quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Honduras, divisor de águas profundas

Todos já sabem o que aconteceu em Honduras, aquele pedaço de terra menor (em tamanho e população) do que o nosso Ceará, situado entre as águas profundas do Caribe e do Pacífico, um dos países mais pobres do continente, que sobrevive graças à venda de café e banana para os Estados Unidos. Um grupo de políticos (e militares) da direita hondurenha, sentindo-se traído pelo antigo aliado Zelaya, deu um golpe de estado e expulsou o Presidente eleito, que não aceitou calado e movimentou-se em busca de apoio internacional. O Brasil destacou-se na sua defesa. Zelaya, em movimento ousado, retornou clandestinamente a seu país e instalou-se na Embaixada do Brasil. O governo brasileiro não pôde fazer nada, e fez bem em não reagir contra. A tática dos golpistas e seus apoiadores era empurrar com a barriga até que o golpe virasse fato consumado e aceito por “usucapião”. A nova situação provocada por Zelaya em nossa embaixada exigiu definição dos atores envolvidos. Os golpistas tiveram que arreganhar os dentes e mostrar os trogloditas que realmente são. Os Estados Unidos tiveram que deixar exposta a ambiguidade de seu jogo: ao mesmo tempo que Obama deseja uma política mais liberal para o continente, os assessores da Secretária Hillary Clinton insistem na importância de apoiar os golpistas para não ceder espaço à política chavista. OEA e países emergentes tomaram posição firme contra o golpe. O Conselho de Segurança, comandado pelos Estados Unidos, mostrou-se frágil. Mas o importante é que os golpistas sentiram o golpe e tentam desesperadamente voltar atrás em suas truculências. Até contrataram empresa de relações públicas para melhorar sua imagem – na minha opinião, tarde demais. Tarde demais também para nossos políticos, intelectuais e jornalistas que, no afã anti-Lula, apressaram-se em demonstrar simpatia pelos golpistas hondurenhos. Buscaram justificativas “constitucionais” para o golpe. Chamaram o Itamaraty de bando de trapalhões. Torceram o nariz para o presidente democraticamente eleito “por causa” da proximidade de Chávez e do seu chapelão texano. Demonstraram, isso sim, mentalidade subserviente, que acredita que o melhor slogan para o Brasil seria “no, we can’t”. Fecharam os olhos para o que diz o resto do mundo, como o jornal inglês The Independent, em sua reportagem The rise and rise of Brazil: Faster, stronger, higher, onde afirma que "a ação brasileira (...) pegou Washington no contrapé e expôs um claro abismo na confusão hondurenha entre Obama – que quer uma ação decisiva para repor Zelaya no poder – e uma vacilante Hillary Clinton”. Ou o argentino Clarín na reportagem El protagonismo de Brasil en Honduras modifica su tradición: “Ahora Brasil ha salido del Sur y se ha tornado un protagonista fundamental de la principal crisis de América latina del Norte. Está en el centro de los acontecimientos en Honduras. No actúa en forma compartida o multilateral, sino individualmente, como gran potencia. Es una novedad histórica. Brasil es hoy la representación de la comunidad internacional en una crisis que se profundiza, se polariza y escala”. Honduras foi um divisor também para nós, brasileiros. Opôs, de um lado, o atraso, a cabeça colonizada, o conservadorismo, o neoliberalismo, e, de outro, um Brasil que soube crescer, reduzir desigualdades, conquistar espaço, projetar-se no mundo e preparar-se para assumir um lugar de relevância no futuro.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Constituição de Bananas é que está em vigor em Honduras

Alguém ainda tem dúvidas sobre o que aconteceu? Temos algum “constitucionalista” à solta para defender o golpista Michelleti? Está na “Constituição” ameaçar a embaixada brasileira, impedir a entrada da Delegação da OEA, fechar veículos de comunicação de oposição (se a moda pega...), proibir a liberdade de circulação e de associação? O tucano Francisco Weffort, que jamais questionou a ingerência estrangeira nos tempos em que fazia parte do governo Fernando Henrique, perguntou na última sexta-feira, em artigo no Globo (O Itamaraty e seu aliado, Zelaya), “teria sido mesmo um golpe militar?” E ele mesmo responde: “É difícil decidir de fora sobre essa questão”. E agora, Weffort, continua difícil responder? Sugiro ligar para Obama e perguntar, porque ele não tem dúvida que foi um golpe militar. E a Mídia de Bananas? Vai defender a Constituição de Bananas em vigor em Honduras? Ou vai reagir e dar uma banana para Michelleti?

The Independent: Obama e Hillary divergem sobre Honduras

Em longa reportagem sobre o Brasil, onde exalta o papel do Brasil como cada vez mais protagonista no cenário mundial, o jornal inglês The Independent fala das divergências entre Obama e Hillary. Diz o jornal: “Brazilian action, closely backed by the Venezuelan government, has wrong-footed Washington, exposing a clear gulf on the Honduran mess between Obama, who wants decisive action to restore Zelaya, and a shilly-shallying Hillary Clinton, whose right-wing advisers have other ideas”. Mais ou menos isso: “A ação brasileira, fortemente apoiada pelo governo venezuelano, pegou Washington no contrapé e expôs um claro abismo na confusão hondurenha entre Obama – que quer uma ação decisiva para repor Zelaya no poder – e uma vacilante Hillary Clinton, cujos assessores direitistas têm outras idéias”. Enquanto isso, a Mídia de Bananas... deixa pra lá.

domingo, 27 de setembro de 2009

Alemanha dá um passo atrás e Portugal dá um passo à esquerda

Com as eleições de hoje, os líderes Angela Merkel (Partido Democrata Cristão da alemão) e José Sócrates (Partido Socialista portugês) continuarão no poder. Mas com grandes diferenças. Na Alemanha, Merkel, para vencer, teve que se aliar aos liberais, o que coloca o país na contramão da História, já que seu “receituário econômico” está associado à grande crise que o mundo tenta superar. Em Portugal, os socialistas perderam a maioria parlamentar, mas não precisam se curvar à direita, graças ao crescimento de partidos de esquerda que podem lhe render as cadeiras necessárias. Os socialistas conquistaram 94 das 230 cadeiras do Parlamento português. Nos últimos quatro anos, o partido tinha uma maioria de 121 deputados. O PSD ficou com 77 vagas. Antes, tinha 79. (No gráfico acima, resultados da Alemanha. Mais informações: BBC, BBC Brasil, El País)

sábado, 26 de setembro de 2009

O mar me arrebatou...

A música que mais me emociona de Chico Buarque é “Joana Francesa”, tema do filme de Cacá Diegues (que não assisti). E quem não se apaixonou por “Jules et Jim”, de Truffaut? Em homenagem à grande estrela dos dois filmes, Jeanne Moreau, que está de novo Brasil por conta do Festival do Rio 2009 (grande presença também de Agnès Varda), fiz essa edição com imagens de “Jules et Jim” e “Joana Francesa”, e a música interpretada por Fagner e Chico Buarque.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Que a Mídia de Bananas se mire no exemplo deste menino

Oscar David Montesinos, 10 anos, símbolo da resistência ao golpe militar hondurenho.

