sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Príncipe Hurry

Se é fato que o Governo Inglês e a Família Real realmente não sabiam que não haveria a menor segurança para o Príncipe Harry no Afeganistão, então a incompetência por aquelas bandas é maior do que se imaginava. Na minha opinião, sabiam muito bem de tudo. Eles estavam apenas fazendo o velho marketing de valorização da Família Real usando a "bravura" de seus personagens. Duvido que ele estivesse presente de verdade na guerra. Essa história de que tentaram manter tudo em segredo é papo furado. Aposto que foram eles que "vazaram" a notícia em outros países para que Harry (ou Hurry...) voltasse correndo, mas mesmo assim sendo admirado por seus súditos. Esse negócio de familia real é muito chato...

Eleições na Espanha: você é PSOE ou é PP?

El País preparou um teste para saber em qual ideologia seus leitores se enquadram, aproveitando a disputa principal para as eleições do próximo dia 9. Dependendo das respostas, você será PSOE (Partido Socialista Obrero Español) ou PP (Partido Popular). Clique aqui.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O debate Democrata está derrotando os Republicanos

Ontem vi o correspondente da Globo nos Estados Unidos, Fernando Silva Pinto, dizer que John McCain tinha sido o grande beneficiado pelo debate entre Obama e Hillary Clinton, porque nenhum dos dois tinha atacado qualquer ponto das propostas do candidato Republicano. Pensei: "Engano seu. Tudo que McCain mais queria era ser atacado por qualquer um dos dois... Os Democratas encontram-se em um patamar mais acima, onde McCain gostaria de também estar". Agora há pouco li essa reportagem no site da CNN, Democratic intensity showing up at the polls, que de certa forma confirma os meus pensamentos. Segundo seu autor, John King, o ritmo frenético da disputa dos Democratas está prejudicando o desempenho Republicano. "Mais e mais pessoas declaram que vão votar nas primárias Democratas", diz Eric Rademacher, diretor do Institute for Policy Research na University of Cincinnati. "E quando analisamos nossas votações constatamos que cada vez menos pessoas identificam-se com os Republicanos". E os números são realmente estonteantes: sem contar com os caucuses (assembléias partidárias para escolher delegados), já são 22 milhões as pessoas que votaram nas primárias Democratas, contra 14,1 milhões para os Republicanos. Os Democratas lançaram no espaço eleitoral duas estrelas de primeira grandeza, que enchem os olhos (que andavam sem vida) da maioria americana. Diante deles, McCain parece opaco, como um satélite sem luz própria e muitas vezes sem rumo definido.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

São loucos esses americanos: destróem o Iraque e depois transformam em Blog...

O New York Times lançou hoje o "Bagdad Bureau", um blog sobre Bagdá e seus arredores, uma visão de quem está lá dentro - mas, sem dúvida, a visão de alguém que sempre esteve lá fora. O vídeo da cidade é bom de ver. Mas é cruel pensar que qualquer sucesso que esse blog faça estará na razão (!) direta das barbaridades de Bush e sua turma. Aliás, é sempre bom lembrar, ontem o Iraq Coalition Casualties contabilizou 3.973 soldados americanos mortos desde a invasão.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Eleição americana: a baixaria das percepções

Barack Obama chegou até aqui praticamente sem oposição forte. Ninguém acreditava que ele chegasse tão longe, achavam que seu sucesso teria vida curta, como em tantos outros casos. Mas Obama, um negro, excedeu. Tem chances reais de se tornar o próximo Presidente dos Estados Unidos. E agora, talvez tardiamente, começaram os golpes baixos contra ele. Ontem, tivemos aquela sua foto em roupas que seriam "típicas de muçulmanos", uma aberração para os recentes padrões americanos. Hoje, leio no site "politico" que, "em 1995, a Senadora Estadual Alice Palmer apresentou-o como seu sucessor a um pequeno grupo progressista com influência regional na casa de dois personagens bem conhecidos da esquerda local: William Ayers e Bernardine Dohrn". Aqui eu deveria encher o espaço de exclamações indignadas. Acontece que esse casal ficou nacionalmente conhecido como participante de uma facção extremista dos movimentos contra a guerra nos anos 60. Ah, sim, eles nunca se arrependeram disso, mesmo tendo tido envolvimento com atentados que resultaram em mortes. Mas "não há qualquer evidência de que a relação de Obama com Ayers tenha sido algo mais do que uma amizade casual de pessoas que participam do mesmo círculo político de Chicago e que estão no Conselho de uma fundação da cidade". Apesar de seu passado tido como "terrorista", eles nunca foram condenados e hoje ele é advogado e professor na Universidade de Illinois e ela é professora de Direito na Universidade do Noroeste. Então, por que tudo isso? É que a baixaria eleitoral vai ser construída a partir de pequenas percepções negativas que, acumuladas, formarão a imagem de um Barack Obama aterrorizante, pior do que Bin Laden. Já que não conseguiram derrubar Obama por ele ser negro, tentam dizer que ele é um terrorista muçulmano. Quero acrescentar que, em uma sociedade conservadora como a americana, isso não é muito difícil (lembremos que os "Fradinhos", de Henfil, nunca foram censurados por nossa ditadura, mas foram proibidos em duas cidades americanas - Tulsa e San Antonio - por pressão das comunidades). A sorte de Obama está na escolha de sua estratégia, que possibilitou uma onda positiva cada mais difícil de ser barrada. A oposição a ele terá que construir centenas de percepções negativas para atingir seu objetivo - mas aí já teremos chegado a 2009...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Eleição americana: baixarias e falsas baixarias em alta

Hoje mesmo eu estava dizendo que a campanha de Hillary certamente ia precisar de muito escândalo para frear o momentum Obama. Postei isso às 8 e meia. Menos de 10 horas depois a BBC publicou essa foto de Barack Obama com turbante. A foto, enviada ao site de notícias americano Drudge Report, foi tirada em 2006, em Wajir, no interior do Quênia, durante uma viagem de Obama a cinco países africanos. O Quênia é o Estado natal do pai do senador. As roupas teriam sido um presente dado a Obama por idosos de Wajir. Todos os dedos apontam para a campanha de Hillary Clinton como responsável pela divulgação da foto. O objetivo, óbvio, seria associar Obama a um muçulmano ou, pior, ao muçulmano inimigo nº 1 dos americanos, Osama Bin-Laden. Mas Obama está sabendo rebater muito bem esse tipo de ataque. Transforma tudo em mais um exemplo dessa velha política que domina Washington e que precisa ser mudada. Com isso, intensifica o seu momentum. Do lado Republicano, há dúvidas se a notícia do affair de McCain com a a lobbysta Vicky Iceman foi mesmo baixaria de campanha ou se foi algo estudado para ajudar McCain, uma falsa baixaria. O adversário Huckabee tende a achar que a reportagem do New York Times foi favorável a McCain. Eu, pessoalmente, estou cada vez mais me convencendo de que a notícia realmente foi plantada pela equipe de McCain. Creio que muito provavelmente a sua equipe de contrainformação percebeu que o "escândalo" tinha altíssima chance de chegar ao grande público. Seria melhor que chegasse agora - quando divide atenção com a disputa entre os Democratas - do que nas vésperas da eleição de novembro, quando o estrago seria bem maior.

Futurologia: cofre do fim do mundo ou de um novo mundo?

A Noruega está anunciando a construção de uma Caixa Forte Internacional de Sementes, apelidada de "cofre do fim do mundo". Trata-se de uma joint-venture da Noruega e da ONU e foi construída em uma ilha remota, Svalbard, dentro do Círculo Ártico. A construção teve início há um ano, com o objetivo de abrigar sementes todas as variedades conhecidas no mundo de plantas com valor alimentício. O diretor do projeto, Kerry Fowler, afirmou que a iniciativa visa salvaguardar a agricultura mundial no caso de catástrofes futuras, como guerras nucleares, queda de asteróides e mudanças climáticas. Iniciativa excelente. Mas quero lembrar que uma das previsões de Arthur Clarke ("2001 - Uma Odisséia no Espaço") dizia que o futuro do homem seria sem agricultura. É verdade também - ele mesmo dizia - que nem sempre ele acertou em suas previsões... Leia mais na BBC.

New York Times: Hillary não perde pra ninguém... nesta semana!

