segunda-feira, 31 de maio de 2010

Brasil protesta contra ação israelense; brasileira em um dos barcos de ajuda humanitária

Nota do Itamataty (com grifos nosso):
Ataque israelense à "Flotilha da Liberdade"
Com choque e consternação, o Governo brasileiro recebeu a notícia do ataque israelense a um dos barcos da flotilha que levava ajuda humanitária internacional à Faixa de Gaza, do qual resultou a morte de mais de uma dezena de pessoas, além de ferimentos em outros integrantes.
O Brasil condena, em termos veementes, a ação israelense, uma vez que não há justificativa para intervenção militar em comboio pacífico, de caráter estritamente humanitário. O fato é agravado por ter ocorrido, segundo as informações disponíveis, em águas internacionais. O Brasil considera que o incidente deva ser objeto de investigação independente, que esclareça plenamente os fatos à luz do Direito Humanitário e do Direito Internacional como um todo.
Os trágicos resultados da operação militar israelense denotam, uma vez mais, a necessidade de que seja levantado, imediatamente, o bloqueio imposto à Faixa de Gaza, com vistas a garantir a liberdade de locomoção de seus habitantes e o livre acesso de alimentos, remédios e bens de consumo àquela região.
Preocupa especialmente ao Governo brasileiro a notícia de que uma brasileira, Iara Lee, estava numa das embarcações que compunha a flotilha humanitária. O Ministro Celso Amorim, ao solidarizar-se com os familiares das vítimas do ataque, determinou que fossem tomadas providências imediatas para a localização da cidadã brasileira.
A Representante do Brasil junto à ONU foi instruída a apoiar a convocação de reunião extraordinária do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir a operação militar israelense.
O Embaixador de Israel no Brasil está sendo chamado ao Itamaraty para que seja manifestada a indignação do Governo Brasileiro com o incidente e a preocupação com a situação da cidadã brasileira.

Fotos históricas


O China Daily publicou fotos impensáveis no século passado: o Premier Chinês, Wen Jiabao, circula tranquilamente pelo Japão e pela Coreia do Sul. Em Tóquio, faz exercício em praça pública; em Seul, pratica badminton. São os novos passos da diplomacia, que o Brasil sabe dar tão bem.

Obama, fale agora ou cale-se para sempre!

Essa matança que (mais uma vez...) Israel acaba de executar não pode ser respondida com silêncio. A nação mais poderosa do mundo (e principal apoiadora de Israel) tem condições de dar um basta! a essa crise interminável no Oriente Médio. A região clama por paz, e o povo palestino - tanto quanto o povo de Israel - merece sobreviver. Não dá mais para manter essa política de satanizar Ahmadinejad e fechar os olhos para as atrocidades israelenses.
O Presidente Obama tem a responsabilidade (não apenas diante do povo americano, mas de todo o mundo) de pôr freio nesses desmandos. É sua oportunidade de entrar para a história - ou ficar lembrado apenas como mais um embushte.

domingo, 30 de maio de 2010

Para Serra, Vice bom é Vice morto


A Pesquisa Datafolha serviu para fazer o tucano José Serra botar as garras de fora. Até aqui ele conseguia se esconder, adiando o lançamento da candidatura, fugindo de grande exposição, evitando polêmicas e sobretudo ocultando sua oposição a Lula. Esperava com isso manter-se indefinidamente com seus altos índices nas pesquisas, conquistados graças ao maior recall de seu nome. Deu certo – até o momento que não deu mais para tapar o sol com a peneira. As últimas pesquisas começaram a colocar em confronto as verdades de cada candidato: Dilma é a candidata de Lula e Serra é oposição a Lula.
Serra começou a cair e sua taxa de irritação começou a subir. Elevou o tom de voz, brigou com a imprensa até agora tão querida, agrediu o Presidente da Bolívia (procurando conservar a classe média do Sul-Sudeste) e atirou nos Vices indiscriminadamente. Claro que o alvo era Aécio Neves, desafeto óbvio, que ele jamais desejou como Vice em sua chapa. Gostaria até que Aécio não conseguisse eleger seu sucessor em Minas nem mesmo se eleger Senador – desde que isso não impedisse a transferência dos votos mineiros. Sabe que Aécio é o que tem de pior como “fogo amigo”, e isso só faz aumentar o seu desespero. Sem força suficiente em Minas, com dificuldade nas negociações regionais e perdendo votos no seus principais redutos, Serra virou barata tonta, atirando em todas as direções, visando aumentar sua exposição na base do “falem mal, mas falem de mim”. Tenta com isso conservar seus pontinhos nas próximas pesquisas e afugentar o fantasma de se tornar carta fora do baralho com tanta antecipação. Enquanto isso, seu ex-quase-Vice está mais vivo do que nunca – talvez até mesmo trabalhando por sua derrota...

Primeiro-Ministro da Turquia:"Se os outros podem, por que o Irã não?"


Bem boa essa entrevista do Primeiro-Ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para Renata Malkes, do Globo:

O GLOBO: Apesar do acordo, novas sanções ao Irã são cada vez mais iminentes. Qual o próximo passo de Brasil e Turquia para evitá-las? RECEP TAYYIP ERDOGAN: Não há clareza agora. Ainda.
Quando a situação estiver mais clara, vamos decidir o próximo passo. Se o acordo for respeitado pelo Irã, nós, que colocamos nossos nomes, nossas assinaturas naquele documento, não vamos voltar atrás enquanto o Irã se mantiver fiel a esse acordo. O Irã provou ser membro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), signatário do TNP e cumpriu o que se esperava nesse projeto de troca de urânio.
Por isso, a comunidade internacional deve nos apoiar
O GLOBO: Um dos pontos criticados pelos membros do Conselho de Segurança é o fato de o Irã poder seguir enriquecendo urânio. Por que isso não foi discutido?
ERDOGAN: O enriquecimento de urânio para fins civis pode ser feito no Irã e no resto do mundo. Muitos países enriquecem urânio. Por que estamos tão incomodados? Se outros países podem, por que não o Irã? Vamos falar de justiça e não de injustiça. Se você pressiona o Irã assim, nunca terá resultado algum! Há duas semanas, assinei um acordo com a Rússia para a criar uma usina nuclear na Turquia e vou começar a enriquecer urânio no futuro. E aí dirão à Turquia “não, vocês não podem enriquecer urânio”? Eu vou dizer que é para produzir energia.
Você pode enriquecer e eu não? Isso é inaceitável! A quantidade, sim, essa pode ser discutida.
O GLOBO: Também não houve acordo para permitir novas inspeções da AIEA no Irã . Por quê?
ERDOGAN: Há órgãos competentes, a AIEA, da qual o Irã é membro, além de signatário do Tratado de Não-Proliferação (TNP). Se as organizações internacionais querem inspecionar mais, saber mais, que sigam em frente e investiguem! Se não houver apenas uma usina nuclear, mas uma fábrica de bombas atômicas, então isso pode ser denunciado ao resto do mundo. Mas, isso nunca aconteceu até agora. Não podemos temer uma coisa que não existe.
Nos últimos meses, a imprensa internacional está sendo manipulada contra o favor que nós estamos fazendo. Está sendo atiçada diante de nossa boa vontade. Com o tempo, essa ventania passa e as coisas vão parecer mais positivas. Eu e o presidente Lula sabíamos que falariam contra. Mas, fomos decididos.
O GLOBO: No ano passado, o Irã omitiu a existência de uma usina secreta, em Qom. Diante desse histórico de desconfiança, pode-se confiar no presidente Ahmadinejad?
ERDOGAN: A AIEA não pode criticar as usinas iranianas ou classificá-las como fábricas de armas. A AIEA só fala de possibilidades.
Vamos nos ater aos fatos e não às possibilidades.
A comunidade internacional teme que essas instalações se transformem em fábricas de armas, mas não vejo assim.
Falo a verdade. Claro que considero essa possibilidade, mas não a uso para julgar pessoas.
Se não estamos falando da lei dos supremos, mas da supremacia da lei, temos que falar disso claramente. Os países alegam que haverá armas nucleares no Irã... E há a possibilidade de inocência... Então, vamos provar essas alegações! Enquanto essas alegações não forem provadas, não podemos culpar ninguém. Estamos de mãos dadas com Lula e Ahmadinejad e demos um passo adiante.
O GLOBO: Há uma tentativa de grandes potências impedirem o acesso de emergentes às questões diplomáticas internacionais?
ERDOGAN: Claro! Era função do Conselho de Segurança das Nações Unidas! E os membros permanentes são muito ativos, mas não foram efetivos. Não puderam dar passos concretos para resolver a questão. Não puderam sequer conversar com o Irã. A posição foi “ah, vocês vão falar com o Irã? Tragam-nos alguma conclusão”.
Foi o que nos disseram! O Brasil resolveu um problema significativo.
O Brasil e a Turquia podem resolver problemas no Irã.
E não podemos deixar de questionar: como os membros permanentes não podem resolvê-los? Deveriam ser capazes, mas cometem um grande erro; eles têm que mudar mentalidade e estratégia.