Mídia de Bananas torce pelo golpista Micheletti

Na sua insana posição anti-tudo-que-é-Lula, a nossa mídia transformou-se em verdadeira Mídia de Bananas, apoiando o que existe de mais retrógrado no continente. Daqui a pouco o golpista Micheletti será saudado como “salvador das pátrias”. Na sua primeira página de hoje, o Globo estampa: “Nova versão põe Brasil no centro da operação Zelaya”. E que versão é essa? A declaração do presidente deposto, Manuel Zelaya, de que sua volta foi uma decisão pessoal e de que antes de refugiar-se na embaixada em Tegucigalpa teria consultado o presidente Lula e o chanceler Celso Amorim. Vejamos alguns pontos: 1) Como próprio Zelaya declara, foi uma decisão pessoal. 2) Quando foi a consulta? Todo mundo já sabia que quando Zelaya chegou com sua mulher à embaixada o nosso representante antes de recebê-los consultou Brasília. 3) Suponhamos que tenha sido antes – e daí? Em princípio nada mais natural que o presidente eleito de um país amigo visite nossa embaixada. Qual seria a resposta – “Não, você não pode nos visitar” ou “Não, porque o presidente golpista disse que não pode” ou “Não, porque nossa mídia não permite”, qual delas, digam, é a resposta certa? 4) Qual é o fato mais grave: o golpe militar ou o retorno do presidente eleito ao seu país? Claro que a nossa mídia prefere enxergar em Zelaya o verdadeiro golpista. É o que se traduz na coluna de hoje de Merval Pereira, “República de Bananas”, onde ele cita o advogado paulista Lionel Zaclis e reproduz trechos da Constituição de Honduras tentando provar que o golpista agiu legalmente: “De acordo com a Constituição de Honduras, como destacamos aqui ontem, o mandato presidencial tem o prazo máximo de quatro anos (artigo 237), vedada expressamente a reeleição. Aquele que violar essa cláusula, ou propuser-lhe a reforma, perderá o cargo imediatamente, tornando-se inabilitado por dez anos para o exercício de toda função pública.(...) Em 23 de março de 2009, o presidente Zelaya baixou o Decreto Executivo PCM-05-2009, estabelecendo a realização de uma consulta popular sobre a convocação de uma assembleia nacional constituinte para deliberar a respeito de uma nova carta política”. Como notamos aí, já que chegamos aos “pés das letras”, Zelaya não violou o artigo 237. Claro, os golpistas acharam um jeito de declarar a nulidade do decreto com “a suspensão dos efeitos, sob o fundamento de que produziria danos e prejuízos ao sistema democrático do país, de impossível ou difícil reparação, e em flagrante infração às normas constitucionais e às demais leis da República, para não falar dos prejuízos econômicos à sociedade e ao Estado, tendo em vista a dimensão nacional da consulta (grifos nossos).” Ora, tenham paciência! Isso não é coisa do Direito – é da Direita. Um presidente democraticamente eleito que propõe democraticamente uma consulta de dimensão nacional para aprovar ou não a discussão democrática sobre uma reforma da Constituição é deposto... em nome da democracia! Será que pirei de vez? Será que estou com cãimbras no cérebro e preciso do potássio das bananas?

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O GPP de Cesar Maia

O GPP é o instituto de pesquisas preferido por César Maia, o que faz com que todo mundo fique com um pé atrás com seus resultados (quero dizer que eu mesmo já utilizei o GPP – embora não tenha sido escolha minha – com resultado satisfatório). Dessa vez Cesar Maia está se esmerando. Pegou uma pesquisa (1.600 entrevistas) feita há 10 dias no estado do Rio de Janeiro, e vai distribuindo os índices em conta-gotas, conforme seus interesses políticos. Um dia liga pro Lindberg e dá alguns resultados. No dia seguinte liga pro Garotinho e faz a mesma coisa. Solta uns números para um colunista, publica outros no Ex-Blog, e por aí vai. Ao mesmo tempo cria suspense, chama atenção para ele próprio por mais tempo e, principalmente, consegue ocultar o que não lhe interessa. Está certo ele, é o jogo. Os outros players é que têm que ficar atentos, principalmente os jornalistas. Hoje ele está publicando os índices de intenção de voto para o Senado – e a primeira coisa que se nota é que não incluiu Gabeira, embora esse seja o maior desejo do candidato verde. Acontece que a candidatura Gabeira incomoda a quase todos os outros candidatos (exceto Crivella e Benedita), principalmente César Maia. No início do mês publiquei pesquisa (A) também para o Senado e vou comparar com a de César Maia (CM). Com base nesses números e supondo que Gabeira não seja candidato ao Senado, concluímos que será uma briga boa entre Crivella, Benedita e Cesar Maia.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Samuel Pinheiro Guimarães: estado mínimo, Consenso de Washington, acordo Brasil-França, Honduras, papel do Brasil na América do Sul e no mundo

Essa entrevista do Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, estrategista, secretário-geral das Relações Exteriores do Ministério das Relações Exteriores, foi dada na segunda-feira, dia 21. Está muito atual.

Caso Honduras: O Globo trata seus leitores com escárnio

A manchete do Globo de hoje é um total desrespeito a seus leitores, em primeiro lugar, e também à inteligência, ao jornalismo, aos próprios profissionais, aos interesses nacionais. “Ação do Brasil acirra crise e tensão cresce em Honduras” – qual foi a “ação” do Brasil? A ação de um representante sonolento abrindo as portas da nossa embaixada para a entrada da esposa do Presidente deposto? A ação de garantir a integridade de nossa representação diante das ameaças de golpistas hondurenhos? Procuro nas páginas internas do próprio Globo e não encontro respostas. Será que essa manchete não passa de mais um material de propaganda anti-Lula? Quando é que o Globo vai parar com essa pouca vergonha (que, aliás, não surte efeito algum, como provam as pesquisas de opinião pública)? Com atitudes assim, o Globo faz com o jornalismo o que o troglodita Puccinelli pretendia fazer com Minc: estupro em praça pública.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sobre pesquisas: CNI/IBOPE é ducha de água fria na Oposição

