quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Lei do outdoor em São Paulo: a visão de cada um

Outdoors em SP, Google Quando cheguei para morar em São Paulo, ainda na década de 60, demorei a entender por que a cidade de vez em quando parecia estar completamente diferente. Levei meses, anos talvez, para identificar que eram as trocas de outdoors que ocorriam sempre nos dias 1º e 16 de cada mês. Fiquei maravilhado com a descoberta. Os outdoors exerciam uma força estranha capaz de renovar ruas e avenidas. Quando troquei o jornalismo (Veja) pela publicidade (McCann-Erickson) o entusiasmo pelos outdoors ficou maior. Criar um outdoor sempre foi um grande desafio publicitário, porque ele representa a síntese de todas as campanhas. Feito o outdoor, tudo fica mais fácil. Nas campanhas políticas é a mesma coisa: o outdoor sempre deu visibilidade e definição às candidaturas. A proibição dos outdoors foi um baque para muitos candidatos, e de certo modo até contribuiu para aumentar a poluição visual com a proliferação de plaquetas. Ontem mesmo, estive em Volta Redonda (RJ), uma cidade que proíbe outdoors, e fiquei impressionado com um terreno baldio, com localização bem central e com um verdadeiro enxame de tabuletas políticas. Enfim, sou daqueles que adoram ver tudo que é outdoor. Mas reconheço que, assim como ergue, ele também destrói coisas belas. Um belo exemplo está na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, que só teve a ganhar com a proibição de outdoors em sua orla. Por isso entendo a lei antipoluição visual aprovada pela Câmara de Vereadores de São Paulo por 45 votos a 1 proibindo outdoors e outras parafernálias. A desorganização urbana provocada pelos excessos publicitários precisa ser combatida com rigor. Contra ela, vejo a questão do desemprego no setor de publicidade exterior: cerca de 20 mil vagas, em um segmento que movimenta R$ 200.000.000,00 ao ano. E, recordando minha descoberta de décadas atrás, não deixo de entender o único voto contrário à medida, do vereador Dalton Silvano (PSDB), ligado à área de publicidade, quando ele diz: "Quem perdeu foi a cidade de São Paulo. Uma cidade sem publicidade é uma cidade fria”. Folha (para assinantes)