Dennis Hopper, Easy Rider



Dennis Hopper morreu nesse sábado. Em sua homenagem, e para que você comece bem o domingo, trecho de Easy Rider ("Sem Destino" ou "Ao léu", como diriam os baianos), filme dirigido por Dennis Hopper (Premiado em Cannes, 1969), com Peter Fonda, Jack Nicholson, Karen Black e o próprio Dennis Hopper (também autor da história, com Peter Fonda e Terry Southern). Música "Born to be Wild" (Steppenwolf), fotografia do húngaro Laslo Kovacs.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos: Obama e o resto do mundo


Alguma coisa razoavelmente boa Obama precisava voltar a anunciar em sua política externa. Nos últimos tempos só se via o rancor de Hillary Clinton dominando a cena, e Obama encolhido. A questão do Irã é o melhor exemplo, com a turma de Hillary forçando Obama a voltar atrás na palavra que deu a Lula (há quem acredite até que ele teria estimulado a divulgação de sua carta, para enfraquecer Hillary – será?). Stephen Walt, professor de relações internacionais de Harvard, chegou a declarar, em artigo para Foreign Policy, que não "compreende quem está realmente dirigindo a política dos EUA para o Irã", que "não faz qualquer sentido", pois se sabe que as sanções não teriam efeito. O Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, já se declarou favorável ao Acordo Brasil-Turquia-Irã e mesmo o Governo Russo, que andava mais pra lá do que pra cá, depois que levou um pito de Ahmadinejad, resolveu também apoiar o Acordo.
Com o anúncio da Estratégia de Segurança Nacional Obama parece retomar as rédeas. Afasta-se profundamente da política Bush, ao dizer que nenhum país pode encarar desafios mundiais sozinho e ao tratar o combate ao terrorismo como "apenas um elemento", que não pode definir a relação dos EUA com o mundo. Eleva o déficit público ao status de ameaça e reconhece que o poder global está cada vez mais difuso. Obama reconhece também, através do assessor Ben Rhodes, a importância de “ceder mais poder ao G-20, que inclui potências emergentes como China, Índia e Brasil”. Isso mostra que Obama Presidente começa a se aproximar do Obama Candidato. E começam a surgir sinais de que o mundo – que tinha trocado o bipolarismo da Guerra Fria por uma espécie de uni/oligopolarismo – dá os primeiros passos mais ousados, mais próximos de um multipolarismo mais amplo (algo além da simples seleção de alguns parceiros predispostos a apoiar o líder).

Minas x São Paulo: Aécio decide partir pra briga


Os cálculos de Aécio na decisão de não ser Vice não se limitam a outubro de 2010. Ele projeta o cenário do próximo mandato presidencial, com o PT mantendo-se no poder e com Serra definitivamente fora da importância política. A liderança paulista estará enfraquecida (não dá para levar Alckmin a sério...) e Minas poderá ocupar esse vácuo, finalmente conquistando o papel principal da oposição nacional.
Claro que Aécio vai apoiar o voto “dilmasia”. Além de votação retumbante para o Senado, ele precisa garantir a vitória de seu candidato Anastasia para o Governo de Minas e com isso firmar-se como grande liderança de oposição ao Governo Dilma. Ciro (e Tasso) provavelmente navegará nesse mar mineiro, garantindo o canal Minas-Nordeste.
Serra virou carta fora do baralho.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Serra, um tucano metamorfoseando-se em barata tonta


A pesquisa fez mal ao moço. Foi só ele perceber que sua liderança era pura ficção, e já saiu tonteando em todas as direções, em busca de mais atenção e intenções de voto. Está baratinado. Olhou para o mapa eleitoral, viu que estava sem espaço no Norte-Nordeste-CentroOeste e resolveu buscar lugar ao sol em outra parte. Mas está difícil, muito difícil.
Na luta para preservar votos conservadores no Sul-Maravilha, tem feito de tudo. Hoje ofendeu o Presidente da Bolívia, Evo Morales, chamou-o de cúmplice do narcotráfico. Já atacou o Mercosul, a Argentina, o Irã, está querendo o quê? – isso ninguém sabe. Atacou a falta de planejamento do Governo, mas na verdade estava atacando o Governo passado. Errou feio sobre dados de investimentos do próprio estado que “governou”. Ontem perambulou pelo Rio e hoje, para não deixar Dilma livre, leve e solta no Rio Grande Sul, mudou a agenda na última hora e partiu desesperado, rumo ao XXVI Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, em Gramado.
Marco Aurélio Garcia disse que Serra virou um “exterminador do futuro”. Mas me parece que ele virou barata-voa, transformou-se em exterminador do presente, do próprio presente...
Se continuar com essa superexposição estonteante, vai cair mais na próxima pesquisa.

