segunda-feira, 31 de março de 2008
Pesquisa Datafolha: 2010 é Lula versus Serra
A nova Pesquisa Datafolha, feita com 4.044 entrevistas (margem de erro provavelmente em torno de 1,5%), feita entre 25 e 27 de março, confirma outras pesquisas e o que qualquer um pode ver: Lula dispara na aprovação popular, com 55%, batendo todos os recordes. Na Oposição, José Serra consolida-se como o principal nome para disputar a Presidência em 2010. O que faz prever que a grande disputa será entre Serra e o candidato de Lula, seja ele Ciro, Dilma, Sérgio Cabral, sejam os três ou seja outro. (Pausa: li agora o Ex-Blog de César Maia de hoje e reproduzo esse trecho: "como já lembrou esse Ex-Blog: ainda faltam dois vetores a entrar. Um deles é o próprio candidato presidencial com máquina a tiracolo. Se Serra com FHC em baixa em 2002, saiu de uns 7% para 21% no primeiro turno, imagine-se, num cenário como o de hoje, o candidato da máquina federal...") É curioso notar que a região onde Serra conta com maior apoio é o Sul - exatamente onde Lula mais cresceu. Aliás, quero lembrar o que escrevi aqui em 11 de abril de 2007 (De olho na pesquisa), analisando Pesquisa Sensus da época: "Nem mesmo o fato de a aprovação do Governo ter atingido (49,5%) seu ponto mais alto desde agosto de 2003 pode ser considerado surpresa. Pode ser que haja espanto com uma aprovação tão alta, já que as pessoas, na maioria, nem ouviram falar (só 32,2% ouviram falar) do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, marca do segundo mandato. Vamos analisar em termos de percepção: assim como o Bolsa-Família está mais associado a "povão" e "Nordeste", o PAC está mais associado a "empresariado", "classe média", "Sul-Sudeste". É algo novo, ainda não claramente percebido e desnecessário para a maioria que está aprovando Lula".
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domingo, 30 de março de 2008
Pesquisa Datafolha no Rio: decepção com o número de entrevistas
Tem muita gente que critica o Datafolha porque seu método seria de "fluxo" e não "domiciliar". Não entro nisso, mas quero lamentar essa última Pesquisa Datafolha feita no Rio de Janeiro para medir a intenção de voto para Prefeito. Tudo bem que ela não pegou a grande mudança no cenário (aliança PT-PMDB), porque o campo já estava agendado e ninguém poderia prever a reviravolta que houve. Mas fazer uma pesquisa de apenas 644 entrevistas (margem de erro de 3,9% para o índice de 50%) é decepcionante porque o quadro carioca sabidamente apresenta grande número de candidatos com índices muito próximos. Vejam de fato o que o Datafolha apresentou:
Crivela - entre 15% e 21%
Jandira - entre 13,2% e 18,8%
Eduardo Paes - entre 7,7% e 12,3%
Gabeira - entre 6,8% e 11,2%
Solange Amaral - entre 6,8% e 11,2%
Chico Alencar - entre 4,2% e 7,8%
Molon - entre 0,2% e 1,8%
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Finalmente estréia o grande filme de João Saldanha
A pré-estréia vai ser dentro do 3º Festival Internacional do Documenmtário, nesta segunda-feira no Rio (Unibanco Artplex) e na quarta-feira em São Paulo (Cine SESC). É um filme de André Siqueira e Beto Macedo (grandes parceiros em campanhas vitoriosas), que deu muito trabalho (e como deu!!!), mas que vai compensar - não apenas aos autores, mas também ao público, ao futebol, à política e à imagem de João, que há muito tempo merecia algo assim. Só não entendo muito bem essa estrela no cartaz: dizem que refere-se ao comunismo de Joâo Saldanha, mas acho que contrabanderam a estrela petista pra ele...
sábado, 29 de março de 2008
Aniversário de Pezão: a aliança PT-PMDB posta em prática
As festas de aniversário do Vice-Governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, eram muito concorridas desde os tempos em que ele era Prefeito de Piraí. Antes eram em casa, mas em busca de mais espaço passaram a ser feitas no maior clube da cidade. Hoje, excedeu. Algumas das principais lideranças petistas e peemedebistas encontraram-se festivamente, na maior harmonia, comemorando também a nova aliança na disputa pela Prefeitura do Rio. Garotinho estava ausente, claro, mas estavam pelo PMDB (além do aniversariante, claro) Sérgio Cabral, Picciani, vários Secretários do Governo, Deputados, Prefeitos, Vereadores e até Eduardo Paes (ficou pouco tempo), que cedeu o lugar a Molon na chapa. Pelo PT, Benedita da Silva, Minc (Secretários do Governo), Prefeitos, o Presidente do partido e o próprio Molon. O ambiente, como sempre, foi alegre e descontraído (Pezão e Sérgio Cabral pai, na foto, ousaram até mesmo cantar para o público). E todos repetiam que o ar trazia o cheiro da vitória.
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Nova Pesquisa Datafolha mostra porque Molon é uma ameaça aos outros candidatos
A nova pesquisa Datafolha para medir intenção de voto para Prefeito do Rio de Janeiro, feita provavelmente nos dias 25 e 26 de março (ou antes), não captou a aliança PT-PMDB, com o Deputado Alessandro Molon na cabeça e com a bênção de Lula e do Governador Sérgio Cabral. Mas mostra o significado da força que o PMDB tem na área popular. A pesquisa feita sem a opção do candidato Eduardo Paes (que tinha saído do PSDB para ser candidato pelo PMDB e contava com apoio de Sérgio Cabral e oposição de Picciani e Garotinho) teve os seguintes resultados: Molon (PT) 1%, Chico Alencar (PSOL) 8%, Solange Amaral (DEM, ex-PFL) 8%, Gabeira (PV-Tucanos) 9%, Jandira (PCdoB) 18% e Crivella (PRB) 20%. Na pesquisa com Eduardo Paes (que teve 10%), o resultado ficou assim: Molon (PT) 1%, Chico Alencar (PSOL) 6%, Solange Amaral (DEM, ex-PFL) 9%, Gabeira (PV-Tucanos) 9%, Jandira (PCdoB) 16% e Crivella (PRB) 18%. Notamos que o PMDB, mesmo dividido e com uma candidatura a meio pau, tirou voto exatamente dos candidatos que têm mais inserção na área popular, Crivella e Jandira (Chico possivelmente perde um pouco pelo voto da classe média tijucana e da Barra que poderiam votar em Eduardo Paes). Com a candidatura Molon apresentando-se com a força total de Lula, de Sérgio Cabral e da máquina peemedebista, as outras candidaturas com voto na área popular vão começar a esmaecer. Além disso, Molon também deverá crescer na classe média que apóia o Governo Sérgio Cabral. Por incrível que pareça, não duvidaria que, mais adiante, Crivella e Jandira retirem suas candidaturas em favor de Molon (apesar de ele aparecer agora com apenas 1%).
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Pesquisa Datafolha: o "efeito Lula" chega a São Paulo
A nova Pesquisa Datafolha (1.089 pessoas entrevistadas nos dias 25 e 26 de março) mostra que provavelmente Lula começa a influenciar em São Paulo. Em apenas um mês, Marta Suplicy (PT) pulou para a liderança da corrida pela Prefeitura paulistana. Na pesquisa de fevereiro, Kassab tinha 12%, Alckmin tinha 29% e Marta tinha 25%. Agora Kassab tem 13%, Alckmin tem 28% e Marta tem 29%. Se bobear, Alckmin logo logo vai ficar atrás de Kassab. Aguardemos mais informações.
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No Rio, a epidemia tem outro nome
Com o Presidente do DEM (ex-PFL) do Rio, Deputado Rogério Lisboa, caindo de cama com dengue, está comprovado: no Rio, o nome da epidemia é "demgue"...
sexta-feira, 28 de março de 2008
César Maia sentiu o golpe e parte para o ataque
Que seria da Oposição sem o César Maia? O que seria do jornalismo político sem as pautas diárias passadas por César Maia? Não sei o que seria, mas seria com menos graça, com certeza. Desde a última terça-feira, quando Sérgio Cabral anunciou a aliança PT-PMDB para as próximas eleições municipais no Rio de Janeiro, César Maia andava abalado, sem saber direito o que fazer, cabisbaixo nas fotos. Foi até pedir ajuda ao Senhor do Bonfim... Ontem veio mais uma pancada, com a pesquisa CNI-Ibope, aumentando a aprovação de Lula e seu Governo. Pior: os Demos (ex-pefelistas) do Brasil inteiro, segundo vejo na imprensa, parece que estão se rebelando contra os Maia. Como reação, César resolveu aumentar a virulência do seu Ex-Blog. E em função disso jogou fora qualquer resquício de coerência. Tentando desqualificar a pesquisa CNI-Ibope, ele escreveu hoje em seu Ex-Blog: "Ao se saber - ou se mandar fazer - uma pesquisa de opinião, o interessado faz uma intensa programação de visibilidade, seja com publicidade na mídia, presença para cobertura da imprensa... E quando se é presidente, isso é garantia de espaços nos jornais de TV à noite. (...) O resultado inevitável é conseguir mais taxas de popularidade do que se tem". Ele está falando, sem dúvida, de seu próprio método, como já escrevi em meu livro sobre a campanha para Governador do Rio em 98 (Garotinho x César Maia). Outra nota muito interessante de César Maia é especificamente sobre a decisão do PMDB do Rio de apoiar o PT, em vez de apoiar o DEM (ex-PFL), como ele esperava. Diz a nota: "Complicada a equação que produziu a decisão do PMDB-RIO apoiar o PT-RIO em 2008. (...) Os candidatos a prefeito do PMDB na região metropolitana não aceitam que o número 13 - que será o de maior tempo de TV e assistência (a capital transmite a TVGlobo) - contamine as eleições metropolitanas". Pergunto: "os candidatos a prefeito do PMDB na região metropolitana" aceitariam o número 25 de César Maia? Outro trecho: "Os deputados que não foram consultados sequer tiveram tempo de ser parte cênica da liturgia da escolha". Pergunto: e no "acordo" com o DEM (ex-PFL), os deputados peemedebistas foram consultados? E as intervenções nos diretórios municipais do DEM (ex-PFL)?. Claro que César Maia não está preocupado em ter coerência. Ele quer influenciar a mídia - e por tabela a opinião pública - a seu favor. Mas isso está ficando cada vez mais difícil.
