sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Príncipe Hurry
Eleições na Espanha: você é PSOE ou é PP?
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
O debate Democrata está derrotando os Republicanos
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
São loucos esses americanos: destróem o Iraque e depois transformam em Blog...
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Eleição americana: a baixaria das percepções
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Eleição americana: baixarias e falsas baixarias em alta
Futurologia: cofre do fim do mundo ou de um novo mundo?
New York Times: Hillary não perde pra ninguém... nesta semana!
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Arthur Virgílio disse a frase da semana
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Eleição 2008: o movimento defensivo de César Maia
Meninos, eu vi: a dívida externa não é mais impagável!
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Eleição americana: a 11ª vitória de Obama foi no exterior
Vôos secretos da CIA: governo britânico pede desculpas por mentir
Eleição americana: baixaria em alta
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Eleição americana: Obama vence, de Hillary a McCain
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Eleição americana: previsão
Cuba de Fidel dá demonstração de força
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
Acho que Lula usou o cartão corporativo para comprar a Oposição...
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Eleição 2008: as indefinições de São Paulo e do Rio
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Eleição americana: "desapareceram" votos para Obama em New York
Barack Mandela?
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
A greve do IPTU e as eleições
ARRECADAÇÃO DO IPTU: 2008 x 2007! 1. Em função das insistentes perguntas sobre a arrecadação do IPTU em 2008 comparada com 2007, esse Ex-Blog informa aqui, todos os dados -dia a dia- até o dia 11 de fevereiro. A rede bancária repassa os dados para a prefeitura com três dias de defasagem. 2. Em 2007 -de 1 de janeiro a 11 de fevereiro- a arrecadação do IPTU alcançou 596.697.241 reais. Em 2008 -de 1 de janeiro a 11 de fevereiro- a arrecadação do IPTU alcançou 589.272.200,96 reais. Ainda faltam 10 dias em fevereiro de 2008 contra 8 dias em fevereiro de 2007. E ainda faltam também 129 mil carnês, dos cancelados, que serão pagos somente nos dias 5 e 6 de março. 3. Projetando até o final de fevereiro, mês completo, a arrecadação de 2008 certamente superará a de 2007. O único efeito em 2008 é ter tido uma proporção de pagamentos parcelados maior que os parcelamentos de 2007. Provavelmente porque a taxa de desconto foi menor: 7%, e não 10% como em 2007. O efeito boicote do IPTU foi quase desprezível, quando muito pode ter chegado a 1 milhão de reais ou 0,1%. 4. Por que todo este movimento induzido e estimulado pela imprensa não resultou ? Responderão errados os que imaginam que a mídia não tem influencia. Tem sim, e as sondagens de opinião freqüentes, que o Ex-Blog tem tido acesso, mostram que teve, no episódio. Mas não no pagamento do IPTU. 5. O problema é que o tema escolhido cometeu um equivoco, pois não levou em conta a racionalidade econômica dos contribuintes. Eles conversaram entre si, a própria imprensa divulgou em box, os efeitos do não pagamento. Os contribuintes sabem que o IPTU é o único imposto que é pago de qualquer maneira, pois é garantido pelo próprio imóvel. Como era de se esperar prevaleceu a racionalidade econômica. Essa é uma boa informação para aqueles economistas que ainda duvidam dela. 6. Clique abaixo e conheça -dia a dia- os pagamentos de IPTU em janeiro e em fevereiro de 2007 e 2008. http://spreadsheets.google.com/ pub?key=pNCAfBhSzPKKClGllVzfMPg
O bolchevismo pós-moderno da Bolívia
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Que mal César Maia fez à mídia?
A LCR, EMM, MBM, HS, RBF, LM, VF, ACA e MR; GASTOS EM PUBLICIDADE NOS JORNAIS, RÁDIOS E TVs!
1. Se tomarmos os grandes estados e cidades como Estado do Rio, de S. Paulo, Prefeituras como de SP e BH, etc... Os gastos com publicidade empenhados por ano oscilam entre 60 milhões de reais e mais de 100 milhões de reais. Vamos usar como média 80 milhões de reais por ano. O governo federal é difícil somar, pois há gastos de publicidade do governo e das estatais, há promoções e patrocínios que também são propaganda. Mas por ano, no mínimo dos mínimos, com todos os fatores de segurança, alcançam por ano uns 2 bilhões de reais.