Estratégia: Cesar Maia contra o peão


Cesar Maia escreveu ontem em seu Ex-Blog um excelente texto sobre estratégia política, onde procura passar diretrizes para a Oposição a partir da comparação entre o ocidental Xadrez e o oriental Go. Uma comparação interessante. Norbert Wiener, criador da cibernética, chegou a dizer que era possível imaginar, com auxílio de computadores, chegar-se a uma teoria geral do Xadrez, mas isso seria inimaginável para o Go. (leia também minha postagem “O computador vai ser campeão e o xadrez vai perder a graça”, de 2006)
Diz Cesar Maia, com certa razão, que “num processo eleitoral, quem governa, quer jogar Xadrez. Quer confrontar o exército adversário com o seu. Com regras definidas. E joga com as brancas, ou seja, tem a iniciativa. Provoca com seus peões, abre espaços para ataques com as outras peças. Quer que o adversário venha a campo aberto e confronte”. Ele, então, orienta a Oposição a “sempre escolher jogar o Go, o jogo preferido do general Sun Tzu (Arte da Guerra, 500 anos a.C.). O governo quer guerra de posição. A oposição deve preferir a guerra de movimento”. A eleição, conclui ele, “se ganha na estratégia e no conhecimento profundo de si e de seu adversário. Conhecimento permanente e dinâmico, e com infiltrações e contra-informação”.
Infelizmente para Cesar Maia e a Oposição, falta em seu tabuleiro de estratégias um peão de carne e osso – o peão chamado Lula.
Veja o texto completo do Ex-Blog:
ELEIÇÕES 2010: OPOSIÇÃO DEVE JOGAR "GO" E NUNCA "XADREZ"!
1. O jogo de Xadrez, da forma que o conhecemos, nasceu na segunda metade do século XV e coincide com o Renascimento e Maquiavel. É um jogo ocidental que parte da ideia da guerra como um confronto entre dois exércitos, cara a cara. Ali estão a infantaria, a cavalaria, a artilharia, a Igreja, e o Rei e a Rainha. O jogo começa com o tabuleiro completo, com todas as peças. E termina com o tabuleiro vazio, com poucas peças e um rei cercado, sem movimento.
2. O jogo de GO originou-se na China no século VI antes de Cristo. É o inverso do Xadrez. O tabuleiro é semelhante ao do Xadrez, mas com mais casas. O jogo começa com o tabuleiro vazio e os exércitos estão fora do mesmo. As pequenas peças são redondas e iguais, e vão sendo colocadas uma a uma no vértice dos quadrados (casas). Quando peças coladas cercam peças do adversário, é como se um batalhão ou milícia ou guerrilha, tivesse eliminado o outro.
3. Num processo eleitoral, quem governa, quer jogar Xadrez. Quer confrontar o "exército" adversário com o seu. Com regras definidas. E joga com as brancas, ou seja, tem a iniciativa. Provoca com seus peões, abre espaços para ataques com as outras peças. Quer que o adversário venha a campo aberto e confronte. Isso independe se o governo é mais ou menos forte. Tendo a máquina, quer o confronto. Algumas vezes, quando se sente muito poderoso, se posiciona e provoca o adversário para que este venha a seu campo e o confronte.
4. A oposição deve sempre escolher jogar o GO. Era o jogo preferido do general Sun Tzu (Arte da Guerra, 500 anos a.C.). O governo quer guerra de posição. A oposição deve preferir a guerra de movimento. Pode ensinar muito as oposições nos Estados e no Brasil, em 2010. Um princípio de Sun Tzu: "vencer primeiro e lutar depois". Ou seja, a eleição se ganha na estratégia e no conhecimento profundo de si e de seu adversário. Conhecimento permanente e dinâmico, e com infiltrações e contra-informação.
5. Não movimente seu exército. Movimente grupos menores. De preferência milícias ou guerrilhas políticas. Nunca faça ataques diretos. Prefira os indiretos. Faça ruído para o governo pensar que você vai atacar onde não vai. No nível nacional e estadual (em oposição), a oposição deve jogar GO em suas campanhas. Nunca Xadrez. Na eleição de Presidente, isso é decisivo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Questão iraniana: afinal, qual Obama é melhor para o mundo? Vote.


O site americano de linha progressista Daily Kos fez excelente reportagem sobre a questão iraniana, “U.S. Media Censors U.S. Support of Iran Fuel Swap” (mais ou menos, “Mídia americana censura apoio americano ao acordo iraniano”). No texto o Daily Kos critica em primeiro lugar toda a mídia por não fazer qualquer referência à carta de Obama a Lula favorável aos termos do Acordo com o Irã. Depois critica a guinada de 180 graus feita pela atual administração, tentando inclusive encobrir seus passos anteriores, com a cumplicidade da mídia. E finalmente critica o Obama de hoje comparado com o Obama da campanha eleitoral, quando a proposta para a política internacional era diametralmente oposta à praticada atualmente. O Daily Kos faz uma enquete sobre como deve ser Obama na questão iraniana (o de agora ou o da campanha?) e ainda apresenta um vídeo com diversos trechos do então candidato, quando propunha “uma diplomacia verdadeira, direta e sólida” (real, direct and sustained diplomacy with Iran). Na visão do candidato Obama, “países fortes, presidentes fortes, dialogam com seus adversários”.
Na enquete do site, com poucos votantes, o placar de hoje pela manhã era de 89% a favor do “candidato Obama” contra o "Presidente Obama”.
 (Clique na imagem para ampliar)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ex-Diretor Geral da AIEA e Nobel da Paz apoia acordo Brasil-Turquia-Irã



Cada vez mais, o acordo promovido pela diplomacia brasileira, que trouxe a possibilidade de um entendimento mundial na questão nuclear iraniana, ganha reconhecimento positivo em todas as esferas da política internacional.
Um apoio importantíssimo acaba de ser divulgado através de entrevista feita pelo Canal France 24 com Mohamed El Baradei, ex- Diretor Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU e ganhador do Prêmio Nobel da Paz 2005. Ele inclusive fala de 50% de transferência do urânio iraniano como muito positivo, ao contrário das alegações americanas, que agora exigiriam um mínimo de 70%.
“Acho que é um acordo muito bom. Sempre disse que o único meio de resolver a questão iraniana é pela construção da confiança. Transferir 50% ou mais dá a medida de confiança necessária para neutralizar a crise e dar aos Estados Unidos e o Ocidente espaço para negociação”, declarou Baradei.
Hoje a coluna “Toda Mídia”, além dessa notícia, tem outras sobre o tema:
  • Cita a declaração da ex-secretária de Estado dos EUA Madeleine Albright ao canal C-Span de que "estamos vendo um mundo muito diferente", em que "outros países tentam mostrar que têm um papel a interpretar. O Brasil claramente tem".
  • Em análise, a CNN avaliou que o país expõe "a crescente insatisfação com a ordem mundial datada e injusta".
  • O canadense "Globe and Mail", em coluna, disse que Brasil e Turquia estão "redesenhando as linhas que dividem as nações do mundo" e cobrou o Canadá por ficar para trás nesta "corrida ao centro".
  • O "Guardian" revela a primeira prova da bomba atômica israelense, publicando documentos sul-africanos de 1975, com a oferta feita por Israel para venda de armas nucleares ao regime do apartheid.
Todos esses fatos revelam o acerto da diplomacia brasileira (apesar das ofensas intermináveis que recebe da oposição fernandohenriqueana). Devemos destacar ainda a carta enviada por Obama a Lula, apoiando a iniciativa brasileira. Por que os Estados Unidos voltaram atrás? Qual a disputa interna que está por trás disso tudo? Qual o verdadeiro papel de Hillary Clinton na Secretaria de Estado? Quem divulgou a carta – terá sido o próprio Obama?
São questões vitais para nosso mundo – e que a Oposição parece desconhecer.