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quinta-feira, 27 de março de 2008
Vejam só quem é que pode continuar com o cavalinho na chuva...
Do jeito que as coisas andam, vai aumentar a taxa de desemprego na categoria "oposição"... Clique aqui para ver a nova pesquisa CNI-Ibope.
Eleição no Rio: não tem como Lula ser neutro
A surpresa da aliança PT-PMDB pela Prefeitura do Rio ainda está deixando muito político aturdido. Tanto os prejudicados da Oposição (César Maia-DEM, Gabeira-PV-PSDB, Chico Alencar-PSOL) quanto os candidatos da base aliada (Crivella-PRB, Jandira-PCdoB, Paulo Ramos-PDT) estão sem palavras certas para reagir. Gabeira é o melhor exemplo disso, reconhecendo para o Globo "que não tem condições de analisar" porque "São muitas variáveis. Para onde vai o eleitorado do (Eduardo) Paes? Até que ponto a disputa entre Molon e (Marcelo) Crivella pelas obras do PAC pode enfraquecer a ambos?" Em outras palavras, não disse nada com nada, ou tentando enganar o repórter ou porque estava perdido mesmo. César Maia procura fazer de conta que não aconteceu nada, mas faz e refaz suas contas políticas: Solange continua? Chama Denise Frossard (PPS)? Faz aliança com Crivella? Já Chico Alencar, prejudicado no seu eleitorado mínimo, faz gracinhas necessárias para marcar a diferença. Na base aliada, PSB e PP já indicaram que participarão da aliança PT-PMDB, PDT ninguém sabe o que vai fazer. Mas os partidos com candidatos bem situados em pesquisas (PRB de Crivella e PCdoB de Jandira) estão apavorados, preocupados com qual será a posição que Lula ("O presidente Lula disse várias vezes que, nas capitais onde houver mais de um candidato, só iria participar no segundo turno", disse Crivella; "Ele tem é que olhar o que é mais viável para ganhar a eleição", alertou Jandira), o mais importante eleitor do País, tomará. Tratam de cobrar neutralidade total - o que é impossível. Lula, obviamente, cumprirá o prometido e não tomará partido de ninguém. Mas ele tomará partido de Molon, mesmo sem querer. Primeiro, por causa do número. Eles têm o mesmo número 13 marcado por anos e anos de candidatura pelo PT. Segundo, por causa das obras do PAC no Rio, que tiveram grande impacto e que são creditadas prioritariamente como obras da aliança Lula-Sérgio Cabral. Terceiro, pela oportunidade única da aliança político-administrativa das esferas federal, estadual e municipal. Em várias pesquisas que presenciei, as pessoas aplaudem a aliança do Governo Federal com o Governo Estadual e vêem nisso o ponto principal para o quadro de crescimento e otimismo do Estado do Rio de Janeiro. Inúmeros pessoas, de várias cidades (inclusive do Rio), sonham com a sua Prefeitura Municipal também entrando nesse novo ritmo. Sob esses três pontos de vista (e devem existir outros), Lula apóia Molon - mesmo sem mover uma palha nesse sentido.
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McCain sugere novo inimigo para governo americano
Desde que inventaram a luta eterna do Bem contra o Mal, o homem, individualmente ou politicamente, sempre elege um Mal para referendar o avanço do seu Bem. Os Governos sempre fazem isso. As grandes potências não fazem outra coisa. Bush aproveitou o atentado de 11 de Setembro para eleger o “eixo do mal” (Irã, Iraque e Coréia do Norte) como seu adversário maior. Seriam os países inimigos que poderiam utilizar-se da energia nuclear e de atos terroristas para atacar os Estados Unidos. Com essa estratégia “anti-terrorista”, Bush fez de Bin Laden a face de todos os inimigos e fez de Saddam Hussein o seu bode expiatório. Não deu muito certo. Bush perdeu a guerra e não sabe o que fazer para sair dela. Por causa disso, sua rejeição é cada vez maior. Para tentar provar que caminha independente de seu Presidente, o atual candidato Republicano à Casa Branca, John McCain, resolveu escolher outro Mal para carregar a tiracolo. Resolveu atacar (em discurso, claro...) a Rússia de Putin. Chegou a dizer que ela é inimiga da democracia (lá vem esse papo furado de novo...) e que deveria ser afastada do G8 (no seu lugar, entrariam Brasil e Índia). McCain quer apenas ganhar pontos na sua corrida eleitoral, tirando o foco da guerra do Iraque e provando que tem um novo Mal de sua própria autoria. Será que vai emplacar? Curiosamente, McCain fez seu discurso anti-russo no mesmo dia em que Bush anunciou um encontro com Putin para resolver questões pendentes. Será que combinaram? Provavelmente, sim.
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quarta-feira, 26 de março de 2008
Eleição no Rio: o Tempo e o Vendaval
Uma das maiores conquências do "vendaval" que atingiu ontem o cenário eleitoral carioca (aliança PT-PMDB) é o tempo no Horário Eleitoral Gratuito. Para ilustrar o que digo montei essa hipótese, considerando os 30 minutos de cada Programa, arredondando bastante os tempos (vocês podem notar que a soma deu 29 minutos) e considerando também 10 candidaturas dentro dessas coligações. Analisem com calma.
Eleição no Rio: a "conspiração" de Merval
Nessa madrugada, estava assistindo a reapresentação do Jornal das Dez (entre 2 e 3 da manhã) e confesso que, meio sonado, tomei um susto com a análise que Merval Pereira fez da união PT-PMDB para a eleição municipal do Rio de Janeiro. Ele informou tudo certinho, mas concluiu com a hipótese de que na verdade tudo teria sido arquitetado por Lula... para beneficiar o Senador Bispo Crivella! Porque, segundo ele, esse novo cenário só serviria para enfraquecer a esquerda no Rio! Acordei e pensei logo: "Ele deve ter chegado a isso conversando com o César Maia..." Durante os últimos meses, o Prefeito do Rio e principal referência do DEM (ex-PFL) tem se esmerado em procurar associar o nome de Lula a Crivella em uma imaginária guerra santa contra a Globo e a Igreja Católica. Seria parte de sua estratégia para manter Lula longe da clase média carioca e sob ataque ainda mais intenso do principal grupo de comunicação do país. Está certo César Maia em tentar isso. Mas ninguém precisa exagerar nas fantasias. Não há como Crivella sair beneficiado com a união Lula-Sérgio Cabral (PT-PMDB) nas eleições municipais da Capital fluminense. Podemos começar pela disparidade nos tempos no Horário Eleitoral Gratuito: Molon, contando apenas a aliança PT-PMDB-PP-PSB, terá algo em torno de 12 minutos por programa (detalharei depois), enquanto Crivella estará limitado a cerca de 2 minutos. Devemos lembrar também que a esquerda, ao contrário, estava enfraquecida e agora finalmente tem uma candidatura de peso (Molon sempre foi da esquerda do PT e chegou a pensar em ir para o PSOL), com a possibilidade de até mesmo agregar Jandira (PCdoB) e o PDT, ficando de fora apenas Chico Alencar do PSOL. Do ponto de vista religioso, Crivella deu adeus à possibilidade de conquistar algum voto católico desgostoso com a classe média gabeira-tucanizada, já que Molon é historicamente o nome preferido da Igreja Católica. Finalmente, com relação à "guerra santa global", a direção da Globo deve estar agradecidíssima com a nova chance de poder contar com uma candidatura forte que possa barrar o avanço Universal-Record no Rio, um de seus pesadelos. Acredito que Merval não teve tempo de conversar com seus superiores antes de emitir a Opinião das Dez...
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terça-feira, 25 de março de 2008
Eleição no Rio: César Maia errou como político e como marqueteiro
César Maia acreditou piamente que a aliança do seu DEM (ex-PFL) com o PMDB no Rio seria pra valer. Eu cansei de dizer aqui que isso não faria qualquer sentido para o PMDB. Parafraseando Obama (e depois o Alckmin), como pode o maior ceder o lugar para quem está acabando? O PMDB, caso se aliasse a César Maia, estaria simplesmente entregando de bandeja o Rio a um DEM em fim de carreira. César Maia também errou como marqueteiro, ao se empenhar tanto em demonstrar que sua pupila, Solange Amaral, era viável eleitoralmente. Veio a superchapa de Sérgio Cabral e Lula, com apoio de Dornelles e do PSB... e o sonho acabou. Claro que é louvável o esforço que César Maia estava fazendo, mas qualquer um podia prever que era um esforço inútil. Relendo agora o seu Ex-Blog de hoje sobre os candidatos no Rio, chega a dar pena:
O QUADRO PRÉ-ELEITORAL DO RIO EM MARÇO!
- Com as pesquisas informadas pela imprensa e as articulações políticas seguidas de informações a respeito, o quadro eleitoral do Rio está definido em dois vetores: Crivella e Solange Amaral. Embora a candidatura de Gabeira com o tempo de TV do PSDB também esteja definida, o campo da dinâmica de sua candidatura não está.
- Entre os candidatos deste campo estão Jandira, Gabeira, Chico Alencar e Molon. Os dois últimos parecem ter suas candidaturas confirmadas. Mas estas se sobrepõem à do Gabeira e com isso ficam inviabilizadas e apenas trocam votos entre si.
- Jandira tem suas intenções de voto muito melhor espalhadas que as do Gabeira. Mas sem tempo de TV ficará inviabilizada para abrir seu leque eleitoral, regional e socialmente. Por isso sua procura do PSB e do PDT para ter algum tempo significativo de TV. Não será simples, pois isso afetará as chapas de vereadores do PDT e PSB e inviabilizará o crescimento dos mesmos no Rio.
- Desta forma, o mais provável é que Crivella e Solange avancem sobre seus campos de eleitores potenciais e os demais façam uma espécie de eleição paralela entre eles. Nesse momento nesta eleição paralela - só com os nomes deles - venceria - entre estes 4 - Jandira, Gabeira, Chico e Molon - Jandira com alguma folga.
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Eleição no Rio: a reviravolta continua com PSB e PP unindo-se a Lula e Sérgio Cabral
Euforia total no Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro. O Governador Sérgio Cabral e seu Vice, Luiz Fernando Pezão, não páram de comemorar a nova aliança PT-PMDB pela disputa da Prefeitura do Rio. Ao mesmo tempo que comemoram, movem-se rapidamente para que a aliança se amplie. O PP, através de Dornelles, já deu o sim. E Alexandre Cardoso entrou há pouco no gabinete com o mesmo objetivo e já foi possível ouvir o sim. A meta agora é vitória no primeiro turno.