Recebi outro dia um artigo (“Sobre pesquisas”) atribuído a Marcos Coimbra (Instituto Vox Populi) bem interessante e bem a calhar nesse diz-que-me-diz das pesquisas pré-eleitorais. Ele faz um alerta bastante pertinente sobre essas análises apressadas de pesquisas feitas tantos meses antes das eleições: é preciso ter cuidado com as análises carregadas de preferências por um por outro candidato. E isso se torna mais importante ainda quando vemos que as pesquisas ganham destaque nas mãos da mídia despreparada e nitidamente oposicionista. Um item que sempre me chama atenção, pela total falta de cuidado e de conhecimento, é o que revela os índices de "rejeição". Tenho muito cuidado com as "rejeições", porque costumam estar associadas a outros fatores - como o desconhecimento, por exemplo. Quando não se conhece um candidato, costuma-se rejeitá-lo. Pode ser o caso da Dilma, que (segundo a Pesquisa CNI-Ibope, com análise de MCI Lavareda, divulgada hoje) tem baixo índice de conhecimento (32% de conhece "bem" e "mais ou menos") e tem 40% de rejeição ("não votaria de jeito nenhum"). Mas com certeza não é o caso de José Serra, que tem alto índice de conhecimento (66% de conhece "bem" e "mais ou menos") e tem 30% de rejeição ("não votaria de jeito nenhum"). Quem é o mais rejeitado dos dois? Sem parti pris, acredito que Serra - entre quem conhece um e outro - é o mais rejeitado. Quando verificamos outro item, o de "notícias mais lembradas sobre o Governo Lula", notamos que a "Crise no Senado Federal" tem 15% de percepção junto à população, enquanto que tem apenas 2% a percepção da "Confirmação pelo presidente Lula de que a ministra Dilma Rousseff será candidata a presidente da República". Tenho certeza que a tradução disso é simples: a mídia destaca muito mais o que é negativo do que é positivo com relação a Lula e seu apoio eleitoral. Apesar de tudo, o mais surpreendente é o altíssimo índice de aprovação do Governo Lula (que oscilou de 80% para 81%), o que justifica a frase final do artigo do Professor Candido Mendes hoje na Folha: "E (o eleitorado) vai às urnas como um plebiscito clandestino, em favor de quem não tem herdeiros, mas sucessores, num terceiro mandato, do povo de Lula sem o Lula lá". Veja dois dos cenários da Pesquisa de hoje (que, aliás, destaca subida de Ciro e queda de Serra) e, em seguida, o texto de Marcos Coimbra:
  • Serra - 34%
  • Ciro - 14%
  • Dilma - 14%
  • Heloísa Helena - 8%
  • Marina - 6%
  • Serra - 35%
  • Ciro - 17%
  • Dilma - 15%
  • Marina - 8%
Sobre as pesquisas
Marcos Coimbra é Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
Há dois tipos de erro nas tentativas de deduzir das pesquisas de agora o que vai acontecer com Dilma: imaginar que ela já ganhou e achar que ela já perdeu. São erros parecidos em mais de um aspecto. O traço comum mais importante é que ambos vêm da interferência das preferências nas análises. Quem deseja que ela perca olha as pesquisas e enxerga a confirmação do que gostaria que acontecesse. Quem torce por ela vê o oposto nos mesmos resultados. O problema é que os números não dizem nem uma coisa, nem outra. Na verdade, dizem muito pouco. Pode-se fazer malabarismos com eles, como escolher algumas eleições presidenciais passadas para elucubrar sobre o futuro. Por exemplo, para sustentar que quem lidera as pesquisas 12 meses antes de uma eleição termina ganhando é o que condenaria inapelavelmente a candidatura da ministra. Aliás, acabaria com todas as dúvidas, restando ao governador de São Paulo, José Serra, apenas mandar costurar seu terno de posse. É, no entanto, uma hipótese desprovida de qualquer base teórica, desconhecida nos manuais de ciências sociais e de estudos eleitorais. Nossa já expressiva história eleitoral moderna tampouco a justifica, sendo centenas os casos de candidatos a prefeito e governador que ganhavam nas pesquisas feitas um ano antes e perderam as eleições. Em três das cinco eleições presidenciais pós-redemocratização, nada de semelhante ocorreu. Só Fernando Henrique, em 1997, e Lula, em 2001, lideravam e venceram, o que não aconteceu em 1989, 1994 e 2006, pois o próprio Lula perdia para Serra em novembro de 2005. Ou seja, é uma lei não confirmada pela maioria dos casos. Ou seja, não serve para nada.Imaginar o que vai acontecer em outubro de 2010 a partir de simples pesquisas quantitativas de intenção de voto não faz sentido. Mais: revela falta de compreensão sobre como se estrutura o eleitorado brasileiro na atualidade. O projeto da candidatura Dilma está assentado em dois supostos fortes. De um lado, na constatação de que o maior contingente do eleitorado é, hoje, formado por “lulistas”, pessoas que votaram nele uma, duas, três ou mais vezes, muitas em todas as eleições a que compareceram. Como vimos em 2006, a quase totalidade desses eleitores votou nele e, a crer nas pesquisas, votaria de novo se pudesse. Parece que tendem a votar em quem ele apontar. De outro lado, o projeto apoia-se nos indicadores de aprovação do governo, que sinalizam que a base do lulismo se ampliou e passou a incluir muitos não eleitores de Lula, que o consideram um bom presidente, à frente de políticas e programas que merecem ser preservados. Daí, que podem vir a temer pela sua interrupção e a aumentar a proporção dos que votariam em quem representa a continuidade. Quem não gosta da candidatura da ministra saudou alguns resultados das últimas pesquisas. Elas registram uma estagnação de seu crescimento, logo vista como sinal de sua inviabilidade. É bom evitar julgamentos apressados, no entanto. Nada há nessas pesquisas que contrarie as premissas da candidatura, que nunca calculou que sempre cresceria. Ao contrário, se elas indicam que maus momentos para o governo (a crise do Senado, por exemplo) têm reflexo negativo, bons momentos (pré-sal, por exemplo) podem ter impacto inverso, vindo a impulsionar as intenções de voto em Dilma. Mas erra igualmente quem avalia as pesquisas e só vê motivos para acreditar que Dilma já ganhou. Em nossa cultura política, a vasta maioria dos eleitores vota em pessoas, e não em teses. Por mais que gostem de Lula e queiram que várias coisas de seu governo permaneçam, não vão tê-lo na urna. Dilma pode subir e cair pelo mesmo remédio: a “quantidade” de Lula em sua candidatura. Bem dosado, ela cresce. Mal calculado, ela sofre. Só a campanha real vai conseguir encontrar a medida. Daqui a outubro de 2010, há tanta água para correr por baixo da ponte que dá até preguiça ouvir quem acha que sabe tudo.

sábado, 19 de setembro de 2009

Gustavo Heck: "Defesa é investimento na soberania"

Muito boa a participação do Mestre em Segurança e Defesa da Escola Superior de Guerra, Gustavo Heck, no quadro "Quero Saber" do Em Cima da Hora dessa sexta à noite. Muita clareza, precisão, lógica. Fala do cerco que os Estados Unidos têm feito em nossa fronteira amazônica (como me referi na semana passada em Pourquoi “France”? It’s the geopolitics, stupid!) e diz uma coisa importantíssima, que ainda não vi reproduzida por aí: esses aviões suecos que estão sendo oferecidos pela metade do preço não têm autonomia suficiente para um país como o nosso. Gustavo Heck também considera a defesa do Pré-sal como questão estratégica. Vejam o vídeo. Infelizmente, não tenho o chat, que foi muito bom também.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

GPP confirma: pesquisa para Presidente mostra que candidato da Oposição perde no Rio de Janeiro