Parece que o New York Times resolveu fazer ironia, em reportagem de hoje, quando diz que uma coisa é certa - Hillary Clinton não terá derrotas durante esta semana, simplesmente porque não há primárias (as próximas serão somente no dia 4 de março). Mas na verdade trata-se de uma boa matéria sobre estratégias. Ultimamente, esses períodos longos sem primárias, ao contrário do que se poderia imaginar, não têm reduzido a energia positiva (momentum) de Barack Obama. É após esses períodos que ele tem surgido com resultados surpreendentes. Aos estrategistas de Hillary Clinton resta, como diz um de seus consultores, Harold Ickes, aproveitar essa "pausa" para “checar, frear as técnicas de Obama que estavam sendo ignoradas por nossa equipe" (the pause presents an opportunity beyond the absence of another defeat. It is a chance to counter Obama campaign techniques that Team Clinton has largely ignored. The hiatus is giving us a chance to make deeper penetration with our voter contact). Em primeiro lugar, a campanha Hillary vai proteger o "voto latino", seu grande trunfo até aqui, principalmente no Texas. Vai tentar compensar a falta de dinheiro para comerciais na TV com o fato de Hillary Clinton ser "universalmente conhecida" (o que não basta, apesar de César Maia e outros menos avisados pensarem o contrário). E vai tentar aprender a atuar em caucuses (assembléias partidárias para escolher delegados), ponto forte de Obama e que, no Texas, ocorrem no mesmo dia da primária e escolhem um terço dos "delegados eleitos". O que mais prejudica a campanha Hillary é a possibilidade do voto independente, que está carreando votos até de Republicanos para a emocionante campanha de Obama. A campanha Hillary certamente terá que apelar para muita assessoria de imprensa e muitos "escândalos" para tentar barrar a onda Obama. No momento, as pesquisas mostram média de 8% em Ohio e 3% no Texas favoráveis a Hillary Clinton. São os estados com maior número de delegados em disputa no próximo dia 4 (cerca de 400 delegados nos dois estados).

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Arthur Virgílio disse a frase da semana

"Não estou me comparando com Obama". Essa frase, dita pelo tucano Arthur Virgílio em entrevista no Globo de hoje, pode ser considerada a frase mais desnecessária da história. Ninguém, em qualquer canto do universo, poderia imaginar qualquer possibilidade de comparação. Nem água e vinho são tão distantes. Aliás, eu nem precisava fazer essa postagem...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Eleição 2008: o movimento defensivo de César Maia

Ninguém pode negar que o Prefeito César Maia (DEM, ex-PFL) nos últimos tempos tem estado sob ataque cerrado da mídia, particularmente do grupo Globo. Isso está praticamente inviabilizando as candidaturas defendidas por ele, principalmente de sua pupila, Solange Amaral, candidata a Prefeita do Rio. Sem saber mais o que fazer, César Maia fez um movimento interessante, hoje, através de seu Ex-Blog: difundiu a tese de que o Senador Bispo Marcelo Crivella (PRB) é o candidato secreto de Lula para Prefeito do Rio em 2008. Como ele sabe que a Globo é inimiga feroz do grupo Universal-Record, ele pretende com isso desviar os ataques desferidos contra ele para Lula. Mas os argumentos não são convincentes. Todos sabem que Lula terá no Rio pelo menos 3 candidatos (o do PT - talvez Molon -, Eduardo Paes do PMDB, Crivella do PRB) da base aliada que ele terá que favorecer igualmente. Isso sem contar com as possíveis candidaturas de Wagner Montes (PDT), Jandira (PCdoB) e Carlos Lessa (PSB)...

Meninos, eu vi: a dívida externa não é mais impagável!

Em janeiro/fevereiro de 75, o Grupo dos 24, formado por países-membros do FMI, aprovou o Plano Kissinger-Simon, que em tese seria "um esquema de segurança para ser acionado em casos de emergência nos países industrializados". Era baseado em um fundo de 25 bilhões de dólares (administrado pela OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), formado em sua maior parte pelos depósitos de países produtores de petróleo em bancos ocidentais - os famosos petrodólares. Nessa época, o então Ministro da Fazenda do Brasil Mário Henrique Simonsen reivindicava o direito de nosso país ter uma fatia desse bolo. Mas, de acordo com algumas cláusulas, para participar dos empréstimos, um país precisaria primeiro comprovar déficit global no balanço de pagamentos e que não tivesse reservas suficientes. O Brasil não se enquadrava nesse perfil, já que, apesar de ter déficit de 5 bilhões de dólares, tinha reservas mais ou menos iguais. Claro que as cláusulas iniciais desapareceram logo. Os donos internacionais do dinheiro estavam mais interessados em colocar os petrodólares para circular. Se um país não tivesse dívida externa, que tratasse de ter! E foi o que aconteceu com o Brasil, que mergulhou em uma dívida externa monumental, considerada durante décadas como impagável e principal responsável por uma inflação brutal que solapava nossas energias. Ontem o Governo Lula teve o prazer de anunciar que a dívida não era mais impagável. E mais: com os juros que estão sendo praticados e com nossas reservas crescentes, é melhor continuar fazendo essa "dívida que não é mais dívida". Isso contado 6 anos atrás ninguém ia acreditar.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Eleição americana: a 11ª vitória de Obama foi no exterior

Acaba de sair o resultado das prévias entre os Democratas organizados no exterior (30 países): 65% dos votos para Obama e 32% para Hillary Clinton. São 22 delegados em disputa (valendo meio voto na Convenção cada um), sendo 8 "superdelegados" e 14 "delegados eleitos". Entre os "superdelegados", Obama tem 2, Hillary tem 2 e 4 estão indecisos. Mais detalhes no politicalticker, da CNN.

Vôos secretos da CIA: governo britânico pede desculpas por mentir

O Governo Tony Blair negou sistematicamente que o território britânico tenha sido usado pela CIA em suas operações ilegais de seqüestro de pessoas suspeitas de terrorismo. Mas hoje o Ministro de Relações Exteriores Davi Miliband pediu desculpas à Câmara dos Comuns ao reconhecer que a Central de Espionagem americana utilizou a ilha britânica Diego Garcia, que fica no oceano ìndico, para transferir secretamente prisioneiros suspeitos de terrorismo. O pior é que isso deve ser apenas uma pequena parte das atrocidades bushianas ao redor do mundo. Leia mais no site da BBC e em El País.

Eleição americana: baixaria em alta

Vicki Iseman / NYT As possibilidades dos candidatos vão afunilando e as baixarias vão aumentando - é o que costuma acontecer em campanha eleitoral. Arranjaram agora nos Estados Unidos "um caso" para o candidato Republicano John McCain (71 anos), a lobista Vicki Iseman. Ninguém sabe direito se seria um caso amoroso ou um caso lobista ou os dois. Há quem ache que, em vez de baixaria da oposição, trata-se de esperteza da equipe que quer dar um pouco de sal ao velho McCain. Será? Leia mais no New York Times.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Eleição americana: Obama vence, de Hillary a McCain

Barack Obama venceu nessa terça-feira em Wisconsin e no Havaí, como já se esperava. Em percentuais de votos, aliás, venceu acima do que eu esperava. É sua décima vitória seguida, aumentando a diferença de delegados eleitos sobre Hillary Clinton e, mais que isso, aumentando o astral vitorioso (o momentum, como eles falam por lá). Mas esse ritmo de Barack Obama não pára por aí. Nas pesquisas nacionais, ele abriu 14 pontos de diferença (52 a 38) sobre Hillary e venceria McCain, se as eleições fossem hoje, de 47 a 40. Esses são dados da pesquisa feita entre quarta e sábado passados pela Reuters/Zogby (494 eleitores Democratas de primárias mais 434 eleitores Republicanos de primárias, com margem de erro +/- de 4,5% para Democratas e 4,8% para Republicanos). Agora os olhos de todos estão voltados para a próxima “Superterça” de 4 de março, quando estarão em disputa quase 450 “delegados eleitos” em Ohio, Rhode Island, Texas e Vermont.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Eleição americana: previsão

Vou arriscar um palpite: Obama vai chegar com uns 150 delegados eleitos a mais que Hillary Clinton. Esses palpites não têm grande importância, principalmente feitos de tão longe. Servem para testar um pouco as avaliações que vêm sendo feitas.

Cuba de Fidel dá demonstração de força

Nas últimas décadas, uma das maiores perguntas da política internacional era sobre o que seria de Cuba sem Fidel. Ele acaba de dar a resposta: retirou seu nome da candidatura ao cargo de Presidente do Conselho de Estado e Comandante-chefe, demonstrando que Cuba não precisa dele para continuar o caminho socialista. Nesse sentido, aliás, sua doença foi bem providencial. Permitiu, sem maiores alvoroços, que o mundo tivesse uma amostra do que seria de Cuba sem Fidel. Não houve levante popular nem quarteladas, como desejavam muitos. O povo cubano tem muitas restrições à vida que leva, gostaria de mais oportunidades de consumo, de trânsito mais livre, entre outras coisas, mas não abre mão das conquistas de sua Revolução. Com esse novo momento de "ter Fidel sem ter Fidel", Cuba poderá ter mais tranqüilidade para avançar. No dia em que não tiver Fidel definitivamente, será um dia muito triste, sem dúvida, mas não será o fim do mundo para o povo cubano.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Acho que Lula usou o cartão corporativo para comprar a Oposição...