2. A Prefeitura do Rio nos anos da atual administração, primeiro e segundo governos, gastou muito pouco: uns 2 milhões por ano. Na terceira administração, que começou em janeiro de 2005, decidiu não gastar mais um tostão. Nem agencia de publicidade tem. Se compararmos com aquela media de 80 milhões empenhados por ano, que num período de governo alcançam 320 milhões de reais, no atual terceiro governo da Prefeitura do Rio, foram economizados 320 milhões de reais. Se tomarmos estas duas administrações seguidas, lembrando que na primeira de 2001 a 2004 foram gastos 2 milhões por ano ou 8 milhões nos 4 anos, teremos 8 milhões + zero = 8 milhões de reais.
3. Analisando os 320 milhões por governo daquelas administrações que aplicam em publicidade, teremos que elas aplicam 640 milhões de reais de 2001 a 2008. A prefeitura do Rio, não aplica mais nada em publicidade e de 2001 a 2004 foram só 8 milhões de reais. Ou seja, a prefeitura do Rio economizou, comparando com aqueles governos estaduais e municipais, 640 - 8 ou 632 milhões de reais neste período.
4. Deu para pagar a Cidade da Musica toda e ainda sobraram uns 200 milhões de reais para outras obras.
CPIs estão fazendo mal à democracia
Toda Oposição faz oposição, claro. É para isso que existem e é assim que funciona a democracia. São representantes de pensamentos e interesses opostos à conduta da maioria que ocupa o Governo. É através desses conflitos que a democracia se fortalece e afirma a qualidade do ser humano – afinal, como mais ou menos diria Parmênides, o caminho do ser humano é o caminho do ser e não ser ao mesmo tempo. Tudo muito bem, muito bonito, mas como é que funciona mesmo? A Oposição, naturalmente, quer abandonar o papel que tem. Ela não se restringe a fazer valer seu pensamento mantendo-se na oposição. Ela quer, com todo direito, trocar de lugar, e é aí que as coisas acabam se complicando um pouco. Primeiro, porque nem sempre a simples troca significa renovação e avanço (mas faz parte do jogo). Segundo, porque o grupo que faz o papel de Oposição costuma fixar-se muito mais no troca-troca do que em opor pensamentos e ações capazes de contribuir para uma sociedade melhor. Vejamos o exemplo das CPIs, que em princípio seriam excelente instrumento de fiscalização, de investigação e de aperfeiçoamento dos governos. Elas acabaram se transformando apenas em palanque eleitoral. Mais do que para investigar e fiscalizar, os políticos usam as CPIs para ganhar visibilidade e uma percepção positiva com fins eleitorais. Em função disso, qualquer coisa justifica uma CPI escandalosa. Reforma política? Quem vai perder tempo com isso? Mais importante é saber por que o Ministro dos Esportes gastou 8 reais com tapioca. Não digo que não se deva investigar e condenar o mau uso de cartões corporativos ou o que seja. Mas não se pode é transtornar a vida pública durante meses com fins meramente eleitoreiros. Dá pena ver tanta gente bem formada (e bem remunerada) entregue ao dia-a-dia de uma política menor. Tanto para propor, tanto para investigar, tanto para fazer, e os partidos em busca de escândalos para poder crescer em ano de eleições. Esses políticos deveriam ter um pouco mais de respeito com a democracia.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Eleição americana: a estratégia Barack & White
Quando Barack Obama declarou que não existe “uma América dos negros” nem existe “uma América dos brancos”, o que existe são “os Estados Unidos da América”, ele estava dando o arremate final a uma discussão interna que vinha pelo menos desde 2006. Foi em novembro daquele ano que Obama reuniu pela primeira vez amigos e conselheiros em um brainstorm que serviria de guia para sua campanha (ler mais no texto de Jim Wilson para o New York Times). Desde então decidiu-se que a questão racial não poderia ser o foco. E o maior trabalho de Obama talvez tenha sido o de conter seus assessores brancos e negros longe da discussão. Durante esse tempo todo ele teve habilidade suficiente para driblar as armadilhas que foram postas no seu caminho. Por ele ser negro e pelo exemplo de outras candidaturas negras, acreditava-se que faria de sua candidatura um baluarte da luta dos "irmãos". A grande prova de que ele fez a opção certa foi logo na primeira prévia, em Iowa, onde teve vitória surpreendente, apesar do eleitorado de maioria branca. Ele não falou explicitamente sobre raça, nem fez aparições públicas em igrejas de negros. Na verdade, ele não precisou disso para também crescer no eleitorado afro-americano. Seus adversários tentam marcá-lo como um político sem posições definidas, porque estão frustrados com o fato de não ter sido apenas mais um radical negro. Talvez o fato de seu principal estrategista, David Axelrod, ter uma longa experiência em campanhas de candidatos negros tenha ajudado bastante. Afinal, Axelrod foi um dos responsáveis pela eleição do terceiro Senador negro americano desde a Reconstrução (1863-1877): o próprio Barack Obama.