domingo, 23 de maio de 2010

Eleição 2010, pesquisas: Noblat entrevista Marcos Coimbra

O Blog do Noblat fez hoje, via Twitter, excelente entrevista com Marcos Coimbra, do Vox Populi. Ela está completa, aqui:
# Boa tarde, Marcos Coimbra. Quem tem mais chances de se eleger presidente da República em outubro próximo?
# RT @Macoimbra: Boa tarde, Noblat. Dilma é favorita, mas favoritismo não basta para ganhar uma eleição.
# Por que você considera Dilma favorita?
# RT @Macoimbra: Ela empatou c/ Serra e tem espaço de crescimento aberto à frente junto ao eleitorado disposto a votar na candidata do Lula.
# Isso é suficiente para que Dilma se eleja? Serra não tem espaço para crescer?
RT @Macoimbra: Serra é conhecido por 80% da população, com menos espaço p/ crescer. Dilma tem crescido tirando intenções de voto dele.
# A essa altura, quantos por cento das intenções de voto de Dilma resultam de transferência feita por Lula?
# RT @Macoimbra: Dilma é a candidata dele, do que ele representa. Nesse sentido, toda a intenção de voto que tem vem de Lula e do governo.
# Dilma corre o risco de o eleitor, a certa altura, concluir que votar nela não significa votar em Lula, não é a mesma coisa?
# RT @Macoimbra: Claro q não é, e o eleitor sabe disso. Quem pensa em votar nela ñ acha q Lula vai mandar, mas q ela preservará o q ele faz.
# Se os votos de Dilma não são dela, mas de Lula e do governo, o candidato poderia ser qualquer outro bom auxiliar de Lula. Ou não?
# RT @Macoimbra: Me parece q sim, mas Lula deve ter tido razões para preferi-la. Seu papel no governo, seu perfil, sua identificação com ele.
# Pelos seus cálculos, quantos por cento a mais de votos Lula ainda poderá repassar para Dilma?
# RT @Macoimbra: Há ainda cerca de 40% do eleitorado q conhece mal ou ñ conhece Dilma. Ela pode crescer mais 20 pontos nesse segmento.
# Fernando Henrique Cardoso tira votos de Serra? Ou freia seu crescimento? Há algum tipo de cálculo a esse respeito?
# RT @Macoimbra: A imagem de FHC é negativa e a maioria das pessoas acha q o governo dele foi muito pior q o de Lula. Isso é ruim para Serra.
# P q Dilma cresceu tanto em maio? Exposição em programas partidários na tv? Companhia de Lula no programa do PT? Ou cresceria de todo jeito?
# RT @Macoimbra: Todas as opções estão corretas. A propaganda do partido ajudou, Lula tb, e ela estava em crescimento, lento, mas firme.
# Em junho, Serra terá muito espaço nos programas de tv de partidos. Automaticamente ele crescerá?
# RT @Macoimbra: Serra é muito conhecido, o q limita essa hipótese. Mas deve melhorar, nem q seja por sustar o crescimento natural de Dilma.
# Lula já foi multado 4 vezes por fazer propaganda de Dilma antes do tempo. Faz + de 1 ano q ele está em campanha por ela. Isso não a ajudou?
# RT @Macoimbra: Mais q ajudou, explica tudo. Ele antecipou a campanha, todo mundo entrou em campo e ele teve tempo p/ apresentar Dilma.
# Todo mundo, não. Serra não entrou. E ninguém dispunha do grau de exposição de Lula e de Dilma.
# RT @Macoimbra: Desde 2009, todos os programas partidários foram eleitorais. Quanto à demora de Serra, a decisão foi dele e só dele.
# Serra tem um "teto" de votos que dificilmente ultrapassará? Qual seria?
# RT @Macoimbra: Serra tem um piso alto e um teto limitado pela eleição onde o eleitor se pronuncia sobre políticas e governos e ñ biografia.
# E o teto de Dilma e de Marina Silva?
# RT @Macoimbra: O teto de Dilma é o desejo de continuidade, q é alto. Marina corre o risco de ficar espremida entre 2 grandes e ñ crescer.
# O que Serra precisaria fazer para driblar esse quadro desfavorável e ganhar? Ou não tem como?
# RT @Macoimbra: Trazer a eleição p/ o campo dele, a comparação de currículos. Torcer p/ q Dilma erre muito. Mas sua posição é desvantajosa.
# Aécio de vice poderia ajudar Serra a se eleger ou não acrescentaria grande coisa?
# RT @Macoimbra: Aécio só é bem conhecido em MG, onde Lula é querido. Serra está bem e é dificil avaliar se um ganho em Minas faria diferença.
# Não dá para avaliar se um ganho em Minas faria diferença para Serra? Ou você prefere não avaliar?
# RT @Macoimbra: Minas é 11% do eleitorado. Aumentar 20 pontos no estado é 2% no total. Pode ser muito pouco no resultado final.
# Últimas perguntas. Por que a História registra erros tão clamorosos cometidos por institutos de pesquisa?
# RT @Macoimbra: Os erros existem e procuramos reduzi-los ao mínimo. Mas os institutos brasileiros estão entre os q mais acertam no mundo.
# É certo que institutos pesquisem ao mesmo tempo para partidos e meios de comunicação?
# RT @Macoimbra: É nossa tradição, mas é natural que seja discutida. Pode ser um dos itens a tratar na reforma política que aguardamos.
# Por fim: Montenegro, presidente do IBOPE, disse à VEJA no ano passado que a eleição de Serra era segura. Era na época ou ele estava errado?
# RT @Macoimbra: Acho que seria melhor perguntar isso a ele.
# Obrigado, Marcos. Obrigado a todos que acompanharam a entrevista nas últimas duas horas.

Pesquisa Datafolha: Dilma cresce no Brasil inteiro... enquanto Serra despenca

(Clique no gráfico para ampliar)

Essa última Pesquisa Datafolha chega a ser cruel com Serra. Enquanto Dilma cresce em todas as regiões e nos mais diversos segmentos, Serra despenca.
No Sudeste (44% eleitorado), Dilma ganha 7, Serra perde 5.
No Sul (15% do eleitorado), Dilma ganha 9, Serra perde 10.
No Nordeste (27% do eleitorado), Dilma ganha 7, Serra, curiosamente, não perde nem ganha.
No Norte/CentroOeste, (14% do eleitorado), Dilma ganha 9, Serra perde 8.
Na população mais pobre (51% do eleitorado), Dilma ganha 8, Serra perde 5.

Começando o domingo com Sábado de Luz

O sábado foi iluminado. E o domingo terá mais luz ainda. Ouça Licht, de Stockhausen, Samstag aus Licht.


sábado, 22 de maio de 2010

Eleições 2010: agora, até a Pesquisa Datafolha aponta Dilma na frente

(Clique no gráfico para ampliar)

Parece que ninguém tem mais dúvidas sobre o PAC-D - Processo de Aceleração da Candidatura de Dilma para a Presidência 2010. Faltava o reconhecimento do Datafolha, que chegou hoje. A pesquisa, com o campo realizado na quinta e na sexta, teve 2.660 entrevistas, com margem de erro máxima de 1,9 ponto percentual.
No histórico Datafolha desde dezembro de 2009, Serra, que tinha tendência de estabilidade, passou a ter tendência de queda.
Dilma mantém inalterada sua forte tendência de crescimento
Marina, que tinha tendência de estabilidade, passou a ter leve tendência de crescimento.
Os "não-votos" ( branco, nulo, não sabe) mantêm forte tendência de queda.
Na hipótese de segundo turno, o desempenho de Dilma impressiona ainda mais, mostrando que já tem um pontinho à frente.
Obviamente, esse resultado é arrasador nas fileiras oposicionistas e deverá influenciar diretamente o humor de Serra. As tendências dificilmente serão alteradas.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O mapa da hipocrisia

(Para ampliar, clique na imagem.
Para acessar o mapa interativo, com informações
mais amplas e detalhadas, clique aqui.)