O Ex-Blog de Cesar Maia divulga hoje pesquisa do Instituto GPP, feita este mês, com 1.600 entrevistas em todo o Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa não mostra o índice de quantos eleitores pretendem votar no "candidato de Lula", o que é uma falha, já que se trata de uma eleição plebiscitária em torno da aprovação ou não do Governo Lula. Mesmo assim, podemos perceber que o candidato da Oposição, Serra, vai mal das pernas, com apenas 28,4%. Se somamos os índices das candidaturas de partidos que fazem parte do Governo (Ciro 22,3%, Marina 11,8% e Dilma 11,6% ) chegamos fácil a 45,7%. Se considerarmos, a partir daí, o que seriam os votos válidos de um possível segundo turno, teremos Lula 61,7% e Oposição 38,3%. Faço todo esse exercício para que as pessoas não se deixem enganar por números jogados de qualquer maneira. Repito: não tem grande valor pesquisa que não esclarece quem está sendo apoiado por Lula.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Lula: "Se dependesse de carisma, Fernando Henrique não teria sido eleito e Serra não seria nem candidato"

O título dessa postagem foi a resposta de Lula na excelente entrevista publicada no Valor Econômico de hoje. Lula disse também, exatamente como escrevi na postagem abaixo: "Quem sustentou essa crise foi o governo e o povo pobre, porque alguns setores empresariais brasileiros pisaram no breque de forma desnecessária". Outros trechos:
A gente não deveria ficar preocupado em saber quanto o Estado gasta. Deveria ficar preocupado em saber se o Estado está cumprindo com suas funções de bem tratar a população.
Se dependesse de carisma, Fernando Hemlque Cardoso não teria sido eleito e Serra não seria nem candidato. Jânio Quadros tinha carisma e ficou só seis meses.
Eu dei 45 dias de prazo, ontem, para que me apresentem o projeto de integração de todo o sistema ótico do Brasil.
Ainda neste ano vou apresentar uma proposta sobre inclusão digital. E vou apresentar, também, uma proposta consolidando todas as políticas sociais do governo. Vai ter uma lei que vai legalizar tudo, vai ser uma lei como a Consolidação das Leis do Trabalho. Será uma consolidação das políticas públicas, para sustentar os avanços conquistados.
Os empresários têm tanta obrigação se serem brasileiros e nacionalistas quanto eu!
Se o Bush tivesse a dimensão da crise e tivesse colocado US$ 60 bilhões na Lehman Brothers antes dela quebrar, possivelmente não teríamos a crise de crédito que tivemos no mundo.
O Estado tem que ter força. Aqui no Brasil durante os anos 80 se criou a idéia de Estado mínimo. O Estado mínimo não vale para nada. O Estado tem que ter força para fazer as políticas que fizemos agora, na crise, com a compreensão do Congresso Nacional.
Vocês têm dimensão do que foi ter uma Caixa Econômica Federal, um BNDES ou um Banco do Brasil? Foi extremamente importante. A Petrobras apresentou um estudo mostrando que deveria mudar o cronograma dos investimentos dela de 2013 para 2017. Convoquei o Conselho da Petrobras aqui para dizer: 'Olha, esse é um momento em que não se pode recuar'. A gente tem que avançar. Até no futebol a gente aprende que quando se está ganhando de 1 x O e recua a gente se ferra.
O que garante as pessoas ficarem no Estado é a estabilidade, não é o salário.
Quantos políticos têm carisma no Brasil? Se dependesse de carisma, Fernando Henrique Cardoso não teria sido presidente. Se dependesse de carisma, José Serra não poderia nem ser candidato. Carisma é uma coisa inata. Você pode aperfeiçoar ou não. Sempre é bom ter um pouco de carisma. O Jânio Quadros tinha carisma. Ficou só seis meses aqui.
Estou dizendo que para governar este país é preciso um conjunto de qualidades. E a primeira qualidade é ganhar eleição. Tem que ter muita humildade, determinação do projeto que vai apresentar. Tem que provar que é capaz de gerenciar. Hoje, com sete anos de convivência, não conheço ninguém que tenha essa capacidade gerencial da Dilma. Às vezes as pessoas falam 'ela é dura'. Mas é que a mulher tem que ser mais duramesmo. Porque numa discussão política, para você se impor no meio de 30 ou 40 homens, é assim. A Dilma é muito competente.
Feliz do país que vai ter uma disputa que pode ter Dilma, Serra, Marina, Heloísa Helena, Aécio.
Valor: O que o senhor pretende fazer depois que deixar o governo ?
Lula: Não sei. A única coisa que tenho convicção é que não vou importunar quem for eleito.
Vale a pena comprar o Valor Econômico e ler a entrevista completa.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ok, a crise acabou. Por causa de quem, por causa de quê?

Agora à tarde, em discurso na comemoração dos 45 anos do IPEA, Lula disse que “viu na televisão muitos analistas econômicos que, se vivessem de bônus pelos acertos de suas previsões, acabariam falidos”. É verdade. Os Cavaleiros do Apocalipse cavalgaram por aqui livres, leves e loucos. Erraram em tudo, porque, em vez de fazer análises, torceram por um final catastrófico. Mas agora tudo é passado. O PIB está em alta, o emprego está em alta, as exportações estão crescendo, a indústria volta a crescer, o consumo dispara, a Bovespa bate recordes, o futuro já começou para o Brasil. E por que tudo isso foi possível? Temos vários pontos de partida para as respostas. Fundamentos da economia sólidos, política fiscal correta, regulação rígida do sistema financeiro, moeda estável, commodities, desoneração, oferta de crédito, mercado interno, nova classe média, etc, etc, etc. Todos os caminhos levam ao mesmo resultado. Mas prefiro escolher “a opção pelos mais pobres”. Soa lugar comum, mas foi o profundo “sentimento social” do Governo Lula que fez a diferença. O investimento social em larga escala gerou consumo, fortaleceu a economia, e foi além. Provocou as condições políticas necessárias para o Governo Lula enfrentar os poderosos grupos de oposição e, com isso, por exemplo, tomar as medidas econômicas que transformaram o tsunami internacional em marola nacional. Ainda no discurso de hoje à tarde, relacionando algumas conquistas de seu Governo, Lula disse: “Gente, o Brasil entrou no primeiro mundo”. É isso mesmo, entramos no primeiro mundo. Com ajuda dos que eram mais pobres.