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Reviravolta na eleição do Rio: Lula e Sérgio Cabral se unem para vencer
A idéia da união PT-PMDB pela disputa da Prefeitura do Rio não é de agora. Mas estava difícil. Muita gente achava que o desejo do Governador Sérgio Cabral fosse Eduardo Paes na cabeça da chapa com Alessandro Molon de Vice. Claro que era isso mesmo. Mas as dificuldades internas, tanto do PMDB quanto do PT, inviabilizavam esse sonho de Sérgio Cabral. Havia também as articulações do PMDB (via Picciani e Garotinho) com o DEM (ex-PFL) de César Maia - o que seria um pesadelo para todos, menos César Maia. Enquanto isso, a visão que se tinha era de uma geléia geral, com tudo caminhando para um segundo turno entre Crivella (PRB) e outro nome, que poderia ser Gabeira (PV-PSDB), Solange Amaral (DEM, ex-PFL) ou o próprio Molon. Com essa aliança PT-PMDB (Molon-Régis Fichtner), tudo muda. Crivella sai prejudicado. César Maia sai prejudicado. Jandira (PCdoB) deve repensar a candidatura. O PDT e o PSB idem. Tudo caminha para um novo enfrentamento, onde a base dos governos federal e estadual evitarão qualquer insinuação de crescimento dos representantes da oposição (tucanos e DEMs) no Rio. César Maia não contava com essa. Leia mais na Folha Online.
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Eleição americana: McCain fez uma bela jogada ou se deu mal?
O New York Times de ontem publicou uma reportagem sobre movimentos que poderiam, em dois momentos distintos (2001 e 2004, quando debateu ser Vice de John Kerry), ter levado o atual candidato Republicano John McCain para os braços do Partido Democrata. Quem teria brifado o jornal - o pessoal de McCain, os Democratas ou, quem sabe, os ultraconservadores Republicanos insatisfeitos com a candidatura de seu partido? Para o Partido Republicano, certamente, não é uma boa notícia. Afinal, o seu candidato a ocupar o mais alto cargo dos Estados Unidos, além de ser considerado por muitos dos seus membros como "liberal demais", já negociou pelo menos duas vezes sua passagem para o lado arqui-rival. Os radicais da direita americana com certeza já devem estar planejando detonar a candidatura atual. Há o lado positivo para McCain, que é o fato de ele se mostrar bem distante de tudo que representa "Bush". A reportagem trata especificamente das baixarias feitas contra ele pelo "grupo Bush", nas prévias de 2000, que o teriam deixado enraivecido - a baixaria mais famosa foi o boato de ele ser pai (fora do casamento) de uma criança negra. Outra indignação de McCain foi com a porta fechada na Casa Branca para contratação de seus aliados. Esse distanciamento de Bush seria uma forma de ele evitar os respingos de sua rejeição. Pode ser positivo também para ele reforçar uma imagem "centrista", buscando aquele eleitorado flutuante e indefinido entre os dois partidos. Vendo sob esse ângulo, é bem possível que o próprio pessoal de McCain tenha "vazado" a informação. Por outro ângulo, existe a lógica Democrata, que poderia, com essa informação, estar querendo dizer que "se até o candidato Republicano simpatiza com os Democratas, por que votar em um Republicano"? Nesse sentido, é interessante saber que um dos interlocutores Democratas nas conversas com McCain em 2001 foi o ex-Senador Tom Daschle, que já tratou das divergências de McCain com Bush em seu livro "Like No Other Time" e que agora dá apoio ao candidato Barack Obama. As próximas pesquisas poderão esclarecer quem está por trás da reportagem.
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segunda-feira, 24 de março de 2008
Contagem regressiva no Iraque: 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3,2,1... ZERO! Já são 4.000 soldados americanos mortos no Iraque, graças a Bush.
Segundo o Iraq Coalition Casualties, o número de soldados mortos no Iraque já chegou a 4.000. O pior é que a contagem continua cada vez mais progressiva.
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sábado, 22 de março de 2008
Eleição americana:Obama ganha dois presentes no mesmo dia
O pré-candidato Democrata Barack Obama andou na defensiva na última semana, graças basicamente ao discurso inflamado e desnecessário do líder espiritual de sua igreja, Jeremiah Wrigh. Obama até que reagiu muito bem, fazendo um discurso sobre a questão racial nos Estados Unidos que está entrando para a história. Mas as pesquisas recentes mostravam avanço de sua adversária, Hillary Clinton. Quando tudo parecia voltar a ser uma grande interrogação, Obama recebe dois grandes apoios - um do Governador Bill Richardson e outro da Administração Bush. O apoio de Bill Richardson, Governador do Novo México, tem grande importância por sua influência junto à extensa comunidade hispânica (que tendia, antes, a caminhar com Hillary). E o apoio de Bush se deu por tornar Obama vítima de mais uma atrocidade de seu Governo, ao bisbilhotar, ilegalmente, as informações de seu passaporte. Obviamente tentava obter dados que comprometessem Obama, mas acabou se dando mal. O Governo Bush ainda tentou minimizar o ocorrido, dizendo que Hillary Clinton e o candidato Republicano John McCain também teriam tido seus documentos vasculhados. Papo furado. Pontos para Obama.
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Contagem regressiva no Iraque: 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4...
Já morreram 3.996 soldados americanos, segundo o Iraq Coalition Casualties. Faltam apenas 4 para completar 4.000. Quantos mais vão morrer? Isso é vitória? Valeu a pena a invasão de Bush? Se valeu - para quem?
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Eleição no Rio: Crivella escolhe o adversário mais fraco
Com a posição confortável de líder das pesquisas e único candidato (até agora) com perfil "povão", o Senador Bispo Marcello Crivella (PRB), pré-candidato a Prefeito do Rio, resolveu polarizar com o candidato mais fácil de derrotar em um possível segundo turno, o candidato tucano-verde, Fernando Gabeira. Em primeiro lugar, Crivella tenta evitar confronto com o candidato do PT, Alessandro Molon. Esse é o seu pior cenário, onde ele não pode contar com o apoio de Lula, além de criar polêmica em torno de uma possível "guerra santa" (evangélicos x católicos). Não interessa o confronto (ainda) com o candidato Eduardo Paes, que também é da base aliada (PMDB), é apoiado pelo Governador Sérgio Cabral e está com a indicação em risco. Não interessa polemizar com aliados do "bloquinho": Jandira (PCdoB), Paulo Ramos (PDT), Carlos Lessa (PSB). Não interessa nem mesmo polemizar com Solange Amaral, porque ele não quer afugentar o voto conservador. E o candidato do PSOL, Chico Alencar, não oferece perigo. Ao atacar Gabeira, Crivella foi esperto, ao empurrá-lo para o "gueto" das drogas e das polêmicas sobre aborto e homossexualismo. Gabeira percebeu a jogada e levou a resposta para o campo concreto da dengue, mas sua aliada tucana, Andrea Gouvêa Vieira, atrapalhou-se um pouco. A meu ver, essa iniciativa de Crivella facilitou a vida dos outros candidatos, que podem se posicionar de forma mais competitiva - mesmo sem fazer marola no início da disputa.
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quarta-feira, 19 de março de 2008
Alô, IG, não me venha com conversa fiada
Alguém deve explicações sobre o que aconteceu com o Conversada Afiada, Blog do Paulo Henrique Amorim. O Mino fez sua última postagem do seu Blog pendurado no IG. O Mello está boicotando tudo que é IG e está até renunciando à possibilidade de ganhar o iBest. E a jornalista da sala ao lado, que sempre morreu de amores pelo Paulo Henrique, soluça com raiva pelos cantos: "Ig!Ig!Ig!" Estou com eles e quero me associar a esses protestos!
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Contagem regressiva no Iraque: 10, 9, 8,...
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Iraque
César Maia e o uso político das pesquisas
César Maia é o rei de apresentar e analisar pesquisas. E faz isso sempre com o ar de um cientista que estivesse em ambiente asséptico e fosse capaz de se manter distante de qualquer juízo de valor. A imprensa costuma acreditar nesse discurso, mas a verdade é que César Maia usa essas "análises" principalmente para fazer a sua propaganda política. Vou dar exemplo tirado de seu Ex-Blog de ontem, onde ele "analisa" pesquisa (800 entrevistas) sobre a eleição municipal do Rio este ano feita pelo seu instituto do coração, o GPP (texto completo logo abaixo). Logo de cara ele diz que "a intenção de voto em Crivella (foi) um pouco abaixo do que se previa", e apresenta o índice de 22% (variação possível entre 19,1% e 24,9%). Duvido que alguém em sã consciência tivesse previsão de índice maior para o candidato do PRB, Marcelo Crivella. O que César Maia pretendia com a frase era simplesmente minimizar o alto índice de Crivella. Outra jogada na apresentação da pesquisa (a mesma que ele tem usado em outros textos) é a de buscar uma diferença positiva para sua candidata, Solange Amaral (DEM, ex-PFL), com relação aos outros candidatos com inserção na Classe Média no Rio de Janeiro. Na verdade, ele assumiu que Crivella (único até aqui com perfil popular) já está no 2º turno e está tentando distinguir Solange dos outros candidatos (Molon/PT, Jandira/PCdoB, Chico Alencar/PSOL e Gabeira/PV-Tucanos), posicionando-a como candidata "centrista", com ampla inserção fora da classe média da Zona Sul. Quero dizer, em primeiro lugar, que por mais que respeite qualquer instituto de pesquisa, não acredito no índice de Solange (12%, com variação possível entre 9,7 % e 14,3 %). Claro que não tenho dados de pesquisa atual para contrapor (por outro lado, a pesquisa apresentada está longe de ser clara sobre questionário, campo, etc), mas tratar Solange como "centrista" é dose! Não há "3 vetores", como pretende verder César Maia e, caso venha a existir, dificilmente Solange Amaral ocupará um deles. Outra grande jogada de César Maia está em procurar tratar como fato consumado a não-candidatura de Eduardo Paes. Seu nome (ou qualquer outro do PMDB) nunca é colocado em pesquisa - mas, por mais que ele tenha acordos com o Deputado Picciani e o ex-Governador Garotinho, é difícil acreditar que o PMDB do Governador Sérgio Cabral não tenha candidato próprio. César Maia aproveita sua fama de "marqueteiro" para fazer propaganda política. A imprensa tem que abrir o olho e não se deixar enganar. Texto completo:
PESQUISA PREFEITO DO RIO!