Eleição americana: Obama totalmente na frente
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Genuinely hilarious
Eleição americana: fraude em Washington
Eleição americana: o superdelegado posto em questão
domingo, 10 de fevereiro de 2008
Eleição americana: 0 x 0
Benevolente com Obama, crítica com Hillary Imprensa dos EUA parece ter preferências na disputa democrata, mas até repórteres divergem de editores.
Para quem torce a mídia? Barack Obama tem uma resposta: “Hillary Clinton, a candidata preferida do establishment.” É verdade que nas coberturas de Fox News e CNN, o noticiário costumava se referir a Obama como “o desafiante”. Foi assim também que ele apareceu na capa da “Time”. Mas, para estudiosos que observam e estudam órgãos de comunicação nos EUA, a resposta não é tão simples assim. É o que pensa Mark Miller, professor do Departamento de Comunicações da New York University, e autor do livro “Fooled Again: The Real Case for Electoral Reform”.
— A situação é complicada.
Por um lado, a mídia entronizou Barack Obama, tratando-o sempre como um Deus, raramente apontando suas fraquezas, suas evasivas ou mesmo minimizando suas ambíguas conexões.
Tem havido uma forte tendência a destacar o poderoso efeito emocional que Obama exerce sobre seus eleitores e simpatizantes enquanto que o tratamento dado a Hillary é bem mais duro, às vezes até cínico, como quando ela chorou emocionada com a pergunta de uma eleitora em New Hampshire e muitos tentaram mostrar que usava as próprias lágrimas como estratégia — diz Miller.
Ele aponta, porém, uma diferença fundamental entre a opinião oficial dos órgãos de comunicação e o trabalho de seus repórteres. O “New York Times”, por exemplo, manifestou apoio a Hillary em editorial enquanto um de seus concorrentes, “The New York Sun”, preferiu Obama, assim como o “Chicago Tribune”. E, mesmo apoiando Obama, o “Chicago Tribune” vem publicando matérias investigativas sobre as relações do candidato com um dos doadores de sua campanha, o empresário Tony Rezko, que responde na Justiça a acusações de fraude e de lavagem de dinheiro. Segundo Miller, para os acionistas das grandes corporações de mídia não há grande diferença entre Obama e Hillary no que se refere à plataforma. Mas há sim maior simpatia por Obama, sobretudo na grande imprensa, e isto se deve a outra razão: — Repórteres e produtores de TV têm muito medo de parecerem racistas — diz. A maior simpatia por Obama, no entanto, não pode ser por demais explícita e, por isto, Miller acha que Hillary também teve alguns dos episódios negativos de sua campanha minimizados pela mídia, o que rendeu dividendos eleitorais a seu favor.
— Hillary teve alguns escândalos abafados. O casal Clinton apoiou e incentivou uma série de artimanhas, algumas judiciais, para reduzir o comparecimento dos eleitores ao caucus em Nevada. As artimanhas foram tão evidentes que Obama chegou a denunciá-las. Mas, outra vez, a mídia logo abafou o caso, depois da vitória de Hillary no estado. Isto mostra que, para a direção editorial dos órgãos de mídia, é indiferente que Obama ou Hillary sejam indicados pelo Partido Democrata. A maioria, aliás, define esta competição como “eletrizante” e já transformou as prévias num espetáculo nacional — avalia Miller.