Não tem outra explicação: a Oposição está a serviço de Lula. Não vejo de outro modo e todos têm de concordar comigo. A Oposição bate, esperneia, usa a mídia, inventa, rebola... e o que acontece? A aprovação de Lula e seu governo cresce sem parar, bate recordes. Só não entendo é como o Ricardo Noblat tem a coragem de afirmar em sua coluna, hoje, que o PSDB é pule de dez para a sucessão de Lula, em 2010. Será que é trocadilho? Pule de 10 quer dizer 10%? Tudo bem que, lá nos Estados Unidos, o Dick Morris, ex-marqueteiro de Bill Clinton, chegou a afirmar com toda a convicção que Hillary Clinton seria a indicada do Partido Democrata. Mas isso foi em 2004 e ele agora pede desculpas pelo engano. Talvez seja o caso de nossa mídia e nossa Oposição também começarem a refletir sobre seus erros... ou reconhecerem que também foram compradas pelo Governo!

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Eleição 2008: as indefinições de São Paulo e do Rio

Em São Paulo, a indefinição dos candidatos a Prefeito parece ser muito mais do noticiário do que dos partidos. Alckmin, Marta e Kassab devem mesmo disputar com chances de vitória. É verdade que as chances estão mais próximas de Alckmin e Marta do que de Kassab, segundo a Pesquisa Datafolha divulgada hoje. Alckmin tem 29%, Marta 25%, e Kassab 12%. Na simulação de segundo turno, Alckmin vence tanto um quanto outro, Marta vence Kassab e este, obviamente, não vence nenhum nem outro. Parece que vai ser mesmo a velha disputa PT x PSDB. No Rio, há três pontos de indefinição: 1) o PMDB terá candidato próprio? 2) Quem será o candidato do PT? 3) Qual o papel de Wagner Montes, do PDT? O atual Prefeito aposta tudo na aliança de seu DEM (ex-PFL) com o PMDB, sob o patrocínio do ex-Governador Garotinho (PMDB) e do Deputado Picciani (PMDB). Mas o Governador Sérgio Cabral (PMDB) não aceita de forma alguma a aliança e pretende lançar Eduardo Paes (ex-pupilo de César Maia e hoje tido como inimigo). De fato, essa aliança só interessa ao DEM, que com ela pode anular a força do PMDB (o maior partido do Estado) e tentar a sorte com Solange Amaral. Dizem que o interesse do Deputado Picciani é colocar o seu filho, o Deputado Federal Leonardo Picciani, como Vice de Solange. Mas ao PMDB nada pode interessar, nem mesmo a contrapartida de alianças em outros municípios, onde o DEM é completamente desprovido de voto. No lado do PT, a saída do Deputado Federal Edson Santos (virou Ministro) da disputa teria facilitado as coisas para o pré-candidato Deputado Alessandro Molon, mas ao mesmo tempo estaria reacendendo a disposição de Benedita da Silva para disputar a eleição, seu velho sonho. E por último temos o caso do Deputado-Apresentador de TV Wagner Montes, que lidera as pesquisas, seguido de perto pelo Senador-Bispo Marcelo Crivella. Dizem que a candidatura dele não é pra valer, que ele será Vice de Crivella ou de Molon ou que não se candidatará a nada. Ele corre em faixa bem popular, tirando votos de Crivella (mas não precisa ser seu Vice para devolver os votos, basta ficar de fora). Não é uma candidatura forte - apesar de liderar -, mas pode atrapalhar os planos de muita gente. Nesse quadro, apostar na vitória de quem quer que seja seria insanidade. Só nos resta aguardar as negociações entre os caciques.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Eleição americana: "desapareceram" votos para Obama em New York

O New York Times apurou que em algumas zonas de New York as urnas deram "voto zero" para Obama - apesar da região ser predominantemente negra (o Harlem, por exemplo). Diz o jornal que as eleições em New York sempre foram pontuadas por confusão, incompetência e até ocasional corrupção ("The history of New York elections has been punctuated by episodes of confusion, incompetence and even occasional corruption. And election officials and lawyers for both Mr. Obama and Mrs. Clinton agree that it is not uncommon for mistakes to be made by weary inspectors rushing on election night to transcribe columns of numbers that are delivered first to the police and then to the news media"). As autoridades procuram consertar o "engano". Como diz o Ancelmo, deve ser horrível viver em um lugar... deixa pra lá.

Barack Mandela?

O Editor Executivo do New York Times está comparando o candidato Democrata Barack Obama a Nelson Mandela. Ele teria certa autoridade para isso, já que cobriu a campanha presidencial sulafricana de 94 e acaba de escrever "Tree Shaker - The Story of Nelson Mandela", uma biografia considerada muito boa (leia resenha aqui). Há quem ache exagerada a comparação, mas parece que ele faz isso com os devidos cuidados. Em entrevista em podcast do NYT, ele diz que Barack Obama é fascinante e, como Mandela, tem determinação e sentido de história. Além disso, ambos se colocam acima da questão racial, sem deixarem de ser claramente negros.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A greve do IPTU e as eleições

Ontem, um pré-candidato a Vereador, no Rio de Janeiro, me fez consultas sobre as suas chances eleitorais. Falou de sua participação em movimentos de indignação popular contra a desordem urbana e falou sobre a bandeira de não-pagamento do IPTU. Aconselhei a não apostar muito mais nessa história isoladamente. Todo mundo vai começar a pagar suas prestações e daqui a pouco o IPTU será uma bandeira vazia. Hoje, comprovando o que eu disse, o Ex-Blog do Prefeito César Maia dá os números do IPTU deste ano, prevendo recordes no pagamento e mostrando a migração de boa parte dos contribuinte do pagamento à vista para o parcelado. Mas o seu Ex-Blog confirma também outra previsão minha, feita aqui, no mês passado, a de que a campanha tem efeito político comprovável. Diz ele: "Responderão errados os que imaginam que a mídia não tem influencia. Tem sim, e as sondagens de opinião freqüentes, que o Ex-Blog tem tido acesso, mostram que teve, no episódio. Mas não no pagamento do IPTU". Disse eu neste Blog, em 16 de janeiro (César Maia e a greve do IPTU): "com certeza, a grande maioria dos contribuintes - principalmente os de faixa de renda inferior e os que alugam imóvel - não vai fazer greve, vai preferir pagar a sua contribuição mensal. A questão não é de números, é de imagem. A "greve do IPTU" coloca em evidência - e cada vez cristaliza mais - um lado "politiqueiro" e "mau administrador" do Prefeito César Maia. E isso acontece exatamente no terreno preferencial de César Maia - a classe média carioca". A greve do IPTU, portanto, não fez mal aos cofres, mas fez mal à urna. Texto completo da nota de César Maia:
ARRECADAÇÃO DO IPTU: 2008 x 2007! 1. Em função das insistentes perguntas sobre a arrecadação do IPTU em 2008 comparada com 2007, esse Ex-Blog informa aqui, todos os dados -dia a dia- até o dia 11 de fevereiro. A rede bancária repassa os dados para a prefeitura com três dias de defasagem. 2. Em 2007 -de 1 de janeiro a 11 de fevereiro- a arrecadação do IPTU alcançou 596.697.241 reais. Em 2008 -de 1 de janeiro a 11 de fevereiro- a arrecadação do IPTU alcançou 589.272.200,96 reais. Ainda faltam 10 dias em fevereiro de 2008 contra 8 dias em fevereiro de 2007. E ainda faltam também 129 mil carnês, dos cancelados, que serão pagos somente nos dias 5 e 6 de março. 3. Projetando até o final de fevereiro, mês completo, a arrecadação de 2008 certamente superará a de 2007. O único efeito em 2008 é ter tido uma proporção de pagamentos parcelados maior que os parcelamentos de 2007. Provavelmente porque a taxa de desconto foi menor: 7%, e não 10% como em 2007. O efeito boicote do IPTU foi quase desprezível, quando muito pode ter chegado a 1 milhão de reais ou 0,1%. 4. Por que todo este movimento induzido e estimulado pela imprensa não resultou ? Responderão errados os que imaginam que a mídia não tem influencia. Tem sim, e as sondagens de opinião freqüentes, que o Ex-Blog tem tido acesso, mostram que teve, no episódio. Mas não no pagamento do IPTU. 5. O problema é que o tema escolhido cometeu um equivoco, pois não levou em conta a racionalidade econômica dos contribuintes. Eles conversaram entre si, a própria imprensa divulgou em box, os efeitos do não pagamento. Os contribuintes sabem que o IPTU é o único imposto que é pago de qualquer maneira, pois é garantido pelo próprio imóvel. Como era de se esperar prevaleceu a racionalidade econômica. Essa é uma boa informação para aqueles economistas que ainda duvidam dela. 6. Clique abaixo e conheça -dia a dia- os pagamentos de IPTU em janeiro e em fevereiro de 2007 e 2008. http://spreadsheets.google.com/ pub?key=pNCAfBhSzPKKClGllVzfMPg

O bolchevismo pós-moderno da Bolívia

Na sua passagem algo inflamável pelo Brasil, o Vice-Presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, teve oportunidade de dar palestra para os jovens diplomatas do Instituto Rio Branco, em Brasília. Linera (que desde 2005 aposta na harmonização das duas correntes revolucionárias bolivianas, a "indianista" e a "marxista", talvez substanciada através dele e Morales) declarou que se está chegando ao fim da curva da crise cíclica histórica de exclusão indígena (algo assim). Demonstrou boa informação intelectual, com citações clássicas de Hegel, Gramsci, etc., e dividiu opiniões da platéia, parte admirando-o e parte achando-o um pouco arrogante. Mas o mais curioso foi sua autodefinição de "velho bolchevique pós-moderno".

