque, mas Denise faz movimentos ameaçadores. No momento, Sérgio Cabral defende-se bem com o ataque aos eleitores de Crivella. Para garantir vitória já, precisa proteger a coluna aberta por Denise em direção à classe média.

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

O xadrez eleitoral do Rio

Em um ano eleitoral cheio de resultados previsíveis, é ótimo (do ponto de vista da análise eleitoral) uma disputa que ofereça algumas alternativas. É o caso da eleição para Governador do Rio de Janeiro, com alternativas bem interessantes – embora a tendência maior ainda seja a vitória do candidato Sérgio Cabral (PMDB) no 1º turno. Aliás, é exatamente aí que está o enigma – que peças mover para que haja ou não o 2º turno?
Três candidatos estão nessa disputa direta. No Datafolha, Sérgio Cabral tem 44% das intenções de votos (51% dos votos válidos). Marcelo Crivella (PRB) e Denise Frossard (PPS-PL-PV) disputam o segundo lugar, na faixa dos 18% a 15%, com Denise Frossard em ascensão e Crivella em queda. Os perfis dos eleitores de Sérgio Cabral e Crivella se parecem mais: Povão, Periferia, Interior. Denise Frossard é mais forte na Capital (Zona Sul, Zona Tijucana), faixa de renda e ensino Superiores. É o voto mais Popular contra o voto mais Classe Média Conservadora. Sérgio Cabral é do partido de Garotinho, mas conseguiu se desvencilhar da imagem negativa do ex-Governador (exceto na Interior e parte da Região Metropolitana, onde Garotinho ainda tem força). Ao contrário de Garotinho, Sérgio Cabral tem alguma aceitação junto à Classe Média Conservadora, mas sem a mesma força de Denise Frossard. Crivella, por ser da Igreja Universal, é altamente rejeitado na Capital, particularmente na Zona Sul e Barra. Para evitar 2º turno, Sérgio Cabral terá que conquistar eleitores de Crivella e crescer na Capital, impedindo o avanço de Denise. A Crivella, em queda, só resta tentar conquistar eleitores de Sérgio Cabral (perfil mais próximo) para ficar em 2º e ainda forçar o 2º turno (e é isso que explica as baixarias de sua campanha na direção de Sérgio Cabral). Denise, que passou de franco-atiradora para se tornar uma ameaça real a Crivella (e até mesmo à vitória de Sérgio Cabral no 1º turno), tem movimentos mais óbvios, na direção dos votos Brancos-Nulos-Indecisos. Esse é um nicho dos eleitores com perfil semelhante aos dos seus próprios eleitores: Conservador, Moralista, Lacerdista. Crescendo nesse segmento, ela pode conseguir ao mesmo tempo forçar o 2º turno e ultrapassar Crivella.
Os outros candidatos não têm como influenciar muito no processo. Vladimir (PT), Milton Temer (PSOL), Lupi (PDT) e, principalmente, Eduardo Paes (PSDB) saem dessa eleição bastante enfraquecidos. Só resta a eles torcer por um 2º turno e conseguir com isso fazer alguma negociação de apoio. A Vladimir não imagino o que interessa, mas ao PT, com certeza, interessaria um 2º turno entre Sérgio Cabral e Denise Frossard (apoiaria o primeiro); Milton Temer e seu PSOL teriam dificuldades em apoiar qualquer um deles. Lupi provavelmente caminharia com Sérgio Cabral. E Eduardo Paes com certeza está torcendo por um 2º turno entre Sérgio Cabral e Crivella.
Resta ainda saber de quem seriam os votos da Abstenção (ou seja, das pessoas que não irão votar). Hoje, os Votos Válidos estão em 86% (excluem os votos Brancos+Nulos+Indecisos), mas no dia da eleição eles poderão ficar entre 79% e 81% (excluem Abstenção+Brancos+Nulos). Quem deixará de votar em maior número: o Povão menos informado ou a Classe Média desiludida? Falta pouco para o xeque-mate.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Dá-lhe, Vladimir!

Escuta aqui, Vladimir, pra que aquele programa eleitoral que você tem veiculado? Basta veicular a sua particpação nos debates. Você é muito melhor do que eles. E incrivelmente melhor do que o Vladimir das cartolas e aviãozinhos.

Crivella ataca e Pezão move Ação

No debate da TV Record, o candidato Crivella acusou o Vice de Sérgio Cabral, Luiz Fernando de Souza, o Pezão, de superfaturar ambulâncias quando era Prefeito de Piraí (RJ). E usou como testemunha o famosos José Nader, Conselheiro do TCE. Pelo telefone, Pezão demonstra tranqüilidade (como sempre) e diz: "Gadelha, em meus 8 anos como Prefeito, tenho o orgulho de minha administração ter sido sorteada para ser inspecionada 2 vezes pela Controladoria Geral da União (CGU, o mesmo órgão que apontou o esquema dos sanguessugas) e ter sido aprovada. O Tribunal de Contas do Estado também aprovou todas as minhas contas. Estou tranqüilo, é apelação de desesperado, mas não posso deixar de processar o acusador. É simples: vai ter que provar".