segunda-feira, 25 de setembro de 2006

A límpida linha de Mauro Santayana

O Colunista Mauro Santayana, do Jornal do Brasil, traz hoje na sua coluna (" Linha de Leibniz" - Coisas da Política), raciocínios de uma limpidez invejável, principalmente neste período de atabalhoamento político e jornalístico. Usando a razão com precisão de invejar o próprio Leibniz (filósofo alemão, racionalista, do século XVII, famoso por suas "mônadas"), diz ele sobre esse dossiê pré-eleitoral:
Até agora, os fatos conhecidos não constituem, de acordo com os juristas, delito algum. Não se consumou o ato delituoso, cuja frustração é ainda mistério. Há personalidades estranhas nesse processo, como a do sr. Abel Pereira, desaparecido até a tarde de ontem, e tido como elemento de ligação entre os Vedoin e o Ministério da Saúde, quando ocupava o cargo o sr. Barjas Negri. É de se estranhar que esse sr. Pereira não tenha procurado ainda a Polícia Federal, seja para desmentir os Vedoin, seja para explicar a sua participação no esquema, se este for o caso.
Há, nesse emaranhado de afirmações e negativas, uma linha de Leibniz, que passa por todos os pontos, e pode explicar por que o acessório (uma denúncia, que envolve apenas as eleições paulistas) prevalece sobre o principal: a escolha do presidente da República e, portanto, do destino do país nos próximos quatro anos. Essa linha tem o seu curso submetido a interesses oligárquicos, em associação com corporações estrangeiras. Desde o segundo governo Vargas, sempre que o país começa a encontrar o caminho de seu desenvolvimento autônomo e a exercer uma política social mais justa, reúnem-se contra essa trajetória interesses internos associados aos externos. Foi assim em 1954, em 1955, em 1961 e, finalmente, em 1964.
Assim, podemos concluir que o favoritismo de Lula se deve à constatação da maioria dos brasileiros, de que o seu governo é melhor do que governo anterior – chefiado pelos que hoje lhe fazem oposição.
O seu texto merece ser lido - e lembrado - na íntegra. Cadastrados podem acessar aqui.