Outro especialista em estudos de mídia da New York University, Charlton McIlwain, concorda que a mídia vem tentando equilibrar as atenções entre os democratas, especialmente quando tematiza a disputa entre “gênero e raça”. McIlwain, que é negro, acredita, porém, que Obama tem recebido mais atenção pelo fato de ser o primeiro negro a ter chances reais de ganhar a indicação do partido: — Não há preferência explícita por um candidato. As pautas têm, inclusive, explorado muito bem esta disputa entre “a primeira mulher presidente” e “o primeiro negro presidente”.
sábado, 9 de fevereiro de 2008
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Eleição americana: o jogo dos debates
Eleição americana: que ninguém se iluda, os conservadores votarão em peso em McCain
Sem mensalão, sem recessão e sem apagão, Oposição apela para o cartão
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
iBest: declaração de voto
O avião de papel ganha o espaço
YES WE CAN
Eleição americana: somente Obama pode derrotar McCain
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Eleição americana: Obama está no páreo e ainda pode ganhar
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
Eleição americana: ainda sobre a Superterça
- Falei que as primárias e caucuses de amanhã ocorreriam em 22 estados (mais os eleitores no exterior) para os Democratas e 21 estados para os Republicanos e o Bruno Hoffmann disse que seriam 24 estados. Acontece que nem sempre haverá eleições nos mesmos estados para os dois partidos. Bruno está certo no total de estados, mas os números que apresentei estão corretos. Em 19 estados, haverá eleições para os dois partidos. Mas no Novo México, Idaho e Kansas, só haverá para os Democratas, enquanto West Virginia e Montana só terão eleições para os Republicanos.
- Pode ser, realmente, que a Superterça não defina o candidato Democrata. E acredito até que Barack Obama pode conquistar mais delegados (já está na frente), mas tem que compensar os superdelegados que estão na base de 2:1 a favor de Hillary.
- Também não gosto da postura de Hillary, mas acho que ela se sai melhor para o público americano. Gosto mais do jeito de Obama, mas ele não se posicionou bem (não falo de conteúdo) no debate.
domingo, 3 de fevereiro de 2008
Segurança: a crise da PM do Rio
Especialistas: crise na PM está longe do fim. Estudiosos criticam a radicalização de posições de oficiais e de representantes do governo. Especialistas em segurança pública e policias militares temem que a crise que provocou a queda do comandantegeral de Polícia Militar do Rio e de seus principais assessores ainda não tenha chegado a seu ápice. Segundo eles, cresce na própria tropa um sentimento de desilusão com a farda. Para eles, o momento é de negociar e esta negociação precisará passar obrigatoriamente por melhorias salariais e pelo saneamento da instituição. Coronel da Polícia Militar e doutor em ciências sociais pela Uerj, o professor Jorge da Silva afirmou que a polícia vive hoje “a crônica de uma crise anunciada”: — Nós somos treinados para respeitar a disciplina e a hierarquia, mas não se pode usar esses instrumentos para negar direitos. O estado deve exigir do policial a obediência, mas precisa em contrapartida dar instrumentos para que ele possa trabalhar com dignidade. E esses instrumentos passam por melhorias salariais e por melhores condições de trabalho. A verdade é que a polícia está morrendo muito e produzindo muitas vítimas sem necessidade. Coronel diz que debate não pode virar questão pessoal A atual crise na PM é semelhante à que aconteceu em 1980, quando jovens oficiais fizeram um cerco ao Palácio Guanabara. Os personagens também são os mesmos: os jovens oficiais de 80 são hoje integrantes do Grupo dos Barbonos. Segundo Jorge da Silva, a crise ganhou tom pessoal quando os Barbonos se isolaram e o movimento chegou a exigir a exoneração do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame: — Agora estão falando em traidores. A questão não deve ser tratada como pessoal. A pergunta é: como você pode ter no mesmo estado duas polícias fazendo a mesma coisa e uma ganhando mais que a outra, se