Com o quadro pré-eleitoral do Rio mais aberto, foi feita pesquisa com 800 eleitores este fim de semana pelo GPP. Essa pesquisa é uma espécie de pesquisa de abertura, ou seja, a partir da qual se avalia a dinâmica das candidaturas. Basicamente - dois números ficaram diferentes dos esperados. Um deles foram os 32% (não voto) de eleitores que preferiram não marcar nenhum dos candidatos, se abstendo, ou marcando nulo e branco. Outro foi a intenção de voto em Crivella um pouco abaixo do que se previa.
Crivella teve 22% das intenções de voto. Jandira 14%. Solange e Gabeira 12% cada. Chico Alencar 6% e Molon 2%.
O ponto forte de Crivella foi Santa Cruz/Campo Grande, o de Jandira foi Grande Méier, o de Solange foi Leopoldina, o de Gabeira Zona Sul, o de Chico Alencar Tijuca/Santa Teresa e de Molon, Zona Sul. A maior porcentagem de não voto foi na zona sul.
Depois a pesquisa reduziu a lista a 3 candidatos de forma a analisar a troca de votos entre eles. Numa delas Crivella teve 26% das intenções de voto, Solange 21% e Gabeira 20%. Crivella cresceu pouco e seu ponto forte foi zona oeste. Solange zona norte. E Gabeira zona sul/tijuca/santa Teresa.
Comparando com pesquisa de um ano atrás, Crivella cresceu 3 pontos, Solange cresceu 9 pontos, Gabeira (comparando com Denise), caiu a metade, Chico Alencar ficou no mesmo lugar e Molon (Edson Santos antes) idem.
Portanto desenha-se aquilo que este Ex-Blog havia comentado: será uma eleição em 3 vetores: Crivella, Solange e um terceiro que será o voto útil do eleitor no primeiro turno, entre Jandira, Gabeira, Chico Alencar e Molon.
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"A Imprensa e a Classe Média", segundo César Maia
No seu Ex-Blog de hoje, César Maia produz um bom texto sobre a relação "imprensa-classe média" que merece ser lido. Claro que por trás de suas análises sempre existe um marketing eleitoral próprio (vou tratar disso na próxima postagem), mas isso não invalida o que foi dito. Eis o texto:
A IMPRENSA E A CLASSE MÉDIA!
- O segmento da imprensa que tem como referência a classe média, e no caso, especialmente os jornais e revistas, tratam com uma equação muito mais complexa do que muitos imaginam. Os grupos ativos e ideológicos da classe média, e que por isso mesmo atraem e mobilizam a cobertura da imprensa, em geral agitam ofertas e necessidades quase sempre minoritárias.
- Tem características muito diferentes dos mesmos grupos que falam para os setores populares, pois estes vocalizam demandas óbvias e primárias, em relação a emprego, moradia, saúde, escola, urbanização... e portanto falam para a grande maioria destes setores. Claro que o mesmo acontece com a imprensa direcionada aos setores populares. Com isso se dá uma natural sinergia entre os grupos ativos e a imprensa, neste caso.
- Com a classe média não é assim. Em geral os grupos ativos e ideológicos sinalizam demandas de vanguarda ou de valores que na maioria das vezes não são socialmente significativas. Muitas vezes a imprensa se surpreende com a sensação que teve que o tema mobilizava e os fatos mostraram que prevaleceu a grande maioria silenciosa que não viu seus interesses incorporados, neles.
- São muitos os exemplos. Drogas, aborto, e tantos outros. Agora mesmo no caso do IPTU. Mobilizar a classe média para pagar mais imposto era uma contradição nos termos e só poderia ter resultado no que resultou: só os ideológicos -e nem todos- responderam de fato, insignificantemente. O lógico seria na defesa da classe média: "-pague para não perder dinheiro". E foi o que a racionalidade econômica produziu, apesar da campanha.
- As famílias de classe média enfrentam ou se preocupam em enfrentar no futuro, problemas de drogas com seus filhos. O tema liberação choca a grande maioria dela. O aborto é sempre indesejável - para os que admitem, e claro para os que não admitem. Ninguém pode ser a favor do aborto, o que seria uma aberração. O que se pode discutir é a criminalização. Mas não é assim que a questão é percebida. E com isso esses grupos ativos se isolam e ficam falando consigo mesmos.
- Outro risco é usar temas que tem a concordância natural da classe média, mas que por não terem como resultar em médio prazo, terminam provocando uma sensação de impossibilidade e frustração, e terminam produzindo como mensagem final, a idéia que nada daquilo tem solução, retirando força desta ou daquela cobertura temática da imprensa.
- Muitas vezes os temas gratos a classe média dentro de uma redação de órgão de imprensa, criam a sensação de que respondem as demandas e expectativas da classe média. E terminam afetando os laços de confiança entre imprensa e a classe média. Claro, e por isso tudo, é muito mais fácil fazer imprensa popular: os mesmos temas que sempre avançam, imagens impactantes e manchetes chamativas. Com a classe média, não é tão simples. É muito mais complexo.
Elio Gaspari: "Se uma mentira, repetida mil vezes, acaba virando verdade, o que dizer de uma verdade repetida mil vezes?"
Na sua coluna de hoje, Elio Gaspari, falando sobre Lula, acaba dando uma boa aula de marketing político para a Oposição desorientada. Publico na íntegra:
Lula é o mesmo, mas o cenário é outro
Bendita a cidade que ganha fama com uma palestra. Foi isso o que aconteceu com Araraquara depois que o filósofo francês Jean Paul Sartre terminou sua conferência no auditório da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras, em setembro de 1960. Daí em diante ela se tornou conhecida como “a Conferência de Araraquara”. Era uma época em que as pessoas iam a esses eventos de terno e gravata. Sartre tratou de arcanas questões filosóficas e teve Jorge Amado na mesa, Fernando e Ruth Cardoso, mais Antônio Candido e Gilda de Mello e Souza na primeira fila. Há uma semana, discursando em Araraquara, na inauguração da escola que ganhou o nome da professora Gilda, morta em 2005, Nosso Guia fez um discurso que merece atenção. Foi um improviso, menor que a conferência de Sartre, mas ainda assim longo. Tem seis vezes o tamanho deste artigo e, à primeira vista, pode ser confundido com mais um Opus Lula.
Nosso Guia trocou de cenário.
Ele cavalga o desempenho da economia e os avanços sociais ocorridos durante seu reinado. Não formula idéias novas, apenas arruma velhos esplendores. Lula faz isso de uma forma que seus adversários devem pensar melhor antes de continuar com uma oposição de frases feitas e CPIs para alimentar noticiário.
Alguns exemplos: • “Todo sacrifício que nós fizemos permitiu que a gente pudesse estar vivendo o momento que estamos vivendo hoje. (…) Hoje temos quase 200 bilhões de dólares de reservas, não devemos nada ao FMI, não devemos nada ao Clube de Paris e não devemos nada a ninguém.” • “Aqui no Brasil, pobre não tinha acesso a banco. Aliás, os bancos tinham desaprendido a atender pobre. (…) O que nós fizemos? Nós resolvemos fazer crédito para o povo pobre. (…) Criamos o crédito consignado. (…) Eu acho que a gente colocar dinheiro na mão do pobre é investimento neste país.” • “Quando eu tomei posse, a indústria automobilística me procurou dizendo: ‘nós estamos quebrados’. (…) E ontem eu recebi uma carta: eles saíram de 2,2 milhões de carros e estão prometendo produzir 4 milhões de carros em 2009. Qual foi o milagre? O milagre foi uma coisa que a gente vinha dizendo há 20 anos: Com 24 meses de prestação, só pode comprar carro o setor da classe média. Se vocês quiserem que o pobre compre um carro, aumentem o número de prestações . ” • “Noventa e seis por cento dos acordos feitos pelos sindicatos são acordos feitos acima da inflação, com aumento real de salário.” • “Este ano, nós vamos ter a primeira turma formada pelo ProUni.São 60 mil jovens que tiraram o diploma pelo ProUni e 40% desses são negros e negras.”
Nosso Guia teve até o seu “momento Obama”: “O grande desafio (…) é acreditar que a gente pode.” Não há um novo Lula, o que há é uma nova conjuntura. Sua falação pode ser repetitiva, mas tem duas características. Primeiro, ele não está enrolando. Depois, leva para a rua uma agenda de progresso e otimismo, deixando para a oposição o penoso exercício do mau humor. Se uma mentira, repetida mil vezes, acaba virando verdade, o que dizer de uma verdade repetida mil vezes? O Brasil bem pensante, que até hoje procura entender a conferência de Sartre, precisa ler o discurso de Araraquara. Ele está na internet, basta passar no Google “discurso lula araraquara gilda”. Em 1960, aos 15 anos, Nosso Guia corria atrás de seu único diploma. O do Senai.
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Não é ficção: Arthur Clarke morreu
Bastaria que ele tivesse sido co-responsável (com Stanley Kubrick) por "2001: Uma Odisséia no Espaço". Mas ele faiz muito mais: ele via o futuro. Por exemplo, com décadas de antecedência, previu que o homem iria à lua ainda no século XX, e foi ridicularizado por isso. Como ele mesmo declarou, muito coisa do que previu não aconteceu. Mas muitíssimas coisas aconteceram. Com sua morte, temos menos imaginação.
terça-feira, 18 de março de 2008
O laissez-faire posto em questão
A crise que a economia mundial está sofrendo é sem dúvida o primeiro grande questionamento desse neoliberalismo que assola a humanidade desde o final do século XX e pode ser caracterizada como a primeira grande crise do capitalismo desde o surgimento do bloco de países socialistas. O fracasso do laissez-faire decretado pelo Crack de 29 e o crescimento de um bloco de países caracterizado por forte intervenção do Estado na economia forçaram o capitalismo a um Estado com mais presença. No entanto, com o fim da União Soviética, as propostas do laissez-faire voltaram a ganhar força, agora com o pseudônimo de neoliberalismo. Sem ter outros modelos para se opor e com o suporte da globalização, o neoliberalismo garantiu algumas décadas de sucesso. Enquanto houve gordura para crescer, o “mercado livre” pareceu demonstrar capacidade de comando na solução de todos os problemas da sociedade. Claro que não é bem assim que o mundo gira. E a pirâmide das hipotecas nos Estados Unidos acabou por ruir qualquer ilusão nesse sentido. O laissez-faire voltou a fracassar. E governos ocidentais voltaram a intervir na economia para salvar as sociedades das mazelas provocadas pelas gestões dos “mercados-livres”. O Brasil de hoje, que também teve sua herança neoliberal, só não afundou completamente nesta nova crise graças à forte presença do Estado, que garantiu uma economia mais fechada e que soube (no Governo Lula) desenvolver o mercado interno. Até onde irá nossa resistência, não podemos adivinhar. Mas podemos afirmar que essa relativa tranqüilidade do Brasil diante da crise mundial é mais uma prova da incompetência do neoliberalismo.