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Que mal César Maia fez à mídia?

Na minha opinião, César Maia (DEM, ex-PFL) é um político incansável, apaixonado pelo que faz. Mas ao mesmo tempo tenho a sesação que ele cansou de administrar a cidade do Rio de Janeiro (o Blog do Mello costuma tratá-lo como "ex-prefeito ainda em exercício"). Depois de 16 anos de envolvimento direto ou indireto com a cidade, ele se mostra, no mínimo, mais descuidado com a ordem urbana. É isso que sinto. Ou será que isso é apenas influência da mídia local? As Organizações Globo estão em campanha intensa contra sua administração. Na maioria das vezes parece até que eles têm razão no que divulgam, mas algumas vezes parece que estão com pirraça (se é que existe isso em política...). Obviamente, em começo de ano eleitoral, quando César Maia procura loucamente emplacar seu sucessor, essas reportagens têm efeito devastador. E ninguém entende direito porquê. Hoje, em seu Ex-Blog, de forma muito velada, ele parece que tenta mostrar o motivo (ou um dos motivos) da campanha contra. A propósito da recente reportagem do Globo mostrando os custos descabidos da Cidade Música (menina dos olhos do Prefeito e que será inaugurada nas vésperas da eleição), César Maia faz comparações entre os gastos de publicidade dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo e também das prefeituras do Rio e de São Paulo. De 2005 para cá, a Prefeitura do Rio não gastou um centavo com publicidade. Diz ele que economizou mais de 600 milhões de reais - o que daria para pagar uma vez e meia a Cidade da Música. Será que com isso César Maia está insinuando que não "compra" mais a mídia? Vejam o seu texto:
A LCR, EMM, MBM, HS, RBF, LM, VF, ACA e MR; GASTOS EM PUBLICIDADE NOS JORNAIS, RÁDIOS E TVs!
1. Se tomarmos os grandes estados e cidades como Estado do Rio, de S. Paulo, Prefeituras como de SP e BH, etc... Os gastos com publicidade empenhados por ano oscilam entre 60 milhões de reais e mais de 100 milhões de reais. Vamos usar como média 80 milhões de reais por ano. O governo federal é difícil somar, pois há gastos de publicidade do governo e das estatais, há promoções e patrocínios que também são propaganda. Mas por ano, no mínimo dos mínimos, com todos os fatores de segurança, alcançam por ano uns 2 bilhões de reais.
2. A Prefeitura do Rio nos anos da atual administração, primeiro e segundo governos, gastou muito pouco: uns 2 milhões por ano. Na terceira administração, que começou em janeiro de 2005, decidiu não gastar mais um tostão. Nem agencia de publicidade tem. Se compararmos com aquela media de 80 milhões empenhados por ano, que num período de governo alcançam 320 milhões de reais, no atual terceiro governo da Prefeitura do Rio, foram economizados 320 milhões de reais. Se tomarmos estas duas administrações seguidas, lembrando que na primeira de 2001 a 2004 foram gastos 2 milhões por ano ou 8 milhões nos 4 anos, teremos 8 milhões + zero = 8 milhões de reais.
3. Analisando os 320 milhões por governo daquelas administrações que aplicam em publicidade, teremos que elas aplicam 640 milhões de reais de 2001 a 2008. A prefeitura do Rio, não aplica mais nada em publicidade e de 2001 a 2004 foram só 8 milhões de reais. Ou seja, a prefeitura do Rio economizou, comparando com aqueles governos estaduais e municipais, 640 - 8 ou 632 milhões de reais neste período.
4. Deu para pagar a Cidade da Musica toda e ainda sobraram uns 200 milhões de reais para outras obras.

CPIs estão fazendo mal à democracia

Toda Oposição faz oposição, claro. É para isso que existem e é assim que funciona a democracia. São representantes de pensamentos e interesses opostos à conduta da maioria que ocupa o Governo. É através desses conflitos que a democracia se fortalece e afirma a qualidade do ser humano – afinal, como mais ou menos diria Parmênides, o caminho do ser humano é o caminho do ser e não ser ao mesmo tempo. Tudo muito bem, muito bonito, mas como é que funciona mesmo? A Oposição, naturalmente, quer abandonar o papel que tem. Ela não se restringe a fazer valer seu pensamento mantendo-se na oposição. Ela quer, com todo direito, trocar de lugar, e é aí que as coisas acabam se complicando um pouco. Primeiro, porque nem sempre a simples troca significa renovação e avanço (mas faz parte do jogo). Segundo, porque o grupo que faz o papel de Oposição costuma fixar-se muito mais no troca-troca do que em opor pensamentos e ações capazes de contribuir para uma sociedade melhor. Vejamos o exemplo das CPIs, que em princípio seriam excelente instrumento de fiscalização, de investigação e de aperfeiçoamento dos governos. Elas acabaram se transformando apenas em palanque eleitoral. Mais do que para investigar e fiscalizar, os políticos usam as CPIs para ganhar visibilidade e uma percepção positiva com fins eleitorais. Em função disso, qualquer coisa justifica uma CPI escandalosa. Reforma política? Quem vai perder tempo com isso? Mais importante é saber por que o Ministro dos Esportes gastou 8 reais com tapioca. Não digo que não se deva investigar e condenar o mau uso de cartões corporativos ou o que seja. Mas não se pode é transtornar a vida pública durante meses com fins meramente eleitoreiros. Dá pena ver tanta gente bem formada (e bem remunerada) entregue ao dia-a-dia de uma política menor. Tanto para propor, tanto para investigar, tanto para fazer, e os partidos em busca de escândalos para poder crescer em ano de eleições. Esses políticos deveriam ter um pouco mais de respeito com a democracia.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Eleição americana: a estratégia Barack & White

Quando Barack Obama declarou que não existe “uma América dos negros” nem existe “uma América dos brancos”, o que existe são “os Estados Unidos da América”, ele estava dando o arremate final a uma discussão interna que vinha pelo menos desde 2006. Foi em novembro daquele ano que Obama reuniu pela primeira vez amigos e conselheiros em um brainstorm que serviria de guia para sua campanha (ler mais no texto de Jim Wilson para o New York Times). Desde então decidiu-se que a questão racial não poderia ser o foco. E o maior trabalho de Obama talvez tenha sido o de conter seus assessores brancos e negros longe da discussão. Durante esse tempo todo ele teve habilidade suficiente para driblar as armadilhas que foram postas no seu caminho. Por ele ser negro e pelo exemplo de outras candidaturas negras, acreditava-se que faria de sua candidatura um baluarte da luta dos "irmãos". A grande prova de que ele fez a opção certa foi logo na primeira prévia, em Iowa, onde teve vitória surpreendente, apesar do eleitorado de maioria branca. Ele não falou explicitamente sobre raça, nem fez aparições públicas em igrejas de negros. Na verdade, ele não precisou disso para também crescer no eleitorado afro-americano. Seus adversários tentam marcá-lo como um político sem posições definidas, porque estão frustrados com o fato de não ter sido apenas mais um radical negro. Talvez o fato de seu principal estrategista, David Axelrod, ter uma longa experiência em campanhas de candidatos negros tenha ajudado bastante. Afinal, Axelrod foi um dos responsáveis pela eleição do terceiro Senador negro americano desde a Reconstrução (1863-1877): o próprio Barack Obama.

Eleição americana: Obama totalmente na frente

Barack Obama venceu facilmente nas primárias americanas da região do Rio Potomac - estados de Maryland e Virgínia e também o Distrito de Columbia (Capital Federal), onde chegou a ter 75% dos votos! Com isso, passou a ter 1.215 delegados totais, contra 1.190 de Hillary Clinton. Além de ganhar boa folga em número de delegados eleitos (1.059 a 156), Barack Obama conseguiu diminuir a diferença em superdelegados (tem 156 contra os 234 de Hillary). Claro que isso ainda não significa vitória final, mas está cada vez mais difícil barrar o avanço de Obama. Mesmo alguns superdelegados já começam a trocar de lado.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Genuinely hilarious

Encontrei esse vídeo com o pré-candidato Republicano John McCain no excelente TPM (Talking Points Memo), blog de Joshua Marshall. Mas antes de ver o vídeo veja o original de Obama (Yes we can), aqui mesmo neste Blog.

Eleição americana: fraude em Washington

O candidato mais conservador do Partido Republicano, Mike Huckabee, resolveu put the mouth on the world: está contestanto os resultados eleitorais do caucus no estado de Washington, onde foi declarado derrotado por poucos votos (menos de 300 votos). Segundo a Reuters, em reportagem de David Morgan, "o comitê de campanha de Huckabee disse estar estudando a adoção de medidas jurídicas para assegurar a contagem integral dos votos de sábado após resultados finais dúbios". O próprio Huckabee teria afirmado em entrevista ao programa Today Show, da NBC: "Desejamos garantir uma eleição justa ali. E não temos certeza de que houve realmente justiça naquele caso". As autoridades do Partido Republicano teriam parado de contar os votos quando 87 por cento do total haviam sido apurados. McCain liderava por 242 votos de um total de cerca 12 mil naquele momento. Por volta de 1.500 votos não teriam sido apurados, afirmou o comitê de campanha de Huckabee. O mundo inteiro já está familiarizado com as maracutaias eleitorais americanas, popularizadas a partir da primeira eleição (argh!) de Bush. Mas parece que agora virou coisa do dia-a-dia na política americana.