Oposição usa Cesar Maia para detonar Marina

O Ex-Blog de Cesar Maia de hoje é um exemplo claro de como a Oposição anda desesperada com o quadro eleitoral para 2010. Ele demonstra, tintim por tintim, a inviabilidade das candidaturas de Marina e de Ciro, por falta de sustentabilidade em candidaturas regionais. O que há por trás disso? Não foi imensa a festa do lançamento de Marina, aclamada como grande racha dentro do eleitorado do PT? A candidatura Ciro não foi ovacionada como garantia de que não haveria eleição plebiscitária e que, por isso, prejudicaria a candidatura apoiada por Lula? A Oposição caiu na real. Como disse aqui desde as primeiras horas, a candidatura Marina complicará muito mais a Oposição do que a candidatura petista – principalmente no Rio de Janeiro. Tucanos contavam como certo o palanque fluminense alavancado pelo Verde Gabeira como candidato a Governador, mas com Marina candidata a Presidente o sonho acabou. Os tucanos ainda pressionam, fazem de conta que vão lançar Zito candidato a Governador, mas a verdade que entraram em parafuso. Querem Gabeira de qualquer maneira, enquanto Marina vira sedotta e abbandonata. Com relação a Ciro, a Oposição vive o drama de “se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come” e César Maia só manteve o seu nome na análise de hoje para manter coerência no ataque a Marina. Se Ciro for candidato ao Governo de São Paulo, ajuda Lula; se for candidato a Presidente, também. Lula lê análises como essa de Cesar Maia... olha para os indicadores econômicos... passa os olhos pelo noticiário internacional... e sorri tranquilo. Veja o texto de César Maia:
A SUSTENTABILIDADE DAS CANDIDATURAS A PRESIDENTE DE MARINA E CIRO!
1. A dinâmica das candidaturas a presidente da república obedece a duas grandes etapas. Na primeira, há um equilíbrio nas condições sob as quais as candidaturas são desenvolvidas, seja em relação à propaganda partidária, como a cobertura geral da imprensa. Leva vantagem quem governa e pode ser candidato a reeleição. Mesmo no caso de ministros candidatos a presidente, que tem alguma vantagem com a desincompatibilização, retoma-se o equilíbrio.
2. No caso de candidaturas que surgem como novidades - esse ano Marina Silva, em 2006 Heloísa Helena (HH) -, mesmo em partidos pequenos, a mídia espontânea tem dado um destaque até mais que proporcional. Essa primeira etapa se encerra com as convenções de junho do ano da eleição, 2010, no caso.
3. Na segunda etapa, que começa após estas convenções, o jogo fica progressivamente desequilibrado e o auge se dá a partir de 15 de agosto, quando o tempo de TV afeta a competitividade. A internet, bem usada, pode reduzir esta desproporcionalidade, mas não de forma radical. As pesquisas vão definindo favoritos e os financiamentos se dão de forma proporcional. E com mais recursos, se tem mais visibilidade, criando uma percepção de candidaturas fortes ou mais fracas.
4. No entanto, há um elemento muito importante e que pode reforçar ou debilitar as candidaturas: a articulação com as candidaturas estaduais de governadores, que ocupam espaços destacados nas ruas, na imprensa e na TV dos partidos. HH entrou em julho de 2006 numa curva ascendente e apontou ultrapassar os 15%. Era a estrela da vez. O próprio Cristóvam Buarque cresceu, passando dos 5% e não foi além porque sua candidatura não era a de presidente, mas a de defesa do tema educação, sem outra preocupação.
5. A partir do final de julho o processo eleitoral polarizou entre Lula e Alckmin, e HH foi definhando, com 6% e Buarque com 2%. A razão da insustentabilidade era a falta de capilaridade pela ausência de candidatos a governador com visibilidade. Buarque ainda teve uns 3. Mas HH nenhum.
6. Ciro pode vir a ter alguns candidatos a governador competitivos como o de Pernambuco, mas, por enquanto, não serão mais que uns 4, o que é pouco. Mesmo que fosse para formar base regional, teria que trazer para o "sacrifício" candidatos a governador em vários estados.
7. Marina, até aqui, tem apenas um: Gabeira, no Rio. É muito pouco. Da mesma forma, para que sua candidatura tenha sustentabilidade, precisa de candidaturas a governador, mesmo que nomes da sociedade civil, intelectuais, ou personagens emblemáticos... Não sendo assim, sua candidatura terá as luzes que tem até junho e depois irá inevitavelmente minguar. Ter candidatos a governador é tão importante quanto o tempo de TV: um sem o outro a sinergia é negativa.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Oposição diz que Pré-sal não tem valor. Não tem pra quem, cara-pálida?

O que mais se ouve entre “analistas” econômicos de plantão é a expressão “assim como a Idade da Pedra não acabou por falta de pedra, não vai ser por falta de petróleo que a Idade do Petróleo vai acabar”. Agem como aves de mau agouro tentando dizer que o Pré-sal de nada servirá, porque, até que seja produzido de fato, outras fontes de energia já terão substituído o petróleo. São raposas da Oposição que procuram ridicularizar o Pré-sal, novo marco de independência do nosso país, para evitar que se transforme em mais uma bandeira do Governo Lula. Dizem que “as uvas estão verdes”, argumentando que os Estado Unidos estão bem mais adiantados em novas fontes de energia alternativas ao petróleo e que, nesse ritmo, o mundo poderá facilmente dispensar essa nossa “energia dinossáurica”. Espertalhões, isso, sim. Se o Pré-sal não tem valor, por que os Estados Unidos desenterraram a Quarta Frota para ameaçar nossa costa? Se eles estão tão mais adiantados em novas fontes de energia, por que lançam bases militares em torno de nossa fronteira amazônica? Na verdade o que já acabou foi a Idade da Oposição – e ela ainda não se deu conta.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Reforma eleitoral: Congresso não reforma – deforma...

Dia desses o Deputado Hugo Leal (PSC), líder da bancada federal do Rio de Janeiro, convocando a bancada para se unir em torno dos interesses do estado, disse algo como “não fomos eleitos pelos partidos, fomos eleitos pela população”. Até entendo as boas intenções e o esforço do Deputado para unificar e motivar seus liderados. Mas a frase foi infeliz, resume o sentimento que a maioria dos políticos tem com os partidos, como sendo um mal desnecessário. Para eles, partido é como “cavalo”, só serve para baixar o “santo” do voto e depois voltar para seu rame-rame desprezível. É por isso que nenhuma reforma decente vai ser aprovada: os políticos não querem fortalecer os partidos porque não querem perder sua “independência”. Eles não entendem que não são eleitos por toda a população, mas por parcelas da população, representadas pelos partidos. Enfraquecer os partidos é ignorar – e, portanto, também enfraquecer – as parcelas da população que os elegeram. Leva à deformação da política, ao fim da própria democracia. Duas semanas atrás, Cesar Maia escreveu um bom artigo na Folha, “Transformismo”, mostrando as conseqüências funestas de relações políticas inorgânicas. Ele fala mais precisamente do infindável jogo da cooptação que leva ao enfraquecimento de partidos e governos, e cita o livro de Donald Sasson, "Mussolini e a Ascensão do Fascismo", que relata: "Como não havia partidos disciplinados no Parlamento, os chefes de governos italianos reuniam as maiorias necessárias, depois de extenuantes negociações (e) da noite para o dia, adversários podiam ser ‘transformados’ em aliados, mediante suborno”. Daí a designação pejorativa "transformismo", usada na Itália primeiro em 1882, “para nominar a indiferenciação ideológica da direita à esquerda”. O "transformismo", diz ele, “existia pela pasteurização política” e teria sido decisivo para o surgimento do fascismo. Ao fecharem as portas para partidos fortes, nossos políticos precisam entender que batem com a porta na cara da democracia. Esse jogo de empurra da reforma eleitoral tem cartas marcadas – e o povo não será vencedor.