Olhe bem para esse mapa mostrando o número de ogivas nucleares contabilizadas no mundo e em que países se encontram. Observe quantas ogivas possuem Rússia e Estados Unidos – 9.267 ao todo! Olhe bem para Índia (75 ogivas), Paquistão (15) e Israel (200!) e note que esses países cercam o Irã – que tem... nenhuma ogiva. Agora responda: o que foi que os Estados Unidos fizeram para que esses países não tivessem armas nucleares? Nada. Ao contrário, até apoiam. Assim como apoiaram a iniciativa do Irã para construir suas usinas nucleares... quando aquele país ainda era dominado pelo Xá Reza Pahlevi, ditador imposto pelos Aliados após a Segunda Guerra e que contava com irrestrito apoio americano.
É a mesma hipocrisia que vemos na relação com a América Latina, quando fazem de conta que ajudam a combater o narcotráfico, mas fecham os olhos para a venda ilegal de armas de combate para as organizações criminosas. Na entrevista que deu a El País, no fim de semana, o Presidente do México, Felipe Calderón, declarou: “desde 2004, quando desapareceu nos EUA a proibição da venda de armas de assalto, cresceu de maneira importante o poder bélico dos cartéis. O que leva a um maior poder de confronto com outros cartéis e com as autoridades. Nós apreendemos em três anos cerca de 75 mil armas, das quais mais de 40 mil são rifles de assalto, cerca de 5 mil granadas, 8 milhões de cartuchos, lança-mísseis, um arsenal capaz de armar um exército”.
A França, além de ter 300 ogivas, tem em mais de 100 usinas nucleares a sua principal fonte de energia – mas o Irã não pode construir uma única. Os Estados Unidos fecham os olhos para as ogivas israelenses, mas não admitem o acordo Brasil-Turquia-Irã, considerado um passo corajoso em direção à paz.
Talvez eles simplesmente não queiram a paz. Porque todos sabemos que a paz jamais será conquistada à base da hipocrisia ou de propostas desonestas. E talvez seja por isso que o jornal inglês The Guardian tenha saudado Turquia, Brasil e também o Japão por estarem assumindo “o papel de negociador honesto abandonado por Inglaterra, França e Alemanha". Só a diplomacia hillaryana e a “diplomacia” tucana são incapazes de ver isso.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Diplomacia brasileira expõe a arrogância e o despreparo da diplomacia Hillary


O que o Brasil fez com o acordo nuclear do Irã foi um verdadeiro gol de placa. E isso nem mesmo nossa Oposição pode negar. É verdade que Fernando Henrique andou fazendo gracinha, declarando que era preciso aguardar para ver se o juiz vai ou não vai validar o gol. Coisa de pessoa rancorosa, que se corroi de ciúme. O mundo de hoje não pode mais curvar-se automaticamente às “verdades” das grandes potências. Não dá mais para engolir coisas do tipo “armas de destruição em massa no poder do Iraque” da era Bush. O mundo inteiro fica mais perigoso depois que eles lançam uma “verdade” assim.
O Brasil, como emergente de peso, teve que se posicionar na questão do Irã e fez mais do que isso – apresentou um trabalho brilhante, positivíssimo e reconhecido internacionalmente. Pegou Hillary Clinton de calça curta, mas isso é problema dela. Sem alternativa diplomática (coisa que nunca precisaram ter), os Estados Unidos estão apelando para a ignorância, achando que ainda podem resolver tudo na base do porrete. Estão apenas se mostrando derrotados, quando poderiam muito bem apoiarem a atitude brasileira e se mostrarem igualmente vitoriosos com a defesa da paz no mundo – que é o que todos desejam. Ainda há tempo de voltar atrás – mas será que sabem fazer isso?
Leiam a entrevista que saiu no Globo de hoje, feita por Fernando Eichenberg  com Flyn Leverett, diretor do Projeto Irã da New America Foundation, ex-responsável pelo Oriente Médio no Conselho de Segurança Nacional dos EUA, ex-analista da CIA e professor da Universidade da Pensilvânia. Leverett acredita que Washington entrou em um “jogo arriscado” e vê como crucial a atitude da China para determinar o futuro da aplicação de sanções.

'Os EUA nunca tiveram controle'
O GLOBO: Como o senhor avalia o acordo costurado por Brasil e Turquia com o governo iraniano?
FLYN LEVERETT: Brasil e Turquia são potências em ascensão e assumem significativa influência numa importante questão de paz e segurança internacional.
Mostraram de forma polida, mas clara, que Washington não tem controle unilateral na discussão do programa nuclear iraniano. Isso põe Obama numa posição difícil.
De um lado, os EUA não querem ser vistos dizendo “não” a progressos diplomáticos. Por outro, pararam na posição de George W. Bush sobre o enriquecimento e não querem ser vistos como se tivessem que se render.
O GLOBO: A secretária Hillary Clinton insiste em sanções econômicas...
LEVERETT: Essa abordagem vai se voltar contra o governo. A China pode concordar com o esboço de resolução, mas não acredito que vá concordar com que ela seja rapidamente adotada. Os chineses dirão que é preciso dar uma chance a esse acordo. A secretária Clinton está apostando num jogo bastante arriscado.
O GLOBO: Como vê as posições de China e Rússia nesse novo contexto?
LEVERETT: Acredito que China e Rússia concordaram com o que seria a linguagem do texto de uma nova resolução. A única ação concreta disso tudo é que o esboço aceito pelos membros permanentes do Conselho de Segurança agora será apresentado aos demais dez integrantes, incluindo Brasil e Turquia. A secretária Clinton está sob pressão, porque é como se o governo Obama tivesse perdido o controle da situação e que Brasil e Turquia passaram a liderar a via diplomática.
O GLOBO: Para os EUA, o acordo é insuficiente e não responde questões da comunidade internacional.
LEVERETT: O que governo americano está dizendo é um tanto desonesto. Verdade que, segundo as resoluções do conselho, o Irã deve suspender todo o enriquecimento de urânio. Mas desde as negociações de outubro isso não foi mais colocado. É uma mudança de posição que pode ser vista como sinal de desespero. Os EUA nunca tiveram controle unilateral na discussão das sanções. O governo insistiu em mostrar mais controle do que realmente tem, e está pagando um preço por isso.
O GLOBO: O senhor não acredita na votação de sanções em curto prazo?
LEVERETT: O próximo passo será a reação ao esboço da resolução.
Será crucial acompanhar a posição da China. Os chineses concordaram com o esboço, mas será preciso ver o que farão quando o texto for colocado realmente em votação. Realisticamente falando, a resolução não entrará no calendário de votações antes de junho, na melhor das hipóteses.

Flagrante da diplomacia americana


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Pesquisa Sensus confirma crescimento de Dilma e declínio de Serra

A nova pesquisa CNT/Sensus, realizada com 2.000 entrevistas, margem máxima de erro de 2,2% e campo entre 10 e 14 de maio, confirma os dados da Vox, inclusive a vitória de Dilma no segundo turno. Há dois cenários pesquisados, um apenas com Dilma, Serra e Marina e outro com 11 candidatos. Veja a evolução desde novembro de 2009.