os riscos são os mesmos? Segundo Jorge da Silva, Beltrame foi infeliz ao questionar se os policias militares estariam merecendo ganhar mais e se eram confiáveis: — Será que o secretário está afirmando que a Polícia Civil tem que ganhar mais porque é mais eficiente, confiável? Este não é momento para se radicalizar discursos. Acho que a crise ainda não chegou ao seu ápice. Na opinião de José Vicente da Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança e coronel da PM de São Paulo o agravamento da crise da Polícia Militar foi provocado por uma conjuntura de erros por parte de todos os envolvidos: governador, secretário de Segurança e oficiais. Segundo ele, a posição do Rio como o primeiro na lista dos estados com piores salários do país já é um ingrediente que, por si só, propicia uma crise. — Esta revolta foi infantil, indisciplinada e inconveniente, pois acabou ocasionando um desprestígio. Coronel diz que grupo fez ato de desafio Segundo José Vicente, as polícias têm que criar condições, dar motivação para seus policiais exercerem bem o seu trabalho e, para lidar com a questão salarial, é necessária muita habilidade: — Exigir um aumento brigando com o governo do estado, como fez um grupo de oficiais, num ato de desafio, não é bom, por ser tratar de uma organização militar sujeita a um rigoroso regime disciplinar. Eles apelaram para a indisciplina, quando eles cobram a disciplina de seus subordinados. Por sua vez, dar declarações, como fez o secretário de Segurança, de que o policial recebe o que merece pelo trabalho que apresenta, só fomenta mais a crise — diz José Vicente. Entre as regras quebradas para que as negociações com a categoria chegassem a um bom fim, José Vicente aponta o fato de o governo do estado mandar recados pela imprensa e fazer observações injustas e inoportunas. — O secretário perdeu o controle da crise ao pôr a PM contra ele. Técnico de futebol é que fala mal dos jogadores. Agora, ele terá que reconquistar a tropa. A vantagem da crise é que acelera a fase das negociações. É hora de se sentar à mesa da crise e discutir o resgate da dignidade de soldados, cabos, sargentos, tenentes e capitães, pois é justamente o serviço deles que aparece para a população — diz. Especialista: ‘temos é a revolução silenciosa’ O maior temor, segundo José Vicente, é o que ele chama de revolução silenciosa: — A tropa fica cabisbaixa e desmotivada, revelando isso no seu trabalho. O “bico” (segundo emprego do policial) passa a ser mais importante que a polícia, porque é lá que ele ganha mais. Em vez de a polícia contratar mais nove mil homens, poderia usar este dinheiro para melhorar os salários de seus praças, que ficariam mais motivados a trabalhar mais e melhor. Já Expedito Carlos Stephani Bastos, pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora, acredita que o pior momento da crise passou. Segundo ele, as polícias militares de todo o país vivem um momento muito grave, com péssimos salários, ineficiência e escândalos de corrupção: — A Polícia Militar em todo o país precisa passar por um saneamento, mas também precisa ser prestigiada. Os governos precisam criar incentivos para o policial que hoje pensa mais no “bico” para ganhar dinheiro do que na carreira militar. No caso do Rio, a situação é mais grave porque a polícia vive uma guerra civil diária. Movimentos causam desgaste entre oficiais, diz coronel O coronel da reserva Milton Corrêa da Costa, estudioso de segurança pública, lembra que historicamente todos os movimentos reivindicatórios salariais na PM produziram desgastes no oficialato : — Os líderes sabem que assumem o risco de tal posicionamento colocando em risco a própria carreira. Isso tem que ser dimensionado. É regra do jogo. O problema dos baixos salários no aparelho policial civil e militar do estado, além do Corpo de Bombeiros, provém de muitos anos. Para ele, o governador Sérgio Cabral já deu “demonstrações, dentro de sua disponibilidade de caixa, de equacionar a questão”. — Mas também, como comandante supremo do estado, cabe-lhe decidir e adotar as medidas julgadas cabíveis para contornar o impasse — diz o coronel Milton Corrêa.