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segunda-feira, 17 de março de 2008
Contagem regressiva no Iraque: 10,...
Segundo o site Iraq Coalition Casualties, já morreram 3.990 soldados americanos. Faltam apenas 10 para completar 4.000. É uma contagem macabra e realmente regressiva essa que Bush impôs ao mundo. E os números absurdos não páram aí. Segundo o Iraq Body Count, falta pouco para se chegar a 90.000 civis mortos pela violência no Iraque. Deve ser com essa contagem que Bush dorme tranqüilo.
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Invasão de Bush no Iraque: sem comentários
Peguei essa nota no Plantão Globo de hoje, reproduzindo notícia da BBC:
Cinco anos depois, situação no Iraque 'é desesperadora'
Plantão/Publicada em 17/03/2008 às 07h23m BBC
Em uma situação "desesperadora", milhões de iraquianos vivem sem acesso a água tratada, saneamento básico ou atendimento à saúde, cinco anos após a invasão americana de 2003, afirmam nesta segunda-feira dois relatórios divulgados por organizações internacionais. Segundo a Cruz Vermelha, que descreveu a situação humanitária no Iraque como "uma das mais críticas do mundo", famílias iraquianas gastam até um terço de sua receita mensal de pouco mais de R$ 250 apenas para comprar água limpa.Dois em cada três iraquianos não têm acesso a água potável, completou um segundo relatório divulgado pela Anistia Internacional.De acordo com a Anistia, cerca de oito milhões de iraquianos - quase um terço da população de 27 milhões de habitantes - precisam de ajuda humanitária para viver.Os relatórios são divulgados na semana em que se completam cinco anos da invasão do Iraque, na madrugada de 19 para 20 de março de 2003. "Para as pessoas que precisam de água limpa, que precisam de acesso à saúde, a situação está pior do que nunca. Foram décadas de guerras e sanções, o que significa que não houve investimentos suficientes no sistema de saúde e em saneamento", disse à BBC o porta-voz da Cruz Vermelha em Washington Michael Khambatta. Ainda de acordo com a Cruz Vermelha, hospitais iraquianos se ressentem da falta de profissionais e medicamentos, e oferecem apenas 30 mil leitos, menos da metade dos 80 mil necessários. Direitos humanos. O relatório da Cruz Vermelha é complementado por outro, da Anistia Internacional, que avalia como "desesperadora" a situação humanitária no país em guerra. "Milhares de pessoas foram mortas ou incapacitadas, e comunidades que antes viviam em harmonia foram precipitadas para o conflito aberto. Para muitas mulheres, agora sob risco de ataque por militantes religiosos, as condições até deterioraram em comparação com o período de Saddam Hussein", disse o relatório. De acordo com o relatório, mesmo na relativamente tranqüila região do Curdistão, no norte do Iraque, a melhoria econômica não foi acompanhada de mais respeito pelos direitos humanos. "Prisões arbitrárias, detenções e torturas continuam a ser registradas mesmo nas províncias do Curdistão", afirmou o diretor da Anistia Internacional para Oriente Médio e África, Malcolm Smart. "O governo de Saddam Hussein era sinônimo de abuso de direitos humanos, mas sua substituição não representou nenhum alívio para o povo iraquiano." Segundo o relatório, o número de mortos desde o início do conflito permanece incerto. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que até junho de 2006 as mortes chegavam até 150 mil. Naquele ano, 35 mil pessoas morreram, afirmou a Anistia, citando a ONU. Apesar disso, os Estados Unidos afirmam que a segurança no Iraque está melhorando. As taxas de violência têm caído em até 60% desde junho do ano passado - embora o próprio comandante das tropas americanas no país, general David Petraeus, ressalte a volatilidade da situação. Visita surpresa. Nesta segunda-feira, o general deve se encontrar com o vice-presidente americano, Dick Cheney, que chegou em Bagdá para uma visita surpresa. O vice-presidente americano, que dá início a um giro de dez dias pelo Oriente Médio, deve se encontrar com o primeiro-ministro iraquiano, Nouri Maliki, e outros políticos iraquianos. Depois Cheney visitará Omã, Arábia Saudita, Israel, Cisjordânia e Turquia. É a terceira visita dele ao Iraque, onde atuam 160 mil soldados americanos. Quase 4 mil já morreram desde o início do conflito.
domingo, 16 de março de 2008
Eleição americana: Hillary Clinton virou um problema para o Partido Democrata
Ninguém tem mais dúvidas que Hillary Clinton vai perder para Barack Obama na disputa pelos "delegados eleitos". Além disso, sua vantagem entre os "superdelegados" também está caindo em ritmo acelerado. Mas ela insiste em ir até o fim, acreditando que, no final, a máquina partidária, através dos "superdelegados", vai apoiá-la. Já não há tanta certeza assim. A Direção Nacional Democrata não está gostando nem um pouco dessa luta sanguinária que os dois pré-candidatos estão travando. Por mais que eles tenham dado grande visibilidade ao partido, parece que também estão fornecendo munição para os Republicanos. Principalmente com essa baixaria da campanha de Hillary que procura associar Obama a uma campanha racista. Outro problema da Direção Democrata está na falta de justificativa plausível para os "superdelegados" não acompanharem a maioria do voto popular que é evidentemente pró-Obama. Todos procuram forçar um acordo já, antes que seja tarde demais. Ninguém sabe como. Leia mais no New York Times. E nesse texto de Dick morris e Eileen McGann:
HILLARY SENDS FERRARO AFTER THE RACE CARD
Published on DickMorris.com on March 14, 2008.
Geraldine Ferraro, a pioneer and trailblazer in American history, has done more to ruin a sterling reputation in the past few days than anybody but Eliot Spitzer. By claiming, I think falsely, that Obama would not be where he is if he were white or a woman, I think she totally overlooks the impact of his charis ma, eloquence, demeanor, message, use of the Internet, focus on caucus states, and his refusal to take special interest money as factors in his sudden rise. She betrays a stunning inability to look more than skin deep for reasons for his success. But this begs the real question: Ferraro is no racist. Her entire career speaks to the contrary. So why is she now so unable to peer into the deeper reasons for Obama's success and stopping at skin level? The blunt fact is that Geraldine Ferraro would not make a statement like this one without at least the tacit knowledge and acquiescence of the Clintons and their campaign. Ferraro is an old pro and would know enough not to shoot off her mouth without making it part of a carefully conceived strategy to discredit Obama based on race. As such, her comments need to be seen as a piece with the attacks on Obama's minister and his endorsement by Farrakhan. With Hillary now almost totally dependent on older voters, the race card may be the only way to produce the kinds of margins she needs in the future primaries to offset Obama's large and widening lead among elected delegates. The fact is that Obama cannot and should not be held accountable for the ranting and raving of his minister, unless he fails to disavow these remarks. He has done all he needs to do in distancing himself from the likes of Farrakhan. And is success is due to his imaginative use of the political process to achieve what he has earned. Obama out-organized Hillary by focusing on the small caucus states in February, by which time Hillary confidently expected the race to be over. Obama out-messaged Hillary by refusing special interest PAC or lobbyist money, giving him a way to paint Hillary as the candidate of the Washington establishment. Obama out-fund raised Hillary by understanding the potential of the Internet to raise quick and clean money and to permit reloading quickly. Obama out-positioned Hillary by using her claim to experience (faux as it was) to paint her as just another cycle in the oscillation between Bushes and Clintons which has dominated our politics for two decades now. Obama out-spoke Hillary by showing and eloquence and elegance that she cannot hope to match. Obama out-targeted Hillary by focusing on young voters and grasping the amazing insight that in an election with a black and a woma n, that age would be the decisive variable. And now Hillary is trying, through her surrogate Ferraro, to make it appear that all Obama had to do was show up, show some skin and win. Even for the Clintons, this is a new low.
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Eleições municipais francesas: confirmada a derrota de Sarkozy e também de Bayrou
O Partido Socialista vingou-se da derrota que sua líder, Ségolène Royal, sofreu para Sarkozy com uma vitória esmagadora no segundo turno das eleições municipais francesa deste domingo. O PS conservou cidades importantes que governava (como Paris) e tomou várias que a direita dominava, como Strasbourg, Toulouse, Reims, Caen e Périgueux. Quase consegue também conquistar Marseille (a segunda mais importante). A direita ainda conseguiu tomar Calais do controle comunista, mas não fez muito mais. Até o centrista François Bayrou (fenômeno eleitoral da última disputa presidencial) saiu derrotado. O PS já amplia seus planos para conquistar a Presidência em 2012. Leia mais no Le Monde e em El País.
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sexta-feira, 14 de março de 2008
Visualize a Oposição lendo The Guardian
Visualize isso: um país em que o fluxo de investimentos atingiu níveis recordes, onde a exportação de tudo, desde soja a biocombustíveis, está aumentando e onde a renda dos ricos e pobres está crescendo e impulsionando um boom de crescimento.