Mohammad Marandi, da Universidade de Teerã: "vitória da diplomacia brasileira cala a boca dos EUA"

O acordo assinado pelo Irã nesta segunda-feira em torno de seu programa nuclear foi uma vitória da diplomacia brasileira e uma resposta aos Estados Unidos, na avaliação do analista iraniano Mohammad Marandi, da Universidade de Teerã.
"Apesar das dificuldades em conseguir o acordo, o presidente Lula arriscou sua fama internacional para conseguir intermediar uma proposta que trouxesse o governo iraniano de volta à mesa de negociações", disse Marandi à BBC Brasil.
Para o analista, o Brasil responde às críticas de outros países ocidentais, como os EUA e seus aliados, que não acreditavam que Lula e seu corpo diplomático pudessem fazer algo diferente do que já havia sido tentado.
"Lula calou a boca dos EUA e da secretária de Estado (dos EUA), Hillary Clinton, que mais de uma vez menosprezou os esforços turcos e brasileiros."
Para Marandi o Brasil teve o maior crédito, pois a Turquia não estava com o mesmo grau de otimismo em relação a um possível acordo.
"O mérito foi do Brasil, pois o país arriscou sua reputação e sofreu as maiores críticas ao se aproximar do Irã. E ainda conseguiu dar mais ânimo aos turcos em acreditar na possibilidade de se chegar a um acordo", enfatizou ele.
Proposta. O porta-voz do Ministério do Exterior do Irã, Ramin Mehmanparast, disse que o país vai enviar 1.200 kg de urânio de baixo enriquecimento (3,5%) para a Turquia em troca de combustível para um reator nuclear a ser usado em pesquisas médicas em Teerã.
O entendimento anunciado nesta segunda-feira e assinado em frente a jornalistas em Teerã tem como base a proposta da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, órgão da ONU), do final do ano passado, que previa o enriquecimento do urânio iraniano em outro país em níveis que possibilitariam sua utilização para uso civil, não militar.
Marandi salientou que ainda precisam ser conhecidos detalhes do acordo, como, por exemplo, a questão de como se dará a supervisão do transporte do urânio à Turquia e o papel da AIEA em colocar observadores.
"Sem contar que o grupo dos EUA e aliados que pressionavam por mais sanções devem ratificar o acordo para que tenha maior peso."
Israel. Poucos minutos após o anúncio do acordo, Israel criticou o Irã, afirmando que Teerã está "manipulando" o Brasil e a Turquia.
Os dois países, potências não-nucleares e membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU, querem evitar as sanções.
Alguns integrantes do Conselho – principalmente os Estados Unidos - desconfiam das intenções do programa nuclear iraniano.
O Irã afirma que ele tem fins pacíficos, e que o país não pretende desenvolver armas nucleares.
Para o professor Mohammad Marandi, a vitória turca e brasileira se deu também à visão do Irã de que estes dois países são mais confiáveis que os outros do Conselho de Segurança da ONU.
"O acordo assinado hoje aconteceu porque o governo iraniano enxerga no Brasil e Turquia como dois países amigos."
Reportagem de Tariq Saleh, BBC

Acordo com Irã: a imagem abaixo é sugestão para o porta-retrato de Hillary Clinton



A todos que não acreditavam na diplomacia brasileira, que trataram Lula como ingênuo e até riram, como o diretor da Newsweek, Fareed Zakaria (quando perguntado se o Brasil poderia "assumir um papel sério na questão nuclear iraniana"), a todos os tucanos rancorosos e a todos os que têm complexo de vira-lata, dedico o noticiário de hoje. Claro que ainda teremos aqueles que tentarão minimizar o feito - para esses, compeensão, porque já perderam o bonde da História.
  • Leia a reportagem no Tehran Times. 
  • Trecho da entrevista de Fareed Zakaria, feita por Renata Malkes, publicada ontem no Globo: "O Brasil pode assumir um papel sério na questão nuclear iraniana ou no Oriente Médio? ZAKARIA: (risos) A resposta curta para sua pergunta é... não! (risos)"    

domingo, 16 de maio de 2010

Pesquisa Vox Populi: o Nordeste faz mal a Serra

(clique no gráfico para ampliar)

Segundo a nova Pesquisa Vox Populi, é só no Sul (15% do eleitorado nacional) que Serra ainda está à frente de Dilma, com 15 pontos. No Centro-Oeste (7% do eleitorado) e no Sudeste (44% do eleitorado), perde por 1 ponto. No Norte, (7% do eleitorado), perde por 19 pontos. E no Nordeste (27% do eleitorado) perde por 15 pontos. Serra deve estar muito nervoso por não aparecer muito à frente no Sudeste, onde contava com vitória ampla garantida. Mas deve ter ficado mais nervoso ainda ao ver índices de Dilma no Nordeste.
Dilma lidera fácil na região (45% contra 30%), embora seja lá que ela é menos conhecida. E tem mais: é no Nordeste que o apoio de Lula ganha mais peso. Já pensou quando Dilma for totalmente identificada como a candidata de Lula? Serra ficará inteiramente desnor(des)teado...

Pesquisa Vox Populi aponta que Serra finalmente muda de patamar: começa a cair


A confirmação da tendência de crescimento de Dilma já era esperada, mesmo sem a pesquisa captar a sua exposição no Programa do PT. O que não se esperava era que Serra tivesse alterada a tendência de estagnação que há meses vem se mantendo. O crescimento de Dilma acontecia apenas sobre a queda de brancos e nulos, graças ao reconhecimento do apoio de Lula. Mas agora o quadro muda, porque Serra começa a perder votos. Talvez pelo excesso de exposição na mídia...
Pesquisa Vox Populi, 2.000 entrevistas, margem de erro máxima de 2,2 pontos percentuais, campo realizado entre os dias 8 e 13 de maio.

Tambores do Burundi

Domingo bem africano para acompanhar as últimas pesquisas.



sábado, 15 de maio de 2010

Ahmadinejad: “Irã pode ajudar Estados Unidos a sair da lama”


É engraçado ver o líder iraniano dizendo que pode ajudar os americanos. Ou, como está no Tehran Times, ou que “Iran is ready to help the U.S. and its allies extricate themselves from the quagmire in the region”.
A declaração foi feita na quarta-feira em um comício na cidade de Yasuj e é claro que é pura provocação – mas se a Hillary pode dizer o que bem entende, por que ele não poderia? Chafurda na lama quem quer.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Financial Times: Brasil desafia política externa americana (uau!)


Bom esse artigo do Financial Times de hoje. Deixa bem claro que o Brasil, ao tentar mediar um diálogo com o Irã, está procurando ocupar o espaço que lhe é devido no cenário mundial – mesmo que isso contrarie os interesses dos Estados Unidos.
O jornal britânico cita autoridades americanas reconhecendo que “a tentativa brasileira de seguir um caminho diplomático próprio – assim como esforços parecidos de outras 'potências emergentes', como a Turquia – são um novo desafio para a política externa americana". O FT traz também declaração do embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon: "à medida que o Brasil se torna mais afirmativo globalmente e começa a afirmar sua influência, vai bater de frente conosco em novas questões, em novos lugares – como o Irã, o Oriente Médio, o Haiti". Nada mais natural. Afinal, como lembra Samuel Pinheiro Guimarães, nas listas de países com as 10 maiores economias do mundo, as 10 maiores extensões geográficas e as 10 maiores populações, somente Estados Unidos, China e Brasil fazem parte das três.
O Brasil de Lula soube conquistar lugar de destaque, sem arrogância e sem ingenuidade. Hoje mesmo no El País, o presidente mexicano, Felipe Calderón, declara que não se sente nada incomodado em reconhecer a liderança do Brasil e de Lula. E amanhã, o simples fato de Lula estar se reunindo com Ahmadinejad em condições de contribuir concretamente para resolver o imbróglio nuclear tem grande significado para o mundo inteiro.
Por outro lado, criticar a nova política externa brasileira também pode ser natural – natural de quem se sente prejudicado ou de uma oposição rancorosa, agarrada como carrapato a um passado medíocre.
(leia também no site da BBC)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Programa do PT: Oposição em pânico, Dilma deve virar a grande estrela do Horário Eleitoral