Eleição americana: a Superterça deve apontar os candidatos
O "jornalismo do mau tempo" está ficando sem assunto
O Brasil é o melhor dos Brics. Em meio à crise dos EUA, pai da sigla destaca confiança de investidores no país. O economista britânico Jim O’Neill ficou famoso por ser o criador da célebre expressão Brics — sigla que resume o crescente poder dos grandes países emergentes, Brasil, Rússia, Índia e China. Chefe de Pesquisas Econômicas Globais do Goldman Sachs, O’Neill está relativamente otimista com a crise nos Estados Unidos e acredita que, para surpresa dos mercados, a economia americana poderá evitar a recessão. Ele é ainda mais otimista em relação ao Brasil. Apesar de reconhecer que o país poderá ser afetado pelo desaquecimento global no seu comércio exterior, já que é grande exportador de commodities, O’Neill garante que, em meio à crise dos EUA, o Brasil é o melhor dos Brics para investir. Em entrevista por telefone ao GLOBO, de seu escritório em Londres, ele alerta que a vitória de um candidato democrata nas eleições americanas pode aumentar o protecionismo comercial nos Estados Unidos, principalmente se o eleito para a Casa Branca for o senador Barack Obama. E critica a rigidez de fóruns multilaterais como FMI e G-7 por não incorporarem os grandes emergentes: “Os Brics respondem por 15% do PIB mundial”. (Luciana Rodrigues) O GLOBO: O senhor acredita que os EUA já estão em recessão ou estão em vias de entrar numa recessão? JIM O’NEILL: Estão perto. Mas há alguns aspectos mais complexos desta crise que precisam ser levados em conta. O comportamento dos mercados desde o outono (no Hemisfério Norte, primavera no Brasil) mostra que muitos analistas estão presumindo que os Estados Unidos já estão em recessão ou que inevitavelmente viverão uma recessão. Uma das possíveis surpresas porém é que talvez a economia americana não entre em recessão. Houve cortes de juros pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano). Na última semana, o presidente (George W. Bush) apresentou um pacote de grande estímulo fiscal. Sem isso, o risco de uma recessão seria muito grande. Mas o Fed e o governo perceberam os sinais de recessão e responderam de forma bastante agressiva. Com o Fed cortando os juros duas vezes nas últimas semanas e as medidas fiscais, tivemos um dos maiores pacotes de estímulos econômicos na História moderna americana. O GLOBO: Então os Brics não devem sofrer grande impacto? O’NEILL: Mesmo que evitem uma recessão, os Estados Unidos entrarão num período de crescimento muito fraco. No que diz respeito aos Brics, nos últimos dois anos, em que a economia americana perdeu vigor, eu acredito que os Brics lidaram com isso razoavelmente bem. Nas últimas semanas, porém, há sinais de que a China está sendo bem sucedida em reduzir seu ciclo econômico. Então, a China provavelmente vai sair de 11,5% (taxa de crescimento registrada no ano passado), para algo abaixo de 10%. Talvez até para 8% (em termos anuais) no primeiro semestre deste ano. Isso acontecendo, no mesmo período em que os EUA também estarão crescendo pouco, tornará o chamado decoupling (“descolamento”) mais difícil. Muito do crescimento global nos últimos anos tem sido dominado pelos Estados Unidos e, principalmente, pela China. O GLOBO: Esse desaquecimento da China já é reflexo da crise nos EUA? O’NEILL: Sim, mas apenas parcialmente. Na China, cerca de 7,5% do PIB (Produto Interno Bruto, conjunto de todos os bens e serviços p roduzidos no país) são exportações para os Estados Unidos. Há evidências, sobretudo no último mês, que as exportações para os Estados Unidos caíram dramaticamente. Então, parte do desaquecimento chinês é efeito da crise americana. Mas há também a preocupação da China com a inflação. As autoridades chinesas começaram a restringir o crédito de forma agressiva. Assim, pelo lado doméstico, está havendo um arrefecimento, particularmente no que diz respeito aos investimentos e ao boom que houve no mercado imobiliário em certas partes da China. O GLOBO: Com o desaquecimento simultâneo de Estados Unidos e China, qual será o efeito sobre os outros países dos Brics? Qual deles pode sofrer mais e quem está mais blindado? O’NEILL: Há diferenças entre os Brics. O crescimento da Índia tem sido puxado pela demanda doméstica e por um consumo interno muito