Esse é um trecho da reportagem de um suplemento especial, com 20 páginas, que o jornal inglês The Guardian escreveu sobre o Brasil. Segundo o jornal, que trata São Paulo como a cidade do futuro, os números vão “de bons a espetaculares: 1,4 milhão de empregos criados todos os anos; mais de US$ 100 bilhões em reservas (que excedem a dívida externa e tornam o Brasil credor internacional); 4,7% de inflação, o que é ‘manso’ pelos padrões brasileiros; 4% de crescimento econômico, e uma ligeira aproximação na diferença com a China. Ah, e no ano passado o mercado de ações cresceu em 60%”. Segundo analistas ouvidos pelo Guardian, o crescimento é equilibrado e o país estaria menos vulnerável hoje. “Analistas concordam que a forte demanda doméstica, a estabilidade financeira e exportações bem distribuídas internacionalmente oferecem alguma proteção contra o desaquecimento americano. Quando o mundo pega uma gripe, o Brasil não mais pega uma pneumonia.” O Guardian destaca que agora, além do samba e jogadores de futebol, o Brasil também exporta carros e aviões, notadamente aviões executivos e de passageiros da Embraer, mas afirma que apesar do crescimento, o país ainda enfrenta vastos problemas sociais e ambientais. (...) O Guardian conclui comentando que o Brasil era conhecido como o país do futuro. “O futuro ainda não chegou, mas está mais perto agora do que já esteve em várias gerações.” Leia mais no site da BBC.
quinta-feira, 13 de março de 2008
Maia versus Maia
O nome do Blog é "Matéria de Gaveta" e é bem bom de acessar. O Lucas Maia - que faz o Blog - também gosta de política e está bem atento ao que é divulgado. Hoje ele pegou no erro outro Maia (o famosos César Maia), que no seu Ex-Blog lançou um link que seria sobre obras do PAC (ou algo assim) e, na verdade, "é um samba de gafieria na… Argentina, bem dançado, claro, mas nada referente ao título da postagem", corrige Lucas, que recomenda:"Pessoal, se liga aí! "Ctrl C + Ctrl V" às vezes é um perigo".
quarta-feira, 12 de março de 2008
Cenas cariocas - 1
Em um restaurante da Zona Sul do Rio de Janeiro, grupo de empresários discutia os vários problemas da cidade, apontava soluções e tentava adivinhar o futuro pós-eleitoral. Um deles indagou: "Que podemos esperar do próximo Prefeito?" Outro respondeu rápido: "Que não tenha laptop nem acesse a internet". Gargalhada geral.
Tucano-de-pluma-verde: perfil
O tucano-de-pluma-verde é ave em extinção que busca sobrevida em terras cariocas. Sua principal característica é a de perder o colorido com o passar dos anos, até chegar a um verde desbotado. Não é onívora nem carnívora, talvez herbívora. Ave soturna, descobriu-se dela que planeja alçar vôo sobre a população do Rio de Janeiro, neste Ano Santo Eleitoral. Mas dificilmente vai dar pro seu bico.
Prostituição: o "governador de programa" dá adeus ao cargo
O site do Washington Post transmitiu ao vivo o pedido de renúncia do Governador de Nova York. Eliot Spitzer teve que renunciar ao cargo por causa do seu grampo com uma prostituta de luxo. No seu lugar, entra o Democrata David Paterson, que se torna o primeiro Governador afro-americano de Nova York. Spitzer terá que rodar bolsinha em outro lugar...
segunda-feira, 10 de março de 2008
Eleição no Rio: Benedita abandona o sonho
Recebi de Benedita da Silva o texto (completo, mais abaixo) que ela dirigiu à direção do PT-RJ comunicando que não mais seria pré-candidata à Prefeitura do Rio. Com certeza, não foi uma decisão fácil ("o meu desejo de governar a minha querida cidade do Rio de Janeiro cresceu e me sinto preparada para esse desafio. No entanto, a política não é formada só de desejos e emoção"). Benedita da Silva foi o maior nome na área popular que o PT fluminense já teve. Foi ela que pegou o partido pela mão, tirou-o dos limites da classe média carioca e levou para percorrer os caminhos do povo mais pobre. Através dela, o PT subiu o morro, espalhou-se pelos quatro cantos da cidade e descobriu o valor de quem é "mulher, negra e favelada". E foi assim que o PT acumulou grandes vitórias: com Benedita, o PT teve a primeira Vereadora, a primeira Deputada, a primeira Senadora, a primeira Vice-Governadora e a primeira Governadora do Rio de Janeiro. Ela só não conseguiu realizar o seu sonho maior, o de ser Prefeita pro Rio (seu slogan em 92). Com a sua saída, o PT do Rio passa a investir tudo na candidatura do Deputado Alessandro Molon, um dos novos nomes petistas que também prometem grandes conquistas. Mas a área popular ficou um pouco desguarnecida pelo PT. No ano passado, o Senador-Bispo Crivella, candidato a Prefeito pelo PRB, me confessou que o seu maior temor seria a candidatura de Benedita, com quem disputava o mesmo perfil de eleitor. Hoje (com o abandono também de Wagner Montes) ele corre solto nessa raia. Na área, digamos, da classe média, o jogo está mais embolado, principalmente depois da entrada do tucano-verde Fernando Gabeira. Claro que ainda falta muito para que as percepções fiquem mais claras. Mas a cidade espera de todo coração que o eleito seja perfeito pro Rio. A seguir, a mensagem de Benedita:
Meus caros Companheiros e Companheiras,
- O nosso Estado vive um momento muito especial, com a parceria política e administrativa entre o Presidente Lula e o Governador Sérgio Cabral. Tenho colaborado para consolidar essa aliança e trabalhado intensamente para a implantação de projetos de interesse da nossa população, especialmente agora com o início das obras de urbanização de 4 grandes Complexos de Favelas no município do Rio de Janeiro (Manguinhos, Alemão, Rocinha e Pavão-Pavãozinho/Cantagalo) e de Niterói (Preventório) e de infraestrutura e saneamento na zona oeste do Rio e outros municípios da Região Metropolitana;
- Minha vida tem sido de uma disposição inabalável na defesa de melhores condições de vida para o nosso povo. Exerci ao longo de décadas de intensa luta comunitária e política diferentes e honrosas posições, a maioria delas pelo voto popular. Assim, fui Vereadora, Deputada Federal, Senadora, Vice-Governadora, Governadora, Ministra e hoje Secretária de Estado;
- No desempenho de todas as responsabilidades que tive, junto com companheiros e companheiras, honrei compromissos e me dediquei à implantação de Políticas Públicas visando a promoção da cidadania, especialmente do povo pobre e à luta pela emancipação das mulheres e dos negros;
- Destaco que toda a minha trajetória política esteve ligada, desde a fundação, ao crescimento e afirmação do Partido dos Trabalhadores, onde tenho batalhado, buscando sempre torná-lo um Partido amplo, de massas, aberto ao diálogo e a alianças com os demais Partidos do campo progressista, democrático e popular;
- A eleição para a Prefeitura do Rio de Janeiro reveste-se de importância fundamental, pois está em jogo a disputa entre uma proposta política democrática, progressista e popular versus a proposta conservadora que tem levado a nossa cidade a um isolamento político e a um desprezo pelas reivindicações e reclamos da população em geral;
- Nesse quadro, o meu desejo de governar a minha querida cidade do Rio de Janeiro cresceu e me sinto preparada para esse desafio. No entanto, a política não é formada só de desejos e emoção. É necessário avaliar as circunstâncias e sobretudo colaborar para que se estabeleça, dentro do Partido dos Trabalhadores e com os demais Partidos que compõem a base de sustentação dos Governos Estadual e Federal, a melhor composição para que o projeto político comum se alicerce e cresça;
- Embora não tenha sido uma decisão fácil, abro mão da minha pré-candidatura à Prefeitura do Rio de Janeiro, para que encontremos, dentro e fora do Partido dos Trabalhadores, a composição mais adequada para nos conduzir à vitória eleitoral e política no pleito de outubro deste ano;
- Os desafios do Presidente Lula e do Governador Sérgio Cabral nas transformações sociais, econômicas e culturais no nosso País e no nosso Estado são imensas, e exigem, de todos nós, dedicação e desprendimento;
- As forças políticas que compõem a base de apoio dos Governos Federal e Estadual precisam estar unidas no processo eleitoral, consolidando uma proposta e uma prática progressista e inovadora para nossa capital, reafirmando uma aliança que tem dado resultados extremamente positivos para o País e para nosso Estado.
- Renovo a importância da unidade partidária para fortalecer cada vez mais a organização do povo do Rio de Janeiro e garantir mais justiça, mais solidariedade e paz. O PT tem compromisso com esse projeto.
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domingo, 9 de março de 2008
Eleição francesa: direita derrotada
As eleições municipais de hoje na França (1º turno; o 2º turno será no dia 16 de março) significaram uma dura derrota para Sarkozy e toda a direita. Em comparação com 2001, o Partido Socialista (PS) cresceu 3% ( de 44,5% para 47,5%), enquanto a União para um Movimento Popular (UMP) caiu cerca de 7% (de 47% para 40%). Le Monde, em editorial, diz que é uma advertência à direita e ao Presidente da República. Leia mais aqui.
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Eleição espanhola: PSOE e PP, vencem os dois
É verdade que os socialistas de Zapatero repetiram a vitória, mas os conservadores de Mariano Rajoy também cresceram com relação a 2004. Aliás, foram os dois únicos partidos que realmente cresceram eleitoralmente - pouco, mas cresceram. Em Madri, o PP cresceu bastante e o PSOE caiu. Leia mais no El País.
Pezão 2010
Estão falando muito nessa história do Governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), tornar-se candidato a Presidente ou a Vice-Presidente em 2010. Se isso se confirmar, significa que o atual Vice-Governador, Luiz Fernando Pezão, é o virtual candidato do PMDB à sua sucessão. Aliás, Pezão caminha a passos largos nesse sentido, através do PAC no Rio de Janeiro. Nessa sexta-feira, durante a visita de Lula para o lançamento do PAC no Complexo do Alemão, Pezão chegou a ganhar uma flor de Dilma Roussef - a Mãe do PAC.
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Sérgio Cabral ganha destaque no xadrez de 2010
A Folha de hoje traz uma boa reportagem (que reproduzo na íntegra, logo abaixo) de Kennedy Alencar sobre as eleições 2010 com o título "Cabral negocia a vice com 4 presidenciáveis". Segundo a reportagem, o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), estaria articulando para ser o Vice ou de Dilma Roussef (PT), ou de Ciro Gomes (PSB) ou de Aécio Neves (PSDB) ou de José Serra (PSDB). O movimento rumo à eleição presidencial de Sérgio Cabral com certeza existe. Mas merecem algumas considerações a mais do que as colocadas por Kennedy Alencar:
- Sérgio Cabral tem grande afinidade com Aécio Neves e em função disso poderia até ser seu Vice, se Aécio passasse para o PMDB (o que agradaria Lula, como um golpe na oposição). Mas essa chapa (Aécio-Sérgio Cabral) teria o problema de não agregar outra região eleitoral (ambos são do Sudeste).
- Pelo mesmo motivo regional, uma eventual chapa Serra-Sérgio Cabral teria dificuldades. Com o agravante de não agradar Lula, fortíssimo aliado de Sérgio Cabral.
- As possíveis chapas Dilma (que é de Minas, mas tem força no Sul)-Sérgio Cabral ou Ciro-Sérgio Cabral ganhariam força por integrar o Sudeste ao Sul ou ao Nordeste e por ter apoio de Lula.