domingo, 13 de setembro de 2009

Cesar Maia e a questão regional na escolha do Vice

No seu artigo (“A escolha do vice”) desse sábado, na Folha, César Maia faz duas afirmações que podem ser bem discutíveis. Primeiro ele diz, dando como exemplos os períodos 1946-1960 e 1989-2006, que “a escolha do candidato a vice-presidente da República não tem tido relação com a questão regional”. Não tenho elementos para concordar ou discordar disso e é bem difícil resgatar tudo que foi determinante nas escolhas. É bem possível que ele esteja certo. Até os anos 50, por exemplo, a sofisticação eleitoral ainda não tinha chegado a níveis milimétricos, os meios de comunicação eram rudimentares, o país era outro, as regiões eram outras. Mas isso não quer obrigatoriamente dizer que uma composição entre duas regiões do país não produzisse um efeito agregador, como ele afirma. Temos que lembrar que até a eleição de Jânio as votações de presidentes e vice eram separadas – inclusive, Jango, o vice eleito, compunha chapa com Lott, não com Jânio. Temos que lembrar também que o mapa regional brasileiro era outro: Sergipe e Bahia (hoje no Nordeste) faziam parte da Região Leste e São Paulo (hoje no Sudeste) fazia parte da Região Sul. Pegando como exemplo a eleição de 1950, os votos válidos para Presidente ficaram divididos assim: Norte, 3,20%, Nordeste 21,14%, Leste 38,91%, Sul 33,92%, Centro-Oeste 2,83%. A soma de Leste e Sul era 72,83%, enquanto que a soma dos eleitorados das Regiões Sudeste e Sul, hoje, é 58,55%. A soma de Nordeste e Leste, na época, era 60,05%. A soma de Nordeste e Sudeste, hoje, é 70,60%. Assim, quando Cesar Maia diz que em 1950, apesar do Vice Café Filho ser deputado do Rio Grande do Norte, o foco não era o Nordeste, ele está absolutamente certo, não havia razão para ser como agora: Café Filho (que foi derrotado no Nordeste) fazia parte do acordo com Ademar de Barros, de São Paulo. Nas eleições seguintes (JK-JG e JQ-JG), as dobradinhas vitoriosas eram do eixo Leste-Sul. Depois da ditadura, tudo mudou, o mapa eleitoral é outro. Nas últimas seis eleições presidenciais (incluindo aí a indireta), as chapas vitoriosas foram sempre com a composição Sudeste-Nordeste: Tancredo-Sarney, Collor-Itamar, FHC-Maciel (duas vezes) e Lula-Alencar (duas vezes, e observa-se ainda que Lula, em si, é um traço de união entre Nordeste e Sudeste). As chapas majoritárias sempre formadas por representantes das duas principais regiões do país, eleitoralmente falando. Coincidência? É óbvio que a escolha do Vice não pode se resumir à questão regional. Existem outras questões – talvez até mais importantes – como as ideológicas, de arranjos partidários, de tempo no rádio e na TV, etc. Mas não dá para afirmar tão categoricamente que não existe efeito agregador nas composições regionais. Essas dobradinhas no mínimo servem para reduzir efeitos desagregadores.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Mudou o tom?

Merval Pereira abre sua coluna de hoje (“Mudou o tom”) no Globo, dizendo: “O presidente Lula, que é um político muito hábil e sabe para que lado o vento sopra, já começou a corrigir o rumo de sua estratégia eleitoral (grifo aqui do Blog), admitindo implicitamente que a corrida presidencial não tem mais chance de ser travada apenas entre a candidata petista, Dilma Rousseff, e o representante tucano, provavelmente o governador de São Paulo, José Serra. Mas ele continua querendo que a eleição seja um plebiscito sobre o seu governo, e agora diz que 'um candidato da base aliada' será eleito, e cita, além de Dilma, o deputado federal Ciro Gomes, que sairia pelo PSB, e a senadora Marina Silva, que disputaria pelo Partido Verde”. É verdade que Lula demonstra saber “para que lado o vento sopra” e é verdade também que toda campanha eleitoral, apesar de exigir sempre uma direção firme, bem estabelecida, não consegue sobreviver viver sem correções. Mas Merval Pereira não está correto quando afirma que Lula “já começou a corrigir o rumo de sua estratégia eleitoral, admitindo implicitamente que a corrida presidencial não tem mais chance de ser travada apenas entre a candidata petista, Dilma Rousseff, e o representante tucano”. A estratégia eleitoral não mudou de rumo. Sempre foi – e continuará assim até o final – uma campanha plebiscitária, onde o povo brasileiro votará “a favor do Governo Lula” ou “contra o Governo Lula”. Portanto, aí se enquadra qualquer nome da base governista – com preferência evidente na candidata petista, Dilma Roussef. Lula fez uma correção tática. Durante as últimas semanas não se viu outra coisa que não fosse ataque frontal à candidata-Ministra, e tirar Dilma de foco foi absolutamente necessário, para que ela não continuasse como alvo de toda a artilharia pesada da Oposição. É verdade que Lula preferia um segundo turno no primeiro (que ainda pode ocorrer), com Dilma representando Lula e Serra ou Aécio representando não-Lula. Mas isso mostrou-se politicamente mais difícil, porque os outros partidos da base acabam se envolvendo menos na campanha, além dos problemas com a falta de número próprio partidário para fortalecer as candidaturas parlamentares. Já falei inúmeras vezes e procurei demonstrar na minha postagem da última quarta-feira ("CNT/SENSUS: Serra em queda, Dilma parada e eleição continua plebiscitária", aliás citada por Merval) que, seja quem for, a eleição será plebiscitária. A marca da candidatura da situação será Lula e a marca da candidatura da Oposição será a do anti-Lula.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pourquoi “France”? It’s the geopolitics, stupid!