Eleição americana: o superdelegado posto em questão

O sistema de prévias eleitorais americano está xeque, pelo menos entre os Democratas. Barack Obama, que vence Hillary Clinton no número de "delegados eleitos", questiona o papel dos "superdelegados". Obviamente Hillary Clinton, que precisa dos "superdelegados" para vencer no número total de delegados, defende a importância do seu papel atual. “Se Obama insistir em se posicionar contra o papel histórico dos "superdelegados", eu irei em busca do apoio do Senador Kennedy e do Senador Kerry”, ironizou a candidata (CNN Political Ticker). Acontece que os "superdelegados" são escolhidos entre os Democratas que são membros do Congresso, governadores, membros do comitê nacional do partido e grandes lideranças, como ex-presidentes e ex-vice presidentes. O Senador Ted Kennedy e o Senador John Kerry (aliados de peso de Barack Obama), é claro, são "superdelegados". No confuso sistema americano, o "superdelegado" não é obrigado a indicar a sua preferência por este ou aquele candidato. Da mesma forma, o "delegado eleito" (que, em pequena parte, é escolhido pela máquina partidária regional) não está atado ao compromisso de votar no candidato que obteve votos que o fizeram "delegado" (por causa disso, o candidato tem direito de checar a lista dos "delegados eleitos" e eliminar aqueles em que não confia). É difícil imaginar qualquer mudança no sistema. Ao colocar a questão em foco, o que Barack Obama pretende, acredito, é deixar os "superdelegados" em posição incômoda para o caso de pretenderem votar contra a vontade dos eleitores Democratas. É uma situação que só serviria para fortalecer o candidato Republicano, porque poderia frustrar o eleitorado Democrata. Nota: os Republicanos têm outra nomenclatura - são simplesmente os "delegados compromissados" (pledged) e os "não-compromissados" (unpledged), que podem ser eleitos e escolhidos. Entre os "unpledged", há uma minoria reservada para a alta hierarquia partidária, que forma o grupo conhecido por RNC (Comitê Nacional Republicano). Mais detalhes no site da CNN.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Eleição americana: 0 x 0

Está sendo um fim de semana de horror para os até agora líderes nas disputas pela indicação para a eleição presidencial americana deste ano. No lado Republicano, McCain, com indicação praticamente assegurada (já tem 60% dos delegados necessários para a indicação), tem que continuar medindo forças com Huckabee - que todos achavam completamente fora do páreo. Acontece que Huckabee resolveu demonstrar que ele, sim - e não Romney -, é o verdadeiro nome conservador. Mais que isso, acaba de vencer o líder McCain na Louisiana e Kansas e perdeu por pouco em Washington. Isso significa muito mais trabalho e negociação para McCain. No lado Democrata, as coisas ficaram bem complicadas para Hillary. Ela acaba de perder em três estados e nas Ilhas Virgens e já está bem atrás de Obama no número de delegados eleitos (ela tem cerca de 30 delegados a menos). É verdade que ela compensa com os superdelegados, o que lhe dá a dianteira de 1.100 a 1.039 no total de delegados. Isso pode levar a uma situação problemática na convenção do Partido Democrata: o "ronco da rua" (expressão de Elio Gaspari na sua coluna de hoje) indicando um nome e a máquina partidária querendo outro. Nesse caso, qualquer que fosse a decisão final seria arriscada. Mas, com certeza, nadar contra a maré será pior. Nota: boa a matéria de Marilia Martins para o Globo de hoje sobre o papel da imprensa na cobertura das prévias ("Benevolente com Obama, crítica com Hillary"). Ela fala de "uma diferença fundamental entre a opinião oficial dos órgãos de comunicação e o trabalho de seus repórteres". Ela não fala, mas é bem provável que os repórteres tenham sido contaminados pelo fervor das ruas. Veja parte da matéria:
Benevolente com Obama, crítica com Hillary Imprensa dos EUA parece ter preferências na disputa democrata, mas até repórteres divergem de editores.
Para quem torce a mídia? Barack Obama tem uma resposta: “Hillary Clinton, a candidata preferida do establishment.” É verdade que nas coberturas de Fox News e CNN, o noticiário costumava se referir a Obama como “o desafiante”. Foi assim também que ele apareceu na capa da “Time”. Mas, para estudiosos que observam e estudam órgãos de comunicação nos EUA, a resposta não é tão simples assim. É o que pensa Mark Miller, professor do Departamento de Comunicações da New York University, e autor do livro “Fooled Again: The Real Case for Electoral Reform”.
— A situação é complicada.
Por um lado, a mídia entronizou Barack Obama, tratando-o sempre como um Deus, raramente apontando suas fraquezas, suas evasivas ou mesmo minimizando suas ambíguas conexões.
Tem havido uma forte tendência a destacar o poderoso efeito emocional que Obama exerce sobre seus eleitores e simpatizantes enquanto que o tratamento dado a Hillary é bem mais duro, às vezes até cínico, como quando ela chorou emocionada com a pergunta de uma eleitora em New Hampshire e muitos tentaram mostrar que usava as próprias lágrimas como estratégia — diz Miller.
Ele aponta, porém, uma diferença fundamental entre a opinião oficial dos órgãos de comunicação e o trabalho de seus repórteres. O “New York Times”, por exemplo, manifestou apoio a Hillary em editorial enquanto um de seus concorrentes, “The New York Sun”, preferiu Obama, assim como o “Chicago Tribune”. E, mesmo apoiando Obama, o “Chicago Tribune” vem publicando matérias investigativas sobre as relações do candidato com um dos doadores de sua campanha, o empresário Tony Rezko, que responde na Justiça a acusações de fraude e de lavagem de dinheiro. Segundo Miller, para os acionistas das grandes corporações de mídia não há grande diferença entre Obama e Hillary no que se refere à plataforma. Mas há sim maior simpatia por Obama, sobretudo na grande imprensa, e isto se deve a outra razão: — Repórteres e produtores de TV têm muito medo de parecerem racistas — diz. A maior simpatia por Obama, no entanto, não pode ser por demais explícita e, por isto, Miller acha que Hillary também teve alguns dos episódios negativos de sua campanha minimizados pela mídia, o que rendeu dividendos eleitorais a seu favor.
— Hillary teve alguns escândalos abafados. O casal Clinton apoiou e incentivou uma série de artimanhas, algumas judiciais, para reduzir o comparecimento dos eleitores ao caucus em Nevada. As artimanhas foram tão evidentes que Obama chegou a denunciá-las. Mas, outra vez, a mídia logo abafou o caso, depois da vitória de Hillary no estado. Isto mostra que, para a direção editorial dos órgãos de mídia, é indiferente que Obama ou Hillary sejam indicados pelo Partido Democrata. A maioria, aliás, define esta competição como “eletrizante” e já transformou as prévias num espetáculo nacional — avalia Miller.
Outro especialista em estudos de mídia da New York University, Charlton McIlwain, concorda que a mídia vem tentando equilibrar as atenções entre os democratas, especialmente quando tematiza a disputa entre “gênero e raça”. McIlwain, que é negro, acredita, porém, que Obama tem recebido mais atenção pelo fato de ser o primeiro negro a ter chances reais de ganhar a indicação do partido: — Não há preferência explícita por um candidato. As pautas têm, inclusive, explorado muito bem esta disputa entre “a primeira mulher presidente” e “o primeiro negro presidente”.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

What a shame...

Site BBCDeu pena ver. Camden foi um lugar gostoso de conhecer.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Eleição americana: o jogo dos debates

A queda de braço que acabou de acontecer entre Hillary Clnton e Barack Obama foi em torno do número de debates que os dois farão até 4 de março (quando ocorrem as primárias de Ohio, Rhode Island, Texas e Vermont). Hillary quer cinco debates. Obama só concorda com dois. A desculpa que ele deu foi a de que precisa correr atrás de votos. Mas, na verdade, ele precisa correr atrás da emoção. O debate entre eles necessariamente tem que ser cheio de não-me-toques (eles têm que evitar a guerra total, para não entregar de vez o ouro ao McCain), e isso destrói o ponto forte de Obama, que é a vibração, a participação intensa de sua militância e de seus simpatizantes. Hillary obviamente quer pôr água nessa fervura. E mais: ela está com problemas de finanças e fazer muitos debates seria uma forma de avançar sem gastar muito. Obama ganha o debate se não participar. Amanhã, dia 9, é dia de primárias na Louisiana e de caucuses no Nebraska e no estado de Washington, além das Ilhas Virgens. Outra etapa decisiva, com 204 delegados em jogo.