- Considerando as diversas regiões, mais interessante ainda para a estratégia de Lula poderiam ser as candidaturas de Ciro (Nordeste), Dilma (Sul) e Sérgio Cabral (Sudeste) encabeçando a disputa no primeiro turno e garantindo aliança no segundo turno. Vamos à reportagem de Kennedy Alencar:
Cabral negocia a vice com 4 presidenciáveis. Por Kennedy Alencar, da sucursal de Brasília. Com aval da cúpula peemedebista, o governador do Rio, Sérgio Cabral, movimenta-se nos bastidores para ser candidato a vice-presidente nas eleições de 2010. A Folha apurou que ele trata dessa hipótese com quatro presidenciáveis: a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), o deputado federal Ciro Gomes (PSB) e os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). Em conversas reservadas, segundo caciques peemedebistas, Cabral acha uma aventura a candidatura presidencial em 2010. Não crê, ainda, que tentar a reeleição no Rio seja a melhor opção. Seu governo atual tem sido bem avaliado, mas ele julga difícil repetir o desempenho num segundo mandato. Como vice e ainda jovem, ele se posicionaria na política nacional para tentar o vôo presidencial mais adiante -especialmente se a reeleição for derrubada pelo Congresso. Ele terá 47 anos na eleição de 2010. Apesar do discurso da direção do PMDB pela candidatura própria em 2010, seus dirigentes falam de forma reservada que essa probabilidade é remota, pois dependeria da ousadia de Aécio deixar o ninho tucano. Nas mais recentes conversas com o mineiro, os caciques do PMDB ouviram dele que sua prioridade é tentar a candidatura pelo PSDB se mostrando um político mais agregador que Serra, com quem disputará a vaga de candidato ao Planalto. Daí a tentativa de costurar a aliança PT-PSB-PSDB na eleição à Prefeitura de Belo Horizonte e o apoio a Fernando Gabeira (PV) na disputa municipal do Rio. Gabeira recebeu o apoio do PSDB e do PPS. Aécio chegou a citar Cabral como um excelente companheiro de chapa: uniriam o segundo e o terceiro maiores colégios eleitorais do Brasil - respectivamente, Minas e Rio. Se Aécio trocar o PSDB pelo PMDB, Cabral também teria chance de ser vice. Ciro seria outra opção de vice para o mineiro. No entanto, Aécio avalia que Ciro dificilmente deixará de se lançar candidato. E pensa ser praticamente impossível Lula forçar o PT a apoiá-lo oficialmente para presidente. Com a tradição de manter grandes bancadas no Senado e na Câmara, o PMDB é um aliado congressual valioso para a governabilidade dos presidentes. Na campanha, terá a oferecer um polpudo tempo de TV no horário eleitoral gratuito. Por último, o PT e o PSDB não têm bom desempenho no Rio, justamente a praça de Cabral. No cenário que vislumbram hoje, dirigentes peemedebistas e o próprio Cabral apostam no projeto de aliança formal com um partido no primeiro turno em troca da vice-presidência. Amigo de todos. O temperamento brincalhão ajuda Cabral, um "imitador impagável" de Lula nas palavras de quem já o ouviu arremedar o petista. Reproduzindo a voz de Lula, Cabral já deu conselhos a Dilma e Serra para serem mais simpáticos. Também já recomendou que Aécio reduza a intensidade de sua vida social. Eleito em 2002, Cabral se transformou num dos governadores mais próximos de Lula. No PMDB, joga quase sempre ao lado dos interesses de Lula e de Dilma quando seu partido pleiteia cargos no governo. Amigo de Ciro e de Aécio, o governador se encontra com os dois freqüentemente no Rio nos finais de semana. Dos quatro presidenciáveis que cortejam Cabral, Ciro é o que tem pior relação com o PMDB. No entanto, o presidenciável do PSB fala que Cabral pertence a uma "ala "respeitável". Ciro faz questão de dizer que apóia a política de segurança pública do governador.
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Eleição americana: as primárias já estão decididas
Na última sexta-feira, Dick Morris, ex-consultor de Bill Clinton e no momento simpatizante da candidatura de Barack Obama, escreveu um artigo dizendo que as primárias Democratas para escolher o candidato à Presidência já estão definidas (IT’S OVER). Na opinião dele, Barack deve chegar ao final com uma vantagem de 100 a 200 delegados eleitos (no dia 19 de fevereiro, fiz previsão neste Blog de cerca de 150 delegados eleitos de vantagem para Obama). Segundo ele - e acho que faz muito sentido -, as eleições que faltam (pouco mais de uma dezena, entre primárias e caucuses) pouco vão alterar o quadro - que mostra uma vantagem de cerca de 140 delegados eleitos para Obama. A decisão, portanto, teria que ir para os superdelegados (em outras palavras, para o "tapetão"). Aí, tudo pode acontecer. Em princípio, os superdelegados poderiam ser favoráveis a Hillary Clinton. Mas Dick Morris acredita que eles não tomariam posição contra o resultado popular, porque isso seria muito prejudicial na disputa final contra o Republicano John McCain. Na verdade, como já disse aqui, somente Obama tem condições de vencer McCain.
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sábado, 8 de março de 2008
Viagem no tempo
Motivado pelas comemorações dos 200 anos da chegada de D. João VI ao Brasil, visitei a seção "Há 50 anos" do jornal O Globo, e li notícias interessantes, mostrando que o tempo passa, o tempo voa, e a poupança Bamerindus continua numa boa...
- A primeira notícia trata exatamente do assunto de hoje, as comemorações da chegada (150 anos) de D. João VI: "(...) a partir das 16h, o grandioso espetáculo retrospectivo do desembarque do Regente e de toda a sua Corte será reconstituído, em todo o seu esplendor. Artistas de rádio, TV, teatro e cinema, corpos de baile de Mercedes Batista e de tradicionais associações portuguesas, da Sinfonia dos Tamancos, contingentes do Exército e da Marinha e elementos do clero formarão um cortejo inédito, grandioso, inolvidável".
- A outra trata de uma situação exatamente oposta à que estamos vivendo em nosso relacionamento com os Estados Unidos: "A AJUDA MILITAR dos EUA ao Brasil será consideravelmente incrementada este ano (...) A ampliação da ajuda americana ao Brasil é conseqüência do acordo de cessão, aos EUA, da base de projéteis teleguiados situada em Fernando de Noronha".
- A terceira trata de uma declarção exatamente igual às que são dadas ainda hoje por nossos políticos: “OS RUMORES SOBRE a minha candidatura à Presidência da República são intrigas da oposição” — declarou o general Teixeira Lott, no Aeroporto de Congonhas, hoje à tarde, momentos antes de retornar ao Rio. E, diante da insistência dos repórteres, reafirmou. “Espero que o futuro prove que esses rumores são, apenas, intrigas”. Como todos sabemos, o futuro provou o contrário...
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sexta-feira, 7 de março de 2008
César Maia atirou na ave certa, mas com plumagem ligeiramente diferente
Ontem o Ex-Blog de César Maia conseguiu enxergar um bico tucano no anúncio da entrada de Gabeira (PV) na disputa pela Prefeitura do Rio. Percebeu que o tucanato estava se movimentando para ganhar espaço no Rio na campanha de 2010. Mas pensou que o tucano bicão era o paulista Serra, quando na verdade era o tucano mineiro (como Gabeira) Aécio Neves. (Ontem, um leitpr deste Blog propôs "Gabeira para Prefeito de Caxias". Será que alguém vai propor agora "Gabeira para Prefito de Belô"?) Vejam o texto de César Maia:
COMO ESTE EX-BLOG ANALISOU ONTEM: PSDB ANTECIPA 2010 EM 2008!
Vamos ao jogo, derrotá-lo em 2008 antecipando 2010! Aguardem os próximos lances!
Globo-on
Aécio recebe Gabeira e anuncia apoio. FH também aprova candidatura de deputado a prefeito do Rio.
Uma conversa de pouco mais de 30 minutos foi suficiente para que o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), anunciasse o seu apoio à candidatura do deputado federal, Fernando Gabeira (PV), a prefeito do Rio de Janeiro, e sua participação na campanha. Aécio, por sua vez, disse que o PSDB, apesar de ter legitimidade de lançar um candidato no Rio, optou pelo apoio a Gabeira. Segundo o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também foi escalado para tentar convencer Otávio Leite a desistir de concorrer à sucessão municipal.
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Deporta a Espanha!
Por absoluta falta de tempo, demorei um pouco a falar sobre essa humilhação que jovens brasileiros sofreram em terras espanholas. Mas minha indignação foi imediata. Eu mesmo já passei por situação constrangedora no aeroporto Londres, porque eles acharam que a revista brasileira em que estive trabalhando em Nova York seria de esquerda (a revista Manchete!!!) e, por conta disso, sem que eu soubesse, abriram minha mala e leram a minha correspondência! Fiquei chocado também quando vi o casal de pais dando o depoimento, a Rosa e o Luiz Carlos Lima, no Jornal Nacional. Conheço os dois. Ele é um poeta e, mais que isso, um ativista da poesia. Pessoa de paz e respeitável. Seu filho barrado na Espanha certamente segue o jeito dos país. Nada parece justificar tanta truculência e idiotice espanhola. Apóio inteiramente uma resposta dura. Fiquei inteiramente sem vontade de voltar a percorrer a Barcelona de tantos Gaudís.
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quinta-feira, 6 de março de 2008
César Maia procura sensibilizar a esquerda com a ameaça de Serra-2010
O Ex-Blog de hoje do Prefeito César Maia é um primor. Em primeiro lugar demonstra que ele acusou o golpe da candidatura de Gabeira para Prefeito do Rio que atinge diretamente o eleitorado lacerdista cativo que ele reservava para sua candidata Solange Amaral. Em segundo lugar mostra que ele percebe com clareza as diversas conexões do nome Gabeira a essa altura do campeonato. Seria a fórmula de Serra para ao mesmo tempo fincar o pé no mercado eleitoral do Rio e ganhar um perfil ligeiramente de esquerda com o objetivo de preparar terreno para sua candidatura 2010. escreve César Maia, e eu concordo com ele que há relação. "Essa decisão abriu a campanha de 2010 de fato""O PSDB do S fez o seu jogo e lançou os dados para construir um vetor de força no RIO, coisa que não ocorreria com uma candidatura puro-sangue do PSDB. Jogou certo, mesmo sacrificando o PSDB local", continua César Maia. Até aí, tudo bem. Mas o interessante é a continuação do texto em que, além lançar em definitivo a candidatura de um nome do DEM para 2010 (talvez o dele mesmo...), ele, de certo modo, conclama a esquerda a reagir a essa jogada do Serra. Na luta entre DEM e PSDB pelo papel de liderança na Oposição, César Maia elegeu Serra como seu principal adversário. Daqui pra frente ele deverá bater mais no Serra do que no próprio Lula. Segue o texto completo de César Maia:
ELEIÇÃO DE 2010, JÁ COMEÇOU NA CAMPANHA DE 2008 NO RIO-CAPITAL! SAIBA POR QUE!
