terça-feira, 19 de setembro de 2006

Dossiê Serra: “Foi plantado!”

Essa história do Dossiê Serra sempre me cheirou estranha, desde as primeiras linhas da Istoé. As ligações do caso das ambulâncias com Serra já tinham sido percebidas, divulgadas e não precisavam de novo estardalhaço. A campanha de Lula não precisava disso e, na verdade, nem mesmo a campanha de Mercadante precisava (a sua ascensão estava se dando sem dossiês, tendo bastado para isso a mudança na estratégia de comunicação). A quem poderia interessar, então? A baixaria não tem sido o caminho da campanha de Lula nem da campanha de Mercadante. Mas todos os indícios levam ao PT, não é verdade? É verdade. Os responsáveis podem fazer parte de algum grupo trapalhão do PT, não podem? Podem, sim. Mas isso ainda não convence. Tudo finalizou com perfeição para servir a quem? Ao PSDB. A facilidade foi muito grande. As manchetes pareciam estar prontas, esperando o resto do texto. Então a responsabilidade seria de Serra e sua turma repetindo a atuação contra Roseana em 2002? Longe de mim afirmar uma coisa assim. Mas é o que muito petista está pensando. E mais do que isso: vejo esse tipo de compreensão no meio do povo. Já ouvi vários comentários nessa direção. E hoje mesmo, nas vizinhanças do Hospital Municipal Barata Ribeiro, na região do morro da Mangueira, Rio de Janeiro, acompanhei um grupo de “populares” debatendo as manchetes diante de uma banca de jornais. Havia unanimidade em afirmar que era “tudo plantado” contra Lula. Ao contrário do que a grande imprensa, os tucanos e Cesar podem pensar, o efeito Serra pode até favorecer Lula. O silêncio de Gedimar durante a acareação e seu recuo, afirmando (como publicou o Plantão Globo das 10:34h) que não disse o que está saindo na imprensa, podem consolidar o sentimento de que Lula está sendo vítima de ataques impiedosos e injustos. As pesquisas de logo mais poderão confirmar ou não tudo isso. Se o dossiê não tiver nenhum efeito concreto, creio que Lula permanecerá no mesmo patamar e que Alckmin poderá retomar mais uns pontinhos de Heloísa Helena. Até que surjam novas “plantações”.