Eleição americana: que ninguém se iluda, os conservadores votarão em peso em McCain

Com o abandono de Romney e a disparada de McCain, começou o maior diz-que-me-diz entre os mais conservadores do Partido Republicano. Dizem eles que não votarão em McCain, porque ele é liberal demais. Papo furado. Pode ser que um ou outro não se envolva tanto na campanha, mas todos preferem infinitamente votar em McCain a ver Obama ou Hillary na Casa Branca. O que parece que realmente está havendo é uma espécie de chantagem para forçar um nome ultraconservador como candidato a Vice. Provavelmente o próprio Romney, mas pode ser também Huckabee. Política é a mesma coisa, em tudo que é lugar.

Sem mensalão, sem recessão e sem apagão, Oposição apela para o cartão

Às vezes sinto uma espécie de pena desses combativos militantes da Oposição. Eles não conseguem emplacar nada na vida. O mensalão, o grande momento que eles viveram, não pôde se transformar em vitória eleitoral. Pior: contribuiu para desgastar as CPIs e a imagem de todos os políticos - inclusive os que militam em suas hostes. Passaram a apostar em um baixo crescimento econômico do país, pediram ALCA, berraram para que o Brasil deixasse de ser BRIC, mobilizaram toda a imprensa contra a política econômica vigente - e o Brasil acabou transformando-se em exemplo para o mundo. Depois lançaram seus holofotes sobre o atraso nas chuvas e juraram que estávamos prestes a viver um apagão, nos moldes daquele patrocinado pelo Governo Fernando Henrique. As ações preventivas do Governo garantiram tranqüilidade durante a seca e a chegada da chuva funcionou literalmente como uma ducha de água fria nas pretensões oposicionistas. Quando tudo já tinha ido por águas abaixo, surgiram as compras malucas do cartão corporativo do Governo. Era o copo d'água que a Oposição esperava para fazer sua tempestade. Mas foram com tanta sede ao pote que não perceberam que o feitiço pode virar contra o feiticeiro. Ao mesmo tempo em que o Governo agia com rapidez e transparência, foram surgindo comparações que mostram o telhado de vidro da Oposição. No Governo Fernando Henrique, por exemplo, não havia a mínima transparência sobre o uso do cartão corporativo e o abuso poderá ter sido imenso. No Governo de São Paulo, tucano, descobriu-se que no ano passado o uso do cartão corporativo alcançou um valor cerca de 50% superior ao da União! Pior: quase a metade foi em saque, o que dificulta a transparência do uso. Apesar disso, a Oposição ainda sonha em obter dividendos de uma CPI do Cartão. Mas acho que ela vai acabar recebendo cartão vermelho...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

iBest: declaração de voto

Votei no Blog do Mello para o Prêmio iBest (blog, política). Em primeiro lugar porque é o melhor blog de indignação. Além disso, é um guerreiro solitário e dedicado, sem estrutura apropriada, sem apoio. Sério e coerente. E também porque é meu amigo. (brincadeira...)

O avião de papel ganha o espaço

Os aviões de papel, quem diria, começaram a entrar no futuro das viagens espaciais. O professor Shinichi Suzuki, junto com sua equipe da Universidade de Tóquio, desenvolveu um aeroplano de papel tamanho de bolso. A idéia é que agora a NASA leve centenas desses aviões (desenhados pela Asociação Aeronáutica de Origami) no próximo vôo à Estação Espacial Internacional para depois lançá-los em direção à Terra. O objetivo seria obter dados importantes para o desenho de veículos espaciais do futuro. A notícia - que parece mistura de aventura de Flash Gordon com aqueles aviões do Metropolis de Fritz Lang - pode ser lida com mais detalhes no El País.

YES WE CAN

Will.I.Am Yes We Can Lyrics Featuring: John Legend Lyrics, Kate Walsh, Scarlett Johansson. It was a creed written into the founding documents that declared the destiny of a nation. Yes we can. It was whispered by slaves and abolitionists as they blazed a trail toward freedom. Yes we can. It was sung by immigrants as they struck out from distant shores and pioneers who pushed westward against an unforgiving wilderness. Yes we can. It was the call of workers who organized; women who reached for the ballots; a President who chose the moon as our new frontier; and a King who took us to the mountaintop and pointed the way to the Promised Land. Yes we can to justice and equality. [Yes We Can lyrics on http://www.metrolyrics.com] Yes we can to opportunity and prosperity. Yes we can heal this nation. Yes we can repair this world. Yes we can. We know the battle ahead will be long, but always remember that no matter what obstacles stand in our way, nothing can stand in the way of the power of millions of voices calling for change. (We want change.) We have been told we cannot do this by a chorus of cynics…they will only grow louder and more dissonant ……….. We’ve been asked to pause for a reality check. We’ve been warned against offering the people of this nation false hope. But in the unlikely story that is America, there has never been anything false about hope. Now the hopes of the little girl who goes to a crumbling school in Dillon are the same as the dreams of the boy who learns on the streets of LA; we will remember that there is something happening in America; that we are not as divided as our politics suggests; that we are one people; we are one nation; and together, we will begin the next great chapter in the American story with three words that will ring from coast to coast; from sea to shining sea: Yes We Can.

Eleição americana: somente Obama pode derrotar McCain

Outro dia vi um trecho daquele programa, Manhattan Connection (gosto muito do Lucas Mendes, que me deu boas dicas quando fui jornalista em Nova York), e vi o Diogo Minardi prevendo que a final na disputa americana será entre Hillary Clinton e John McCain, com vitória garantida do Republicano. Foi um pouco na base do palpite, um pouco na base do desejo. Mas acho que em parte ele está certo. Se a final for essa, McCain tem boas chances de vencer, apesar da grande rejeição do Republicano Bush e de os Democratas terem maioria no Congresso. McCain é um pouco Bush, livre da imagem negativa de Bush. Defendeu o aumento da presença americana no Iraque, mas ao ao mesmo é considerado um liberal entre os conservadores. Tem a aura de herói da guerra do Vietnã e, por ser mais liberal, além dos votos conservadores do partido, terá a chance de conquistar votos independentes. Acima de tudo isso, se ele for mesmo enfrentar Hillary, terá a seu favlor a desmobilização do eleitor Democrata que tinha acordado. Esse é o risco que os Democratas correm. Se Hillary vencer as prévias, o partido perderá o fervor e o vigor que Obama trouxe para as ruas. Esse novo eleitor, vibrante, jovem, multirracial, aguerrido, de todos os matizes, dificilmente terá a mesma disposição para defender Hillary que está tendo na campanha de Obama. Todos os candidatos dizem que representam mudança. Mas somente Barack Obama encarou isso como sua razão de ser, de tal modo que, mais que qualquer um, ele muitas vezes substitui na propaganda o próprio nome pelo conceito (Change). Uma frustração com a derrota de Obama poderá ser a prioncipal arma Republicana.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Eleição americana: Obama está no páreo e ainda pode ganhar

A Superterça acabou não surpreendendo tanto. Exceto talvez pelas pesquisas que deram vitória de Barack Obama na Califórnia (onde ele ficou com pouco mais da metade do que teve Hillary). Apesar da vitória de Hillary nos maiores colégios eleitorais, ela só está à frente de Obama por causa dos delegados não comprometidos com os resultados eleitorais. Ou seja: ainda vai ter muita disputa entre eles. Alguns analistas acreditam que a disputa prolongada favorece Obama. Pode ser. Mas acho que, principalmente, é ruim para os Democratas, que tiram forças um do outro. Entre os Republicanos, está praticamente confirmado o nome de McCain, que já conta com mais da metade dos delegados necessários. É um resultado muito ruim para os Democratas, porque reduz os atritos entre os Republicanos e porque o escolhido é mais liberal do que conservador, dificultando a batalha final.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Eleição americana: ainda sobre a Superterça

Recebi alguns comentários em minha postagem sobre a Superterça das eleições americanas e quero responder alguns deles aqui:
  1. Falei que as primárias e caucuses de amanhã ocorreriam em 22 estados (mais os eleitores no exterior) para os Democratas e 21 estados para os Republicanos e o Bruno Hoffmann disse que seriam 24 estados. Acontece que nem sempre haverá eleições nos mesmos estados para os dois partidos. Bruno está certo no total de estados, mas os números que apresentei estão corretos. Em 19 estados, haverá eleições para os dois partidos. Mas no Novo México, Idaho e Kansas, só haverá para os Democratas, enquanto West Virginia e Montana só terão eleições para os Republicanos.
  2. Pode ser, realmente, que a Superterça não defina o candidato Democrata. E acredito até que Barack Obama pode conquistar mais delegados (já está na frente), mas tem que compensar os superdelegados que estão na base de 2:1 a favor de Hillary.
  3. Também não gosto da postura de Hillary, mas acho que ela se sai melhor para o público americano. Gosto mais do jeito de Obama, mas ele não se posicionou bem (não falo de conteúdo) no debate.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Segurança: a crise da PM do Rio