Durante meses, a Oposição tentou vender a ideia de que Dilma seria um grande fiasco eleitoral, que tudo que ela faz seria um desastre e que, por causa disso, estaria fadada à derrota em outubro. Teve colunista (o Elio Gaspari, lembrei) que recorreu até mesmo à "Lei" de Murphy para preconizar que a Oposição seria vitoriosa. Mas, todos sabem, assim como o colunismo de oposição, a "Lei" de Murphy não tem rigor algum, não dá para levar a sério.
O Programa do PT veiculado hoje foi um grande cala a boca. Competente, muito bem feito e apresentando Lula e Dilma como dupla de ataque revelação. Revelou uma pequena amostra da força que terá a associação de Dilma com Lula - e de Serra com FHC... É a nova Lei de Murphy: quando tudo começa a dar certo, dá certo até o final. A estrela sobe. Pena que as novas pesquisas Vox Populi e CNT-Sensus não captarão resultados do Programa. O campo da primeira começou dia 8 e acabou hoje e o da segunda começou dia 10 e acaba amanhã.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Seleção Brasileira para 2010: só faltou incoerência

Com certeza, minha Seleção seria diferente da que o Dunga fez. Os "garotos" do Santos, por exemplo, seriam convocados por mim sem sombra de dúvida. Claro que minha coerência seria outra - quero ganhar a Copa com brilhantismo, emoção das grandes jogadas, futebol lindíssimo.
Na sua coerência, Dunga quer ganhar a Copa e ponto final. Acho que vai conseguir. O país vai torcer, vai vibrar e comemorar muito. Dunga dirá que acertou em ser incoerente. Mas garanto que com a minha Seleção o país seria ainda mais feliz.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Pesquisa e eleições: falem mal, mas falem de mim?


Ganhar destaque na mídia é sempre uma tarefa importante para qualquer candidatura. Isso promove o nome entre os eleitores, aumenta a autoestima dos simpatizantes. Claro que o ideal é que a notícia seja positiva, mas nem sempre isso é possível. Aliás, a mídia tem sempre dificuldade em dar notícia positiva sobre candidatos, a não ser que ela esteja apoiando abertamente, como é o caso do apoio a Serra. Ainda assim, notícia de grande repercussão, que mantenha o nome em destaque durante vários dias, é mais difícil.
Cesar Maia é mestre em pautar noticiário por vários dias, mesmo que seja com macetes do “falem mal, mas falem de mim”. Os chamados “factóides”, que ele soube usar tão bem, fazem parte desse pacote de espertezas. Hoje, sem ocupar cargo público político, Cesar Maia procura pautar a mídia através de seu Ex-Blog, ferramenta que soube construir com muita precisão.
José Serra ganhou destaque esses dias na rádio, tv, capas de jornais, colunas, etc, etc, com o tom de sua entrevista a Míriam Leitão na CBN. A pergunta que não quer calar é: o que terá levado José Serra a esbravejar contra Míriam Leitão, Banco Central, Heródoto Barbeiro, CBN, etc, etc?
Detesta Míriam Leitão e todo o Sistema Globo?
Está com raiva do Banco Central por não ter tido a mesma eficiência nos governos tucanos?
Ou será que resolveu adotar o estilo Cesar Maia para ocupar espaço na mídia? Essa última hipótese faz algum sentido, já que existe pesquisa Band-Vox Populi em campo e é uma boa tática de memorização de nome para crescer pontinhos na pesquisa eleitoral.
É, pode ser que seja esse o motivo. Mas talvez se trate apenas de mais um tucano irritadinho arreganhando o bico.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Polêmica eleitoral: o que motivou Duda Mendonça e Lavareda nas críticas ao Horário Eleitoral Gratuito?


Li na Folha de hoje que Duda Mendonça e Antonio Lavareda são contra os blocos de meia hora do Horário Eleitoral Gratuito, dizem que “encarecem a campanha e não são persuasivos”.  Acho que piraram de vez. Não é verdade que os blocos encarecem a campanha. Muito mais caro seria o formato de inserções pagas como se faz nos Estados Unidos, onde, como já citei aqui, nomes importantes de Consultoria Política defendem a propaganda não paga.
O Horário Eleitoral Gratuito é uma excelente forma de financiamento público de campanha (financiamento que deveria ser ampliado e diversificado). A Folha informa ainda que, este ano, o H.E.G. custará cerca de 850 milhões de reais aos cofres públicos (isenções fiscais) e que desde 2002 o valor total chega a 3,6 bilhões de reais – uma ninharia diante do que se gasta nos Estados Unidos.
Duda e Lavareda defendem a manutenção apenas do formato de inserções curtas (de 30”, geralmente), e a extinção do formato de blocos. Não percebem que isso inviabilizaria a grande maioria das campanhas proporcionais e praticamente tiraria do ar os partidos menores. Ou seja, acabaria inviabilizando todo o Horário Eleitoral Gratuito e seria um atraso completo.
Lavareda chega a declarar: "Programa eleitoral em bloco (...) não tem papel de persuasão. Eleitor não presta atenção e, quando presta, é pouco afetado. Para ser persuadido, o eleitor não deve estar ciente de que está sob tentativa de convencimento". Como pôde dizer isso? Primeiro, os blocos informam e têm papel de persuasão, sim. Segundo, a audiência é alta e o eleitor presta atenção. Terceiro, o eleitor pode ser motivado, mesmo sem “prestar atenção”. Quarto, para ser convencido, o eleitor precisa acima de tudo querer ser convencido. Quinto, mais importante do que causar impacto, é a capacidade da campanha de motivar o público certo (ver minha postagem abaixo).
Não entendo a posição tomada por esses dois importantes profissionais de marketing político. Parecem que estão desatentos. Ou não estão convencidos do que fazem.

Tudo o que Cesar Maia pensa que sabe sobre comunicação política…

A sensação que se tem é de que Cesar Maia acaba de descobrir Kathleen Jamieson e seu livro “Everything You Think You Know About Politics… And Why You’re Wrong” (Tudo o que você pensa que sabe sobre política… e por que você está errado). Em menos de um mês ele escreveu dois artigos (um em abril com o mesmo título do livro e outro no sábado, com o título "Propaganda e Política") enaltecendo as conclusões da pesquisadora e analista do processo de comunicação política. E que conclusões são essas? A partir de ampla pesquisa para a Universidade da Pensilvânia com 5000 pesquisadores, ela analisou campanhas presidenciais desde Kennedy e apontou três tipos de comunicação nos comerciais de TV, como descreve Cesar Maia: “os comerciais de contraste, onde um candidato, ao dizer que pensa assim sobre algo, diz que o adversário pensa o contrário. Depois os comerciais negativos, onde se ataca o adversário. Kathleen Jamieson diz que o comercial negativo gera uma reação no momento em que é visto, mas isso passa e a memória fica. Finalmente, o que chama de comercial defensivo, ou seja, quando um político fala do que fez, exalta o que fez. Kathleen Jamieson diz que esses são de longe os comerciais menos eficientes, seja pelo impacto, seja pela memória”. Destaquei a frase final porque é aí que se encontra o ponto fraco da argumentação. O grau de eficiência do comercial é reduzido à sua capacidade de causar impacto ou de ser memorizado. E Cesar Maia já pensava assim antes mesmo dessa pesquisa de Kathleen Jamieson. Na campanha de 98 para o Governo do Rio, por exemplo, ele deixou de lado a linha “defensiva” (que tinha usado em 96, quando elegeu Conde Prefeito) para se fixar na linha de “contraste” e na linha “negativa”. Foi extremamente impactante na sua televisão carregada de imagens negativas, retratando a violência e a desordem que teriam tomado conta do Rio, graças ao “brizolismo” (onde se incluiria Garotinho, o seu principal adversário). Procurava diferenciar-se de Garotinho/Brizola com um choque de ordem bem lacerdista, onde teria chegado ao ponto de propor o uso de creolina para tirar os mendigos das ruas. Do lado da campanha de Garotinho, tratamos de realçar os contrastes que ele tinha estabelecido e ao mesmo tempo fizemos comerciais de realização – exatamente o tipo de comunicação que a pesquisa de Kathleen Jamieson aponta como a menos eficiente... Nas pesquisas qualitativas, identificamos os seguintes contrastes:


