domingo, 17 de setembro de 2006

“Pérolas” da imprensa brilhante

A coluna deste domingo de Tereza Cruvinel no jornal O Globo traz uma boa análise do que virá no pós-eleição do mundo político. Principalmente na avaliação das alternativas dentro do PSDB. Após a derrota para Lula, os tucanos vitoriosos nos estados deverão se impor sobre os derrotados e aderir a uma trégua com o governo central, visando viabilizar suas administrações. O problema desses tucanos surgirá na disputa entre os principais vencedores, Aécio e Serra, que se enfrentarão em função de 2010. Soa claro e lógico. A “pérola” de Tereza Cruvinel está na abertura do texto: “Uma campanha como a que está em curso tem elementos para gerar um ambiente pós-eleitoral altamente envenenado, principalmente se Lula for reeleito em primeiro turno. Entre eles, a mistura entre oposição ressentida e opinião pública frustrada”. Que a oposição derrotada poderá estar ressentida é compreensível. Agora, alguém quer me explicar que opinião pública é essa a que ela se refere? Será que a opinião pública é formada pela maioria do povo, ou estou enganado? Se Lula for eleito no primeiro ou no segundo turno não terá a maioria dos votos? Ou será que só a minoria tem opinião pública? A opinião pública se restringe às redações da grande imprensa? Por favor, imploro um sentido lógico para essa “coisa”. Outra “pérola” vem de Elio Gaspari, uma espécie de guru de jornalistas e intelectuais que, apesar de meio chato, costuma trazer boas contribuições para quem procura estar nem informado. Na sua coluna dominical, ele resolveu pegar pesado contra a política externa de Lula. É uma área delicadíssima para qualquer governo, principalmente para aquele, como o atual, que resolve não se alinhar automaticamente à política americana. A “pérola” de Elio Gaspari poderia ser resumida na frase “Só na diplomacia deu tudo errado”. Claro, não houve subserviência. E ele continua seu "colar" agressivo, criticando o país por ousar pensar em ter cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, por ousar não restringir suas relações na América Latina ao Uruguai e ao Paraguai, por lutar para ter mais peso que China e México nas decisões do FMI, por ousar lutar contra o protecionismo europeu e americano. Nosso Guru vai mais longe, enaltecendo o grande “feito” dos Estados Unidos: “Os americanos consolidaram a aliança com o Chile, atraíram o Uruguai e engraçaram-se com o Paraguai”. Será que ninguém percebeu que os Estados Unidos podem tudo aqui no seu quintal? Que só nos resta submissão aos interesses americanos ou buscar alternativas melhores para os brasileiros? Ao contrário do que Nosso Guru pode querer, tivemos uma política externa mais representativa do nosso país. E isso certamente trará bons frutos. Quem sobreviver às “pérolas” do jornalismo "brilhante" verá.