forte. Então, de alguma forma, será mais fácil para a Índia se isolar. Enquanto isso, o Brasil e, evidentemente, a Rússia são grandes exportadores de commodities. Assim, por esse ângulo, será mais difícil para esses países. Mas as semelhanças entre Brasil e Rússia param por aí. Em muitos aspectos, o Brasil é o melhor dos Brics para se estar neste momento. No ano passado, quando estive em São Paulo, muitos me perguntavam por que havia incluído o “B” nos Brics, argumentando que o Brasil não deveria estar no grupo. Agora, a minha impressão é que a estabilidade da inflação está trazendo muita confiança. Vemos o início da construção de uma forte sociedade de consumo, há mais confiança em relação aos investimentos. Mesmo que um desaquecimento na China e uma recessão nos Estados Unidos sejam um desafio para o Brasil em termos de comércio exterior, eu acredito que a economia brasileira está numa posição muito mais forte do que estava há apenas dois anos. O GLOBO: O Brasil, tradicionalmente, cresce num ritmo muito mais lento do que os demais dos Brics. Mesmo assim, o senhor acredita que o Brasil é o melhor do grupo? O’NEILL: O Brasil está prestes a ver sua tendência de crescimento sair dos 3% para algo entre 4% e 6%, graças à estabilidade da inflação e a um aumento da confiança no Brasil. Recebo muitas visitas de São Paulo aqui em Londres. Esta semana mesmo veio um grupo. E hoje há uma visão muito mais positiva do que apenas dois anos atrás. É completamente diferente. O GLOBO: Essa confiança não pode ser abalada por um ambiente global desfavorável? O’NEILL: Não, porque esta confiança está sendo impulsionada pelo cenário doméstico. A demanda interna está acelerando. O Brasil está numa posição cada vez mais confortável para lidar com ameaças externas. O GLOBO: A corrida eleitoral nos Estados Unidos poderá influenciar o comportamento dos mercados? O’NEILL: As eleições ainda estão tão distantes que não vão influenciar os mercados. Mas as turbulências econômicas podem levar a mais viradas de opinião nos candidatos do que ocorreria em outras situações. E, no ano que vem, se a economia americana ainda estiver fraca e se os democratas vencerem, especialmente se for Obama (o senador Barack Obama), há um risco de haver mais protecionismo e mais aversão à globalização. Isso será muito ruim para todos os Brics, pois o que permitiu o desenvolvimento dos Brics foi a globalização. É um risco, mas para depois das eleições. O GLOBO: Esse risco é particularmente mais forte com Obama? O’NEILL: O risco é maior com os democratas do que com os republicanos. Obama tem adotado o discurso mais protecionista. Porém, suspeito que muito do que o candidato fala tem sentido mais eleitoreiro e, se Obama ganhar, ele deverá adotar posturas mais razoáveis. O GLOBO: O governo brasileiro tem argumentado que as recentes turbulências nos mercados mundiais reforçam a necessidade de abertura comercial. O GLOBO: Há espaço, neste momento, para avançar nas negociações comer ciais? O’NEILL: Será difícil ganhar a atenção dos Estados Unidos que, neste momento, se dedicam exclusivamente a seus problemas domésticos. A Rodada de Doha (de abertura multilateral, no âmbito da Organização Mundial do Comércio, a OMC) é evidentemente importante. Mas agora isso não está no radar do G-7, que está mais preocupado com a crise global de crédito. O GLOBO: O Brasil também tem pedido mais voz aos países emergentes em fóruns multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI). É um pleito justo? O’NEILL: Sim, concordo plenamente. É ridículo que o G-7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) e o FMI não tenham mudado ainda. O Brasil está certo, merece fazer parte disso. Eu diria também que o G-20 (grupo formado por grandes países emergentes) está, de várias formas, tomando parte da importância que o G-7 tinha no passado. É muito decepcionante que uma burocracia herdada do passado torne a mudança tão lenta. Se olharmos para o mundo hoje, os Brics respondem por 15% do PIB mundial. É metade do tamanho dos Estados Unidos. A China está prestes a ultrapassar a Alemanha (em tamanho do PIB). É incrivelmente idiota que os Brics não sejam parte disso (dos fóruns multilaterais). Está muito claro para mim que os Brics, incluindo o Brasil, deveriam ser trazidos para o centro das decisões mundiais.