Boa reportagem de Elenilce Bottari e Vera Araújo no Globo de hoje com depoimentos de especialistas em segurança pública:
Especialistas: crise na PM está longe do fim. Estudiosos criticam a radicalização de posições de oficiais e de representantes do governo. Especialistas em segurança pública e policias militares temem que a crise que provocou a queda do comandantegeral de Polícia Militar do Rio e de seus principais assessores ainda não tenha chegado a seu ápice. Segundo eles, cresce na própria tropa um sentimento de desilusão com a farda. Para eles, o momento é de negociar e esta negociação precisará passar obrigatoriamente por melhorias salariais e pelo saneamento da instituição. Coronel da Polícia Militar e doutor em ciências sociais pela Uerj, o professor Jorge da Silva afirmou que a polícia vive hoje “a crônica de uma crise anunciada”: — Nós somos treinados para respeitar a disciplina e a hierarquia, mas não se pode usar esses instrumentos para negar direitos. O estado deve exigir do policial a obediência, mas precisa em contrapartida dar instrumentos para que ele possa trabalhar com dignidade. E esses instrumentos passam por melhorias salariais e por melhores condições de trabalho. A verdade é que a polícia está morrendo muito e produzindo muitas vítimas sem necessidade. Coronel diz que debate não pode virar questão pessoal A atual crise na PM é semelhante à que aconteceu em 1980, quando jovens oficiais fizeram um cerco ao Palácio Guanabara. Os personagens também são os mesmos: os jovens oficiais de 80 são hoje integrantes do Grupo dos Barbonos. Segundo Jorge da Silva, a crise ganhou tom pessoal quando os Barbonos se isolaram e o movimento chegou a exigir a exoneração do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame: — Agora estão falando em traidores. A questão não deve ser tratada como pessoal. A pergunta é: como você pode ter no mesmo estado duas polícias fazendo a mesma coisa e uma ganhando mais que a outra, se os riscos são os mesmos? Segundo Jorge da Silva, Beltrame foi infeliz ao questionar se os policias militares estariam merecendo ganhar mais e se eram confiáveis: — Será que o secretário está afirmando que a Polícia Civil tem que ganhar mais porque é mais eficiente, confiável? Este não é momento para se radicalizar discursos. Acho que a crise ainda não chegou ao seu ápice. Na opinião de José Vicente da Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança e coronel da PM de São Paulo o agravamento da crise da Polícia Militar foi provocado por uma conjuntura de erros por parte de todos os envolvidos: governador, secretário de Segurança e oficiais. Segundo ele, a posição do Rio como o primeiro na lista dos estados com piores salários do país já é um ingrediente que, por si só, propicia uma crise. — Esta revolta foi infantil, indisciplinada e inconveniente, pois acabou ocasionando um desprestígio. Coronel diz que grupo fez ato de desafio Segundo José Vicente, as polícias têm que criar condições, dar motivação para seus policiais exercerem bem o seu trabalho e, para lidar com a questão salarial, é necessária muita habilidade: — Exigir um aumento brigando com o governo do estado, como fez um grupo de oficiais, num ato de desafio, não é bom, por ser tratar de uma organização militar sujeita a um rigoroso regime disciplinar. Eles apelaram para a indisciplina, quando eles cobram a disciplina de seus subordinados. Por sua vez, dar declarações, como fez o secretário de Segurança, de que o policial recebe o que merece pelo trabalho que apresenta, só fomenta mais a crise — diz José Vicente. Entre as regras quebradas para que as negociações com a categoria chegassem a um bom fim, José Vicente aponta o fato de o governo do estado mandar recados pela imprensa e fazer observações injustas e inoportunas. — O secretário perdeu o controle da crise ao pôr a PM contra ele. Técnico de futebol é que fala mal dos jogadores. Agora, ele terá que reconquistar a tropa. A vantagem da crise é que acelera a fase das negociações. É hora de se sentar à mesa da crise e discutir o resgate da dignidade de soldados, cabos, sargentos, tenentes e capitães, pois é justamente o serviço deles que aparece para a população — diz. Especialista: ‘temos é a revolução silenciosa’ O maior temor, segundo José Vicente, é o que ele chama de revolução silenciosa: — A tropa fica cabisbaixa e desmotivada, revelando isso no seu trabalho. O “bico” (segundo emprego do policial) passa a ser mais importante que a polícia, porque é lá que ele ganha mais. Em vez de a polícia contratar mais nove mil homens, poderia usar este dinheiro para melhorar os salários de seus praças, que ficariam mais motivados a trabalhar mais e melhor. Já Expedito Carlos Stephani Bastos, pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora, acredita que o pior momento da crise passou. Segundo ele, as polícias militares de todo o país vivem um momento muito grave, com péssimos salários, ineficiência e escândalos de corrupção: — A Polícia Militar em todo o país precisa passar por um saneamento, mas também precisa ser prestigiada. Os governos precisam criar incentivos para o policial que hoje pensa mais no “bico” para ganhar dinheiro do que na carreira militar. No caso do Rio, a situação é mais grave porque a polícia vive uma guerra civil diária. Movimentos causam desgaste entre oficiais, diz coronel O coronel da reserva Milton Corrêa da Costa, estudioso de segurança pública, lembra que historicamente todos os movimentos reivindicatórios salariais na PM produziram desgastes no oficialato : — Os líderes sabem que assumem o risco de tal posicionamento colocando em risco a própria carreira. Isso tem que ser dimensionado. É regra do jogo. O problema dos baixos salários no aparelho policial civil e militar do estado, além do Corpo de Bombeiros, provém de muitos anos. Para ele, o governador Sérgio Cabral já deu “demonstrações, dentro de sua disponibilidade de caixa, de equacionar a questão”. — Mas também, como comandante supremo do estado, cabe-lhe decidir e adotar as medidas julgadas cabíveis para contornar o impasse — diz o coronel Milton Corrêa.

Eleição americana: a Superterça deve apontar os candidatos

As primárias americanas do próximo dia 5 dificilmente deixarão de apontar os candidatos Democrata e Republicano para a disputa presidencial deste ano. São 22 estados (mais os eleitores no exterior) para os Democratas e 21 estados para os Republicanos em eleição. Provavelmente sairão indicados Hillary Clinton e John McCain. Qualquer um dos dois, com certeza, já é muito melhor do esse tal de Bush. Pode ser que Barack Obama, se não for indicado, torne-se Vice da chapa Democrata. Mas acho difícil que Hilary aceite o mesmo.