A grande mídia pode até ter o direito de defender os seus interesses e fazer oposição sistemática ao Governo Lula. Mas não tem o direito de se fazer de burra nessa questão do acordo militar Brasil-França. A mídia procura questionar o acordo focalizando unicamente o aspecto comercial. Fala de valores, vantagens e desvantagens comerciais, tentando vislumbrar alguma mutreta para, mais uma vez, alfinetar a “ética” do Governo Lula. Evidente que a questão comercial é importante, e que todos os contratos dos governos devem ser fiscalizados. Mas o acordo Brasil-França não se situa simplesmente nesse terreno do “toma lá, dá cá” do mundo dos negócios. O mundo inteiro movimenta suas peças no novo tabuleiro das disputas energéticas e dessa vez, ao contrário do que ocorreu em outras oportunidades, o Brasil decidiu assumir (e tem condições para isso) papel de peso nesse cenário. Luiz Alberto Moniz Bandeira escreve em “A importância geopolítica da América do Sul na estratégia dos Estados Unidos” que “uma Segunda Guerra Fria foi deflagrada e envolve a América do Sul, onde a penetração dos Estados Unidos constitui um fator de instabilidade e inquietação” e cita o Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, secretário-geral das Relações Exteriores do Ministério das Relações Exteriores, quando diz que o Brasil é o "único rival possível à influência hegemônica dos Estados Unidos" na América do Sul, devido às suas dimensões geográficas, demográficas e econômicas e à sua posição geopolítica e estratégica, ao longo de grande parte do Atlântico Sul, defrontando a África Ocidental. Ao longo das últimas décadas, os Estados Unidos têm fechado o cerco em torno do nosso país, espalhando bases próximas a nossas fronteiras amazônicas. Durante o Governo Fernando Henrique, quase conseguiram implantar uma base em nosso próprio território, em região considerada uma das “portas de entrada” para a Amazônia brasileira, com o que seria “acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América sobre Salvaguardas Tecnológicas Relacionadas à Participação dos Estados Unidos da América nos Lançamentos a partir do Centro de Lançamentos de Alcântara”. Felizmente, já em 2003, como resultado de uma grande mobilização em nível nacional e continental, “o governo brasileiro decidiu suspender a votação na Câmara dos Deputados sobre o acordo que permitiria o uso da Base de Alcântara pelos Estados Unidos”. Com a descoberta do pré-sal em nossas águas, veio à tona outro fantasma, a Quarta Frota Americana, que voltaria a circular por nossa costa. Alguns dizem que foi apenas coincidência, mas é difícil acreditar. Seja como for, o importante é compreender que o Brasil não pode se acomodar em um papel secundário no jogo de forças que se está montando. Deve tornar-se robusto e buscar alianças estratégicas, com seus vizinhos latino-americanos (que têm menor poder de fogo, mas têm localização privilegiada) e com uma (ou mais) das grandes potências. Os Estados Unidos poderiam ser a primeira opção – mas soaria algo como negociar com a raposa a segurança do galinheiro. A Inglaterra é quase uma extensão dos Estados Unidos. Rússia e China estão mais distantes de nossa realidade, e não queremos um “acordo-provocação”. Alemanha parece politicamente mais fraca e a Itália de Berlusconi não se mostra muito confiável. A França tem o maior interesse em recuperar prestígio e parece mais disposta a partilhar poder. O pré-sal foi decisivo nessa escolha. Temos que negociar buscando um passaporte para o futuro, não para o passado.
Ver também: A Presença Militar dos Estados Unidos na América Latina (Maria Luisa Mendonça), O acordo de Alcântara (Dioclécio Cruz ), A Quarta Frota e a estrutura militar unificada dos EUA (Guilherme Poggio, colaborador José da Silva), A Geopolítica Russa: De Pedro “O Grande” a Putin, a “Guerra-Fria”, o Eurasianismo e os Recursos Energéticos (Tenente-General PilAv Eduardo Eugénio Silvestre dos Santos, Mestre em Estratégia do ISCSP - Instituto Superior de Cincias Sociais e Polticas de Lisboa).

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

CNT/SENSUS: Serra em queda, Dilma parada e eleição continua plebiscitária

Claro que o principal resultado desta nova Pesquisa CNT/SENSUS é que Serra continua derrotando Dilma e Lula teve pequena queda de avaliação positiva. Mas por outro lado temos que saber filtrar os exageros da mídia. Algumas observações:
Se pegarmos o histórico dos últimos 3 meses (embora com cenários diferentes), notaremos que os fatos relevantes são que Serra está em queda (atenuada na última comparação) e Dilma estabilizou, com variação positiva em maio provavelmente devida a maior exposição e com variação negativa em setembro provavelmente devida a menor exposição e aos respingos de Sarney.
Se fizermos o mesmo com o desempenho de Lula, veremos também que ele parou o crescimento, provavelmente por causa de Sarney – coisa que já passou. Não custa nada lembrar que, nos períodos correspondentes, Fernando Henrique também teve uma queda seguida pequena recuperação. (Devemos comparar, mantendo as devidas proporções, afinal em setembro de 2001 Fernando Henrique tinha apenas 34,5 de aprovação e 58,9 de desaprovação...)
É possível constatar ainda que a eleição continua plebiscitária, a favor ou contra o (a) candidato (a) de Lula. Veja os índices de quem votaria em função do apoio (soma de “único que votaria” com “poderia votar”) ou não apoio (soma de “não votaria” com “só votarei conhecendo”) de Lula. Os índices, aliás, tiveram ligeira subida a favor de um candidato com apoio de Lula.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Eleição 2010, RJ: Gabeira desistiu. E agora, Marina? (Veja também mais uma pesquisa para Governador.)

Não se fala em outra coisa: Gabeira teria desistido de vez da candidatura ao Governo do Estado do Rio. Caso isso se confirme, vejo dois motivos principais: os baixos índices de intenção de voto que ele estava tendo nas pesquisas de opinião e o imbroglio em que se meteu com a candidatura Marina, já que limita sua participação na campanha de Serra. Como fica a candidata neo-Verde? E César Maia - vai mesmo tentar o parlamento do Mercosul? Os candidatos do Rio serão apenas Sérgio Cabral e Garotinho?. Aproveito para divulgar dados que me enviaram de uma pesquisa de 2.000 entrevistas (teria sido feita pelo PR de Garotinho) para Governo do Estado do Rio. A pesquisa foi feita obviamente para aproveitar a grande exposição que Garotinho teve nas inserções partidárias da semana passada - o que está correto. Só lamento que tenha sido feita em fim de semana de feriadão, o que pode provocar distorções, em função de grandes deslocamentos da população:
Sérgio Cabral - 29
Garotinho - 23
Gabeira - 15
César Maia - 8
Lindberg - 4
No cenário sem Gabeira, fica assim:
Sérgio Cabral - 33
Garotinho - 25
César Maia - 10
Lindberg - 7
Em hipotético 2º turno:
Sérgio Cabral - 60
Garotinho - 40

Eleições 2010, RJ: o fator Zito

No último sábado, saiu reportagem de Marcelo Dias no jornal Extra (“Zito e Cabral juntos em 2010”), ainda não inteiramente confirmada, que fala de surpreendente aliança entre o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, PMDB, aliadíssimo de Lula, e o Prefeito de Caxias (RJ), José Camilo Zito, presidente do PSDB estadual e considerado “Rei da Baixada” – ou seja dos votos populares da área metropolitana do Rio de Janeiro. Na verdade, a notícia não será tão surpreendente assim, se lembrarmos minha postagem do dia 21 (“A quem incomoda o cheiro do povo?”), quando escrevi: “(...) Zito volta a alfinetar Gabeira, dizendo que ele ‘não tem cheiro de povo’. Por que será? Talvez Zito simplesmente tenha se cansado de ciceronear almofadinhas da Zona Sul pelos caminhos tortuosos do voto popular. Talvez ele tenha se cansado da dureza dos 10 anos de oposição aos governos estaduais”. Garotinho tentou conquistá-lo para o cargo de Vice na chapa para Governo do Estado, mas não deu certo, claro, porque Zito não está disposto a perder para Garotinho o posto de “Rei”. Por outro lado, incomoda muito a ele o crescimento à esquerda (Lindberg, PT, Prefeito de Nova Iguaçu) e à direita (Núbia Cozzolino, PMDB – talvez se mudando para o PR de Garotinho –, Prefeita de Magé) de nomes que se identificam com o povão da Baixada. A ser confirmada essa aliança com Sérgio Cabral (que, acabo de confirmar, está bem encaminhada), o quadro muda inteiramente. Zito pode finalmente provar o sabor de administrar uma cidade, sem viver em conflito com o governo estadual nem (quem sabe) com o federal. Mesmo sendo fiel aliado do morubixaba tucano Marcello Alencar, Zito certamente não vê mais nenhuma vantagem em embalar candidaturas como a de Gabeira ou Serra pelos labirintos da Baixada. Ele acaba de vencer a eleição (pela terceira vez...) para Prefeito derrotando a máquina peemedebista, mas talvez não tenha fôlego para uma quarta eleição ou para fazer sucessor. Quem perde com essa aliança são Lindberg (PT), Garotinho (PR), Gabeira (PV), Serra (PSDB) e outros nomes menos cotados. Além dos diretamente interessados (Sérgio Cabral e Zito), também podem ganhar com isso a candidatura de Dilma à Presidência e de Benedita ao Senado.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Gabeira imita Mercadante