O principal responsável pela fixação desses contrastes era o próprio Cesar Maia – só precisamos dar uma mãozinha. E mostramos também o que Cesar recusava-se a fazer: realizações. O trabalho de contraste certamente era mais impactante e com mais memória na campanha de Cesar – mas o perfil de Garotinho motivava muito mais a maioria do eleitorado, principalmente de perfil popular. E é isso realmente o que importa: motivar favoravelmente o público certo, mais importante do que o grau de “atenção” ou de “memorização” do comercial de TV.
Al Ries, em seu “A Queda da Propaganda”, lembra a febre de animais que em certa época assolou a propaganda americana: águias, touros, veados, leões, patos, gorilas, lagartos e tudo quanto é bicho para ajudar na memorização de produtos, sem que isso se traduzisse necessariamente em aumento de vendas. A Budweiser notabilizou-se por campanhas memoráveis, premiadas durante anos seguidos – ao mesmo tempo em que suas vendas despencavam. Conquistar uma percepção diferenciada na mente do eleitor é fundamental para qualquer candidato. Mas não pode ser uma percepção diferenciada qualquer. É preciso ocupar um espaço positivo na mente do eleitor certo. E isso pode ser conquistado sem grande impacto, mas com muita repetição. O melhor exemplo disso está na atual campanha eleitoral presidencial. O próprio Cesar Maia fala do contraste pelos governos (Lula x FHC) lançado por Dilma e o contraste pelos currículos (experiência de Dilma x experiência de Serra) lançado pela oposição. As duas linhas de comunicação poderão ter graus idênticos de impacto e memorização – mas terão efeito positivo junto a quem? A linha de comunicação de Dilma agradará à grande maioria do povo brasileiro, lulista. Por outro lado, essa linha de comunicação de Serra agradará basicamente à classe média conservadora concentrada no Sul e parte do Sudeste.
A eficiência terá sempre que ser medida em primeiro lugar pela capacidade de motivar, não simplesmente pela capacidade de chamar atenção e/ou de ser lembrado. É assim que deverá funcionar o “nóis contra eles”.

(Para ler mais sobre essa atuação de Cesar Maia em 98, clique na capa de meu livro aqui acima e à direita e pode ir direto à página 16)

domingo, 9 de maio de 2010

My name is George Well - ask my Mamma!


Não sei se foi o Tárik de Souza ou Paulo Cotrim, nos tempos de Veja, quem me falou pela primeira vez dessa música do Jorge Ben, sucesso nos Estados Unidos (principalmente no circuito universitário) na década de 60. Apesar de antiga e do sucesso no exterior, ainda é desconhecida por aqui. Fiz essa edição caseira para o Domingo das Mães.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Eleições 2010: Oposição quer aderir para tentar vencer


A Oposição está certa. Diante do quadro sombrio de seu horizonte eleitoral, tenta ser o que não é: lulista. Os papers de Bornhausen demonstram o desespero claro da Oposição. E O Globo de hoje traz duas notícias preciosas confirmando. No Panorama Político, de Ilimar Franco, temos a declaração do oposicionista ferrenho Jarbas Vasconcelos, senador (PMDB-PE), ao lançar sua candidatura ao governo: "Nunca deixei de reconhecer o apoio que recebi de Lula. Minha relação com Lula foi republicana, respeitosa, mas sem adesismos”. E nas centrais temos reportagem com título em letras garrafais: "Serra acena até para o PT".
Serra tem agido eleitoralmente de forma correta. Adiou o quanto pôde o lançamento de sua candidatura para evitar confrontos com Lula. E agora faz de conta que é lulista. Está certo em agir assim. Mas o confronto é inevitável. Principalmente quando Lula assumir inteiramente a campanha junto a seu eleitorado (Horário Eleitoral) e declarar que seu número é Dilma. Talvez aí só reste a Serra dar um soco em Fernando Henrique, para provar que não é mais Oposição...

Eleição na Grã-Bretanha: Conservadores vencem, mas talvez não levem


Desde 1974 não acontecia isso entre os britânicos: o partido vencedor não tem votos suficientes para garantir a eleição do Primeiro Ministro. Nas últimas contagens divulgadas, os Conservadores (David Cameron) estão com 291 cadeiras garantidas e com projeção de chegar a 306 - mas precisariam de 326 para ter maioria absoluta.
Gordon Brown, o atual Primeiro Ministro trabalhista (251 cadeiras, podendo chegar a 266), argumenta que, nessa situação, quem está no posto tem prioridade para formar o próximo Governo. Ele conta com as quase 60 cadeiras que os Liberais Democratas devem conquistar mais uma ou outra de pequenos partidos. Aliás, o maior derrotado acabou sendo o "fenômeno" Nick Clegg (Liberais Democratas), que parecia que poderia vencer, mas seu partido ficou com menos cadeiras do que tinha - erro brutal das primeiras pesquisas de opinião... (Números do instituto YouGov, no mês passado, apontaram o liberal-democrata com 34% das intenções de voto, à frente de conservadores, 31%, e trabalhistas, 26%). Leia mais no The Independent e BBC.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Eleições 2010: para onde apontarão as próximas pesquisas?


Até dia 30 de abril, não foi registrada nenhuma nova pesquisa para a Presidência de grande relevância, nenhuma nacional. Tem uma que é curiosa (Registro 10022/2010), do Datafolha, na Grande São Paulo, com 350 entrevistas (margem de erro máxima de 5,2%), para levantar intenções de voto para Presidente e Governador entre os leitores da Folha. Curiosidade interessante essa da direção da Folha. Será divulgada?
Há outras registradas, mas de âmbito estadual – Goiás, São Paulo, Distrito Federal. Nenhuma de âmbito nacional prevista para os próximos dias. Mas será que existem dúvidas sobre os resultados que virão?
No seu artigo de sábado, na Folha, “Pesquisas Eleitorais!”, Cesar Maia diz corretamente que “uma pesquisa de opinião pública, sobre qualquer questão, depende de a informação ter chegado às pessoas”. Assim, podemos concluir que as pesquisas muito provavelmente continuarão apontando as tendências de crescimento de Dilma e de estagnação de Serra. Talvez ligeiro crescimento de Marina. A saída definitiva de Ciro não chega a ser grande novidade e deverá gerar alterações menores do que as previstas anteriormente.
A tendência de crescimento de Dilma deverá manter-se porque relaciona-se à associação de Dilma com Lula – e isso ainda não está completo.
A estagnação de Serra deve manter-se porque, apesar de o tom oposicionista da mídia ter aumentado, ainda não chegou informação nova a um público novo.
Marina pode ter sido um pouco beneficiada com a saída de Ciro e com a maior presença na mídia – o que pode prejudicar Serra.
Na pontuação, o “um pra lá, dois pra cá” que possa acontecer, ficará na margem de erro.

Bomba em Times Square: o trocadilho do dia


O susto causado pela bomba em pleno Times Square gerou o trocadilho da capa do New York Post.