O "jornalismo do mau tempo" está ficando sem assunto

Aqueles colunistas "analistas" que escrevem com uma nuvem carregada sobre a cabeça não sabem mais o que fazer. Nunca mais li por aí a defesa da ALCA. Também não tenho lido acusações de que o Brasil tem uma economia muito fechada. E ninguém mais apareceu para afirmar que o justo seria não considerar o Brasil como parte dos BRICs - que se limitaria a RICs, Rússia, Índia e China. Que será que aconteceu com esses "profetas do apocalipse"? A resposta é simples: os argumentos deles eram apenas argumentos oposicionistas, sem base alguma. Essa entrevista com com Jim O'Neill (economista inglês que criou o termo "BRICs") feita por Luciana Rodrigues para o jornal O Globo deve funcionar como verdadeira trovoada na mente perturbada desses "analistas". Veja:
O Brasil é o melhor dos Brics. Em meio à crise dos EUA, pai da sigla destaca confiança de investidores no país. O economista britânico Jim O’Neill ficou famoso por ser o criador da célebre expressão Brics — sigla que resume o crescente poder dos grandes países emergentes, Brasil, Rússia, Índia e China. Chefe de Pesquisas Econômicas Globais do Goldman Sachs, O’Neill está relativamente otimista com a crise nos Estados Unidos e acredita que, para surpresa dos mercados, a economia americana poderá evitar a recessão. Ele é ainda mais otimista em relação ao Brasil. Apesar de reconhecer que o país poderá ser afetado pelo desaquecimento global no seu comércio exterior, já que é grande exportador de commodities, O’Neill garante que, em meio à crise dos EUA, o Brasil é o melhor dos Brics para investir. Em entrevista por telefone ao GLOBO, de seu escritório em Londres, ele alerta que a vitória de um candidato democrata nas eleições americanas pode aumentar o protecionismo comercial nos Estados Unidos, principalmente se o eleito para a Casa Branca for o senador Barack Obama. E critica a rigidez de fóruns multilaterais como FMI e G-7 por não incorporarem os grandes emergentes: “Os Brics respondem por 15% do PIB mundial”. (Luciana Rodrigues) O GLOBO: O senhor acredita que os EUA já estão em recessão ou estão em vias de entrar numa recessão? JIM O’NEILL: Estão perto. Mas há alguns aspectos mais complexos desta crise que precisam ser levados em conta. O comportamento dos mercados desde o outono (no Hemisfério Norte, primavera no Brasil) mostra que muitos analistas estão presumindo que os Estados Unidos já estão em recessão ou que inevitavelmente viverão uma recessão. Uma das possíveis surpresas porém é que talvez a economia americana não entre em recessão. Houve cortes de juros pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano). Na última semana, o presidente (George W. Bush) apresentou um pacote de grande estímulo fiscal. Sem isso, o risco de uma recessão seria muito grande. Mas o Fed e o governo perceberam os sinais de recessão e responderam de forma bastante agressiva. Com o Fed cortando os juros duas vezes nas últimas semanas e as medidas fiscais, tivemos um dos maiores pacotes de estímulos econômicos na História moderna americana. O GLOBO: Então os Brics não devem sofrer grande impacto? O’NEILL: Mesmo que evitem uma recessão, os Estados Unidos entrarão num período de crescimento muito fraco. No que diz respeito aos Brics, nos últimos dois anos, em que a economia americana perdeu vigor, eu acredito que os Brics lidaram com isso razoavelmente bem. Nas últimas semanas, porém, há sinais de que a China está sendo bem sucedida em reduzir seu ciclo econômico. Então, a China provavelmente vai sair de 11,5% (taxa de crescimento registrada no ano passado), para algo abaixo de 10%. Talvez até para 8% (em termos anuais) no primeiro semestre deste ano. Isso acontecendo, no mesmo período em que os EUA também estarão crescendo pouco, tornará o chamado decoupling (“descolamento”) mais difícil. Muito do crescimento global nos últimos anos tem sido dominado pelos Estados Unidos e, principalmente, pela China. O GLOBO: Esse desaquecimento da China já é reflexo da crise nos EUA? O’NEILL: Sim, mas apenas parcialmente. Na China, cerca de 7,5% do PIB (Produto Interno Bruto, conjunto de todos os bens e serviços p roduzidos no país) são exportações para os Estados Unidos. Há evidências, sobretudo no último mês, que as exportações para os Estados Unidos caíram dramaticamente. Então, parte do desaquecimento chinês é efeito da crise americana. Mas há também a preocupação da China com a inflação. As autoridades chinesas começaram a restringir o crédito de forma agressiva. Assim, pelo lado doméstico, está havendo um arrefecimento, particularmente no que diz respeito aos investimentos e ao boom que houve no mercado imobiliário em certas partes da China. O GLOBO: Com o desaquecimento simultâneo de Estados Unidos e China, qual será o efeito sobre os outros países dos Brics? Qual deles pode sofrer mais e quem está mais blindado? O’NEILL: Há diferenças entre os Brics. O crescimento da Índia tem sido puxado pela demanda doméstica e por um consumo interno muito forte. Então, de alguma forma, será mais fácil para a Índia se isolar. Enquanto isso, o Brasil e, evidentemente, a Rússia são grandes exportadores de commodities. Assim, por esse ângulo, será mais difícil para esses países. Mas as semelhanças entre Brasil e Rússia param por aí. Em muitos aspectos, o Brasil é o melhor dos Brics para se estar neste momento. No ano passado, quando estive em São Paulo, muitos me perguntavam por que havia incluído o “B” nos Brics, argumentando que o Brasil não deveria estar no grupo. Agora, a minha impressão é que a estabilidade da inflação está trazendo muita confiança. Vemos o início da construção de uma forte sociedade de consumo, há mais confiança em relação aos investimentos. Mesmo que um desaquecimento na China e uma recessão nos Estados Unidos sejam um desafio para o Brasil em termos de comércio exterior, eu acredito que a economia brasileira está numa posição muito mais forte do que estava há apenas dois anos. O GLOBO: O Brasil, tradicionalmente, cresce num ritmo muito mais lento do que os demais dos Brics. Mesmo assim, o senhor acredita que o Brasil é o melhor do grupo? O’NEILL: O Brasil está prestes a ver sua tendência de crescimento sair dos 3% para algo entre 4% e 6%, graças à estabilidade da inflação e a um aumento da confiança no Brasil. Recebo muitas visitas de São Paulo aqui em Londres. Esta semana mesmo veio um grupo. E hoje há uma visão muito mais positiva do que apenas dois anos atrás. É completamente diferente. O GLOBO: Essa confiança não pode ser abalada por um ambiente global desfavorável? O’NEILL: Não, porque esta confiança está sendo impulsionada pelo cenário doméstico. A demanda interna está acelerando. O Brasil está numa posição cada vez mais confortável para lidar com ameaças externas. O GLOBO:  A corrida eleitoral nos Estados Unidos poderá influenciar o comportamento dos mercados? O’NEILL: As eleições ainda estão tão distantes que não vão influenciar os mercados. Mas as turbulências econômicas podem levar a mais viradas de opinião nos candidatos do que ocorreria em outras situações. E, no ano que vem, se a economia americana ainda estiver fraca e se os democratas vencerem, especialmente se for Obama (o senador Barack Obama), há um risco de haver mais protecionismo e mais aversão à globalização. Isso será muito ruim para todos os Brics, pois o que permitiu o desenvolvimento dos Brics foi a globalização. É um risco, mas para depois das eleições. O GLOBO:  Esse risco é particularmente mais forte com Obama? O’NEILL: O risco é maior com os democratas do que com os republicanos. Obama tem adotado o discurso mais protecionista. Porém, suspeito que muito do que o candidato fala tem sentido mais eleitoreiro e, se Obama ganhar, ele deverá adotar posturas mais razoáveis. O GLOBO: O governo brasileiro tem argumentado que as recentes turbulências nos mercados mundiais reforçam a necessidade de abertura comercial. O GLOBO: Há espaço, neste momento, para avançar nas negociações comer ciais? O’NEILL: Será difícil ganhar a atenção dos Estados Unidos que, neste momento, se dedicam exclusivamente a seus problemas domésticos. A Rodada de Doha (de abertura multilateral, no âmbito da Organização Mundial do Comércio, a OMC) é evidentemente importante. Mas agora isso não está no radar do G-7, que está mais preocupado com a crise global de crédito. O GLOBO: O Brasil também tem pedido mais voz aos países emergentes em fóruns multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI). É um pleito justo? O’NEILL: Sim, concordo plenamente. É ridículo que o G-7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) e o FMI não tenham mudado ainda. O Brasil está certo, merece fazer parte disso. Eu diria também que o G-20 (grupo formado por grandes países emergentes) está, de várias formas, tomando parte da importância que o G-7 tinha no passado. É muito decepcionante que uma burocracia herdada do passado torne a mudança tão lenta. Se olharmos para o mundo hoje, os Brics respondem por 15% do PIB mundial. É metade do tamanho dos Estados Unidos. A China está prestes a ultrapassar a Alemanha (em tamanho do PIB). É incrivelmente idiota que os Brics não sejam parte disso (dos fóruns multilaterais). Está muito claro para mim que os Brics, incluindo o Brasil, deveriam ser trazidos para o centro das decisões mundiais.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Alô, Lula, não mexe com a Marina!

Lula, se você quer garantir a simpatia e o voto da minha sogra, não mexa com a Marina da Silva. Ela já avisou: "Se o Lula for contra a Marina, vou soltar os cachorros!" E cachorro de sogra, pode crer, é demolidor... A Ministra do Meio Ambiente virou ícone, está acima do bem e do mal. Aparenta seriedade, sem cair na ecochatice. Merece ser preservada, afirma minha sogra.

Cartão e transparência

Essa história dos gastos (malucos) dos ministros do Governo Lula através dos cartões corporativos demonstrou pelo menos uma coisa: transparência. Foi isso que entendi do debate no programa do Alexandre Garcia entre o Ministro Jorge Hage Sobrinho, da CGU-Controladoria Geral da União, e Gil Castello Branco, representando o site Contas Abertas. Graças à transparência estabelecida a partir do atual governo, foi possível descobrir os abusos e/ou erros administrativos feitos com os cartões corporativos. No Governo Fernando Henrique, por exemplo, isso não seria (ou não foi...) possível. Todos concordaram com isso. E a existência do Portal da Transparência, da CGU, recebeu muitos elogios.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Eleição americana: Hillary Clinton é melhor em debate

Obama é mais engraçado, discursa bem, é simpático. Mas sua postura em debates não é tão boa. E isso ficou mais evidente no debate de ontem, em Los Angeles, onde estavam somente ele e Hillary Clinton. Talvez por ser muito alto, ele fica sempre com a cabeça caída pro lado, enquanto Hillary demonstra mais firmeza. Obama olhava muito para Hillary quando ela falava, enquanto ela preferia olhar para o público, fazer anotações e dar um sorriso, digamos, "compreensivo". Ele gaguejou mais. Ambos demonstraram excelente humor (ela mais), evitando mostrar racha no partido. Debate tranqüilo, de bom nível. Ela saiu ganhando. Na pesquisa Rasmussen do dia 29 na Califórnia, logo após os resultados da Flórida e antes de John Edwards desistir da pré-candidatura, Hillary estava à frente por apenas 3 pontos (43% a 40%). O que mostra que as votações da superterça (dia 5) será realmente emocionante.

Eleição americana: Obama já venceu... em Tóquio!

A CNN fez uma reportagem bem engraçada sobre o sucesso de Barack Obama em Tóquio. Ele é o queridinho dos toquianos e ganha disparado nas pesquisas. Seu livro está entre os dez mais vendidos. Se perder nos Estados Unidos, pode se transformar em imperador japonês...