Mais um político se atrapalha com a internet. Dessa vez foi o "antenado" Deputado Federal Fernando Gabeira. O Uol Notícias, em reportagem de Piero Locatelli ("Gabeira pede desobediência à lei que ele próprio endossou na Câmara"), divulgou ontem (atualizado às 18,23h): "O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) estava presente na reunião em que foram votadas as restrições para a internet na campanha eleitoral. Na sessão, o deputado não se opôs ao projeto. Agora, o deputado conclama o povo a desobedecer as regras com as quais ele foi condescendente na Câmara dos Deputados". O site da Uol continua: "Apesar de chamar as pessoas para a "briga feia", Gabeira não se opôs formalmente ao projeto na sessão extraordinária realizada às 13h30 do dia 8 de julho de 2009 no plenário da Câmara dos Deputados. Lá, as restrições à internet foram referendadas sem objeções pelos congressistas. O UOL Notícias não encontrou registros de emendas ou discursos de Gabeira para evitar as novas regras. O deputado também não pediu o registro nominal dos votos, para que fossem contabilizados aqueles que não concordavam com a proposta. Gabeira disse ao UOL Notícias que só se lembra de ter falado da restrição de outdoores na sessão". Gabeira teria se justificado dizendo que "era contra [as restrições na internet], mas não havia correlações de forças para isso. Eu nunca me preocupei porque essa lei não vai pegar". Mais ou menos às 18 horas, Gabeira voltou ao Twitter: "UOL conta a história pela metade. Comuniquei aos líderes que era pela liberdade na internet." Uol respondeu com a declaração do Senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), co-relator do projeto de reforma eleitoral no Congresso, que criticou Gabeira: "Eu respeito o Gabeira, mas lamento o posicionamento oportunista dele. O texto que ele está criticando foi votado por ele, ele deveria prestar mais atenção no que faz". Pelo jeito, Mercadante fez escola na arte de dizer uma coisa na internet e se desdizer na vida real (a bem da verdade, Mercadante é totalmente coerente na defesa da liberação radical do uso da rede na eleição).

Eleições 2010, RJ: o pós-vaia

  1. Mal terminou a cerimônia-vaia no Maracanãzinho, na última terça-feira, durante a festa do Bolsa Família com a presença de Lula, o Prefeito de Nova Iguaçu (RJ) Lindberg Farias (PT) saiu em disparada. A pressa era tanta que errou a saída. Foi salvo por um segurança.
  2. O Governador Sérgio Cabral (do PMDB, alvo das vaias promovidas pelo prefeito petista) saiu logo atrás. Felizmente não se encontraram. Cabral acabou voltando para ficar com Lula.
  3. No espaço Vip, cobras, lagartos e outros personagens da fauna, isso era o mínimo que se ouvia.
  4. O Ministro Edson Santos (que dentro do PT, antes, aliava-se a Lindberg) foi quem teve que ouvir diretamente de Lula que isso não podia continuar.
  5. Ontem, depois de ler a notícia no jornal Extra que Lindberg tinha atacado a Secretária de Estado Benedita da Silva (também petista, provável candidata ao Senado), o Presidente do PT, Alberto Cantalice estava cuspindo fogo. Meu telefone ardeu. Cantalice lembrou as passagens de Lindberg pelo PCdoB e pelo PSTU. “Ele quer fazer o mesmo no PT”, disse.
  6. Com o telefone ainda em brasas, falei com Benedita. Que disse que não ia entrar nesse clima de guerra criado por Lindberg. Não responderia a ninguém sobre agressões à sua pasta. Preferia continuar o trabalho sério que está fazendo. “O sucesso da Secretaria (de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro) é a melhor resposta”, disse ela.
  7. Conclusão deste Blog: Lindberg afastou de vez a possibilidade de participar da chapa majoritária da aliança PT-PMDB nas eleições estaduais de 2010. Não encontrou o eco que esperava dentro do seu partido nem as intenções de voto nas pesquisas. Deverá mesmo ser candidato a Deputado Estadual, ajudar a eleger seus parceiros, principalmente Vladimir Palmeira (seu maior aliado), que deve se candidatar a Deputado Federal.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Eleições 2010, Rio: Crivella e Benedita lideram para o Senado

Na mesma pesquisa que tive acesso na terça, com 1.200 entrevistas feitas no fim de semana no Estado do Rio de Janeiro, pude ver os resultados para a disputa ao Senado, lembrando que são duas vagas, com a soma das intenções podendo ir além de 100%. Crivella e Benedita lideram fácil, principalmente considerando que César Maia (que está em empate técnico com um ponto atrás de Benedita) talvez não dispute. Se Gabeira fosse disputar o Senado (será candidato a Governador), também estaria em empate técnico com Benedita. Picciani e Lupi ainda estão longe de acontecer. Quando se imagina o cenário sem Benedita (com Lindberg, por exemplo), o PT perde muito: Crivella cresce (38%), César Maia cresce (33%) e Lindberg teria, na melhor das hipóteses, 13% (lembrando que são dois votos, e provavelmente o primeiro voto – considerando o baixo índice para Governador – em Lindberg é baixo).

Ontem, quando leu meu Blog, o Vice Pezão me ligou e disse que tinha acabado de ver pesquisa do Ibope com índices semelhantes aos da pesquisa que eu estava divulgando. Hoje o Ancelmo publicou os primeiros dados do Ibope.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Eleições 2010, Rio: Sérgio Cabral vence em todos os cenários

Recebi dados de uma pesquisa sobre intenções de voto para Governador do Rio que teria sido realizada neste fim de semana, com 1.200 entrevistas. Os gráficos abaixo são de um hipotético 2º turno, confrontando o Governador Sérgio Cabral (PMDB) e os possíveis candidatos Gabeira (PV), Garotinho (PR) e César Maia (DEM). Lindberg não foi testado para segundo turno, primeiro porque não deve ser candidato, segundo porque colocado lado a lado com os outros candidatos não teria passado de 4,75%. Prometeram para amanhã outros dados, inclusive para Senador.