1. Os movimentos de uma ala do PSDB de SP no sentido de empurrá-lo mais para a esquerda não é de hoje. A rasteira dada no PFL em 2000 na composição da mesa da Câmara de Deputados foi o primeiro passo. O segundo foi o desmonte da candidatura do PFL a presidente em 2002, com uma operação da PF orquestrada pelo mesmo grupo. E finalmente a montagem para presidente da chapa Serra- com o que seria a "esquerda" do PMDB. 2. Nas últimas semanas esse mesmo movimento desse mesmo grupo voltou a crescer, e sua estratégia é já conhecida. Formar a Chapa Serra com vice do PPS, empurrar a candidatura para a "esquerda" e nesta faixa fechar os espaços para a candidatura do PT, que não podendo ser o Lula, terá este perfil. Da mesma maneira fechar o caminho de Ciro Gomes para a centro-esquerda. 3. Não poderia ter sido mais adequado para aquele mesmo grupo do PSDB de SP, o que ocorreu no Rio. E em dose maior. Por isso apoiaram com entusiasmo. A aliança para prefeito do PPS, com PV, e apoio e tempo de TV do PSDB, passa a ser o primeiro passo para a montagem de uma chapa com PPS e PV e Serra na cabeça. E mais ainda: com o nome de um personagem com os simbolismos de Gabeira. 4. Essa decisão abriu a campanha de 2010 de fato. O PSDB do S fez o seu jogo e lançou os dados para construir um vetor de força no RIO, coisa que não ocorreria com uma candidatura puro-sangue do PSDB. Jogou certo, mesmo sacrificando o PSDB local. 5. Do outro lado -ocupando a avenida há anos pavimentada pelo populismo -agora na versão neo-pentecostal, o senador Crivella sempre acarinhado por Lula. 6. O DEM que a cada dia fica mais claro que não terá opção a não ser ter candidato próprio a presidente (este Ex-Blog já analisou isso dias atrás quando mostrou o boqueirão à direita que o pré-quadro presidencial está abrindo) reforça e torna ainda mais nítida e necessária a candidatura de Solange Amaral. 7. Mas o jogo ainda não está completo. O que farão as forças -ditas mais a "esquerda"? O PSOL que entre seus poucos deputados expressivos tem Chico Alencar, mesmo prejudicado com a candidatura de Gabeira, abrirá mão de ter candidato? Provavelmente não. E os demais que são base do governo? O que farão PCdoB, PDT, PSB? Implodirão suas candidaturas, ao ficarem fatiados? Unir-se-ão em torno do nome mais forte que é a ex-deputada Jandira? Wagner Montes saiu e deixou em desespero os "seus" vereadores. 8. E o PT? Abriria mão de sua candidatura para se somar aos demais da base do governo e acabaria de vez no Rio? Teria candidato próprio para marcar posição? Todos teriam candidato PSOL, PCdoB (coligado ou não com PDT e PSB) e PT e bateriam suas cabeças com a do Gabeira nas áreas de classe média de "esquerda”? 9. E o governador Cabral? Que decisão deve tomar com a inviabilidade de seu candidato, seja pela coligação Gabeira, seja pela reafirmação dos diretórios do PMDB e do DEM? Insistir e fortalecer a candidatura do PSDB com Gabeira, inventando no Rio um vetor eleitoral para 2010 pró-Serra? Deve ratificar a decisão do diretório do PMDB, reforçando a candidatura de Solange Amaral, cujas repercussões para 2010, serão muito menores para o candidato de Lula, que o jogo do PSDB do S? Seria muito mais racional fazê-lo. Mas o que Lula acha? É melhor mesmo reforçar o Crivella através do Governador? Mas e a Globo e a Igreja Católica? 10. Grande parte do jogo está jogado. Falta a “esquerda" dizer como joga? Nunca foi tão fraca no Rio. E nunca foi tão dividida!
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Ironia do destino: Zito apóia Gabeira...
Li hoje no Globo: "— Sou totalmente favorável (a Gabeira). Isso não é o momento de dar prioridade a projetos pessoais. Temos que deixar os melindres e a vaidade pessoal de lado e mostrarmos o nosso amor pela cidade — disse Zito". Não estou fazendo juízo de valor sobre quem quer que seja, mas o fato é que o eleitor que o ex-guerrilheiro Fernando Gabeira (novo candidato do PV à Prefeitura do Rio) tinha no passado com certeza não aceitaria esse apoio do ex-Prefeito de Caxias e atual presidente do PSDB regional.
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Eleição americana: Obama sentiu o golpe
Curioso. Há coisa de duas semanas, Barack Obama perderia feio em Ohio e no Texas. Ele acelerou o ritmo de sua campanha e tudo levava a crer que até poderia vencer nos dois Estados. Perdeu por pouquíssimo. Mas a percepção que passada ao público foi a de uma grande derrota. Ele próprio contribuiu para isso, quando apareceu para o discurso da derrota... derrotado. Sozinho, sem ninguém em sua volta, mostrando-se isolado. O Gallup divulgou pesquisa nacional em que Hillary já estava à frente de Obama (48 x 44) antes da terça-feira e provavelmente na pesquisa que será divulgada amanhã terá avançado ainda mais. Esse é o momento de Obama provar que sua campanha não perdeu o momentum.
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quarta-feira, 5 de março de 2008
Eleição no Rio: Gabeira entrou para disputar votos de César Maia e PSOL
Na sua longa trajetória da esquerda para a direita, o ex-guerrilheiro Fernando Gabeira entrou na disputa para a Prefeitura do Rio com um perfil bem diferente do de suas outras eleições majoritárias (para Governador do Rio, em 1986, e para Presidente da República, em 1989, em ambos os casos pelo PV). Ele já foi o candidato do romantismo de esquerda, do puro idealismo ("é só querer" era seu slogan, se não me engano), da garotada mutcho doida ("O PV é maconha e Gabeira", diziam as pesquisas com grupos de discussão) e acabou chegando ao que seria aparentemente o seu oposto. Como candidato a Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, o seu movimento da esquerda para a direita só lhe fez bem. Em 1994, foi eleito pelo PV, com 35.384 votos (0,78%); em 1998, foi reeleito pelo PV com 48.836 votos (0,69%); em 2002 - dessa vez pelo PT -, foi mais uma vez eleito, pela média, com 40.337 votos (0,50%); finalmente, saiu do PT, voltou para o PV, brigou com Severino Cavalcanti (o folclórico ex-Presidente da Câmara), abraçou a bandeira da ética conservadora e teve 293.057 votos (3,64%). Ao se lançar candidato a Prefeito do Rio de braços dados com o tucanato, ele atrapalha principalmente os planos de políticos que também empunham as bandeiras da classe média conservadora, como César Maia (DEM, ex-PFL), Chico Alencar (PSOL), Eduardo Paes (PMDB) e - um pouco menos - Jandira Feghali (PCdoB) e Alessandro Molon (PT). Essas duas candidaturas transitam mais facilmente entre os diversos perfis cariocas, seja por causa de suas trajetórias, digamos, individuais, seja por causa dos partidos. Alguém poderia lembrar de Denise Frossard (PPS). Mas ela, dizem, não pretende ser candidata e, se decidir candidatar-se (substituindo Solange no coração desesperado de César Maia?), dominará facilmente esse tipo de voto. A presença de Gabeira nem mesmo arranha candidaturas como a do Senador-Bispo Crivella (PRB) ou outras que tenham um perfil mais popular. Pelo sim, pelo não, jogará mais emoção na eleição carioca.
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terça-feira, 4 de março de 2008
Crise Colômbia-Venezuela: guerra subterrânea na América do Sul
A empresa World-Check, segundo o Plantão Globo, teria denunciado o envio ilegal de armas do Brasil para a Venezuela. Acho difícil que esse "ilegal" seja "oficial". Mas não acho impossível que armas ilegais passem por nossas fronteiras, assim como passam por fronteiras americanas, européias, asiáticas e até pelas fronteiras da pequena Faixa de Gaza, apesar de todo o cerco israelense. Mas o que mais estranho é um texto postado hoje no site da World-Check, que parecer estar feliz da vida porque o governo colombiano confirmou tintim por tintim o que ela dizia sobre a relação entre a Venezuela e as FARC. Diz parte do texto: "Now the senior police officer in Colombia has released information gleaned from materials seized from the possessions of the FARC second-in-command and heir apparent, and this intelligence confirms and validates the data which has appeared in the World-Check articles from the past two years. We excerpt some of the more important facts now confirmed beyond a doubt by the FARC's own documents". Não sei, não. Pode ser que seja exatamente assim. Mas fiquei com a sensação que esses documentos apreendidos podem ser cópias dos relatórios da World-Check. Será que estou delirando? Talvez nem tanto. Afinal, onde há abundância de água e petróleo, há cobiça e crises fabricadas. Palestina e Iraque são bons exemplos.
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Eleição americana: tudo pode acontecer
Está difícil prever quem vence as primárias e os caucuses Democratas de hoje em Ohio, Texas, Vermont e Rhode Island. Há alguns dias, todos tinham certeza que seria dia de Hillary Clinton vencer. Hoje, a única certeza é a dúvida sobre quem será o vencedor. Pior: pode até haver uma vitória acachapante sem que as pesquisas percebam. A dinâmica das primárias americanas agora é outra e nem mesmo o mais experiente dos analistas políticos tem condições de fazer previsões. O eleitorado é outro, inteiramente novo, comparado com outras eleições. A própria situação dos Estados Unidos diante do mundo e do futuro é outra, trazendo outras questões e outros desafios para seus dirigentes. Como enfrentar a crise econômica? Como resolver o imbroglio do Iraque? Como reconquistar o respeito e o orgulho de ser americano diante da comunidade internacional? Mesmo questões antigas como imigração, saúde, aborto, etc., ganham cara nova e novas exigências. O momento é crucial para os dois candidatos -e talvez continue assim por mais tempo.
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